quarta-feira, 1 de julho de 2020

Kvelertak – Splid (CD-2020)



Deliciosa Discórdia

Por Trevas

Quatro anos depois de Nattersferd, o tresloucado sexteto norueguês de Black’n’Roll (cantado na língua nativa) retorna com seu quarto disco, com duas mudanças na formação. Ivar Nikolaisen assumiu os vocais no lugar de Erlend Hjelvik e Håvard Takle Ohr ganhou o posto de baterista. Ivar não é exatamente uma novidade para os fãs, tendo participado em Blodtørst, do primeiro disco da banda. Figura lendária na cena underground norueguesa, sua performance nos palcos já havia sido aprovada (aqui pela Cripta, inclusive), ficando a curiosidade sobre o que ele traria de novo para as composições. Se Nattersferd trouxera uma mudança na produção do disco e um direcionamento mais viajante, que refletiu em uma algo desconcertante falta de interesse pelo público (contrastando com o impacto dos dois primeiros discos), aqui os rapazes apostaram em reassumir a bem-sucedida parceria com Kurt Ballou (produtor e guitarrista do Converge). E que caminho teria escolhido uma das bandas mais inventivas da atualidade?

Vai discordar?

Rogaland começa algo etérea, dando a impressão que veríamos mais do Natterferd por aqui, mas logo a ferocidade aparece e tudo o que conhecemos sobre o Kvelertak se mostra em pouco mais de 5 contagiantes minutos. Logo em seguida Crack Of Doom nos apresenta duas novidades: a participação de Troy Sanders, do Mastodon, e letras completamente em inglês, numa delícia que mistura Punk com Metal Moderno.



Já na terceira música pude sacar que a banda mudou. Ivar não chega a ser tão diferente de Erlend, mas a pegada do Kvelertak em Splid aposta muito mais no lado Hardcore da banda do que nos arroubos de Black Metal de outrora. Mas longe de descaracterizar o som dos caras, temos o trio de guitarras conjurando riffs para lá de empolgantes, entrecortados por harmonias de guitarra à lá Thin Lizzy e eventuais incursões em trechos de Space Rock/psicodélico, vide Necrosoft (que traz elementos de Black na bateria) e a viciante faixa título (Splid se traduz como Discord, em inglês), que traz Nate Newton, do Converge, em participação especial.


Se a primeira metade do disco é de quebrar o pescoço do Colossus do X Men, na segunda o lado mais viajante aparece com um pouco mais de intensidade. Mas longe do quase Prog de Nattersferd, as faixas mais longas, como Brattebrann, Fanden ta Dette Hull!, Delirium Tremens e Ved Bredden av Nihil são verdadeiras pérolas em termos de dinâmica, ficando entre a tresloucada modernidade do sexteto e um Classic Rock quase acessível. Demonstrando uma impressionante maturidade para uma banda tão jovem. E assim pode ser descrito esse Splid, um disco fascinante para quem quer ouvir algo genuinamente novo, mas que respeite de maneira criativa o DNA de tudo o que amamos no Rock And Roll. Um dos melhores discos do ano! (NOTA:10)

 

Gravadora: Rise Records (importado)

Prós: caótico e muito criativo

Contras: pode ser longo e caótico demais para ouvidos sensíveis

Classifique como: Kvelertak? Black’n’Roll, Metal Moderno

Para Fãs de: Mastodon, Thin Lizzy





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