terça-feira, 13 de maio de 2014

Grim Reaper + Picture + Metalmorphose - Teatro Odisséia (RJ) - 08.05.14



Back To The NWOBHM!!!!
Texto e Fotos (de celular, infelizmente) por Trevas

Um dos mais importantes movimentos na história da música pesada, a New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM) rapidamente alastrou seus tentáculos para fora da terra da rainha. Uma enxurrada de bandas promissoras surgiam ao redor do mundo, antenadas com as novas tendências metálicas, fato muito mais difícil de acontecer em tempos pré-internet. Aqui no Brasil, um dos pioneiros em emular o novo metal da época foi o Metalmorphose, banda carioca que após longo hiato voltou à cena com força total.

Metalmorphose, 1865?
Em alguns casos temos a impressão de que, tal como ocorreria com o Thrash anos depois, o estilo surgia de forma independente em lugares diferentes do globo. Um grande exemplo disso é o Picture, banda holandesa que gravou seu primeiro disco ao final de 1979, com uma sonoridade bastante semelhante aos britânicos que ainda engatinhavam para fora do underground.

Picture
Já falando de dentro da NWOBHM, o Grim Reaper surgira como uma de seus rebentos mais promissores, catapultado rapidamente ao estrelato com três grandes discos e sumindo em seguida devido a problemas com empresários, seguindo um roteiro bastante comum às bandas daquela cena.

Grim Reaper, a banda favorita de Beavis And Butthead
Quem diria que quase trinta anos após seu surgimento, três bandas clássicas como as citadas se encontrariam sobre o mesmo palco numa noite de meio de semana no Rio de Janeiro? Um fato a ser comemorado por qualquer amante de metal que se preze.

Chegando à porta do Teatro Odisséia, no coração da Lapa, temi pelo pior. O evento parecia fadado ao fracasso, graças à uma greve de ônibus, iniciada na manhã daquele dia e que só terminaria no dia seguinte. Deixariam os Deuses do Metal que uma noite como essa tivesse tão poucos expectadores? Foi assim, com pouco mais de vinte pessoas no local, que os guerreiros do Metalmorphose iniciaram os preparativos para seu show.

Metalmorphose

Com a garra e perseverança cantada nos versos de Jamais Desista, o Metalmorphose tocou como que para uma turba de milhares, aproveitando cada minuto de seu set. Cavaleiro Negro colocou os desavisados da existência do novo disco (o petardo Máquina dos Sentidos) no circuito, mas o repertório da noite foi mesmo calcado no último lançamento. Uma escolha em muito baseada no fato de que a banda tocaria no dia seguinte em outra casa na Lapa com um set mais completo, na ilustre companhia de seu contemporâneo brasuca Stress e do X Rated. Escolha bem vinda, dada a qualidade de sons como Metrópole (com ótimas guitarras dobradas à lá Thin Lizzy), Máquina dos Sentidos e especialmente Máscara. A banda (que sempre me faz lembrar os primórdios do Riot e Armored Saint) está cada vez melhor: André Delacroix continua sendo um rolo compressor (além de ser uma figura no palco), a dupla de guitarras Marcos Dantas e Pepê está afiadíssima e André Bighinzoli toca sempre com muito entusiasmo e carisma. O único prejudicado na noite foi o ótimo Tavinho Godoy, cuja voz ficou enterrada no meio dos outros instrumentos, fato que aconteceria novamente no set do Picture. Coisas do Odisséia. Com o público aos poucos chegando no meio do set, o show cresceu, terminando com uma empolgada ovação de quase uma centena de headbangers felizes. Ficamos no aguardo do novo disco e dos shows vindouros!(NOTA 8)

Tavinho Godoy
Picture

Cerca de vinte minutos depois o palco foi montado novamente. A casa já estava cheia, os deuses do metal venceram a greve. Um fato curioso: o público gritou efusivamente "reaper, reaper", mas foi pego de surpresa pela avassaladora Griffons Guard the Gold! Os gritos rapidamente mudaram para "Picture-Picture" e os pescoços, ah, esses sofreram. Com muita garra e um clima que remetia a algum pub esfumaçado da Europa nos idos de 1983, o Picture impressionou com um set repleto de clássicos tocados com ferocidade e precisão. Armado de muito couro, um chapéu à lá Mad max e uma cartucheira contendo latas de cerveja (sabiamente bebericadas entre as músicas) Pete Lovell comandou o Odisséia com maestria, a despeito de sua voz também estar enterrada na massa sonora.

Pete Lovell
Com três quintos da formação que gravou o clássico Eternal Dark em ação (o baterista Bakkie e o baixista Rinus, além de Pete), o Picture tocou músicas imortais como Eternal Dark, Heavy Metal Ears, Lady Lightning e The Hangman. O set terminaria aparentemente com a monstruosa Into The Underworld. O público não deixou. Então a banda, visivelmente feliz, tocou Bombers para encerrar. Um Show para ser lembrado por muito e muito tempo.

O mais legal foi ver que assim que terminou seu set, a banda se posicionou (munida de cervejinhas), em uma área reservada do mezanino, para curtir o show do Grim Reaper. E quem aparecesse na corrente que separava essa área era simpaticamente atendido pelos caras, que trocaram ideias, tiraram fotos e deram autógrafos aos fãs com muita humildade. Virei fã e espero ver a banda de volta no futuro.(NOTA 9)

Picture
Grim Reaper

Superar o surpreendente show do Picture seria uma tarefa árdua, mas Steve Grimmet é um cara bem escolado. Após o término da primeira encarnação do Grim Reaper, o balofo vocalista tentou a sorte com bandas como o Onslaught, Lionsheart e Grimmstine, sem o mesmo sucesso. Recentemente entrou em acordo com o ex-guitarrista Nick Bowcott e passou a usar o nome do Grim Reaper em seus shows (como Steve Grimmet's Grim Reaper). Contando com o excelente Ian Nash na guitarra e uma cozinha de respeito (Chaz Grimaldi no baixo e Mark Rumble na bateria), Steve capitaneou um ótimo set de 16 petardos quase sem interrupção, que só perdeu para o Picture por uma questão de mágica, mesmo. Dono de um gogó para lá de privilegiado, o cinquentão Grimmet foi o único vocalista da noite que sobreviveu ao péssimo som do Odisséia, impressionando a todos com uma voz que pouco ou nada perdeu nesses trinta anos de carreira. Passando por clássicos dos três discos da banda (Fear No Evil, Waysted Love, lay It Down The Line), somados a uma homenagem algo enrolada ao Dio (Don't talk To Strangers) e até mesmo uma ótima música nova (Sim, os caras lançarão um disco esse ano, a música se chama From Hell), o Ceifador encerra a noite com a obrigatória See You In Hell. (NOTA 8)

Não, não sei se nos veremos no inferno...mas no próximo show das três bandas, aí sim vocês vão me encontrar.

Steve Grimmet

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