Black Label Society - Catacombs Of The Black Vatican |
Capitão
Caverna Ataca Novamente
Texto por Trevas
Zakk
Wylde mudou. O gigante beberrão que parece ter
nascido do cruzamento de um urso com um campeão Viking é desde o final da
década de 1980 um dos poucos heróis da guitarra prontamente reconhecíveis por
todas as tribos dentro do mundo do rock.
Ozzy & Zakk ao final dos anos 1980 |
Tão notória quanto sua proficiência no manejo
das seis cordas é o apreço do barbudo por quantidades de birita capazes de
causar a extinção em massa do restante dos mamíferos. Inicialmente considerado
um fato totalmente compatível com sua imagem, a beberagem excessiva deixou de
ser bem recebida quando, como ocorrera com Eddie
Van Halen e Michael Schenker,
começou a afetar a qualidade das apresentações (e composições) do músico
americano.
Hey, você não tem álcool, tem? |
Discos pouco inspirados tanto com o BLS (o fraquíssimo Shot To Hell) quanto com Ozzy
(Black Rain e Down to Earth) e apresentações aquém da capacidade não fizeram com
que Zakk mudasse seus hábitos. Para
isso foi necessário um tremendo choque de ordem. Quase simultaneamente Zakk foi demitido da banda de Ozzy e diagnosticado com uma anomalia
sanguínea que causa a formação de coágulos. Informado por um médico de que o
consumo etílico somado ao seu problema de saúde garantiria uma passagem
certeira somente de ida para o vale dos pés juntos, Zakk resolveu de maneira abrupta parar de maltratar o fígado.
Pela primeira vez dando uma ligeira pausa em sua
produção musical, Zakk parece ter
recuperado, junto com a saúde, o senso de avaliação. A verdade é que Order Of the Black, de 2010, primeiro
disco composto e gravado pós sobriedade, retomou o padrão de qualidade de
outrora. Ao vivo, Zakk voltou a
cantar bem (dentro de suas limitações) e a tocar da maneira que os fãs esperam
(ver resenha do show no Vivo Rio em 2012).
Após o lançamento de um disco ao vivo (com
versões em DVD e BD) com releituras semi-acústicas para o BLS, Zakk retomou os trabalhos de estúdio, não sem percalços: o fiel
escudeiro Nick Catanese resolveu
trilhar seu próprio caminho. Dessa feita, Zakk
assumiu a gravação de todas as guitarras do novo rebento, assim como da
produção e até mesmo do conceito gráfico. O nome do disco é uma homenagem ao
estúdio caseiro de Zakk, chamado Black Vatican. Segundo ele, as ditas
catacumbas seriam as músicas. Vamos a elas, então.
Visitando
as Catacumbas
Perguntado pela Metal Hammer UK sobre a sonoridade do novo álbum, o sempre gaiato Zakk não pestanejou: “As novas músicas
soam exatamente como todas as outras que já gravamos, só que com títulos
diferentes”...
Fields
Of Unforgiveness é uma canção Mid Tempo tipicamente BLS, que parece exemplificar que talvez
Zakk não estivesse brincando na
afirmação acima. Algo nela me lembra um bocado a fase inspirada do grupo, entre
Blessed Hellride e Mafia. A gravação é estupenda e o solo e
os vocais mostram o quanto a sobriedade trouxe o grandalhão de volta ao jogo. A
primeira faixa de trabalho, My Dying
Time reforça a ideia de uma retomada dos melhores momentos do BLS. Aqui Mr. Wylde reverencia sua fé na econômica letra (o cara é quase tão lacônico
quanto Max Cavalera) e nos traz mais
um solo memorável. Um dos destaques do disco.
A boa Believe
é setentista em seu riff, seu groove e sua linha melódica, talvez fruto da
influência dos arranjos do ao vivo Unblackened.
Esse novo enfoque pós o sucesso do lançamento semi-acústico permeou também a
criação da segunda música de trabalho do disco: a ótima balada Angel Of Mercy, que além de um lindo
solo, traz a voz de Zakk bem mais
próxima dos bons tempos do Pride &
Glory.
