quarta-feira, 29 de julho de 2020

Avatarium – The Fire I Long For (CD-2019)



Elegância Sombria

Por Trevas

O quarto full-length do Avatarium foi gerado com o intuito de consolidar o outrora projeto de Leif Edling como uma entidade de espírito e vida próprios. Leif ainda continua contribuindo com a banda como compositor, mas hoje o combo sueco é uma banda de verdade, capitaneada pelo criativo e talentoso casal Marcus Jidell (guitarras e produção) e Jennie-Ann Smith (voz). Acompanham o duo o tecladista Rickard Nilsson (convidado habitual nos últimos discos do Candlemass) e o baterista Andreas Johansson (Narnia, Doomsday Kingdom, Royal Hunt). Ainda que não conste explicitamente nos créditos do disco, Mats Rydström (Abramis Brama) tem sido o habitual dono do posto de baixista da patota desde 2016. O direcionamento de Huricanes And Halos já havia distanciado os suecos de seus primórdios do reinado de Leif, e com um resultado para lá de bacana. Então fui conferir o novo trabalho com um grau de curiosidade maior que o habitual.

Annie Lennox, é você?


Voices abre o disco com uma pegada mezzo Doom/mezzo psicodélica inebriante, de cara mostrando um capricho na sonoridade que concilia graciosamente peso absurdo com toques de uma elegância detalhista nem sempre presente em discos do gênero. O que fica ainda mais evidente na já clássica Rubicon, uma das melhores coisas que escutei nos últimos anos, e que me faz pensar como diabos pude ficar tanto tempo sem saber de quem se trata Jennie-Ann Smith. Que voz absurda e que capacidade de interpretação rara!



E se a dobradinha inicial já impressionou, a belíssima e triste balada Lay Me Down vem coroar também a dinâmica e versatilidade dos suecos. Porcelain Skull já nos coloca a banda de volta ao seu passado, uma composição de Leif Edling que tem tanto cheiro de Candlemass que ganhou versão em um Ep dos veteranos. Shake That Demon aproveita para recriar o clima de Classic Rock do disco anterior, com algo de Uriah Heep e Deep Purple na mistura.



Great Beyond mira em um clima dark e ao mesmo viajante, uma canção feita para se escutar de luzes apagadas, deitado no chão com um bom headphone fodido ligado no máximo (e talvez com algum psicotrópico nas ideias). A faixa título é quase uma trilha sonora de alguma ficção científica noir, uma balada de causar arrepios. Aliás, se muito falei de Jennie-Ann, tenho que dar mérito aqui às guitarras viajantes e cheias de feeling do maridão Jidell, que deve andar escutando muito Marillion e Pink Floyd ultimamente. Leif Edling assina as duas últimas faixas do disco. E se Epitaph Of Heroes é somente mais um (bom) exemplar de Candlemass-com-voz-feminina, surpreendentemente Stars They Move casa perfeitamente com a estética dark, mas etérea, que constitui a nova personalidade do Avatarium.  Uma personalidade repleta de peso e beleza, num dos melhores discos de 2019 (NOTA: 9,29)

Visite o The Metal Club

Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: sombrio e sofisticado

Contras: O material mais tradicional de Doom começa a destoar

Classifique como: Doom Metal, Retro Rock

Para Fãs de: Lucifer, Candlemass, Uriah Heep  


sexta-feira, 24 de julho de 2020

A Fast Ride Out of Here: Confessions of Rock's Most Dangerous Man (Pete Way & Paul Rees – Livro, 2017)





Editora Constable (Importado, E-book)

272 páginas

Viajando Mais Alto Que Um UFO

Por Trevas

Um cara que recebia “sermões “ sobre o abuso de drogas de gente como Lemmy Kilmister e Ozzy Osbourne definitivamente tinha que ser estudado pela NASA!

 

Esse é Pete Way, um dos mais influentes baixistas da história do Rock, que fez fama mundial com o UFO na década de 1970 e viveu (e sobreviveu a) uma vida de excessos que fazem o filme do Motley Crue parecer um longa do Barney, o Dinossauro Rosa.

 

É aquela velha história, biografias de astros do rock podem parecer todas iguais depois de um tempo, os clichês de sempre, sua qualidade dependendo bastante da prosa do autor.

