terça-feira, 20 de maio de 2014

Black Label Society – Catacombs Of The Black Vatican (Cd/2014)

Black Label Society - Catacombs Of The Black Vatican
Capitão Caverna Ataca Novamente
Texto por Trevas

Zakk Wylde mudou. O gigante beberrão que parece ter nascido do cruzamento de um urso com um campeão Viking é desde o final da década de 1980 um dos poucos heróis da guitarra prontamente reconhecíveis por todas as tribos dentro do mundo do rock.

Ozzy & Zakk ao final dos anos 1980
Tão notória quanto sua proficiência no manejo das seis cordas é o apreço do barbudo por quantidades de birita capazes de causar a extinção em massa do restante dos mamíferos. Inicialmente considerado um fato totalmente compatível com sua imagem, a beberagem excessiva deixou de ser bem recebida quando, como ocorrera com Eddie Van Halen e Michael Schenker, começou a afetar a qualidade das apresentações (e composições) do músico americano.

Hey, você não tem álcool, tem?
Discos pouco inspirados tanto com o BLS (o fraquíssimo Shot To Hell) quanto com Ozzy (Black Rain e Down to Earth) e apresentações aquém da capacidade não fizeram com que Zakk mudasse seus hábitos. Para isso foi necessário um tremendo choque de ordem. Quase simultaneamente Zakk foi demitido da banda de Ozzy e diagnosticado com uma anomalia sanguínea que causa a formação de coágulos. Informado por um médico de que o consumo etílico somado ao seu problema de saúde garantiria uma passagem certeira somente de ida para o vale dos pés juntos, Zakk resolveu de maneira abrupta parar de maltratar o fígado.

Pela primeira vez dando uma ligeira pausa em sua produção musical, Zakk parece ter recuperado, junto com a saúde, o senso de avaliação. A verdade é que Order Of the Black, de 2010, primeiro disco composto e gravado pós sobriedade, retomou o padrão de qualidade de outrora. Ao vivo, Zakk voltou a cantar bem (dentro de suas limitações) e a tocar da maneira que os fãs esperam (ver resenha do show no Vivo Rio em 2012).


Após o lançamento de um disco ao vivo (com versões em DVD e BD) com releituras semi-acústicas para o BLS, Zakk retomou os trabalhos de estúdio, não sem percalços: o fiel escudeiro Nick Catanese resolveu trilhar seu próprio caminho. Dessa feita, Zakk assumiu a gravação de todas as guitarras do novo rebento, assim como da produção e até mesmo do conceito gráfico. O nome do disco é uma homenagem ao estúdio caseiro de Zakk, chamado Black Vatican. Segundo ele, as ditas catacumbas seriam as músicas. Vamos a elas, então.

Visitando as Catacumbas

Perguntado pela Metal Hammer UK sobre a sonoridade do novo álbum, o sempre gaiato Zakk não pestanejou: “As novas músicas soam exatamente como todas as outras que já gravamos, só que com títulos diferentes”...
Fields Of Unforgiveness é uma canção Mid Tempo tipicamente BLS, que parece exemplificar que talvez Zakk não estivesse brincando na afirmação acima. Algo nela me lembra um bocado a fase inspirada do grupo, entre Blessed Hellride e Mafia. A gravação é estupenda e o solo e os vocais mostram o quanto a sobriedade trouxe o grandalhão de volta ao jogo. A primeira faixa de trabalho, My Dying Time reforça a ideia de uma retomada dos melhores momentos do BLS. Aqui Mr. Wylde reverencia sua fé na econômica letra (o cara é quase tão lacônico quanto Max Cavalera) e nos traz mais um solo memorável. Um dos destaques do disco.


A boa Believe é setentista em seu riff, seu groove e sua linha melódica, talvez fruto da influência dos arranjos do ao vivo Unblackened. Esse novo enfoque pós o sucesso do lançamento semi-acústico permeou também a criação da segunda música de trabalho do disco: a ótima balada Angel Of Mercy, que além de um lindo solo, traz a voz de Zakk bem mais próxima dos bons tempos do Pride & Glory.


