A
Porta Da (Des)Esperança
Por Trevas
Confesso que o
anúncio do 12º disco de estúdio da lenda sueca do Doom Metal me deixou tão
animado quanto um convite para uma feijoada vegana à base de jiló. Não me
entendam errado, amo Candlemass e
acho a discografia dos caras matadora até Death
Magic Doom, de 2009. O problema é que, de lá para cá, o dono da bola, Leif Edling, parece ter perdido o rumo. Envolto em sérios problemas de
saúde (que praticamente encerraram sua jornada nos palcos), e titubeante em
encerrar ou não em definitivo as atividades do Candlemass, Leif passou
a compor e gravar discos para diversos projetos, com resultados diversos em
termos de qualidade. E essa inconsistência atingiu em cheio sua banda
principal, que teve uma aposentadoria melancólica (com o medíocre Psalms For The Dead) interrompida por dois Eps algo burocráticos (na voz de Mats Levén). E se o anúncio de que o novo trabalho Full Length teria como
trunfo o retorno de Johan Längqvist (que eternizara sua voz no
clássico absoluto Epicus Doomicus Metallicus, de 1986) ao microfone parecia promissor, a arte gráfica
burocrática e o nome tacanho (Door to Doom?!?Sério?!?)
me fizeram temer por mais um disco “para cumprir tabela”. Graças a Odin eu provei mais uma vez estar
epicamente enganado...
Leif and The Car Of Doom - Candlemass 2019 |
Microfonia a postos, riff
monolítico e andamento de tartaruga sifilítica. Bela introdução, mas Splendor Demon Majesty acelera e a ótima
voz de Johan (parecendo uma improvável
versão demoníaca de Roy Khan) nos joga na cara: com todo
respeito a Mats Levén e Robert Lowe, o Candlemass achou novamente sua voz. Os arranjos épicos emulando uma
orquestra satânica pontuam dramaticamente uma faixa que talvez não soasse tão
perfeita nas vozes dos vocalistas citados. O clima de Epicus Doomicus Metallicus é conjurado na bela melodia,
declamada sobre um dedilhado misterioso na introdução, da apoteótica Under The Ocean, que logo
assume um peso digno de um peido carregado do Godzilla.
Confesso que nesse exato momento eu estava a procurar meu cu, recém
caído da bunda, quando Astorolus – The Great Octopus (que nome
brilhantemente idiota!) varreu meus tímpanos da face da Terra. Ao longo das
décadas, muitos acusaram Leif Edling de fazer do Candlemass um eterno tributo ao Black Sabbath. Senhores,
vocês estão certos, mas fodam-se, solenemente. Pois Leif traz nessa faixa o próprio Iommi para carimbar sua obra, com um daqueles solos que só poderiam
ter saído do bigode do “criador” do heavy
metal como o amamos.
A produção do disco é seca, pesada e sombria, como pede o figurino. O
produtor, Marcus Jidell, já trabalha com Edling (também como guitarrista) tem um
tempo, seja no Avatarium (ele é
esposo da cantora, que faz backing vocals aqui) ou no Doomsday Kingdom), então
sabe exatamente como agradar bem o patrão. E o rapaz tira um ótimo som, sem
frescuras, potencializando o poder de fogo dos veteraníssimos Mappe e Lars (guitarras) e Jan Lindh. Mas nem só de trauletadas vive a
bolachinha, que tem na viajante balada Bridge
Of The Blind um de seus
mais belos momentos, coroando o retorno estelar de Mr Längqvist.
A pressão retorna em Death’s Wheel, com aquela queda de andamento no
refrão bem típica da banda, uma faixa que parece saída do pesadíssimo disco
homônimo de 2005. Até aqui The Door To Doom soa tão perfeito
que até a boa Black Trinity parece representar uma enganosa
“queda” de qualidade. E se você acha que estou exagerando sobre o quanto Johan
fez bem à banda, ouça a nova rendição para House
Of Doom e contemple o quanto ela soa absurdamente melhor que na versão
do Ep homônimo. Logo em seguida a belíssima
e épica The Omega Circle encerra os
49 minutos da bolachinha com maestria, nos lembrando mais uma vez que estamos
diante de um dos grandes momentos da carreira da banda.
Veredito
da Cripta
Épico, Doom e Metal para
caralho. Se você ama heavy metal, faça um favor a vossa existência patética e
corra atrás de uma cópia desse CD, que é desde já um dos melhores trabalhos de
toda a discografia do Candlemass. Fortíssimo
candidato a disco do ano!
NOTA: 9,75
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Gravadora:
Hellion Records (nacional)
Prós:
tem as melhores composições de Leif desde o disco homônimo, a voz de Johan
Contras:
a produção pode soar preguiçosa a ouvidos mais frescos
Classifique
como: Doom Metal
Para Fãs de: Black Sabbath, Saint Vitus
Depois de "andamento de tartaruga sifilítica" eu nem quis ler mais nada!! KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirVou escutar saporra, depois te digo se curti.
Abração
Curtiu?
ExcluirAbraço
T
Faz uma critica do novo álbum do Whitesnake 👍
ResponderExcluirOlá, Erica
ExcluirCertamente vai rolar!
Saudações
T