Elegância Sombria
Por Trevas
O quarto full-length
do Avatarium foi gerado com o intuito de consolidar o outrora projeto de Leif
Edling como uma entidade de espírito e vida próprios. Leif ainda continua
contribuindo com a banda como compositor, mas hoje o combo sueco é uma banda de
verdade, capitaneada pelo criativo e talentoso casal Marcus Jidell (guitarras e
produção) e Jennie-Ann Smith (voz). Acompanham o duo o tecladista Rickard
Nilsson (convidado habitual nos últimos discos do Candlemass) e o baterista Andreas
Johansson (Narnia, Doomsday Kingdom, Royal Hunt). Ainda que não conste
explicitamente nos créditos do disco, Mats Rydström (Abramis Brama) tem sido o
habitual dono do posto de baixista da patota desde 2016. O direcionamento de
Huricanes And Halos já havia distanciado os suecos de seus primórdios do
reinado de Leif, e com um resultado para lá de bacana. Então fui conferir o
novo trabalho com um grau de curiosidade maior que o habitual.
Annie Lennox, é você? |
Voices abre o disco com uma pegada mezzo Doom/mezzo psicodélica
inebriante, de cara mostrando um capricho na sonoridade que concilia
graciosamente peso absurdo com toques de uma elegância detalhista nem sempre
presente em discos do gênero. O que fica ainda mais evidente na já clássica
Rubicon, uma das melhores coisas que escutei nos últimos anos, e que me faz
pensar como diabos pude ficar tanto tempo sem saber de quem se trata Jennie-Ann
Smith. Que voz absurda e que capacidade de interpretação rara!
E se a dobradinha inicial já impressionou, a belíssima e triste balada
Lay Me Down vem coroar também a dinâmica e versatilidade dos suecos. Porcelain
Skull já nos coloca a banda de volta ao seu passado, uma composição de Leif
Edling que tem tanto cheiro de Candlemass que ganhou versão em um Ep dos
veteranos. Shake That Demon aproveita para recriar o clima de Classic Rock do
disco anterior, com algo de Uriah Heep e Deep Purple na mistura.
Great Beyond mira em um clima dark e ao mesmo viajante, uma canção feita
para se escutar de luzes apagadas, deitado no chão com um bom headphone fodido
ligado no máximo (e talvez com algum psicotrópico nas ideias). A faixa título é
quase uma trilha sonora de alguma ficção científica noir, uma balada de causar
arrepios. Aliás, se muito falei de Jennie-Ann, tenho que dar mérito aqui às
guitarras viajantes e cheias de feeling do maridão Jidell, que deve andar
escutando muito Marillion e Pink Floyd ultimamente. Leif Edling assina as duas
últimas faixas do disco. E se Epitaph Of Heroes é somente mais um (bom)
exemplar de Candlemass-com-voz-feminina, surpreendentemente Stars They Move
casa perfeitamente com a estética dark, mas etérea, que constitui a nova
personalidade do Avatarium. Uma personalidade
repleta de peso e beleza, num dos melhores discos de 2019 (NOTA: 9,29)
Visite o The Metal Club |
Gravadora:
Shinigami Records (nacional)
Prós:
sombrio e sofisticado
Contras:
O material mais tradicional de Doom começa a destoar
Classifique
como: Doom Metal, Retro Rock
Nenhum comentário:
Postar um comentário