sexta-feira, 4 de março de 2016

Meus 15 Shows Favoritos - Por Júlio César Monteiro



Prólogo - Malacopregos em Ação
Quando iniciei a Cripta, minha principal ideia era a de ser um veículo para resenhas de discos, algo que adoro ler, levando tudo com senso de humor e exercitando minha memória para lembrar do monte de coisas que li e leio sobre as bandas que resenho.

Curiosamente, justamente os textos que fogem ao formato de resenha tem um apelo muito maior junto ao público, com uma caralhada de visualizações a mais que as pobres críticas das bolachinhas.

Para esses textos opinativos já contei com a adorável ajuda de pessoas queridas como Renata Roxy e Bozinho (aka Pedro Viana). Volta e meia ponho pilha em alguns amigos para contribuir aqui, mas raramente esses convites vingam. Dessa vez, fui surpreendido por um grande amigo que gostou bastante do meu texto sobre os 15 shows favoritos. Ele achou tão bacana que resolveu fazer uma lista semelhante (toda vez que vejo uma lista, eu também faço minha versão, sou viciado nisso, ehhe). Então ele me perguntou se eu abria espaço aqui para que outras pessoas publicassem seus textos. CLARO!!! É sempre um prazer abir esse espaço aos amigos!

E o cara em questão é uma grande pessoa. Quando comecei minha faculdade em biologia, logo fui procurar um estágio, e acabei trabalhando com o estudo de moluscos, a saber, chama-se malacologia. Lá conheci o Júlio, uma espécie de enciclopédia ambulante de zoologia e um grande fã de rock. Éramos malacopregos metálicos, hehe. Ou seja, o estágio era um canal para escambo de cds e troca de informações sobre nossas bandas favoritas. Bons tempos!

Lá vai então a listinha dos 15 melhores shows da vida do convidado da Cripta de hoje, Mr. Júlio Monteiro!
Saudações
Trevas

Sobre o colaborador
Júlio é biólogo, doutor em zoologia; trabalha no Instituto de Estudos do Mar “Almirante Paulo Moreira” (Arraial do Cabo/RJ). Com especial interesse por rock clássico, heavy metal, progressivo, punk, rock contemporâneo; também escuta música clássica, blues, jazz e MPB. Atua (da forma mais amadora possível) como vocalista da banda cabista “Os Krakatoa” (rock nacional e clássico).









Meus 15 Shows Favoritos
Por Júlio C. Monteiro

Seguindo o modelo do meu amigo Renato Trevas, apresento uma lista comentada dos 15 shows que achei mais marcantes, dispostos em ordem cronológica.

É difícil escolher. Assisti apresentações de algumas de minhas bandas favoritas (p.ex.: Iron Maiden, Yes), mas nem por isso foram shows que incluí na lista abaixo. Por quê?  Simples, faltou alguma coisa pra exclamar ao final: esse show foi do caralho! Tenho o exemplo do Hollywood Rock de 1989, que fui para ver o Marillion. A banda Progressiva fez um show tão morno, que pareciam só estar cumprindo protocolo. O Bon Jovi tocou em seguida. É uma banda que não dou importância, mas foi um bom show, digo, muito melhor que o do Marillion. O fator expectativa pode ser ruim quando você espera demais por um show, que no fim não é lá estas coisas (ou pelo menos não o bastante para você).

Papai do Céu e os Deuses de uma maneira geral têm sido legais comigo, de modo que já vi alguns shows bacanas (não tantos quanto o Trevas). Procurei escolher os mais relevantes, com algumas exceções.  Além dos critérios óbvios como qualidade técnica, repertório, impacto visual, empolgação e interação com o público, alguns destes shows foram escolhas altamente pessoias. A admiração quase incondicional por uma banda/músico tem o seu peso. Em alguns casos um show pode ter sido simplesmente marcante pra mim em determada época (o primeiro da lista é um caso). Assim, segue abaixo minha seleção. Abraços, Júlio.

1)      Rádio Taxi (Ginasião, São Carlos/SP, 1982 ou 83).
Deve ter sido a primeira vez que fui a um show; eu teria uns 13 ou 14 anos. Este grupo de pop/rock gravou coisas um tanto bregas, e ‘Eva’ é um exemplo notório (mas e daí? Bandas legais como Def Leppard, Kiss, Asia, Whitesnake produziram farofa suficiente para cobrir a superfície do planeta Terra) .Entretanto, foi um grande sucesso na época, antes mesmo da avalanche do chamado “Rock Nacional” da década de 1980. Enfim, a banda é muito boa (pelo menos tecnicamente falando), e o grande Wander Taffo foi guitarrista e um dos fundadores.


Judas Priest tomando o segundo rock In Rio de assalto!

