sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Saxon + FM + Wayward Sons – Thunderbolt Tour Pt 2 (18/10/18 – The Barrowland Ballroom – Glasgow/Escócia)

Poster final da segunda parte da turnê europeia

Unleash The Gods Of War!!!
Fotos e texto por Trevas


Trevas e Saxon

Monsters Of Rock de 1998, um jovem Trevas viajava com amigos a São Paulo para uma jornada metálica que incluía gente do naipe de Glenn Hughes, Megadeth, Manowar, Slayer, Savatage, Dream Theater, Korzus, Dorsal Atlântica e...Saxon. Um evento inesquecível, repleto de grandes shows. E no meio dessa constelação, fora justamente o bando de veteranos da NWOBHM que roubou a cena, num show apoteótico que entrou para o hall de meus favoritos em todos os tempos. Eu já era fã dos caras, mas a partir dali o Saxon galgou terreno e se tornou uma de minhas bandas favoritas. Mas por acasos do destino (e também culpa da inexplicável ausência do Rio nas tours brasileiras da banda), foi a única vez em que consegui ver os britânicos em ação. E dessa vez precisei ir mais para longe do que São Paulo para conseguir assistir o Saxon. De viagem marcada e longamente planejada para a Escócia, conseguimos conciliar a estada em Glasgow com um pacote que prometia muito: Saxon +Y&T + Wayward Sons. Ingressos comprados, baixa anunciada: Dave Meniketti machuca gravemente a coluna e o Y&T é então substituído pelos veteranos AOR do FM. A princípio, um anúncio que não me fez nem um pouco feliz, mas vamos em frente...

O line up original, com Y&T

The Barrowland Ballroom

O local do evento, situado a 20 minutos de caminhada do Centro de Glasgow, fora uma importante casa de shows no passado. Recentemente substituída em importância pela O2 Academy no Centro da Cidade, voltou a ser palco de shows importantes após um incêndio ter posto abaixo a nova arena. Curiosamente, a Barrowlands, como é popularmente conhecida, também fora vítima de um incêndio no passado. A casa existe desde a década de 1930, tendo sido refeita após o referido incêndio no final da década de 1960. E então parece ter parado no tempo. Entrada estreita, sobe-se um jogo de velhas escadas até um saguão onde temos as cabines de merchandise das bandas e um bar anexo. Mais um jogo de escadas leva ao salão da casa de shows, totalmente plano e de frente para um palco bem largo, comportando 2.100 pessoas. O imenso palco já apresenta a estrutura das três bandas armada, cada uma podendo aproveitar um espaço maior que a anterior conforme os equipamentos fossem retirados. Parece que ao entrar na Barrowlands somos arremessados de volta aos anos 1980. O que vem a calhar nessa noite.

Eu, Dressa e a nada sutil fachada da Barrowland

Wayward Sons

Chamar os britânicos do Wayward Sons de novatos seria talvez um exagero. A banda foi montada a pedido da Frontiers como novo projeto do vocalista/guitarrista Toby Jepson, e o cara simplesmente tem no currículo Little Angels, Gun e até mesmo o Fastway. E está muito bem acompanhado, o cara e sua trupe aproveitam cada um dos parcos 30 minutos de apresentação para deixar seu recado, concentrando integralmente o set nas músicas do ótimo debut, Ghosts Of Yet To Come. Foram 7 músicas que bebem intensamente de Thin Lizzy executadas com muita energia. Aliás, dá para confundir facilmente os caras com o Black Star Riders. A banda certamente ganhou alguns novos fãs com o curto e detonante show, e eu estou entre eles (NOTA: 8,50).




Jepson e sua trupe de filhos rebeldes..

FM

Em parcos 15 minutos de operação por parte dos roadies e da própria banda, tudo estava pronto para a segunda atração da noite. Confesso que tenho uma estranha relação com o chamado AOR. Embora curta bastante muita coisa do Journey e reconheça a proficiência dos músicos do estilo, por vezes tudo soa tão pasteurizado e polido ao extremo que dá no saco. Então fui encarar o show dos enrugados "velhinhos" do FM, um veterano grupo britânico do estilo que nunca chegou a emplacar os milhões de vendas típicos para essas bandas nos anos 1980, com os dois pés atrás. Mas foi o carcomido Steve Overland abrir o bico e meu queixo cair. O cara parece ter 789 anos, mas a voz, essa parece saída de um exímio cantor de 20 anos de idade, tamanha a pureza e perfeição de cada nota. A banda, que ainda conta com a ótima cozinha da formação original, tocou por 45 minutos e fez um set calcado em seus maiores sucessos. Ao ouvir coisas como Tough It Out, That Girl e a impossivelmente grudenta I Belong To The Night fiquei me perguntando o que faltou para os caras estourarem na cena... Bom, o que importa é que mesmo musicalmente deslocados no cast, os caras fizeram um show tecnicamente impecável e conquistaram mesmo os mais sisudos troozões com muita humildade e simpatia. Uma grata surpresa (NOTA: 9,00).


