Dee Snider - We Are the Ones (Cd-2016) |
Dee Goes Modern
Por
Trevas
Dee Snider
é a voz do Twisted Sister – bom, isso quase todo mundo
sabe. Mas, sem medo de incorrer em algum
exagero, posso dizer que mesmo fora dos palcos ele sempre foi também a
personificação da traveca louca e perigosa que interpretou durante boa parte de
sua carreira. Língua ferina e atitudes tresloucadas sempre fizeram seu estilo,
tornando difícil delimitar onde termina o personagem e onde começa o Dee real. We Are the Ones é apenas o terceiro disco solo do estadunidense sessentão, e
afora parte do material da estreia com Dont
Let The Bastards, Dee nunca
apostou num resultado de fácil assimilação. Ao menos não para os fãs do Hard/Heavy encardido de sua banda original. Não ia ser agora que ele ia
mudar.
Seria o Jandirão apenas mais um rostinho bonito? |
Para
o novo disco, Dee cooptou como
aliado o produtor/compositor Damon Ranger. Se você é um fã de Metal, dificilmente saberá que é o
cara. Eu também não fazia ideia. Bom, o cara é para lá de premiado, tem nas
costas nada mais nada menos que um Oscar
e um Grammy, dentre outras dezenas
de prêmios. O problema é o teor das obras premiadas, a trilha sonora do sacal Vida de Pi e discos com o
mala mor Kanye West não costumam animar muito esse escriba que vos fala. Aqui, além
da produção, Damon ainda co-assinou boa
parte das composições, além de tocar baixo e guitarra em várias das músicas. Estranho? Sim. Mas não me dei por vencido, fui escutar sem preconceito o novo disquinho do
clone da Jandira.
A faixa título é um
paraíso Punk Rock, parece até um hino esquecido do Misfits refeito para os novos tempos. A produção é realmente
moderna, mas bem encorpada, e Dee
soa virulento como sempre, entoando mais um de suas odes aos desajustados desse
mundo.
Over Again é rock moderno radiofônico, mas muito bem feito. Close to You nos faz lembrar a
fase Dragontown/Brutal Planet do Alice Cooper, sem muito brilho. Já a pop Rule the World é grudenta e excelente, trazendo um Dee cantando mais limpo que no resto do
material.
A próxima faixa é a já bastante falada versão voz e piano para We’re Not Gonna Take It. A princípio,
odiei a releitura. Não costumo ser muito fã de releituras acústicas para faixas
de veia rocker. Mas depois da quarta audição a interpretação bacana de Dee acabou me conquistando. Continuo
achando que não era um movimento lá muito necessário, mas ficou bacaninha.
Crazy For Nothing é um Hard bem típico e, apesar de não ser excelente e da produção atual, não deve assustar os fãs mais tradicionais. Believe é um Poppy Punk que poderia fazer sucesso na trilha sonora da Malhação, tivesse uma voz menos encardida no comando. Head Like a Hole é um Metal Industrial, originalmente composto por Trent Reznor (Nine Inch Nails) que ficaria confortável na voz de Rob Zombie e Marilyn Manson. E convenhamos, se ficaria boa na voz limitada desses caras, fica ainda melhor com um vocalista de verdade. Com refrão inspirado, mostra-se um dos destaques da bolachinha.
Jandirão 2016 |
Bom, e se você quer
odiar esse disco de qualquer jeito, sua faixa é Superhero. Uma josta adocicada tão ruim que poderia bem estar na
trilha sonora de algum filme melequento da Disney.
Argh!!!! Para encerrar o disco, uma balada algo sombria com a voz de Dee tomando para si o centro das atenções. So What
é a própria demonstração da complexidade da personalidade niilista de Mr. Snider. Do cara que confrontou Tipper Gore nos anos 1980, anunciou o apoio ao xenófobo Donald Trump na recente campanha e, durante a própria campanha deu puxão de
orelha no candidato, retirando seu apoio, agora ele apoia um grupo de
ambientalistas no clipe desta música, um grupo que lutou contra a exploração de
um importante aquífero, sofrendo as consequências sob a forma de abuso dos
policiais escalados para conter uma pacífica manifestação. Esse é o doido do Dee Snider e o Cd traz parte
dessa maluquice aos nossos ouvidos.
Saldo Final
O
vocalista afirmou em algumas entrevistas que esse seria um disco que não faria
a cabeça dos fãs de Heavy Metal. Bom, We Are The Ones certamente não é o que esperaríamos de um disco do Twisted Sister, mas não assusta tanto assim, lembrando o clima dos discos
mais modernos do Alice Cooper e até mesmo o ótimo Live to Win do Paul Stanley. Não é um disco perfeito e tem lá uns cacarecos
no meio, mas no geral me soou bastante divertido e até mesmo viciante. Ponto
para o Dee!
NOTA: 8,01
Pontos positivos:
extremamente diversificado e com Dee em ótima forma
Pontos negativos: tem uma
ou duas porcarias, e a produção pode assustar a velha guarda
Para fãs de: a fase Modern
Metal do Alice Cooper e o Live to Win do Paul Stanley
Classifique como: Modern Hard
Rock
Quero o review do novo do Metallica!!!! Kkkk
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