Glenn Hughes - Resonate |
Ressoando, Enfim
Por
trevas
Prólogo – Glenn, o
inseguro
Vamos colocar dessa
maneira, se você não faz ideia de quem é Glenn
Hughes, gaste um pouco seu tempo no Google e Youtube, depois faça uma sessão de autoflagelação e só então volte
aqui, seu herege!!!! Brincadeiras à parte, a despeito das impecáveis credenciais
do britânico nas bandas por onde passou, como um artista solo Glenn Hughes trilha um caminho para lá de confuso.
Glenn Hughes (primeiro à esquerda) e uma promissora banda britânica chamada Deep Purple... |
Me considero um fã dos discos solo de Mr. Hughes, mas às vezes tenho a forte impressão e que ele mesmo não
tem tanta certeza da excelência de seus produtos. A cada lançamento Glenn faz a mesma bobagem, diz à
imprensa que o que o disco novo (ou projeto novo/banda nova) é a melhor coisa
desde a invenção da batata frita, e que finalmente ele está se encontrando,
para esquecer o que veio antes. Aí ele lança o disco e o material é constantemente
ignorado em seus shows, sempre inflados de jams em cima de músicas de seu
passado no Trapeze e Deep Purple (não que isso seja exatamente ruim). Enfim, parece que Glenn não entende que tem fãs próprios,
que curtem o material que ele faz. E não são poucos. Seria falta de confiança?
Não sei. Mas parece que essa insegurança permeia a falta de direcionamento dos
discos, que por vezes se perdem no equilíbrio entre as referências à música
negra e ao rock de quem ele diz ser a voz.
Glenn, 2016 - cada vez mais parecido com minha sogra... |
Enfim,
novamente prometendo “o disco que os fãs querem ouvir” e um “trabalho voltado
totalmente para o rock, o disco mais pesado que já fez”, Glenn solta seu
primeiro trabalho solo em oito anos. Vamos ver se dessa vez nosso amigo cumpriu
a promessa...
Ressoando a bolachinha
Ressoando a bolachinha
Heavy começa o disco de maneira...ehr...pesada...dã.
Com a bateria de Chad Smith marcando o ritmo como uma
marreta, traz o tio Glenn com um
miado soul nos versos só para gastar o gogó de maneira visceral em seu refrão
simples, direto e eficiente.
My Town é deliciosa, lembrando um bocado o trabalho do California Breed, mas com um Glenn Hughes soando ainda melhor e mais
encorpado. Aqui já sentimos a produção e mixagem perfeitos do guitarrista Soren Andersen junto ao exigente patrão. Flow tem um pouco do material moderno do Ozzy em sua estrutura, com um belo upgrade, claro. Destaque para os
Hammond muito bem colocado de Lach Doley (Lach Doley Group).
Let It Shine aparece para nos
lembrar de que se trata de um disco do Glenn
Hughes, uma ótima faixa que sem o peso da produção poderia bem estar num Feel, por exemplo. Steady começa com uma empolgante introdução no hammond e um ritmo que fez lembrar as participações de Hughes nos discos do Guitar Hero John Norum. O refrão baladesco nos pega de surpresa, mas ainda assim a
faixa arrebenta.
God of Money é mais sombria do
que a maioria das faixas do material, e talvez por isso, é um dos destaques,
excelente de cabo a rabo. E o que dizer da atuação de Soren Andersen? How Long traz mais alguns dos grandes riffs que o sueco tira da cartola
com facilidade. Parece aquela mistura Funk/hard do Stormbringer, catapultada para os anos 2000. Excelente.
Glenn rindo da cara de quem duvidou da qualidade do novo disco |
Curiosamente,
é justo quando Glenn soa mais
próximo de seus trabalhos atuais que a bolachinha cai de produção. When I Fall é para lá de
mediana, a despeito da produção ter caprichado no arranjo e Landmines, outra com cara do Feel (e que conta até com solo com
talkbox), é boa, mas soa um pouco deslocada no contexto. Stumble and Go faz o disco voltar ao nível do
início, um rockão excelente nos moldes do California
Breed, com belo solo de Soren e bateria marcante de Pontus Egborg. Pontus, aliás,
que volta a perder seu posto para Chad
justamente no encerramento com a boa e viajante Long Time Gone.
Saldo Final
Dessa
vez não dá para acusar o velho Glenn
de mais uma infrutífera estratégia e atrapalhada de marketing. Mr. Hughes prometeu e nos entregou: Resonate é seu disco mais pesado. E, mais que isso, realmente é de
longe um dos melhores discos de sua extensa carreira. Resta esperar que a
repercussão perante crítica e público seja boa o suficiente e que finalmente o
britânico finque as esporas nesse nicho. Pois se ele lançar mais discos como
esse, vai ser difícil alguém dizer que ele vive do passado.
NOTA: 8,95
Bônus da Edição Deluxe
A
bela edição deluxe, lançada no Brasil, conta com um digipack muito bem feito,
uma faixa bônus e um DVD contendo dois videoclipes e um making of. A faixa
bônus é uma bela balada com violão e cello. Os vídeos do DVD são bacanas, mas
nada que valha o esforço. Já o making of é curto e objetivo, mostrado cenas das
gravações do disco no estúdio de Soren Anderssen na Dinamarca entremeadas com
entrevistas com os envolvidos. Não há legendas, mas Glenn fala um inglês de
fácil compreensão, quase didático. Enfim, um material extra bem-vindo, mas
longe de ser obrigatório.
Pontos positivos: um disco
pesado e muito bem produzido, trazendo Glenn em plena forma
Pontos negativos: faz você
pensar por que diabos ele não lança mais discos nessa pegada
Para fãs de: Hard Rock
Classifique como: Hard Rock, Classic Rock
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