A rifferama invocada reaparece em Heart Of Darkness, que apesar da intensidade soa um pouco como mais do mesmo. Nela percebe-se o bom trabalho do baterista atual da banda, Chad Zseliga, que forma uma bela dupla com o já veterano baixista John DeServio. Os dois trazem o groove na cara de Beyond The Down, outra faixa que mantém a pegada do disco em alta, mas sem se destacar. A balada Scars tem aquela pontinha de Southern Rock que vez ou outra permeia os discos de Zakk, inclusive com um solo com um timbre limpo (e slide) raro de se encontrar em trabalhos do BLS.

Olhar perdido no horizonte, lembrando saudosista dos tempos de manguaça
Damn The Flood é um típico Stoner Metal, à lá Orange Goblin, bem feito e empolgante – ah, e o solo fritado é muito bom. Resquícios de Black Sabbath e pitadas de Alice In Chains temperam as ótimas I’ve gone Away (mais acelerada) e Empty Promises (meio Doom). A certeza de que estamos diante de um dos melhores trabalhos da banda esmorece perante a chatice da terceira balada da bolacha, a desnecessária Shades Of Gray. A edição regular do disco termina aí, e sortudo é aquele que agarrou a edição limitada, pois a alucinante Dark Side Of The Sun merecia lugar facilmente no repertório do lançamento menos abastado. Diria inclusive se tratar da melhor música do pacote todo. A outra faixa bônus, The Nomad, é uma balada com certo clima épico, dezenas de vezes melhor que Shades Of Gray. Difícil entender a não inclusão dessas duas no lançamento regular.

Saldo Final
Catacombs vem sendo tratado pela crítica especializada como o melhor e mais completo trabalho do BLS até o momento. Talvez tenham razão, e embora Zakk ainda não tenha atingido com o BLS o patamar de qualidade de seus outros projetos, Pride & Glory e Book Of Shadows, esse Catacombs é seu trabalho mais bem cuidado, executado e variado em muito tempo. Altamente recomendado, em especial na edição limitada.

NOTA: 8

Prós:
Ótimos solos, refrães grudentos e boa produção.

Contras:
Por vezes dá aquela sensação de dejà-vú. Shades Of Gray é bem chatinha.

Classifique como: Heavy Metal, Stoner Metal

Para Fãs de: Ozzy, Black Sabbath, Alice in Chains, Pride & Glory

Ficha Técnica
Banda: Black Label Society
Origem: EUA
Disco (ano): Catacombs Of the Black Vatican (2014)
Mídia: CD
Lançamento: EntertainmentOne (Importado)

Faixas (duração): 11 (47’)/ 13 (54’) na edição limitada*.
1. Fields of Unforgiveness; 2. My Dying Time; 3. Believe; 4. Angel Of Mercy; 5. Heart Of Darkness; 6. Beyond The Down; 7. Scars; 8. Damn The Flood; 9. I’Ve Gone Away; 10. Empty Promisses; 11. Shades Of Gray; 12. Dark Side Of The Sun*; 13. The Nomad*.

Produção: Zakk Wylde
Arte de Capa: John Irwin Design (Ideia - Zakk Wylde)

Formação:
Zakk Wylde – voz, guitarra piano;
John DeServio – baixo;
Chad Zseliga – bateria.

2 comentários:

  1. Ainda tenho na memória aquele show do HSBC Arena. BLS, Kokorn e Ozzy. Lembro dele jogando sua guitarra para a galera em Paranoid, percebendo a merda que fizera e pulando atrás, voltando com a dita de manopla destruída... O álcool é perigoso mesmo... Hahahahaha... E vamos ao Circo!

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  2. Fala, Krill!
    Fazia tempo que não aparecias nas áridas terras da Cripta, achei que tivesse perdido meu único leitor, whahahahaha
    Vamos ao Circo sim, acho que esse show vindouro será animal!
    Abracetas
    T

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