Magnum - Sacred Blood Divine Lies |
O Novo Feitiço dos
Bruxos de Birmingham
Por
Trevas
Prólogo - Um Estranho Feitiço
O Magnum é um grupo
formado em 1972, em Birmingham, cidade
que também já nos brindou com baluartes como Black Sabbath e Judas Priest. Mas seu som está bem distante do de seus conterrâneos. Tal
qual acontece com os estadunidenses do Blue
Öyster Cult, o Magnum tem um
som para lá de difícil de explicar. Aura mística, canções baseadas num
vocalista que prima muito mais pelas belas melodias e timbres do que pelos
gritos e agressividade (o clone do Ovelha,
Bob Catley) e uma impressionante capacidade de misturar Hard, heavy,
AOR e Progressivo sem soar forçado – essa é a melhor definição do som do Magnum.
Ok, nem sempre essa mistura foi tão equilibrada. Em seu início, a banda
pendia muito mais para o progressivo. Na década de 1980, um inesperado sucesso
comercial fez com que o som descambasse para o AOR explícito (ver clipe para Vigilante).
E após um hiato que durou seis anos, ao final dos anos 1990, o Magnum
retornou em 2002 com o excelente Breath
Of Life, que marcou o início da fase de equilíbrio do som dos
britânicos. O retorno atraiu surpreendentemente uma nova leva de fãs, que
conheceram a voz magnética de Bob Catley através do projeto Avantasia. De lá para cá, sete discos
foram lançados, alternando entre bons discos e outros que rivalizam em
qualidade com os clássicos da época áurea. Novamente adornado com bela arte
gráfica de Rodney Matthews (responsável por capas seminais
de Praying Mantis e Asia, entre
muitos outros), Sacred Blood Divine Lies
chega com a missão de provar que os velhinhos ainda estão longe da
aposentadoria em termos de criatividade.
Rumo ao Sagrado
A
faixa título é o típico épico à lá Magnum:
clima místico, instrumental relativamente simples e a bela e hipnótica voz de Bob Catley aos poucos ganhando nossos ouvidos como as palavras sagradas
de um sábio e velho bruxo.
Crazy Old Mothers é um péssimo título para uma
música mid tempo para lá de boa. Mas Gypsy
Queen é ainda melhor, uma power
ballad carregada de um clima misterioso. Princess
In Rags traz aquela aura de AOR anos 1980 em seu início, caindo também
na onda mística nos versos, outro exemplo da maestria de Tony Clarkin como
compositor. Infelizmente o refrão perde um pouco da magia. Mas só um pouco.
Your Dreams
Won’t Die é a obrigatória balada com toneladas de Beatles. Talvez funcione para os Beatlemaníacos, mas é uma fórmula
que se repete nos últimos lançamentos e que sempre falha em me conquistar. Que
bom que Afraid Of the Night sobe de volta os degraus rumo a
excelência do material, baseando muito de seu sucesso no poder de interpretação
de Bob Catley e nas orquestrações do sempre funcional tecladista Mark Stainway.
A Forgotten
Conversation trilha com
impressionante tranquilidade aquele caminho pedregoso entre o AOR, o neoprogressivo
e o hard Rock. Um caminho mais perigoso que a estrada para Mordor, onde só o Magnum
ousa se aventurar com sucesso. Excelente.
Magnum 2016, Ovelha...erh, Bob Catley, ao centro |
Tivesse
o riff principal de Quiet Rhapsody toneladas de fuzz e estaríamos
diante de uma ideia de música do Saint
Vitus. A música parece enjoativa, mas tem uma
reviravolta para lá de interessante em sua metade final e acaba por se tornar
mais um bom momento do disco.
O início de Twelve Men Wise And Just parece indicar mais uma música na seara dos rapazes de Liverpool, mas depois se torna um
pequeno épico com a cara dos grandes clássicos do Magnum. Don’t Cry Baby é uma power ballad algo sombria
que mostra novamente o quanto Mr. Catley
é um cara de voz privilegiada. Uma bela maneira de encerrar um belo álbum.
Saldo Final
Não
é nenhum mistério que a segunda vinda do Magnum
tem sido muito mais de acertos que erros. Mas mesmo dentro da para lá de
qualificada discografia recente dos magos britânicos, esse Sacred Blood Divine Lies tende a se destacar. Um forte pretendente a entrar na listinha
e melhores de 2016 aqui na Cripta.
Obrigatório!
NOTA: 92
Para fãs de: Demon, Ten,
Avantasia
Fuja se: não tiver
paciência para músicas que se baseiam mais em boas melodias e climas que peso
Classifique como: AOR à lá
Magnum
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