FM: tiozões afiados!

Saxon

Era chegado o grande momento. It’s A Long Way To The Top, do AC/DC tomou conta do som mecânico enquanto as luzes se apagaram. A curta introdução Olympus Rising não nos prepara a bordoada que foi Thunderbolt abrindo o show. Confesso que havia um certo receio de um show morno, por se tratar do quintal da casa da banda, mas esse meu receio caiu por terra tão logo vi a reação da plateia a sons recentes como Sacrifice e Nosferatu. A cada pausa ouviam-se gritos repletos daquele sotaque carregado de “Saxon, Saxon” a plenos pulmões. A felicidade estampada no rosto de Biff, 67 anos, mas que, além de cantar melhor do que nos tempos áureos, ainda comanda a plateia como ninguém, apostando na rivalidade entre ingleses e escoceses para provocar os ânimos de maneira para lá de divertida. No repertório, números recentes como Battering Ram e The Secret Of Flight dividiam igual receptividade com clássicos como Motorcycle Man e Dallas 1 PM.
Ah, vamos lá, os Ingleses gritam mais alto que vocês, diz o quizumbeiro vovô Biff
A banda está no auge, a despeito da idade dos membros. Doug Scarratt e Paul Quinn fazem uma dupla dos sonhos para qualquer fã de metal tradicional que se preze, e Nigel Glockler ainda detona mais do que muito baterista com menos da metade de sua idade. E Nibbs Carter, esse certamente não passaria num eventual exame antidoping, o cara agita, salta, gira, quica pelo palco o tempo todo e ainda acha tempo para ajudar o patrão nos backing vocals. A plateia, constituída por um misto de pelo menos três gerações (muitas famílias inteiras curtindo o show juntos, diga-se), e que até então permanecera respeitosa nos shows de abertura, mostra-se absolutamente ensandecida. Na dobradinha They Played Rock And Roll (homenagem a Lemmy)/The Bands Played On, o que se viu foi uma profusão de crowdsurfing de fazer inveja a muito show Punk. O vocalista, coberto de suor, ri e diz “aqui é onde muitas bandas terminam seu show, mas não nós. Nós estamos apenas começando”. Não era bravata nem promessa de campanha.

Mais energia que 99% das bandas com menos da metade da idade dos caras, pode apostar
A partir daí, o número habitual de Biff em rasgar o set (dessa vez ele comeu o set list na verdade) e dar opções à plateia quanto ao repertório, resultou em loucura absoluta. Never Surrender e 747 cantadas em uníssono terminaram com o anúncio de mais uma faixa nova, Sons Of Odin. A energia caiu um pouco, mas logo após o refrão a música para e a famosa introdução dedilhada de Crusader põe os pescoços escoceses à prova novamente. Princess Of the Night toma nossos ouvidos de assalto e a banda sai do palco.

Doug posando para smartphones alheios

Nibbs: antidoping nele!

Menos de um minuto depois (no qual os escoceses gritavam o nome da banda sem parar), somos presenteados por uma inspiradíssima The Eagle Has Landed (uma de minhas favoritas), seguida da absurda Heavy Metal Thunder. O saxon se retira, dessa vez por poucos segundos. O retorno parece aquela coisa do exército que acabara de dizimar o outro em uma batalha retornando ao campo onde a mesma havia sido travada só para se certificar de finalizar os moribundos caídos ao chão. Então as obrigatórias Wheels Of Steel e Denim And Leather põe por terra qualquer esqueleto que ousasse ter permanecido inerte até então, numa celebração rocker que poucas vezes presenciei. Duas horas de show e 22 músicas depois, o quinteto enfim agradece efusivamente a plateia sob intensa ovação. E eu e minha esposa, infiltrados entre os 2.100 escoceses suados e felizes que esgotaram os ingressos da Barrowlands, agradecemos de volta, certos de termos presenciado um dos maiores shows de nossas vidas (NOTA: 10)



Obrigado, Saxon!
Nos vemos em breve?















2 comentários:

  1. Nossa mãe meu camarada, não posso deixar de ficar com inveja, pois você presenciou esse grande show. E por isso a minha felicidade por você ter conseguido ir, eclipsou a minha inveja. Grande resenha e que bom que vocês curtiram e voltaram em segurança. Dê um abraço na Dressa, abração.

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    1. Grande Moshilão!
      Foi fantástico, se um dia eu ficar rico carrego vocês comigo nesses shows gwhahhahha
      Abraço
      T

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