Avatarium - Hurricanes and Halos |
No Olho do Furacão
Por
Trevas
Avatarium foi o péssimo epíteto escolhido pelo sueco Leif Edling para seu primeiro projeto musical pós Candlemass, num passado não tão remoto, quando fora anunciado o
ocaso dos mestres europeus do Doom Metal. Apesar do nome horroroso, a
banda surpreendentemente gravou um disco de estreia espetacular, misturando
elementos do Candlemass com
influências de rock dos anos 1970/60, com o tempero especial da voz bluesy e
potente de Jennie-Ann Smith.
Avatarium, ainda um projeto, com o patrão Leif (primeiro á direita) |
Uma
pena que o segundo trabalho, The Girl In
The Raven Mask, lançado em 2015, replicou a fórmula cansada e pouco
inspirada do último disco do Candlemass
(Psalms For The Dead). Um disco tão medíocre que caiu em meus ouvidos como
um balde de água gelada. Logo após, Leif
anunciou que continuaria no Avatarium
e no recentemente redivivo Candlemass
somente atuando nos bastidores, devido a sérios problemas de saúde. E quando em
2016 foi anunciado o terceiro trabalho de estúdio do Avatarium, contando apenas com 3 músicas compostas pelo patrão, o
restante guiado pelos outros músicos, me pareceu claro que o projeto ganhara
vida própria, se distanciando cada vez mais de seu idealizador, que dessa vez
centrou seu esforço criativo em um novo projeto, Doomsday Machine. Fiquei
sem saber o que esperar. E foi com um tremendo ponto de interrogação na minha
cabeça que fui conferir o recém lançado Hurricanes
And Halos, que ganhou uma edição nacional pela Shinigami Records.
Uriah Heepium?
A bela arte de capa
de Erik Rovanperä (que já ilustrara capas do Candlemass e do próprio Avatarium)
são o complemento visual perfeito para o que ouvimos já na arrebatadora entrada
com Into The Fire/Into the Storm, faixa que
evoca o que há de melhor no hard/heavy setentista. O hammond de Rickard Nilsson casando à perfeição com as
guitarras de Marcus Jidell (Royal Hunt, Evergrey...). Jidell, aliás, que assina a produção, dando o devido destaque à
estrela da banda, a ótima Jennie-Ann, sua esposa.
Jidell e Jennie-Ann acabam por assinar a grande maioria do material, como as
excelentes The Starless Sleep (ver vídeo)
e Road to Jerusalem, mostrando um
saudável distanciamento do fraco material do disco anterior.
O afastamento de Leif do
processo produtivo do Avatarium
mostra-se ainda mais acertado quando justamente uma de suas contribuições é a
longa e cansativa Medusa Child, que conta com aquela péssima
ideia que vez ou outra permeia gravações de rock de maneira inexplicável, um
horrendo coro de crianças. Para que?????
The Sky At The Bottom
Of The Sea
evoca um belo “corte e cola” de Uriah
Heep e Scorpions (fase Uli John Roth) para devolver a
bolachinha de volta aos trilhos. A delicada When the Breath Turns To Air deixa o andamento do disco respirar
(aff, não resisti), preparando o terreno para a pesada e ótima A Kiss (From the End Of The World). A
faixa título funciona como um curto e viajante epílogo instrumental para os 45
minutos de jornada para dentro do furacão.
Avatarium 2017 - Enfim, uma banda |
Saldo Final
Depois
de um decepcionante segundo disco, o Avatarium
enfim se reinventa como banda, se libertando das amarras de Leif Edling e centrando sua força criativa acertadamente no casal Jennie-Ann/Jidell. Um disco que
rescende à décadas passadas e que deve figurar em muita lista de melhores do
ano por aí. Altamente recomendado.
NOTA:
8,58
Gravadora:
Shinigami Records (nacional).
Pontos
positivos: ótimo material, apresentando um novo caminho à banda
Pontos
negativos: as músicas de Leif mostram uma triste estagnação criativa
Para
fãs de: Purson, Uriah Heep, Jess and the Ancient Ones
Classifique como: Doom Metal, Heavy Psych, Retro
Rock, Classic Rock
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