sábado, 24 de fevereiro de 2018

Melhores de 2017 pela Cripta do Trevas

Melhores de 2017 - Cripta do Trevas

Olá, Criptomaníacos!

Todo ano é a mesma coisa, prometo para a mesmo que conseguirei fechar minha lista de melhores do ano na primeira quinzena de janeiro. E acabo só conseguindo publicar em fevereiro ou março. Dessa vez tenho uma desculpa razoável, fui acometido de uma infecção nos dois ouvidos no final do ano, o que me deixou de molho e impediu colocar em dia as audições para essa postagem.

E esse ano que passou teve uma quantidade bem expressiva de ótimos lançamentos, muitos deles bem poderiam estar na lista do top 20. E 2017 representou um ano de impressionante crescimento para o blog. Chegamos a uma média de 20.000 acessos por mês, o que pode ser pouco para alguns, mas me parece surpreendente para um blog feito por uma pessoa só, sem nenhuma ambição profissional e com frequência errática de publicação.

Como usual, reescutei os discos lançados no início de 2017 para não cometer nenhuma injustiça, e sempre é válido lembrar que, ao contrário de outros blogs, a Cripta expressa tão somente minha preferência. Não há uma equipe ou votação. Então, é claro, tudo tem muito a ver com o meu gosto pessoal e está sujeito a altas doses de subjetividade. Como toda lista do gênero, diga-se.

A ideia principal é tão somente mostrar às pessoas os discos que mais me impressionaram, para, quem sabe, fazer com que elas se apaixonem por essas pérolas também.

Espero que vocês se divirtam, comentem e, se tiverem tempo, postem nos comentários suas listas.

Grande Abraço
Trevas

Metal Brasuca

O ano terminou com o choque da notícia do falecimento de um dos maiores vocalistas da história do nosso Heavy Metal, Mário Linhares, mentor do Dark Avenger. A banda lançou o ambicioso The Beloved Bones: Hell. Confesso que a obra, bastante complexa, não me conquistou como eu esperava, mas muita gente captou a mensagem e listou o disco entre seus favoritos do ano. Já o Sepultura lançou o avassalador Machine Messiah, um dos melhores e mais concisos trabalhos de sua carreira. O canto do cisne de Tavinho Godoy junto à lendária Metalmorphose com Ação & Reação também tem sido pule de dez nas listas de melhores do ano nos veículos especializados tupiniquins. Estaria na minha lista também, mas como agora faço parte da banda e não quero ouvir “marmelada, marmelada”, deixarei a bolachinha fora da lista. O Hatefulmurder achou em Angélica Burns a voz capaz de levar a promissora banda um patamar acima.

Revelações Brasucas


Já no quesito revelação, muita gente vem se impressionando com o Metal revivalista dos anos 1980 do Biter, de fato uma banda a ser observada para os bangers mais tradicionais. Já apostando num Power Metal encorpado, fico com a impressionante estreia do “exército de um homem só” petropolitano Omega Blast. Numa estética ainda mais moderna, apostaria minhas fichas no Final Disaster, que mostrou maturidade e criatividade em seu Ep The Darkest Path.

Capas

The Beloved Bones: Hell, do Dark Avenger, trouxe a impressionante e sombria ilustração do francês Bernard Bitler para casar com a sonoridade complexa e pesada do disco. Igualmente sombria e complexa ficou a arte de Dan Seagrave para o disco de estreia do Memoriam. Já a homenagem à Força Expedicionária Brasileira que a Metalmorphose imortalizou em A Cobra Fumou, também ficou latente na bela ilustração de Victor Santiago no disco Ação & Reação. A simplicidade também tem seu valor, como podemos notar na icônica ilustração do Branca Studio para Medusa, do Paradise Lost.

Melhores Capas de 2017
Bombas do Ano

Difícil escolher os destaques do ano? Mais difícil ainda é gastar saliva com cocôs musicados. Dos grandes lançamentos, fico de longe com a forçada aposentadoria do Deep Purple com o intragável Infinite, um disco que dilapida mais uma vez o legado de um dos gigantes do Rock num marasmo de ideias chinfrins disfarçadas por uma superprodução musical. Uma lástima. A segunda escolha já é menos dolorosa e surpreendente, já que supergrupos são prolíficos em caquinhas musicais. O novo supergrupo da moda, o estelar Sons Of Apollo, foi incapaz de achar uma cara própria em seu absolutamente nada criativo trabalho de estreia, desfilando um pastiche dos piores clichês do infame Metal Progressivo, para nosso horror.

