Fallujah - Dreamless |
Viagem ao Mundo Dos
Sonhos Robóticos
Por
Trevas
A banda californiana Fallujah surgiu em 2007, e brincou
durante um tempo com uma sonoridade que pode ser relacionada a cena deathcore. Embora tenha ganho alguma
reputação na cena underground, foi só quando passou a adotar elementos
atmosféricos que a banda começou a efetivamente encontrar sua voz. O Ep Nomadic foi o primeiro trabalho a
trazer um estilo com cara própria. E em 2014, com o lançamento de The Flesh Prevails, o nome Fallujah deixou em definitivo de ser
alvo de mera curiosidade, com resenhas excelentes na mídia especializada ao
redor do globo e um aumento considerável de propostas para shows.
Fallujah - The Flesh Prevails |
Claro
que isso também desperta uma imensa pressão para que a banda lance um trabalho
que minimamente seja capaz de replicar o frisson do disco anterior. Lançado com
uma forte campanha de Marketing para os padrões da cena, com as belíssimas
artes de capa do genial Peter Mohrbacher estampadas em dezenas de
produtos nas lojas especializadas, Dreamless
encara um vasto mar de ouvidos atentos, com muito a provar.
Face of
Death abre os trabalhos mostrando
bem o que nos espera no restante do álbum. Belos arranjos atmosféricos são
repentinamente quebrados por riffs monolíticos em tempos complexos e um
trabalho de bateria surrealmente detalhado (pelo autômato Andrew Baird). As
melodias de guitarra (cortesia de Brian
James e Scott Cairstairs) são o
que se esperaria do space rock em seu último update e são bastante bonitas. A
voz de Alex Hoffman (também responsável pelos sintetizadores) é de um gutural
impressionante, mas frio, parece vinda de um robô com intenções malignas.
A produção de Zack Ohren (Cattle Decapitation, Six Feet Under) deixa o som com uma qualidade
absurda, e é responsável direto e louvável pelo fato da massa sonora cheia de
detalhes não canse nossos ouvidos numa audição intensa de 55 minutos. E isso se
faz muito importante, tendo em vista que Dreamless
tem uma unidade de temas tão forte que soa quase como uma única e gigantesca
viagem a um universo desconhecido.
Adrenaline é uma pancada na
orelha que termina em outro momento etéreo, preparando o terreno para a
excelente The Void Alone. Faixa que
conta com a perfeita inclusão da angelical voz de Tori Letzler e nos expõe
a uma falha na geralmente bem pensada massa sonora dos californianos: a pouca
variação das linhas vocais robóticas de Hoffman
fazem com que os melhores momentos da bolachinha de longe sejam as passagens
instrumentais ou as músicas onde ele contracena com vozes femininas.
Por
sorte esses momentos se repetem, como na subsequente (e ótima) Abandon, que consegue soar imensamente
épica em pouco mais de quatro minutos, dessa vez contando com Katie Thompson fazendo um contraponto aos urros.
Scar Queen chega perto de parecer uma música mais normal, com vida
própria dentro da sensação de continuidade do álbum, que volta com a etérea e
quase completamente instrumental faixa título e, que nos brinda com um descanso
na quantidade de informações musicais (e vejam só, dá até espaço para o baixo
de Robert Morey) e com mais uma bela
participação de Tori e Katie.
A força de Prodigal Son reside em seus belos solos, e Amber Gaze traz uma diversidade bem-vinda nos riffs, dá até para imaginar
ela sendo uma releitura Techno metal para alguma música antiga do My Dying
Bride, o que é bom e estranho.
Fallujah - não, não são ETs...são só nerds, mesmo |
Fidelio é um curto interlúdio com samplers de diálogos
e um piano que preparam nossos ouvidos para a monstruosa e complexa Wind For Wings, engrandecida
em muito pela participação de Tori e
Mike Semesky (Cynic) nas
vozes limpas. Les Silences é uma bela instrumental tão carregada
na eletrônica que escutada à parte dificilmente alguém relacionaria a uma banda
de Heavy Metal. Lacuna encerra o
disco de forma apoteótica, com Katie
Thompson me fazendo imaginar se não
é melhor a banda assumir logo que deve efetivar um(a) segundo(a) vocalista para
que coisas bacanas como essa funcionem ao vivo.
Saldo Final
Confesso
que tive imensa dificuldade em resenhar Dreamless.
Desde a primeira audição eu tive certeza da imensa qualidade do disco.
Entretanto, é um trabalho que, por mais moderno que seja, demanda o anacrônico e
difícil ato de parar qualquer atividade paralela e se dedicar por completo a
sua audição para o disco possa ser apreciado com toda sua miríade de detalhes. Um
disco difícil, mas muito bem feito, e que soa recompensador aqueles que
decidirem embarcar de corpo e alma em sua estranha viagem a um universo desconhecido.
NOTA: 9,08
Pontos positivos: disco complexo,
pesado e muito bem estruturado, te transporta para um cenário futurista e
viajante
Pontos negativos: Hoffman soa
algo monocórdio, e as músicas fazem muito mais sentido no contexto do disco do
que sozinhas
Para fãs de: Meshuggah,
Architects
Classifique como: Progressive Death Metal, Djent,
Modern Metal
Ótima resenha! Confesso que estava curioso para saber a sua opinião, já que você é um cara bem tradicional do heavy metal! Concordo com todos os pontos! E realmente é um disco que tem que ser apreciado em sua totalidade e sem atividades paralelas, há várias músicas bem difíceis. Entretanto, o resultado é muito compensador.
ResponderExcluirAliás, gostei muito da produção do disco também. Coisa que no The Flesh Prevails deixou um pouco a desejar, inclusive em um blog concorrente participei de uma discussão que o próprio Zack apareceu para deixar clara a posição dele e o porquê das suas escolhas. Achei isso super louvável.
Fala, Diego!
ExcluirPô, o pessoal Tradicionalzão já me xinga pois eu sou muito modernóide, tô fodido então, hehhehehehhehehehehehe
Obrigado pelo elogio. A produção definitivamente é o maior trunfo dessa bolachinha, pois se errasse a mão na mesma, tudo teria ido pelo ralo e corria o risco do ótimo material se tornar uma massaroca cansativa após 20 minutos de audição.
Ah, não tenho Blog concorrente não, leio um monte deles, hehehhehehehehe. Legal a manifestação do caboclo na discussão!!!
Abraço
T
Trevas seu bixa
ResponderExcluirA cada mil anos você posta coisa de macho aqui, mas ainda não foi hoje cheio de frufru essa banda, VTNC
Para de toma leite com pera,
Danilo
Fala, Danilo
ExcluirA cada mil anos você faz algum comentário edificante.
Não, não foi hoje.
Vai chupar um canavial de rola!
Trevas