Trovão
Retrô
Por Trevas
Os britânicos do Thunder andam com uma comichão criativa
nos últimos tempos, e tome um lançamento em cima do outro para cima de fãs
felizes. Mas dessa vez a ideia não me pareceu nada interessante, um disco
inteiro de releituras acústicas para músicas do repertório da banda. Não sou
nem um pouco fã de acústicos, e meu estômago embrulhou só de ouvir falar nesse
lançamento. Mas o vocalista Daniel Bowes tratou de acalmar os ânimos ao
dizer que a ideia, que nasceu em 2017 quando os caras retrabalharam Love Walked In, não era fazer meros
rearranjos acústicos das canções, e sim reinventá-las. Para isso o quinteto
criou 3 regras: trabalhar rápido, não buscar a perfeição e deixar o resultado bem
diferente do original. Ainda assim fui checar o CD sem nenhum pingo de
esperança e munido de uma rabugenta e confessa má-vontade.
Conselho de Classe de Alguma Universidade Britânica |
E quando Bigger Than Both Of Us
começa, parecendo saída direto de um pub esfumaçado da década de 1950 num filme
noir qualquer, tive então a precisa
noção de que os caras definitivamente forjaram algo realmente imprevisível. E
inesperadamente gostoso de se ouvir.
O disco passa longe, muitíssimo longe de um acústico tradicional (na
verdade tem guitarras e outras coisitas plugadas aqui e acolá), Graças à Odin, e também não cai na bobagem de
representar um mero e preguiçoso Best
Of disfarçado do Thunder. Números Como Future Train, Empty City e Miracle
Man provavelmente pegarão de
surpresa boa parte dos fãs de carteirinha, que precisarão tirar a poeira de
suas bolachinhas para rever o esquecido material original.
E chega a ser curioso saber que a metodologia de trabalho que a banda
escolheu para o novo trabalho exigiu espontaneidade, já que os arranjos,
repletos de detalhes de pianos, backing vocals, trompetes e cordas, funcionam muito
bem. Ah, de fato a produção tem uma dinâmica bem “ao vivo”, o que reforçaria a veracidade da "regra da rapidez" mas com qualidade
sonora para lá de convincente.
E até mesmo quando os caras
apelam para um dos bastiões de sua discografia, o hit manjado Low Life In High Places, já originalmente
uma peça semiacústica, o resultado leva a música para um lugar totalmente
inesperado, com um belo piano fazendo dobradinha com um trompete que te deixa esperando o Tom Waits aparecer.
Veredito
da Cripta
Vejam só, temos em
mãos um acústico que não faz minhas tripas revirarem, o que por si só deve ser
um marco na história da música! Brincadeiras à parte, o Thunder conseguiu reinventar músicas “menores” de sua discografia,
forjando uma obra que não parece nem um pouco um catadão preguiçoso. Um disco único
e delicioso de se ouvir. Ponto para os coroas!
NOTA: 9,35
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Gravadora: BMG Records (importado)
Prós: ótimas músicas, arranjos bacanas
Contras: definitivamente não indicado para
quem quer furar os tímpanos com distorção
Classifique como: Blues Rock, Classic Rock
Para Fãs de: Pubs esfumaçados e filmes noir...
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