A rifferama invocada reaparece em Heart Of Darkness, que apesar da
intensidade soa um pouco como mais do mesmo. Nela percebe-se o bom trabalho do
baterista atual da banda, Chad Zseliga,
que forma uma bela dupla com o já veterano baixista John DeServio. Os dois trazem o groove na cara de Beyond The Down, outra faixa que mantém
a pegada do disco em alta, mas sem se destacar. A balada Scars tem aquela pontinha de Southern Rock que vez ou outra permeia
os discos de Zakk, inclusive com um
solo com um timbre limpo (e slide) raro de se encontrar em trabalhos do BLS.
Olhar perdido no horizonte, lembrando saudosista dos tempos de manguaça |
Damn The Flood é
um típico Stoner Metal, à lá Orange
Goblin, bem feito e empolgante – ah, e o solo fritado é muito bom. Resquícios
de Black Sabbath e pitadas de Alice In Chains temperam as ótimas I’ve gone Away (mais acelerada) e Empty Promises (meio Doom). A certeza
de que estamos diante de um dos melhores trabalhos da banda esmorece perante a
chatice da terceira balada da bolacha, a desnecessária Shades Of Gray. A edição regular do disco termina aí, e sortudo é
aquele que agarrou a edição limitada, pois a alucinante Dark Side Of The Sun merecia lugar facilmente no repertório do
lançamento menos abastado. Diria inclusive se tratar da melhor música do pacote
todo. A outra faixa bônus, The Nomad,
é uma balada com certo clima épico, dezenas de vezes melhor que Shades Of Gray. Difícil entender a não
inclusão dessas duas no lançamento regular.
Saldo
Final
Catacombs
vem sendo tratado pela crítica especializada como o melhor e mais completo trabalho
do BLS até o momento. Talvez tenham
razão, e embora Zakk ainda não tenha
atingido com o BLS o patamar de
qualidade de seus outros projetos, Pride
& Glory e Book Of Shadows,
esse Catacombs é seu trabalho mais
bem cuidado, executado e variado em muito tempo. Altamente recomendado, em
especial na edição limitada.
NOTA:
8
Prós:
Ótimos solos, refrães grudentos e
boa produção.
Contras:
Por vezes dá aquela sensação de
dejà-vú. Shades Of Gray é bem chatinha.
Classifique como: Heavy Metal,
Stoner Metal
Para Fãs de: Ozzy, Black Sabbath, Alice in Chains, Pride & Glory
Ficha Técnica
Banda: Black Label Society
Origem: EUA
Site Oficial: http://www.blacklabelsociety.com
Disco (ano): Catacombs Of the Black Vatican (2014)
Mídia: CD
Lançamento: EntertainmentOne (Importado)
Faixas (duração): 11 (47’)/ 13 (54’)
na edição limitada*.
1. Fields of Unforgiveness; 2. My Dying Time; 3. Believe; 4. Angel Of Mercy;
5. Heart Of Darkness; 6. Beyond The Down; 7. Scars; 8. Damn The Flood; 9. I’Ve
Gone Away; 10. Empty Promisses; 11. Shades Of Gray; 12. Dark Side Of The
Sun*; 13. The Nomad*.
Produção: Zakk Wylde
Arte de Capa: John Irwin Design (Ideia
- Zakk Wylde)
Formação:
Zakk Wylde – voz, guitarra piano;
John DeServio – baixo;
Chad Zseliga – bateria.
Ainda tenho na memória aquele show do HSBC Arena. BLS, Kokorn e Ozzy. Lembro dele jogando sua guitarra para a galera em Paranoid, percebendo a merda que fizera e pulando atrás, voltando com a dita de manopla destruída... O álcool é perigoso mesmo... Hahahahaha... E vamos ao Circo!
ResponderExcluirFala, Krill!
ResponderExcluirFazia tempo que não aparecias nas áridas terras da Cripta, achei que tivesse perdido meu único leitor, whahahahaha
Vamos ao Circo sim, acho que esse show vindouro será animal!
Abracetas
T