Playlist

Olha, sempre me cobro de fazer um playlist das principais músicas do ano. Em 2018 tenho certeza que farei algo mais robusto, mas para 2017, fico com essas 43 músicas, espero que gostem!






Melhores de 2017 – Top 20:


20. Chelsea Wolfe – Hiss Spun
Quinto álbum da multi-instrumentista estadunidense, Hiss Spun tem a difícil tarefa de suceder a obra prima Abyss. A sonoridade é um pouco mais orgânica, com presença de guitarras em primeiro plano em diversas músicas, mas a essência não é muito diferente: uma obra densa e extremamente sombria que mistura elementos de várias vertentes do Heavy Metal com muita eletrônica e soluções musicais incomuns. Difícil de explicar, mas funciona muito bem.




19. Night Demon – Darkness Remais
Adoro o Heavy Metal simples e direto da primeira metade dos anos 1980, e essa onda de revival desse som é legal, mas costuma ser tão derivativa que raramente passa disso: “legal”. Entretanto, às vezes surgem uns discos dessa cena que são tão bacanas que me fazem esquecer a sensação do “já ouvi isso antes e melhor”. Esse Darkness Remains é um deles, um disco delicioso apesar da profusão e clichês.





18. Inglorious – II
Eis que justamente quando Kevin Shirley resolveu controlar um pouco os exageros do promissor (e ególatra) Nathan James é que o Inglorious começa efetivamente a mostrar seu poderio. Apostando em canções que fazem ponte entre o Hard Oitentista e o som dos anos 1970, a banda vem ganhando território e tem tudo para se tornar um grande nome do rock mundial num futuro próximo. Se o ego de Nathan deixar, claro...





17. Hatefulmurder – Red Eyes
A estreia do fenômeno vocal Angélica Burns só fez bem ao som dos cariocas do Hatefulmurder. Contando com uma produção precisa e canções tão ferozes quanto grudentas, Red Eyes tem tudo para colocar a banda no hall dos nomes mais incensados de nossa cena.







16. Vuur – In This Moment We Are Free: Cities
Se forçarmos bastante a barra, dá para chamar o Vuur de um supergrupo holandês. Mas pouco importa, a maioria das pessoas só conseguirá lembrar da presença da sorridente Anneke na banda. O magnetismo e talento da elfa holandesa se unem a um arcabouço musical para lá de inspirado, num daqueles casos em que o rótulo Prog Metal não soa como um convite para desligar o som. Um disco envolvente.




15. Tankard – One Foot In The Grave
Os fãs de metal são esquisitos. Os teutônicos do Tankard, a despeito de uma discografia bem homogênea, são geralmente deixados de lado simplesmente por optarem pelo uso de humor em suas letras. Uma pena, pois os caras tem uma ferocidade impressionante, que se faz ainda mais explícita no novo trabalho, o mais agressivo e bem produzido da longa história da banda.





14. Black Country Communion – BCCIV
Os fãs de Rock em sua vertente mais clássica vibraram com o anúncio do retorno do melhor supergrupo do estilo. E Bonamassa, Hughes e grande elenco não decepcionaram, BCCIV é um disco épico, capaz de fazer frente aos já clássicos dois primeiros trabalhos do combo Anglo-Americano.






13. Royal Thunder – Wick
Difícil classificar o som desse quarteto estadunidense. Mais difícil ainda é passar incólume ao poder de imersão de seus discos. Com Wick não é diferente, basta colocar a bolachinha para rodar para que Mlny e seus comparsas nos transportem para uma dimensão paralela. Uma das bandas mais únicas da atualidade.






12. Overkill – The Grinding Wheel
Chega a ser injusto todo o falatório em torno do Big 4 quando são justamente as bandas do “segundo escalão” como Testament, Death Angel e Overkill que efetivamente carregam nas costas o Thrash Metal estadunidense. E o fazem sem refestelar em comida requentada, diga-se. Tudo aqui em Grinding Wheel soa revigorante e moderno, fica até difícil acreditar que uma banda tão rodada ainda possa ter tanto sangue nos olhos. Uma verdadeira aula de Thrash Metal.



11. Europe – Walk The Earth
Walk The Earth aprofunda ainda mais a caminhada dos outrora purpurinados suecos rumo ao Retro Rock. Canções para lá de inspiradas que se utilizam de estruturas e timbres típicos dos anos 1970, com o tempero sempre bem-vindo da guitarra do mestre John Norum. E ainda temos de brinde boas letras sobre temas políticos e reflexões sobre os rumos de nossa sociedade. Nem dá para acreditar que é aquela mesma banda que apavorou nossos ouvidos na década de 1980 com um sonzinho e visual xaropescos. Isso é que é evolução.




