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Melhores de 2017 - Cripta do Trevas |
Olá,
Criptomaníacos!
Todo
ano é a mesma coisa, prometo para a mesmo que conseguirei fechar minha lista de
melhores do ano na primeira quinzena de janeiro. E acabo só conseguindo
publicar em fevereiro ou março. Dessa vez tenho uma desculpa razoável, fui
acometido de uma infecção nos dois ouvidos no final do ano, o que me deixou de
molho e impediu colocar em dia as audições para essa postagem.
E
esse ano que passou teve uma quantidade bem expressiva de ótimos lançamentos,
muitos deles bem poderiam estar na lista do top 20. E 2017 representou um ano
de impressionante crescimento para o blog. Chegamos a uma média de 20.000
acessos por mês, o que pode ser pouco para alguns, mas me parece surpreendente
para um blog feito por uma pessoa só, sem nenhuma ambição profissional e com
frequência errática de publicação.
Como
usual, reescutei os discos lançados no início de 2017 para não cometer nenhuma
injustiça, e sempre é válido lembrar que, ao contrário de outros blogs, a
Cripta expressa tão somente minha preferência. Não há uma equipe ou votação.
Então, é claro, tudo tem muito a ver com o meu gosto pessoal e está sujeito a
altas doses de subjetividade. Como toda lista do gênero, diga-se.
A
ideia principal é tão somente mostrar às pessoas os discos que mais me
impressionaram, para, quem sabe, fazer com que elas se apaixonem por essas
pérolas também.
Espero
que vocês se divirtam, comentem e, se tiverem tempo, postem nos comentários
suas listas.
Grande
Abraço
Trevas
Metal Brasuca
O
ano terminou com o choque da notícia do falecimento de um dos maiores
vocalistas da história do nosso Heavy
Metal, Mário Linhares, mentor
do Dark Avenger. A banda lançou o ambicioso The Beloved Bones: Hell. Confesso que a obra, bastante complexa,
não me conquistou como eu esperava, mas muita gente captou a mensagem e listou
o disco entre seus favoritos do ano. Já o Sepultura
lançou o avassalador Machine Messiah, um dos melhores e mais
concisos trabalhos de sua carreira. O canto do cisne de Tavinho Godoy junto à
lendária Metalmorphose com Ação & Reação também tem sido pule
de dez nas listas de melhores do ano nos veículos especializados tupiniquins.
Estaria na minha lista também, mas como agora faço parte da banda e não quero
ouvir “marmelada, marmelada”, deixarei a bolachinha fora da lista. O Hatefulmurder achou em Angélica Burns a voz capaz de levar a promissora banda um patamar acima.
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Revelações Brasucas |
Já no quesito
revelação, muita gente vem se impressionando com o Metal revivalista dos anos
1980 do Biter, de fato uma banda a
ser observada para os bangers mais tradicionais. Já apostando num Power Metal
encorpado, fico com a impressionante estreia do “exército de um homem só”
petropolitano Omega Blast. Numa estética ainda mais
moderna, apostaria minhas fichas no Final
Disaster, que mostrou maturidade e
criatividade em seu Ep The Darkest Path.
Capas
The Beloved Bones: Hell, do Dark Avenger, trouxe a impressionante e sombria ilustração do francês Bernard Bitler para casar com a sonoridade complexa e pesada do disco. Igualmente
sombria e complexa ficou a arte de Dan
Seagrave para o disco de estreia do Memoriam. Já a homenagem à Força
Expedicionária Brasileira que a Metalmorphose
imortalizou em A Cobra Fumou, também
ficou latente na bela ilustração de Victor
Santiago no disco Ação & Reação. A
simplicidade também tem seu valor, como podemos notar na icônica ilustração do Branca Studio para Medusa, do Paradise Lost.
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Melhores Capas de 2017 |
Bombas do Ano
Difícil
escolher os destaques do ano? Mais difícil ainda é gastar saliva com cocôs
musicados. Dos grandes lançamentos, fico de longe com a forçada aposentadoria
do Deep Purple com o intragável Infinite,
um disco que dilapida mais uma vez o legado de um dos gigantes do Rock num
marasmo de ideias chinfrins disfarçadas por uma superprodução musical. Uma
lástima. A segunda escolha já é menos dolorosa e surpreendente, já que
supergrupos são prolíficos em caquinhas musicais. O novo supergrupo da moda, o
estelar Sons Of Apollo, foi incapaz
de achar uma cara própria em seu absolutamente nada criativo trabalho de
estreia, desfilando um pastiche dos piores clichês do infame Metal Progressivo, para nosso horror.