2)      Judas Priest (Estádio do Maracanã, Rock in Rio, 1992).
Um show memoravel, na noite do Metal da segunda edição do Rock in Rio. O Judas, após uma leva de álbuns ruins, renasce das cinzas com o recém-lançado “Painkiller”, e apresentou um show poderoso, super bem executado e empolgante. Neste dia também teve Sepultura (que começava a ganhar o mundo com o álbum “Arise”); Lobão (numa apresentação de uma música e ½; acho que todos sabem o que aconteceu); Megadeath; Queensrÿche (eu já curtia muito essa banda, e foi um bom show; porém, um crítico musical declarou que foi o pior show do RiR de todos os tempos. Mas, como diria Marcelo Nova: crítico musical nasceu para dizer besteiras); Guns & Roses (era a queridinha do momento, mas o show não foi nada de mais).

Rolling Stones na turnê Voodoo Lounge (94/95) (nota do Trevas: não, não vou postar o cu da Rita Lee!!!)

3)      Rolling Stones (Estádio do Maracanã, Hollywood Rock, 1995)
Desta lista, se fosse necessário resaltar os “Big Four”, certamente incluiria o show dos Stones. Mick Jager tem uma presença de palco, energia e carisma indescritíveis; Keith Richards, embora um guitarrista basicão (afinal, it´s only rock&roll), carrega uma aurea mítica fantástica. Era a turnê do “Voodoo Lounge”, e além de divulgar o álbum, tocaram uma mega seleção de grandes músicas. Momento marcante: em ‘Sympathy for the Devil’, bonecos infláveis gigantes surgiram atrás do palco (incluíndo um Elvis e uma Nossa Senhora). Arrebatador. P.S.: este show encabeçava uma das edições do extinto Festival “Hollywood Rock”; antes dos Stones, Rita Lee fez uma excelente apresentação, mas, com uma bizarra atitude: a rainha louca do rock abaixou as calças e exibiu seu ânus ao público.

4)      Mamonas Assassinas (Praça Garota de Ipanema, Arpoador, 1995)
Vocês podem odiar, xingar e jogar suas pedras. Mas o fato é que este show foi muito marcante, e um dos mais engraçados que já vi. Primeira apresentação no Rio de Janeiro, e gratuitamente, quando a banda ainda nem era tão conhecida. Na ocasião eu só conhecia ‘O vira’e ‘Shopcentis’, divulgadas a exaustão pela rádio “Cidade FM”. Assim, as outras músicas (que se tornariam super populares) foram boas piadas que se escutava pela primeira vez. Depois disso, o sucesso meteórico e o trágico fim.

Page & Plant num dos muitos piratas da apresentação de 1996


5)      Robert Plant & Jimmy Page (Apoteose, Hollywood Rock, 1996)
Outro ‘Big4’ de minha lista. Nesta que foi a última edição do “Hollywood Rock”, Page & Plant apresentavam o show do álbum “No Quater”, contendo novas roupagens para clássicos do Led Zeppelin, com a participação de músicos marroquinos e do Oriente Médio. Muita gente (obviamente uns chatos) torceu o nariz; mas eu achei o álbum fantástico. E o show não foi diferente! Momento marcante: difícil escolher, mas ‘Kashmir’ com a participação da Orquestra Sinfônica Brasileira foi delirante.

6)      Roger Waters (Apoteose, 2002; Apoteose, 2007; Estádio do Engenhão, 2012)
Vi três shows do Waters, e se perguntarem qual foi o melhor, respondo: todos. Os sons mais límpidos que já escutei em repertórios sensacionais. No show de 2002, da turnê “In the Flesh?”, fiquei viajando com a longa ‘Dogs’ e a chapante ‘Set the controls for the heart of the sun’, sem usar qualquer substância ilícita. Cheguei a pensar: isto está acontecendo mesmo?! Foram sons que jamais imaginei escutar ao vivo, conduzidos pelo próprio ‘cérebro’ do Pink Floyd. Em 2007, a segunda parte do show foi o “Dark Side of the Moon” na integra, além do bis. Por fim 2012, o show “The Wall” foi absurdamente excelente; acho que dispensa comentários. Outro Big4 na certa, só não sei escolher qual dos três.


