sábado, 23 de setembro de 2017

Avatarium - Hurricanes and Halos (Cd-2017)

Avatarium - Hurricanes and Halos

No Olho do Furacão
Por Trevas

Avatarium foi o péssimo epíteto escolhido pelo sueco Leif Edling para seu primeiro projeto musical pós Candlemass, num passado não tão remoto, quando fora anunciado o ocaso dos mestres europeus do Doom Metal. Apesar do nome horroroso, a banda surpreendentemente gravou um disco de estreia espetacular, misturando elementos do Candlemass com influências de rock dos anos 1970/60, com o tempero especial da voz bluesy e potente de Jennie-Ann Smith.

Avatarium, ainda um projeto, com o patrão Leif (primeiro á direita)

Uma pena que o segundo trabalho, The Girl In The Raven Mask, lançado em 2015, replicou a fórmula cansada e pouco inspirada do último disco do Candlemass (Psalms For The Dead). Um disco tão medíocre que caiu em meus ouvidos como um balde de água gelada. Logo após, Leif anunciou que continuaria no Avatarium e no recentemente redivivo Candlemass somente atuando nos bastidores, devido a sérios problemas de saúde. E quando em 2016 foi anunciado o terceiro trabalho de estúdio do Avatarium, contando apenas com 3 músicas compostas pelo patrão, o restante guiado pelos outros músicos, me pareceu claro que o projeto ganhara vida própria, se distanciando cada vez mais de seu idealizador, que dessa vez centrou seu esforço criativo em um novo projeto, Doomsday Machine. Fiquei sem saber o que esperar. E foi com um tremendo ponto de interrogação na minha cabeça que fui conferir o recém lançado Hurricanes And Halos, que ganhou uma edição nacional pela Shinigami Records.


Uriah Heepium?

A bela arte de capa de Erik Rovanperä (que já ilustrara capas do Candlemass e do próprio Avatarium) são o complemento visual perfeito para o que ouvimos já na arrebatadora entrada com Into The Fire/Into the Storm, faixa que evoca o que há de melhor no hard/heavy setentista. O hammond de Rickard Nilsson casando à perfeição com as guitarras de Marcus Jidell (Royal Hunt, Evergrey...). Jidell, aliás, que assina a produção, dando o devido destaque à estrela da banda, a ótima Jennie-Ann, sua esposa.


Jidell e Jennie-Ann acabam por assinar a grande maioria do material, como as excelentes The Starless Sleep (ver vídeo) e Road to Jerusalem, mostrando um saudável distanciamento do fraco material do disco anterior.



O afastamento de Leif do processo produtivo do Avatarium mostra-se ainda mais acertado quando justamente uma de suas contribuições é a longa e cansativa Medusa Child, que conta com aquela péssima ideia que vez ou outra permeia gravações de rock de maneira inexplicável, um horrendo coro de crianças. Para que?????



The Sky At The Bottom Of The Sea evoca um belo “corte e cola” de Uriah Heep e Scorpions (fase Uli John Roth) para devolver a bolachinha de volta aos trilhos. A delicada When the Breath Turns To Air deixa o andamento do disco respirar (aff, não resisti), preparando o terreno para a pesada e ótima A Kiss (From the End Of The World). A faixa título funciona como um curto e viajante epílogo instrumental para os 45 minutos de jornada para dentro do furacão.

Avatarium 2017 - Enfim, uma banda

Saldo Final

Depois de um decepcionante segundo disco, o Avatarium enfim se reinventa como banda, se libertando das amarras de Leif Edling e centrando sua força criativa acertadamente no casal Jennie-Ann/Jidell. Um disco que rescende à décadas passadas e que deve figurar em muita lista de melhores do ano por aí. Altamente recomendado.


NOTA: 8,58

 
Gravadora: Shinigami Records (nacional).
Pontos positivos: ótimo material, apresentando um novo caminho à banda
Pontos negativos: as músicas de Leif mostram uma triste estagnação criativa
Para fãs de: Purson, Uriah Heep, Jess and the Ancient Ones
Classifique como: Doom Metal, Heavy Psych, Retro Rock, Classic Rock




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