Deliciosa
Discórdia
Por Trevas
Quatro anos depois de
Nattersferd, o tresloucado sexteto norueguês
de Black’n’Roll (cantado na língua
nativa) retorna com seu quarto disco, com duas mudanças na formação. Ivar Nikolaisen assumiu os vocais no lugar de Erlend Hjelvik e Håvard Takle Ohr ganhou o posto
de baterista. Ivar não é exatamente
uma novidade para os fãs, tendo participado em Blodtørst, do primeiro disco da banda. Figura lendária na cena
underground norueguesa, sua performance nos palcos já havia sido aprovada (aqui
pela Cripta, inclusive), ficando a curiosidade sobre o que ele traria de novo
para as composições. Se Nattersferd
trouxera uma mudança na produção do disco e um direcionamento mais viajante, que
refletiu em uma algo desconcertante falta de interesse pelo público
(contrastando com o impacto dos dois primeiros discos), aqui os rapazes
apostaram em reassumir a bem-sucedida parceria com Kurt Ballou (produtor e
guitarrista do Converge). E que
caminho teria escolhido uma das bandas mais inventivas da atualidade?
Rogaland começa algo etérea,
dando a impressão que veríamos mais do Natterferd
por aqui, mas logo a ferocidade aparece e tudo o que conhecemos sobre o Kvelertak se mostra em pouco mais de 5
contagiantes minutos. Logo em seguida Crack
Of Doom nos apresenta duas novidades: a participação de Troy Sanders, do Mastodon, e
letras completamente em inglês, numa delícia que mistura Punk com Metal Moderno.
Já na terceira música pude sacar que a banda mudou. Ivar não chega a ser tão diferente de Erlend, mas a pegada do Kvelertak
em Splid aposta muito mais no lado Hardcore da banda do que nos arroubos
de Black Metal de outrora. Mas longe de descaracterizar o som dos caras,
temos o trio de guitarras conjurando riffs para lá de empolgantes,
entrecortados por harmonias de guitarra à lá Thin Lizzy e eventuais
incursões em trechos de Space Rock/psicodélico, vide Necrosoft (que traz elementos de Black na bateria) e a viciante faixa
título (Splid se traduz como Discord, em inglês), que traz Nate Newton, do Converge, em
participação especial.
Se a primeira metade do disco é de quebrar o pescoço do Colossus do X Men, na segunda o lado
mais viajante aparece com um pouco mais de intensidade. Mas longe do quase Prog de Nattersferd, as faixas mais longas, como Brattebrann, Fanden ta Dette
Hull!, Delirium Tremens e Ved Bredden av Nihil são verdadeiras pérolas em termos de dinâmica,
ficando entre a tresloucada modernidade do sexteto e um Classic Rock quase
acessível. Demonstrando uma impressionante maturidade para uma banda tão jovem.
E assim pode ser descrito esse Splid,
um disco fascinante para quem quer ouvir algo genuinamente novo, mas que
respeite de maneira criativa o DNA
de tudo o que amamos no Rock And Roll.
Um dos melhores discos do ano! (NOTA:10)
Gravadora: Rise Records (importado)
Prós: caótico e muito criativo
Contras: pode ser longo e caótico demais
para ouvidos sensíveis
Classifique como: Kvelertak? Black’n’Roll,
Metal Moderno
Para
Fãs de: Mastodon, Thin Lizzy
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