Playlist
Olha, sempre me cobro
de fazer um playlist das principais músicas do ano. Em 2018 tenho certeza que
farei algo mais robusto, mas para 2017, fico com essas 43 músicas, espero que
gostem!
Melhores de 2017 – Top
20:
20. Chelsea Wolfe – Hiss
Spun
Quinto álbum da
multi-instrumentista estadunidense, Hiss
Spun tem a difícil tarefa de suceder
a obra prima Abyss. A sonoridade é
um pouco mais orgânica, com presença de guitarras em primeiro plano em diversas
músicas, mas a essência não é muito diferente: uma obra densa e extremamente
sombria que mistura elementos de várias vertentes do Heavy Metal com muita
eletrônica e soluções musicais incomuns. Difícil de explicar, mas funciona
muito bem.
19. Night Demon – Darkness
Remais
Adoro o Heavy Metal simples
e direto da primeira metade dos anos 1980, e essa onda de revival desse som é
legal, mas costuma ser tão derivativa que raramente passa disso: “legal”.
Entretanto, às vezes surgem uns discos dessa cena que são tão bacanas que me
fazem esquecer a sensação do “já ouvi isso antes e melhor”. Esse Darkness Remains é um deles, um disco delicioso apesar da profusão e
clichês.
18. Inglorious – II
Eis que justamente
quando Kevin Shirley resolveu controlar um pouco os exageros do promissor (e
ególatra) Nathan James é que o Inglorious começa efetivamente a mostrar seu poderio. Apostando em
canções que fazem ponte entre o Hard
Oitentista e o som dos anos 1970, a banda vem ganhando território e tem tudo
para se tornar um grande nome do rock mundial num futuro próximo. Se o ego de Nathan deixar, claro...
17. Hatefulmurder – Red
Eyes
A estreia do fenômeno
vocal Angélica Burns só fez bem ao som dos cariocas do Hatefulmurder. Contando com uma produção precisa e canções tão
ferozes quanto grudentas, Red Eyes tem tudo para colocar a banda no
hall dos nomes mais incensados de nossa cena.
16. Vuur – In This Moment
We Are Free: Cities
Se forçarmos bastante
a barra, dá para chamar o Vuur de um
supergrupo holandês. Mas pouco importa, a maioria das pessoas só conseguirá
lembrar da presença da sorridente Anneke
na banda. O magnetismo e talento da elfa holandesa se unem a um arcabouço
musical para lá de inspirado, num daqueles casos em que o rótulo Prog Metal não
soa como um convite para desligar o som. Um disco envolvente.
15. Tankard – One Foot In
The Grave
Os fãs de metal são
esquisitos. Os teutônicos do Tankard,
a despeito de uma discografia bem homogênea, são geralmente deixados de lado
simplesmente por optarem pelo uso de humor em suas letras. Uma pena, pois os
caras tem uma ferocidade impressionante, que se faz ainda mais explícita no
novo trabalho, o mais agressivo e bem produzido da longa história da banda.
14. Black Country
Communion – BCCIV
Os fãs de Rock em sua
vertente mais clássica vibraram com o anúncio do retorno do melhor supergrupo
do estilo. E Bonamassa, Hughes e grande elenco não
decepcionaram, BCCIV é um disco
épico, capaz de fazer frente aos já clássicos dois primeiros trabalhos do combo
Anglo-Americano.
13. Royal Thunder – Wick
Difícil classificar o
som desse quarteto estadunidense. Mais difícil ainda é passar incólume ao poder
de imersão de seus discos. Com Wick
não é diferente, basta colocar a bolachinha para rodar para que Mlny e seus comparsas nos transportem
para uma dimensão paralela. Uma das bandas mais únicas da atualidade.
12. Overkill – The
Grinding Wheel
Chega a ser injusto
todo o falatório em torno do Big 4 quando são justamente as bandas do
“segundo escalão” como Testament, Death Angel e Overkill que
efetivamente carregam nas costas o Thrash
Metal estadunidense. E o fazem sem
refestelar em comida requentada, diga-se. Tudo aqui em Grinding Wheel soa
revigorante e moderno, fica até difícil acreditar que uma banda tão rodada
ainda possa ter tanto sangue nos olhos. Uma verdadeira aula de Thrash Metal.
11. Europe – Walk The
Earth
Walk The Earth aprofunda ainda mais a caminhada
dos outrora purpurinados suecos rumo ao Retro Rock. Canções para lá de
inspiradas que se utilizam de estruturas e timbres típicos dos anos 1970, com o
tempero sempre bem-vindo da guitarra do mestre John Norum. E ainda
temos de brinde boas letras sobre temas políticos e reflexões sobre os rumos de
nossa sociedade. Nem dá para acreditar que é aquela mesma banda que apavorou
nossos ouvidos na década de 1980 com um sonzinho e visual xaropescos. Isso é
que é evolução.