Para nossa sorte, Pete (com ajuda de Paul Rees) conta a sua turbulenta história de maneira para lá de divertida e sincera, mesmo quando no terço final o livro acaba se convertendo no tradicional “épico do junkie irrecuperável “.

Tem muita história bacana nessas páginas, em especial da era de ouro do UFO, como as impagáveis sessões de gravação com o louco Ron Nevison.

 

Uma biografia legal, com a prosa intercalada com comentários de gente do naipe de Joe Elliot (Def Leppard), Geddy Lee (Rush), Michael Schenker e Steve Harris (Iron Maiden).

 

Ah, a edição em inglês para Kindle (a que li) estava míseros 19 Taokeys no site da Amazon duas semanas atrás. (NOTA:8,50)














quarta-feira, 22 de julho de 2020

Heavy Duty: Days and Nights in Judas Priest - K.K. Downing + Mark Eglinton (Livro-2018)





Texto por Moisés Cipriano (mentor e fundador do The Metal Club)
Moisés, nosso convidado especial

Para quem gosta de heavy metal, Judas Priest é uma entidade e encontra-se normalmente no topo das bandas preferidas. Foi essa a razão que me fez correr atrás de um livro que explicasse mais em detalhes as origens da banda. E nada como ler diretamente do fundador, do membro mais antigo da banda, daquele que pegou o nome emprestado e definiu o visual da banda. O livro, em inglês, se chama Heavy Duty – Days and Nights in Judas Priest. O livro contém uma série de fotos legais no meio dele que não me atrevo a rebater, por questões de direitos.

O objetivo dessa resenha não é traduzir o livro, pois seriam quase 300 páginas, mas sim dividir algumas histórias que guardarei na memória e fazer um pequeno resumo desse belo livro que, por enquanto, não possui sua versão em português.

- K.K. Downing nasceu como Kenneth Downing Jr., ou Ken, em 27 de outubro de 1951 em Black Country, West Bromwich, Inglaterra.

- Ken ficou louco com o som da guitarra de Jimi Hendrix, em especial, Foxy Lady. Ele teve o privilégio de ver alguns shows do mestre quando jovem e isso o influenciou bastante o querer tocar guitarra.

- O ambiente em sua casa era hostil. Não havia amor. Seu pai o proibia de interagir com outras crianças por motivos psicológicos. O cara era um vagaba e apostava o que conseguia do governo em cães e cavalos. Eram pobres e moravam um pouco afastados, na região central da Inglaterra em um ambiente industrial. Bem Heavy, né?

- Com amigos, fez uma viagem louca pela Europa, foi parar na Alemanha e, quando finalmente, retornou à sua cidade, perdeu o bom emprego de cozinheiro que tinha em um bom hotel.

- Al Atkins já tinha um nome na cena local e junto com K.K compuseram as primeiras canções do Judas Priest. Sem novidade. Todo mundo já sabia.

- Após alguns shows com Al Atkins, a falta de grana falou mais alto para quem já estava em outra fase da vida. Sem vocalista, K.K. recebeu a dica de uma amida da namorada e bateu na porta de Rob Halford.

- O contrato para a gravação do 1º álbum Rocka Rolla foi conseguida através da ralação dos shows e antes da entrada de Glenn Tipton na banda. Momento bom para entrar numa banda. O Budgie era uma das bandas parceiras para as quais o Judas abria os shows.

- Junto com o esforço e alegria de um primeiro contrato e primeiro álbum, veio a decepção da mixagem ruim. Lição aprendida sobre a importância da mixagem logo de cara.

- E a grana? Que grana? Veio então com o 2º álbum Sad Wings of Destiny? Sem chance. A coisa só começou a entrar de leve quando trocaram para Sony/CBS e gravaram Sin After Sin. Com ele, fizeram uma pequena tour no U.S.

- A relação difícil com Tipton vem dos primórdios com a divisão injusta dos solos e inicio do domínio de Tipton sobre a banda. O perfil de K.K. nunca foi de confronto dado tudo que passou e teve que enfrentar dentro de casa quando criança.

- O visual da banda na década de 70 era disparate. A imagem e as roupas que definiram o heavy metal vieram de K.K. Downing. Ele definiu a imagem do Judas e a imagem do metal. Halford comprou logo de cara a ideia das roupas de couro, tachas e chicote. Por que será?