10. Sepultura – Machine Messiah
Sempre inventivo e aberto a experimentações, o Sepultura por vezes paga por sua louvável ousadia com discos que sofrem de uma certa irregularidade. Felizmente não é o que acontece em Machine Messiah, um dos mais certeiros e inspirados discos que a banda lançou. Partindo de um conceito interessante, a banda montou um material variado e ao mesmo tempo repleto de personalidade, que soa totalmente Sepulturesco mesmo quando flerta com elementos alienígenas.





09. Kreator – Gods Of Violence
Nunca o sujeito a deitar sobre os louros do passado, dessa vez Mille fez o Kreator aprofundar o flerte com as alas mais melodiosas do metal Europeu. Apesar dos narizes torcidos de alguns fãs mais cabeça-fechada, a mistura nos brindou com um disco pesadíssimo e inspirado, que honra sobremaneira a vitoriosa discografia dos teutônicos.






08. Paradise Lost – Medusa
O novo trabalho dos mestres britânicos do Doom/Gothic Metal faz uma ponte entre os primeiros discos da banda, soando extremamente pesado e arrastado, ao mesmo tempo em que sela as pazes com o período em que os caras quase se transformaram numa versão Metal para o Depeche Mode. Um disco de extremos, feito com muita qualidade.





07. Memoriam – For The Fallen
Nem sempre os supergrupos nos presenteiam com chorume musicado. O britânico Memoriam, que une membros e ex-membros de dois titãs do extremo (Bolt Thrower e Benediction), foi responsável por um dos melhores e mais surpreendentes debuts dos últimos tempos. Denso e pesado feito piche.





06. Trivium – The Sin And The Sentence
Afastados os problemas com a voz de Matt Heafy, enfim o Trivium faz um disco conciso e capaz de agradar tanto aos velhos fãs quanto aos que apreciaram o lado mais melódico que a banda vinha tomando nos últimos trabalhos. Repleto de boas canções, bateria nervosa e solos inspirados, The Sin And The Sentence pode e deve marcar uma nova etapa na carreira de uma banda que tem tudo para se tornar um dos maiores nomes do estilo.






05. Myrkur – Mareridt
O aparecimento de uma One Woman Band no usualmente misógino cenário do Black Metal unificou uma horda de haters espinhentos e bocós contra a dinamarquesa Amalie Bruun. Como sempre acontece, a onda de ódio só atraiu ainda mais a atenção para o trabalho da moça. Mas tudo não passaria dos 15 minutos de fama, caso a música não falasse por si só. E fala, muito. Mareridt pega os pontos fortes do debut e amplifica por dez. De Folk a industrial (com presença da igualmente polarizadora Chelsea Wolfe), tudo é feito com muita precisão e uma sorumbática beleza.



04. Enslaved – E
Os noruegueses já há muito gozam da fama de vanguardistas dentro da cena extrema. Entretanto, poucas vezes na carreira conseguiram tão bem casar os elementos clássicos de seu Viking Metal com experimentalismos e nuances de Rock Progressivo como fizeram em E. E o que é melhor, conseguiram unir essas características sem soar herméticos. Tal façanha vem rendendo à banda novos mercados para shows e resenhas positivas em meios de comunicação pouco relacionados à cena da qual fazem parte. Merecido.




03. Pallbearer – Heartless
Os estadunidenses da Pallbearer conseguiram em Heartless transmutar todos os trunfos do Doom Metal em sua concepção mais tradicional para a modernidade, selando uma harmoniosa união entre duas eras geralmente conflitantes. Um disco belo para ser apreciado por inteiro.







02. Mastodon – Emperor Of Sand
Uma das bandas mais idiossincráticas de sua geração, Mastodon nos presenteou com duas obras para lá de inspiradas nesse ano. Emperor of Sand, que narra a batalha contra o câncer sob o manto de um épico de ficção, é o trabalho mais conciso e cheio de nuances que o quarteto já lançou. Um marco de como se fazer um disco complexo e cheio de personalidade que ainda assim consegue ter grande apelo comercial.





01.  Moonspell – 1755
Seguir o sucesso comercial de Extinct com um disco conceitual cantado totalmente em português? Um passo ousado, não? Mas ousadia nunca faltou aos Portugueses do Moonspell. E 1755 não é um disco qualquer, e sim um trabalho fadado a se tornar um clássico entre os fãs das vertentes mais sombrias do Heavy Metal. Primeiro lugar, com louvor!






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