Blues Pills - Lady In Gold |
O Triunfo da Garota
Dourada
Por
Trevas
O combo multinacional
Blues Pills, hoje radicado na Suécia, teve uma carreira de ascensão meteórica.
De sua mambembe criação, em 2011, para um sem número de requisições para shows
em festivais europeus menores em 2012, para a assinatura com a Nuclear Blast, lançamento de um disco muito bem recebido e uma miríade de
shows em festivais de ponta, tudo aconteceu em um curtíssimo espaço de tempo. E
sem que houvesse um grande plano de marketing por trás.
Blues Pills em seus primórdios...uns 3 anos atrás... |
A
velocidade dos acontecimentos atingiu em cheio os integrantes da banda, que se
viram diante de uma imensa pressão interna para mostrar que todo o Hype criado não fora em vão, e que, a
despeito da pouca idade e da gritante inexperiência dos músicos, eles são sim capazes
de se manter no platô a que foram alçados de maneira tão abrupta. É com esse
espírito que o quarteto acabou de lançar seu segundo disco, que ganhou uma
belíssima edição limitada em digipack aqui no Brasil, contendo ainda um DVD bônus com um show completo.
O disco
Lady in Gold abre o disco e tem um refrão tão grudento que
praticamente infecta seu cérebro à primeira audição – espaço garantido nos sets
como honrosa herdeira de High Class Woman.
E se a primeira faixa trata a morte com algum glamour, a virulenta Little Boy Preacher ataca diretamente a
religião. Aqui já podemos perceber o tom da produção de Don Alsterberg (Graveyard e também produtor da estreia
da BP), que acertadamente centra o
som e arranjos em Elin Larsson,
relegando a banda a um segundo, ainda que muito bem arquitetado, plano.
Uma Floydiana introdução nos
serve de escada para uma forte intepretação de Elin na ótima Burned Out. Se o clima até aqui não difere em
muito do disco de estreia, a dose cavalar de Pop e Soul à lá Joss Stone pode assustar o ouvinte mais rockeiro. A popularidade da
faixa acabou por levar o nome da banda a fãs de cantoras como Adele, mas é inegável sua qualidade, e
sua presença nesse ponto da bolachinha só fez bem à dinâmica da mesma. Isso por
que vem seguida da soturna Gone So Long,
outra a começar com contornos Floydianos,
preparando o território aos poucos, num crescendo que evidencia a versatilidade
da banda e da cantora.
Bad Talkers se refugia em cargas de funk e soul, com aqueles arranjos
bem cheios de backing vocals e camadas que enriquecem o disco, mas que são bem difíceis
de se reproduzir ao vivo.
Blues Pills 2016 |
Adentramos então um território mais rocker,
com as diretas e boas You Gotta Try e Wont Go Back.
Já Rejection mantém a veia roqueira,
mas retorna no tempo a algum lugar colorido dos anos 1960.
Elin mostrando os dentes |
E
é justamente dos anos 1960 (mais precisamente, 1969) que saiu a excelente Elements And Things, música do
cantor estadunidense Tony Joe White. A faixa ganhou uma releitura para lá de inspirada e que
certamente será alvo de longas jams quando transmutada aos palcos.
Saldo Final
40
minutos e dez músicas depois e me vejo colocando ao disco para rodar de novo e
de novo. Enfim, Elin e sua trupe não
só conseguiram sobreviver ao temido segundo disco, como ainda foram mais longe
do que na estreia. Se no primeiro disco havia mais raça e talento do que composições
memoráveis, aqui em Lady In Gold
temos ao menos uma meia dúzia de canções memoráveis, além de uma produção mais
focada nos pontos fortes de cada músico. Um baita disco que nos faz ter a
certeza de que a Blues Pills merece todo o Hype que anda causando na cena.
NOTA: 9,09
DVD Bônus
A
caprichadíssima edição brasileira traz ainda um DVD Bônus contendo um show
realizado em Berlim em 2015. São 55 minutos e 9 músicas de uma performance
absolutamente vintage. Elin desfila
sua bela silhueta descalça com uma ferocidade e crueza inesperadas. Zach, Dorrian e André mostram
enfim que a banda ao vivo é muito mais do que um veículo para a voz da loira. As
imagens e som são de alta qualidade e a despeito do espaço não ser muito grande
e termos poucas câmeras em ação, te garanto que já vi muito DVD oficial de carreira pior que esse.
Um bônus excelente!
Pontos positivos: extremamente
diversificado e com belas melodias
Pontos negativos: em
estúdio, a escolha foi centrar na poderosa voz de Elin, então não espere
grandes solos e arroubos instrumentais
Para fãs de: Rival Sons, Graveyard
Classifique como: Retro Rock, Blues Rock
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