- O Judas sempre valorizou as bandas de abertura assim como foi valorizado pelas bandas do início do movimento no início da década de 70. Mas a treta com o Maiden foi real. Segundo a versão deles, Paul Di’ Anno e cia eram meio metidos e intrusos, o que nunca favoreceu  uma boa relação entre as bandas.

- Ibiza na Espanha foi o paraíso onde foram gravados Point of Entry, Screaming for Vengeance, Defenders of the Faith e outros.

- Assim como li em outros livros, a importância do US Festival e a ostentação de chegar de helicóptero e ver um planeta inteiro em um festival é inesquecível para os músicos que fizeram parte do festival.

- Turbo foi polemicamente um sucesso. Sintetizadores não foram um problema só para o Judas. Ahhh conhecem Top Gun? Pois é, a banda não topou entrar na trilha do filme. Bola murcha.

- A banda sempre soube e respeitou a posição sexual de Rob Halford. Bola dentro.

- A tour com Motorhead e Alice Cooper foi o fim da banda. Desgaste de relacionamento, confusões, brigas e acidente no palco determinaram a saída de Halford antes mesmo de K.K. entregar sua própria carta de demissão - carta essa que só seria entregue muitos anos depois em sua aposentadoria do Judas.

- Ralph Scheepers foi sim cogitado. Ripper entrou e foi importante para a banda. Manteve a chama acesa e fez seu papel da melhor forma possível. Profissional na entrada e saída.

- Com o retorno de Halford, a banda voltou com força nos festivais e lançou Angel of Retribution que continha material da fase Screaming for Vengeance como, por exemplo, Judas Rising, que quase virou o título do álbum, o que estaria totalmente com a temática metal-religiosa da banda ao longo dos anos.

- Nostradamus é um álbum bem valorizado por K.K que, segundo ele, não funcionou ao vivo e perdeu uma grande oportunidade cênica e teatral que poderia ter marcado ainda mais o Judas.

- O livro termina com a carta de demissão ou aposentadoria em Abril de 2011. Será? Termina com algumas histórias da vida como ela foi pós-Judas e algumas frustrações superáveis em especial com o documentário Heavy Metal Britannia onde K.K. não foi convidado para contar a origem do metal na Inglaterra industrial. Eu assisti ao documentário e recomendo.

- Em resumo, um metaleiro com infância difícil, guerreiro, riffeiro, determinado, que ajudou as mulheres e pessoas que passou pela sua vida e, mais do que tudo, contribuiu para a solidificação do heavy metal e de sua imagem.





sexta-feira, 10 de julho de 2020

Kreator – London Apocalypticon – Live At The Roundhouse (Blu-Ray +CD - 2020)



Apocalypticoverdose

Por Trevas

Já faz um tempo que os titãs do Thrash germânico, seguem essa fórmula: disco de estúdio lançado, certeza de que virá um registro da turnê vindoura em seguida, tal qual fazem Iron Maiden e Saxon. Joga a favor da banda que seus discos atuais são excelentes e seus shows, garantia de muita energia e ferocidade, mesmo após tantos anos. London Apocalypticon nos traz o registro, em vídeo e áudio, de um show como co-headliner de um evento na lendária Roundhouse, em Londres (dã). Mas não é só isso, como já se faz um salutar hábito de Mille e companhia, temos uma penca de material da banda encartado aqui, então vamos lá.

Apresentação

A edição analisada aqui é a que vem com Blu-ray e CD. Encartados em um digipack bonito, com bela arte gráfica e informações à contento, é um pacote tão compacto e eficiente quanto bonito. Existe uma edição em Earbook e outra contendo só o CD (lançada no Brasil).

Os diversos formatos de London Apocalypticon

Qualidade de Áudio e Vídeo

Temos na verdade três shows completos encartados no pacote, o principal, na Roundhouse, tem qualidade de som e imagem espetaculares. A banda preparou um visual discreto, mas interessante, no palco, e optou por uma iluminação mais escura que o habitual para uma apresentação a ser filmada. Mas as câmeras são todas excelentes, então nada de imagens granuladas. E a Roundhouse tem um visual bem bonito, que soma à qualidade cenográfica da apresentação.