10. Sepultura – Machine
Messiah
Sempre inventivo e
aberto a experimentações, o Sepultura
por vezes paga por sua louvável ousadia com discos que sofrem de uma certa
irregularidade. Felizmente não é o que acontece em Machine Messiah, um dos
mais certeiros e inspirados discos que a banda lançou. Partindo de um conceito
interessante, a banda montou um material variado e ao mesmo tempo repleto de
personalidade, que soa totalmente Sepulturesco
mesmo quando flerta com elementos alienígenas.
09. Kreator – Gods Of
Violence
Nunca o sujeito a
deitar sobre os louros do passado, dessa vez Mille fez o Kreator
aprofundar o flerte com as alas mais melodiosas do metal Europeu. Apesar dos
narizes torcidos de alguns fãs mais cabeça-fechada, a mistura nos brindou com
um disco pesadíssimo e inspirado, que honra sobremaneira a vitoriosa
discografia dos teutônicos.
08. Paradise Lost – Medusa
O novo trabalho dos
mestres britânicos do Doom/Gothic Metal faz uma ponte entre os primeiros discos da banda, soando
extremamente pesado e arrastado, ao mesmo tempo em que sela as pazes com o
período em que os caras quase se transformaram numa versão Metal para o Depeche Mode. Um disco de extremos, feito com
muita qualidade.
07. Memoriam – For The
Fallen
Nem sempre os
supergrupos nos presenteiam com chorume musicado. O britânico Memoriam, que une membros e ex-membros
de dois titãs do extremo (Bolt Thrower e Benediction), foi responsável por um dos melhores e mais
surpreendentes debuts dos últimos tempos. Denso e pesado feito piche.
06. Trivium – The Sin And
The Sentence
Afastados os
problemas com a voz de Matt Heafy, enfim o Trivium faz um disco conciso e capaz de agradar tanto aos velhos
fãs quanto aos que apreciaram o lado mais melódico que a banda vinha tomando
nos últimos trabalhos. Repleto de boas canções, bateria nervosa e solos
inspirados, The Sin And The Sentence
pode e deve marcar uma nova etapa na carreira de uma banda que tem tudo para se
tornar um dos maiores nomes do estilo.
05. Myrkur – Mareridt
O aparecimento de uma
One Woman Band no usualmente
misógino cenário do Black Metal unificou uma horda de haters espinhentos e bocós contra a
dinamarquesa Amalie Bruun. Como sempre acontece, a onda de
ódio só atraiu ainda mais a atenção para o trabalho da moça. Mas tudo não
passaria dos 15 minutos de fama, caso a música não falasse por si só. E fala,
muito. Mareridt pega os pontos
fortes do debut e amplifica por dez. De Folk a industrial (com presença da
igualmente polarizadora Chelsea Wolfe), tudo é feito com muita precisão
e uma sorumbática beleza.
04. Enslaved – E
Os noruegueses já há
muito gozam da fama de vanguardistas dentro da cena extrema. Entretanto, poucas
vezes na carreira conseguiram tão bem casar os elementos clássicos de seu Viking Metal com experimentalismos e nuances de Rock Progressivo como
fizeram em E. E o que é melhor,
conseguiram unir essas características sem soar herméticos. Tal façanha vem
rendendo à banda novos mercados para shows e resenhas positivas em meios de
comunicação pouco relacionados à cena da qual fazem parte. Merecido.
03. Pallbearer – Heartless
Os estadunidenses da Pallbearer conseguiram em Heartless transmutar todos os trunfos
do Doom Metal em sua concepção mais tradicional para a modernidade, selando
uma harmoniosa união entre duas eras geralmente conflitantes. Um disco belo
para ser apreciado por inteiro.
02. Mastodon – Emperor Of
Sand
Uma das bandas mais
idiossincráticas de sua geração, Mastodon
nos presenteou com duas obras para lá de inspiradas nesse ano. Emperor of Sand, que narra a batalha
contra o câncer sob o manto de um épico de ficção, é o trabalho mais conciso e
cheio de nuances que o quarteto já lançou. Um marco de como se fazer um disco
complexo e cheio de personalidade que ainda assim consegue ter grande apelo
comercial.
01. Moonspell – 1755
Seguir o sucesso
comercial de Extinct com um disco
conceitual cantado totalmente em português? Um passo ousado, não? Mas ousadia
nunca faltou aos Portugueses do Moonspell.
E 1755 não é um disco qualquer, e
sim um trabalho fadado a se tornar um clássico entre os fãs das vertentes mais
sombrias do Heavy Metal. Primeiro lugar, com louvor!