Moisés, nosso convidado especial |
Para quem gosta de heavy metal,
Judas Priest é uma entidade e encontra-se normalmente no topo das bandas
preferidas. Foi essa a razão que me fez correr atrás de um livro que explicasse
mais em detalhes as origens da banda. E nada como ler diretamente do fundador,
do membro mais antigo da banda, daquele que pegou o nome emprestado e definiu o
visual da banda. O livro, em inglês, se chama Heavy Duty – Days and Nights in
Judas Priest. O livro contém uma série de fotos legais no meio dele que não me
atrevo a rebater, por questões de direitos.
O objetivo dessa resenha não é
traduzir o livro, pois seriam quase 300 páginas, mas sim dividir algumas
histórias que guardarei na memória e fazer um pequeno resumo desse belo livro
que, por enquanto, não possui sua versão em português.
- K.K. Downing nasceu como
Kenneth Downing Jr., ou Ken, em 27 de outubro de 1951 em Black Country, West
Bromwich, Inglaterra.
- Ken ficou louco com o som da
guitarra de Jimi Hendrix, em especial, Foxy Lady. Ele teve o privilégio de ver
alguns shows do mestre quando jovem e isso o influenciou bastante o querer
tocar guitarra.
- O ambiente em sua casa era
hostil. Não havia amor. Seu pai o proibia de interagir com outras crianças por
motivos psicológicos. O cara era um vagaba e apostava o que conseguia do
governo em cães e cavalos. Eram pobres e moravam um pouco afastados, na região
central da Inglaterra em um ambiente industrial. Bem Heavy, né?
- Com amigos, fez uma viagem
louca pela Europa, foi parar na Alemanha e, quando finalmente, retornou à sua
cidade, perdeu o bom emprego de cozinheiro que tinha em um bom hotel.
- Al Atkins já tinha um nome na
cena local e junto com K.K compuseram as primeiras canções do Judas Priest. Sem
novidade. Todo mundo já sabia.
- Após alguns shows com Al
Atkins, a falta de grana falou mais alto para quem já estava em outra fase da
vida. Sem vocalista, K.K. recebeu a dica de uma amida da namorada e bateu na
porta de Rob Halford.
- O contrato para a gravação do
1º álbum Rocka Rolla foi conseguida através da ralação dos shows e antes da
entrada de Glenn Tipton na banda. Momento bom para entrar numa banda. O Budgie
era uma das bandas parceiras para as quais o Judas abria os shows.
- Junto com o esforço e alegria
de um primeiro contrato e primeiro álbum, veio a decepção da mixagem ruim.
Lição aprendida sobre a importância da mixagem logo de cara.
- E a grana? Que grana? Veio
então com o 2º álbum Sad Wings of Destiny? Sem chance. A coisa só começou a
entrar de leve quando trocaram para Sony/CBS e gravaram Sin After Sin. Com ele,
fizeram uma pequena tour no U.S.
- A relação difícil com Tipton
vem dos primórdios com a divisão injusta dos solos e inicio do domínio de
Tipton sobre a banda. O perfil de K.K. nunca foi de confronto dado tudo que
passou e teve que enfrentar dentro de casa quando criança.
- O visual da banda na década de
70 era disparate. A imagem e as roupas que definiram o heavy metal vieram de
K.K. Downing. Ele definiu a imagem do Judas e a imagem do metal. Halford
comprou logo de cara a ideia das roupas de couro, tachas e chicote. Por que
será?
- O Judas sempre valorizou as
bandas de abertura assim como foi valorizado pelas bandas do início do
movimento no início da década de 70. Mas a treta com o Maiden foi real. Segundo
a versão deles, Paul Di’ Anno e cia eram meio metidos e intrusos, o que nunca
favoreceu uma boa relação entre as
bandas.
- Ibiza na Espanha foi o paraíso
onde foram gravados Point of Entry, Screaming for Vengeance, Defenders of the
Faith e outros.
- Assim como li em outros livros,
a importância do US Festival e a ostentação de chegar de helicóptero e ver um
planeta inteiro em um festival é inesquecível para os músicos que fizeram parte
do festival.
- Turbo foi polemicamente um
sucesso. Sintetizadores não foram um problema só para o Judas. Ahhh conhecem
Top Gun? Pois é, a banda não topou entrar na trilha do filme. Bola murcha.
- A banda sempre soube e
respeitou a posição sexual de Rob Halford. Bola dentro.
- A tour com Motorhead e Alice
Cooper foi o fim da banda. Desgaste de relacionamento, confusões, brigas e
acidente no palco determinaram a saída de Halford antes mesmo de K.K. entregar
sua própria carta de demissão - carta essa que só seria entregue muitos anos
depois em sua aposentadoria do Judas.
- Ralph Scheepers foi sim
cogitado. Ripper entrou e foi importante para a banda. Manteve a chama acesa e
fez seu papel da melhor forma possível. Profissional na entrada e saída.
- Com o retorno de Halford, a
banda voltou com força nos festivais e lançou Angel of Retribution que continha
material da fase Screaming for Vengeance como, por exemplo, Judas Rising, que
quase virou o título do álbum, o que estaria totalmente com a temática
metal-religiosa da banda ao longo dos anos.
- Nostradamus é um álbum bem
valorizado por K.K que, segundo ele, não funcionou ao vivo e perdeu uma grande
oportunidade cênica e teatral que poderia ter marcado ainda mais o Judas.
- O livro termina com a carta de demissão
ou aposentadoria em Abril de 2011. Será? Termina com algumas histórias da vida
como ela foi pós-Judas e algumas frustrações superáveis em especial com o
documentário Heavy Metal Britannia onde K.K. não foi convidado para contar a
origem do metal na Inglaterra industrial. Eu assisti ao documentário e
recomendo.
- Em resumo, um metaleiro com
infância difícil, guerreiro, riffeiro, determinado, que ajudou as mulheres e
pessoas que passou pela sua vida e, mais do que tudo, contribuiu para a
solidificação do heavy metal e de sua imagem.
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