De ponto negativo, a edição frenética demais e que empresta efeitos desnecessários às imagens (exemplo: sobreposição das imagens da banda com as animações do telão). As primeiras faixas ficaram com aquela cara de edição de videoclipe. Definitivamente um recurso que não agrada, mas que felizmente fica menos exagerado ao longo da apresentação. Sobre o show em si, pouco mais de uma hora da habitual destruição Kreatoriana. Banda super afiada, talvez o fato do repertório estar mais calcado nos discos recentes incomode alguns, mas, convenhamos, difícil reclamar do material de discos como Phantom Antichrist e Gods Of Violence. E só a inclusão de material recente faz sentido para o ciclo disco de estúdio – disco ao vivo. A plateia mostra se divertir e tudo funciona muito bem, apesar da voz um pouco cansada de Mille (era o último show da turnê). Muito bom. Mas melhora.


Extras

O único motivo do pacote levar o nome de London Apocalypticon deve ser o fato de registrar um show numa Roundhouse lotada, pois os outros dois shows encartados aqui são até melhores que o principal. Live In Chile tem apenas uma hora de duração (outra turnê como co-headliner), mas conta com um público insano, que faz uma arena lotada se tornar um imenso liquidificador de carne. A banda soa ainda melhor (Mille está com a voz de Gremlin tinindo) e o único ponto menor é que nem todas as câmeras proporcionam a qualidade superperfeita do show de Londres. Já o show do Masters Of Rock se mostra o melhor do pacote: maior, com 90 minutos de duração, em local aberto, plateia gigante e animada, contando com pirotecnia ligeiramente incrementada. Esse show também só “peca” pela granulação em uma ou outra tomada. Show perfeito, seria minha escolha caso pudesse escolher somente um dos três.



De brinde, ainda temos Violent Visions: trazendo os cinco videoclipes para Gods Of Violence, geralmente muito bem produzidos.

CD

Talvez a parte menos interessante do pacote todo, o CD ao vivo é bom, mas seja pela limitação do set (que é o da Roundhouse), seja pela qualidade de som (apenas boa), fica aquém de um Live Kreation. Vale como bônus, mas não compraria a edição somente em CD.

Ou seja, London Apocalypticon nos presenteia com cerca de quatro horas de Kreator, em alta qualidade de som e imagem. Uma irresistível overdose Thrasher. (NOTA:9,00)


Gravadora: Nuclear Blast (importado)

Prós: Overdose de Kreator em três shows diferentes

Contras: A edição do show principal irrita um pouco

Classifique como: Thrash Metal

Para Fãs de: Sodom, Testament


sexta-feira, 3 de julho de 2020

Pretty Maids – Maid In Japan (Blu-ray – 2020)


De Volta Para O Futuro

Por Trevas

Com o espirituoso título que faz referência aos clássicos discos ao vivo de Deep Purple e Iron Maiden, os veteranos dinamarqueses nos presenteiam com seu primeiro Blu-ray, gravado em 2018, em Kawasaki.

Áudio & Vídeo

O áudio e vídeo são impecáveis, fazendo justiça ao que se espera de um lançamento em Blu-ray. A produção é simples, somente um backdrop e uma iluminação comportada e eficiente. A edição é eficiente e nada vertiginosa, mas dá espaço a todos os músicos e guardando também as tomadas do surpreendentemente animado público nipônico.


Repertório

Com tudo parecendo tão feijão e arroz assim, seria fácil imaginar se tratar de um lançamento mediano. Mas estamos diante de uma banda para lá de afiada, com um repertório especial, comemorando os 30 anos de um de seus grandes trabalhos: Future World. E é esse disco na íntegra que toma boa parte do que vemos aqui, e todas as versões ganham muito de energia ao vivo, soando ainda melhores que as originais. No encore, algumas faixas de trabalhos mais atuais (com destaque para Mother Of All Lies) e Sin-Decade fechando a noite, em pouco mais de hora e dez de uma apresentação curta, mas matadora.

Performances

Toda a banda funciona muito bem, mas é impossível não destacar Ronnie Atkins. Recentemente superando um terrível câncer, o cara é um frontman raro. Ronnie continua com voz poderosa e única, além de ter toneladas de carisma para fechar o pacote. Que bom que logo ele estará pronto para outras aventuras.



