terça-feira, 5 de abril de 2016

Magnum – Sacred Blood Divine Lies (Cd-2016)

Magnum - Sacred Blood Divine Lies 
O Novo Feitiço dos Bruxos de Birmingham
Por Trevas

Prólogo - Um Estranho Feitiço

O Magnum é um grupo formado em 1972, em Birmingham, cidade que também já nos brindou com baluartes como Black Sabbath e Judas Priest. Mas seu som está bem distante do de seus conterrâneos. Tal qual acontece com os estadunidenses do Blue Öyster Cult, o Magnum tem um som para lá de difícil de explicar. Aura mística, canções baseadas num vocalista que prima muito mais pelas belas melodias e timbres do que pelos gritos e agressividade (o clone do Ovelha, Bob Catley) e uma impressionante capacidade de misturar Hard, heavy, AOR e Progressivo sem soar forçado – essa é a melhor definição do som do Magnum.


Ok, nem sempre essa mistura foi tão equilibrada. Em seu início, a banda pendia muito mais para o progressivo. Na década de 1980, um inesperado sucesso comercial fez com que o som descambasse para o AOR explícito (ver clipe para Vigilante).


E após um hiato que durou seis anos, ao final dos anos 1990, o Magnum retornou em 2002 com o excelente Breath Of Life, que marcou o início da fase de equilíbrio do som dos britânicos. O retorno atraiu surpreendentemente uma nova leva de fãs, que conheceram a voz magnética de Bob Catley através do projeto Avantasia. De lá para cá, sete discos foram lançados, alternando entre bons discos e outros que rivalizam em qualidade com os clássicos da época áurea. Novamente adornado com bela arte gráfica de Rodney Matthews (responsável por capas seminais de Praying Mantis e Asia, entre muitos outros), Sacred Blood Divine Lies chega com a missão de provar que os velhinhos ainda estão longe da aposentadoria em termos de criatividade.

Rumo ao Sagrado

A faixa título é o típico épico à lá Magnum: clima místico, instrumental relativamente simples e a bela e hipnótica voz de Bob Catley aos poucos ganhando nossos ouvidos como as palavras sagradas de um sábio e velho bruxo.

Crazy Old Mothers é um péssimo título para uma música mid tempo para lá de boa. Mas Gypsy Queen é ainda melhor, uma power ballad carregada de um clima misterioso. Princess In Rags traz aquela aura de AOR anos 1980 em seu início, caindo também na onda mística nos versos, outro exemplo da maestria de Tony Clarkin como compositor. Infelizmente o refrão perde um pouco da magia. Mas só um pouco.


Your Dreams Won’t Die é a obrigatória balada com toneladas de Beatles. Talvez funcione para os Beatlemaníacos, mas é uma fórmula que se repete nos últimos lançamentos e que sempre falha em me conquistar. Que bom que Afraid Of the Night sobe de volta os degraus rumo a excelência do material, baseando muito de seu sucesso no poder de interpretação de Bob Catley e nas orquestrações do sempre funcional tecladista Mark Stainway.

A Forgotten Conversation trilha com impressionante tranquilidade aquele caminho pedregoso entre o AOR, o neoprogressivo e o hard Rock. Um caminho mais perigoso que a estrada para Mordor, onde só o Magnum ousa se aventurar com sucesso. Excelente.

Magnum 2016, Ovelha...erh, Bob Catley, ao centro
Tivesse o riff principal de Quiet Rhapsody toneladas de fuzz e estaríamos diante de uma ideia de música do Saint Vitus.  A música parece enjoativa, mas tem uma reviravolta para lá de interessante em sua metade final e acaba por se tornar mais um bom momento do disco.

O início de Twelve Men Wise And Just parece indicar mais uma música na seara dos rapazes de Liverpool, mas depois se torna um pequeno épico com a cara dos grandes clássicos do Magnum. Don’t Cry Baby é uma power ballad algo sombria que mostra novamente o quanto Mr. Catley é um cara de voz privilegiada. Uma bela maneira de encerrar um belo álbum.



Saldo Final

Não é nenhum mistério que a segunda vinda do Magnum tem sido muito mais de acertos que erros. Mas mesmo dentro da para lá de qualificada discografia recente dos magos britânicos, esse Sacred Blood Divine Lies tende a se destacar. Um forte pretendente a entrar na listinha e melhores de 2016 aqui na Cripta. Obrigatório!

NOTA: 92

Para fãs de: Demon, Ten, Avantasia

Fuja se: não tiver paciência para músicas que se baseiam mais em boas melodias e climas que peso

Classifique como: AOR à lá Magnum

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