Rush In Rio, um clássico dos vídeos oficiais de shows de rock

7)      Rush (Maracanã, 2002)
Demorou um “cadinho” para o público brasileiro ver o trio canadense. E esta passagem pelo Brasil foi tão boa que rendeu um CD/DVD ao vivo, quebrando um protocolo (parece que eles só gravam um ao vivo após quatro álbuns de estúdio). Foi um show perfeito: instrumental impecável, carisma e repertório fuderoso, e o público interagiu muito bem. Fui com um pessoal que incluía um primo que é baterista, e, durante ‘YYZ’ ele chorou um bocado. Eu não chorei (afinal, homem não chora), mas escutar ao vivo ‘The Spirit of Radio’, ‘The Trees’, ‘The Temples of Syrinks’, entre outras, foi emocionante. Forte candidato ao Big4. Arrependimento profundo foi não ter visto o show de 2010, comemorativo aos trinta anos do álbum Moving Pictures.

8)      Pearl Jam (Apoteose, 2005)
Após a morte de Kurt Cobain o ‘Grunge’ foi definhando. Entretanto, um dos sobreviventes do movimento: Pearl Jam continuou firme, e fez um showzão. Há quem diga que esta banda só tem um álbum bom, o de estreia (Ten); eu discordo. Claro que muitos momentos marcantes foram com músicas deste disco (p.ex. ‘Black’, ‘Even Flow’ e ‘Jeremy’), entretanto, ‘Last Kiss’, ‘Given to Fly’ e ‘Daughter’ e várias outras também foram ótimas. O grunge mais visceral ficou por conta da banda de abertura: o Mudhoney, que gostei muito; inclusive, ouvi uma estória que estes caras já tocaram até em um bar alternativo em minha cidade natal (São Carlos/SP). Não sei se a informação procede...

A única Polícia bacana no Rio

9)      The Police (Maracanã, 2007)
Em meados dos anos 2000, se alguém virasse pra mim e dissesse que o Police faria um show no Rio, eu diria: que piada, conta outra. Mas, as vezes os astros do rock querem dar um “Up” em suas contas bancárias ...e apareceu do nada um show do Police (do nada mesmo, pois não gravaram qualquer material novo). Mas isso pra mim foi de muito bom grado, pois esta é uma das bandas que gosto desde a adolescência. Foram vários hits, para o deleite do público. A apresentação toda foi boa, mas “Message in a Bottle”, “Roxanne”, “Next to you” e “So Lonely” foram os pontos altos.

10)   Kiss (Apoteose, 2009)
Compartilho a opnião do Trevas: o Kiss modelou os shows de rock com tudo que é espalhafatoso, cheio de parafernalhas e pirotecnias. Neste show, o repertório seguiu basicamente o primeiro álbum ao vivo “Alive!”, além de alguns sons mais “recentes”.  Uma vez li a seguinte declaração do Gene Simmons:  “Quem vai a um show do Kiss não precisa ver mais nada, pois qualquer outro parecerá sem graça”. Well, não sei se o forte do Gene é o humor ou o ego..., mas, de qualquer forma, o show foi muito bom.

11)   Paul McCartney (Estádio do Engenhão, 2011)
Vocês vão dizer: há, só escolheu esse por causa dos Beatles. Respondo: claro que sim! McCartney e Lennon escreveram algumas das melhores e mais marcantes canções do século XX! E mais, este ilustre senhor continua em boa forma, conduziu um show de quase três horas, cantando e tocando bem, e com bom humor. E, cá pra nós, escutar do próprio ex-Beatle: ‘Back in the USSR’, ‘Let it Be’, ‘Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band’, ‘Black Bird’, ‘Helter Skelter’, ‘Yesterday’, ‘A Day in Life’, entre outras... porra!!! É de arrepiar; não tem preço.

12)   Metallica (Cidade do Rock, Rock in Rio, 2011)
Recentemente cheguei a repudiar o Metallica, quando soube que James Hetfield caça ursos alfa (Freud explica?) e faz troféus com suas cabeças. A informação veio de um papo de bar, logo, não sei sobre sua veracidade. Estupides a parte, devo fazer jus: o Metallica sabe fazer um showzão. Eu não sabia o setlist, então tive boas surpresas, como a instrumental ‘Orion’, além das ótimas, mas previsiveis, ‘Fade to Black’ e ‘One’. Naquela noite, eles pareciam ter se emocionado e ficado satisfeitos com o show, tal como o público. A não ser que também sejam muito bons atores. Nesta mesma data foi a única vez que vi o Motörhead, do saudoso Lemmy, que também foi excelente.

13)   The Offspring (Cidade do Rock, Rock in Rio, 2013)
Esta banda, como a congênere The Green Day, tá tão apagada no cenário que parece nem ter merecido o Palco Mundo do RiR de 2013. Mas foi melhor assim! Valeu ve-los de perto no palco ‘Sunset’, banda esta que manda muito bem ao vivo. O palco já havia sido esquentado por Mark Ramone (com vários clássicos dos Ramones), e em seguida este show foi a cereja do bolo, no que chamaria de uma noite Punk do RiR. Já na abertura mandaram ‘All I want’, que gerou três rodas (e eu no meio delas); minha esposa quase foi ao chão e levou uma cotuvelada no nariz (mas, sem nenhum dano).  O show inteiro foi empolgante, com um desfile de hits. O Doritos que estava em minha mochila virou farinha. O que teve depois no Palco Mundo mesmo? Não lembro.