Extras

Se a atração principal é um show curto, em contrapartida temos extras sobrando. Primeiramente, todos os videoclipes da fase Frontiers da banda, que totalizam 11, geralmente bem produzidos. Temos também dois documentários curtos de turnê. Depois temos entrevistas bem bacanas com quatro dos membros da banda, focando em fatos desde o início da carreira até agora. Sem legendas, mas o inglês dos caras é tranquilo de entender, em especial de Ronnie e Ken.

Veredito

Um show curto, mas excelente, amparado por uma quantidade para lá de satisfatória de extras interessantes. Obrigatório para os fãs dos dinamarqueses, e uma boa porta de entrada em quem tem curiosidade de expandir seu conhecimento sobre o som de uma das bandas mais únicas da história do metal. (NOTA: 9,00)

 

Gravadora: Frontiers Records (importado)

Prós: Show curto e forte e uma penca de extras bacanas

Contras: O show é curto...

Classifique como: Hard/Heavy

Para Fãs de: Bonfire, Eclipse


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Kvelertak – Splid (CD-2020)



Deliciosa Discórdia

Por Trevas

Quatro anos depois de Nattersferd, o tresloucado sexteto norueguês de Black’n’Roll (cantado na língua nativa) retorna com seu quarto disco, com duas mudanças na formação. Ivar Nikolaisen assumiu os vocais no lugar de Erlend Hjelvik e Håvard Takle Ohr ganhou o posto de baterista. Ivar não é exatamente uma novidade para os fãs, tendo participado em Blodtørst, do primeiro disco da banda. Figura lendária na cena underground norueguesa, sua performance nos palcos já havia sido aprovada (aqui pela Cripta, inclusive), ficando a curiosidade sobre o que ele traria de novo para as composições. Se Nattersferd trouxera uma mudança na produção do disco e um direcionamento mais viajante, que refletiu em uma algo desconcertante falta de interesse pelo público (contrastando com o impacto dos dois primeiros discos), aqui os rapazes apostaram em reassumir a bem-sucedida parceria com Kurt Ballou (produtor e guitarrista do Converge). E que caminho teria escolhido uma das bandas mais inventivas da atualidade?

Vai discordar?

Rogaland começa algo etérea, dando a impressão que veríamos mais do Natterferd por aqui, mas logo a ferocidade aparece e tudo o que conhecemos sobre o Kvelertak se mostra em pouco mais de 5 contagiantes minutos. Logo em seguida Crack Of Doom nos apresenta duas novidades: a participação de Troy Sanders, do Mastodon, e letras completamente em inglês, numa delícia que mistura Punk com Metal Moderno.



Já na terceira música pude sacar que a banda mudou. Ivar não chega a ser tão diferente de Erlend, mas a pegada do Kvelertak em Splid aposta muito mais no lado Hardcore da banda do que nos arroubos de Black Metal de outrora. Mas longe de descaracterizar o som dos caras, temos o trio de guitarras conjurando riffs para lá de empolgantes, entrecortados por harmonias de guitarra à lá Thin Lizzy e eventuais incursões em trechos de Space Rock/psicodélico, vide Necrosoft (que traz elementos de Black na bateria) e a viciante faixa título (Splid se traduz como Discord, em inglês), que traz Nate Newton, do Converge, em participação especial.


Se a primeira metade do disco é de quebrar o pescoço do Colossus do X Men, na segunda o lado mais viajante aparece com um pouco mais de intensidade. Mas longe do quase Prog de Nattersferd, as faixas mais longas, como Brattebrann, Fanden ta Dette Hull!, Delirium Tremens e Ved Bredden av Nihil são verdadeiras pérolas em termos de dinâmica, ficando entre a tresloucada modernidade do sexteto e um Classic Rock quase acessível. Demonstrando uma impressionante maturidade para uma banda tão jovem. E assim pode ser descrito esse Splid, um disco fascinante para quem quer ouvir algo genuinamente novo, mas que respeite de maneira criativa o DNA de tudo o que amamos no Rock And Roll. Um dos melhores discos do ano! (NOTA:10)

 

Gravadora: Rise Records (importado)

Prós: caótico e muito criativo

Contras: pode ser longo e caótico demais para ouvidos sensíveis

Classifique como: Kvelertak? Black’n’Roll, Metal Moderno

Para Fãs de: Mastodon, Thin Lizzy