Alice Cooper - Paranormal |
Tia Alice: 69 com Tudo
em Cima!
Por
Trevas
O 27º disco de
estúdio de Alice Cooper vem num momento especial na vida
do shock rocker mais amado do planeta: próximo de completar 70 anos, o
estadunidense está com sua popularidade em dia, e vem participando ativamente
dos maiores festivais do planeta com uma performance que deixa muita gente com
metade de sua idade em suas pantufas de monstrinho. Pensando no grande
bestiário de clássicos que tia Alice
tem em sua coleção, seria compreensível que ela optasse por viver somente das
glórias passadas, não? Não, cá estamos em mais uma parceria com o superprodutor
canadense Bob Ezrin para mais uma leva de material inédito.
Bob e Alice tramando algo muito, muito malvado... |
A
bolachinha, nomeada Paranormal, vem
em formato duplo. O primeiro disco contendo 10 canções inéditas executadas por Alice, convidados ilustres (Billy Gibbons, Roger Glover, Larry Mullen) e uma
penca de músicos de estúdio. Já a segunda bolachinha tem duas canções inéditas
gravadas pelos sobreviventes da Alice
Cooper Band original, mais uma meia dúzia de clássicos executados ao vivo
pela banda atual do patrão. O formato me pareceu esquisito numa primeira
análise, veremos mais à frente o veredito. A edição nacional, lançada pela Shinigami, vem num caprichadíssimo
digipack duplo, com encarte em ótimo material. Uma pena que a arte de capa seja
horrenda, lembrando até aquela péssima capa do disco mais atual do Metallica (cuja péssima ideia era
plágio da arte de um disco do Crowbar,
mostrando que o mau gosto é contagioso). Mas como o que importa é a música,
vamos em frente.
DISCO 1:
A faixa título,
primeira música de trabalho, que já havia aparecido em Lyric Video (ver
abaixo), me deu uma tremenda impressão errada do que eu encararia por aqui.
Épica e misteriosa, com uma cara bem moderna, parecia indicar um trabalho
conceitual nos moldes de Welcome To My
Nightmare. A se estranhar, notei de
cara que a banda que gravou a música, com a exceção de Tommy Henriksen (guitarra),
não é a formação que excursiona com Alice. Há até Roger Glover (Deep Purple) no baixo. Uma ótima faixa, a despeito da bateria meio disco
de Larry Mullen (U2).
Epa, de uma música com características teatrais e bem épica somos
jogados na deliciosa e absolutamente sessentista Dead Flies. Com cara de Who e Hendrix, faz lembrar os primórdios da carreira de tia Alice. E o que falar do rock
psicodélico à lá Monster Magnet da excelente Fireball, com órgão tocado pelo próprio
Bob Ezrin? A essa altura do campeonato qualquer fã de rock já ostenta um
sorriso na face. Paranoiac Personality faz menção à Welcome To My Nightmare e The Wall em sua
introdução e novamente evoca os primórdios da carreira solo de Alice Cooper, mais uma boa música, talvez só um pouco aquém das
anteriores.
Não sou fã das produções exageradas de Mr. Ezrin, e em especial, acho que ele acabou de destruir o que sobrou
do Purple atual. Mas há de se
admitir, Bob consegue canalizar as
ideias teatrais de Alice como poucos
e fez um ótimo trabalho aqui, encontrando um meio termo entre sua
grandiloquência excessivamente polida e uma cara um pouco mais old school. Uma pena que as gravações tenham ficado a encargo de uma
série de convidados e músicos de estúdio, ao invés da banda fixa do cantor.
Tia Alice e sua trupe, 2016 |
Fallen In
Love é divertida e descompromissada,
e se tem um clima que remete ao ZZ Top de sua era MTV, não é à toa, Billy Gibbons está aqui. Já Dynamite Road me fez pensar seriamente que alguém deveria bem ter entregue a
música ao Meat Loaf. Private Public Breakdown é o mais perto que o material da bolachinha chega de soar
chato, mas ainda assim não é de todo ruim. Ah, mas Holy Water, com seu
refrão matador e um naipe de metais muito bem encaixado, acerta na mosca e traz
de volta a vontade de sacudir o esqueleto. E o que dizer dos pouco mais de dois
minutos de Rats? Nada, só tire o
tapete da sala! The Sound Of A fecha
o repertório do disco 1 em inexplicáveis 34 minutos com um clima mais soturno
que acompanha a faixa de abertura.
DISCO 2:
Bom, aqui temos o que
deveria ser a cereja do bolo: as duas músicas construídas para celebrar a
reunião de Alice com os membros sobreviventes da Alice Cooper Band, Neal Smith (bateria) Dennis Dunnaway (baixo) e Michael
Bruce (Guitarra), que reinaram
absolutos ao lado do falecido Glen Buxton (falecido em 1997) de 1969 até
1973. Primeiro ponto, as duas músicas compostas e gravadas não destoam quase
nada do clima do material do disco 1, difícil entender o por quê foram
separadas. Segundo ponto, essa reunião já havia acontecido em três faixas de Welcome 2 My Nightmare, de 2011.
Difícil entender o furor, já que desde 2015 essa formação prometia um disco
completo. Sobre a qualidade do material, são boas canções, mas nada que mude o
mundo e inferiores a boa parte do material do disco 1. Uma pequena decepção, eu
diria.
Alice Cooper Band: o cheiro de cânfora no momento dessa foto é pungente |
Completando
os parcos 38 minutos do disco 2, tempos uma seleção de 6 clássicos do Alice Cooper executados pela formação que excursiona com a tia já tem
dois anos, muito bem gravados, obrigado. Bacana, mas nada de excepcional, tendo
em vista a miríade de versões ao vivo das mesmas músicas lançadas ano sim ano
sim.
Saldo Final
A
despeito do formato duplo não dizer muito ao que veio, o material inédito de
paranormal coloca a bolachinha dentro do hall dos grandes discos da discografia
de Alice Cooper. Difícil encontrar artistas na cena rocker que ainda
consigam gravar discos tão divertidos e cheios de energia a essa altura da carreira.
Tia Alice é realmente paranormal!
NOTA: 8,66
Gravadora:
Shinigami Records (nacional).
Pontos
positivos: Alice inspirado e bem old school
Pontos
negativos: Difícil entender a opção por dois cds com menos de 80 minutos de
música
Para
fãs de: Rock and Roll no geral
Classifique como: Hard Rock, Rock and Roll
Eu gostei do disco, mas eu esperava mais (acho que não só eu, né rs). Enfim, muito legal sua resenha, espero que você sempre possa continuar a analisar os discos assim, com muito boa vontade.
ResponderExcluirAbração!
Valeu, Francisco
ExcluirAbraço
T