E quem diria que iríamos ter a chance de ver o Madman com o Sabázão de novo? 


14)   Black Sabbath (Apoteose, 2013)
Tal como o show do The Police, eu jamais sonharia em ver o Black Sabbath em sua formação original (exceto pela falta do Bill na bateria). Este foi um dos shows mais empolgantes da minha vida. Os clássicos do Sabbath, cantados pelo próprio Ozzy (que me surpreendeu), o baixo pesado e bem marcado do Geezer e os riffs mágicos do Iommi: sensacional! Em determinado momento, acho que foi em ’ N.I.B.’, eu chorei (esta história que homem não chora é balela). ‘Iron man’, ‘B. Sabbath’, ‘Paranoid’, tudo estava lá; muito, muito bom. Disputa com o Rush pelo “Big4”.

15)   System of a Down (Cidade do Rock, Rock in Rio, 2015)
O SOAD me agradou em cheio desde que conheci: um Metal original, com levadas diferentes, e as vezes toques de Oriente Médio. Quando foi anunciado que tocariam no Rock in Rio 2013, não tive dúvidas, fui! E... um tanto decepcionante. Mesmo com repertório e som OK, a banda estava mais fria que as cervejas que bebi (bom, as cervejas vendidas no gramado do RiR não são necessariamente geladas!). Não diria que foi um show ruim, mas não satisfez. Entretento, por teimosia, arrisquei novamente em 2015. E desta vez sim! Parecia outra banda, muito mais vibrante, viva e forte. Serj Tankian (vocal principal) parecia mais a vontade que em 2013, e mais bem humorado também. Assim, lavei minha alma e fiz as pazes com o System.


Adenta
A) shows que ainda gostaria de ver: Van Halen, AC/DC, U2, The Cure, Rammstein, Slayer completo (no ‘RiR 2013’ foi 2a atração do Palco Mundo, show curto), Ozzy solo, Abney Park, Abramis Brama, Biohazard, Genesis com Peter Gabriel (talvez este último deveria estar na lista abaixo).
B) shows que infelizmente não verei mais: Ramones, Queen com Fred Mercury, Nirvana, Heavan & Hell, David Bowe, Emy Winehouse, Type O Negative.

7 comentários:

  1. Opa
    Esse maluco aí viu muita coisa de classe, o Judas no Rock In Rio foi massa demais!
    Mas eu já vi o Sleyer!
    Danilo Z.

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    1. Fala, Danilo
      Pois é, o Judas no Rock In Rio deve ter sido qualquer coisa de fenomenal.
      Ah, e também já vi o Slayer!
      Abraço
      T

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    2. Caros Danilo e Renato "o Trevas", saudações! O Judas talvez tenha sido o melhor show do rock in Rio II. O Rob Halford estava em sua melhor forma (ele solo no RiR III também foi o bicho!). O Slayer fez um belo show no RiR/2013, mas, era um set list compacto. Neste dia do Slayer, a último atração foi do Iron, que poderia ter sido o show. Mas a qualidade do som estava vergonhosa. Foi embora antes de acabar.

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    3. Olá, Júlio
      O show do Slayer que vi foi no Monsters de 1998. Foi um típico show deles, mas á época eu tinha medinho desses sons muito porradas e não curti tanto. Tenho que ver de novo!
      Abraço
      t

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  2. Caro Trevas, devo confessar que só comecei a gostar para valer de bandas mais pesadonas e casca-grossa há poucos anos, pois antes só ouvia mesmo o metal clássico (a lá Iron, Judas, Saxon), progressivo entre outros. Mas já ouvi falar muito bem desse show que você viu em 98. É isso meu nobre, abração. Júlio

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  3. Prezado, Júlio. Também estive no show do Mamonas Assassinas lá na praça do Arpoador, foi realmente um show gratificante, eu só conhecia na época a música Vira. Não sei se você lembra mas os caras ficavam tirando sarro toda hora, até um cara que tacou um copo de água neles e errou o vocalista também tirou sarro com a cara. Tinha até gente pendurada nas árvores, um show único.

    Um abraço.

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    1. Saudações Francisco. Caraca, que massa você também ter visto. Esto show foi muito empolgante, e como você falou: único. Não lembro do lance do copo de água, mas lembro de ter gente pra caralho (tipo isso, pendurada em árvores!) e a galera pulava e ria das músicas e tiradas deles. abraço!

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