Deliciosamente
Miserável
Fotos e texto miserável por Trevas
Sexta-feira à noite
talvez seja tradicionalmente o momento menos Doom de uma semana, e se do lado de fora do sempre agradável Teatro Rival centenas de pessoas tomam as ruas em busca de cerveja,
conversas e relacionamentos que os levem para longe de suas vidas miseráveis,
dentro do Teatro temos o inverso,
pessoas felizes e ansiosas justamente para serem arremessadas em uma atmosfera
depressiva e...miserável. Sim, a casa, com um bom público, aguarda a chegada de
mais um show dos mestres do Doom/Gothic Metal, os britânicos do Paradise
Lost.
Miserável Quinteto |
O quinteto adentra o palco com apenas um par de minutos de atraso, ao
som de From The Gallows, e algo
parece não clicar. Talvez seja o semblante pouco confiante do rabugento
vocalista Nick Holmes, visivelmente incomodado com a torrente de feedback que toma o som da casa cada
vez que ele ousa atravessar o meio do palco com seu microfone, talvez seja
simplesmente o fato da banda estar afastada dos palcos há quase 20 dias. Difícil
dizer. Após uma breve introdução na qual Nick
faz sua primeira intervenção de um seco humor tipicamente britânico, Gothic toma de assalto a casa e a
receptividade por parte do público desmonta por absoluto qualquer eventual
sensação de que a noite não funcionaria. One
Second causou terror nos Headbangers quando foi introduzida ao
mundo 21 anos atrás, hoje é cantada em uníssono, o que mostra o quanto público
de Heavy Metal evoluiu (e a receptividade para a dançante Erased? Quem diria?). A emoção era
palpável, em especial no rosto do simpaticíssimo Aaron Aedy, que agita
sua calva e reluzente fronte a cada música, cantando de coração cada letra e
agradecendo aos fãs com um sorriso no rosto a cada intervalo.
Aaron, miseravelmente feliz. Talvez seja demitido... |
Greg Mackintosh continua com sua aura mutante e algo perigosa,
comandando as guitarras solo, quase inaudíveis do lado onde eu estava do palco.
Stephen Edmondson capricha nos graves que fazem tão bem a esse tipo de som,
com seu semblante quase impassível. O jovem finlandês Waltteri Väyrynen é mais
um de uma longa lista de bateristas que faz o Paradise Lost enrubescer
até o Spinal Tap, e sua performance não compromete, embora fique claro que o
garoto (ainda) não tem a mão necessária para os números mais carregados no Doom. E eles estão presentes em
profusão no repertório, representados por Medusa,
An Eternity Of Lies, No Hope In Sight
e a apoteótica Beneath Broken Earth. Entre elas Nick Holmes, com sua voz limitada
funcionando cada vez melhor ao vivo, destilava tiradas intencionalmente mal-humoradas,
sempre seguidas de um olhar de soslaio aos colegas de palco e um sorriso que
era um leve esgar, como quem dissesse “nossa, essa foi péssima”. A palavra “miserável”
foi citada tantas vezes quanto “Love” num show do Whitesnake. “Essa próxima música nós tocamos todo show tem só uns
20 anos, mas que parecem centenas”, diz Nick
sobre seu entusiasmo por tocar As I Die
pela bilionésima vez. “Essa música que nós tocamos é tão miserável que fará a
próxima parecer pop e feliz, só que não”. “Essa música é sobre morrer, pois
estamos todos morrendo não é mesmo, isso se vocês já não morreram”. “Quem
esteve no show de 1995? Ah, que bom que vocês ainda não morreram”. Sim, o
arsenal de tiradas de humor negro parecia interminável, mas o auge foi a dedicatória
de uma música do set (não lembro qual) à (inexistente) banda de abertura,
nomeada Cryptic Penis. Nick é
estranho...
Para nossa sorte, o humor miserável de Nick Holmes não cabe na foto |
O show, de 90 minutos de
duração foi suficientemente diferente dos anteriores na cidade, o que fez a
felicidade de boa parte do público, que cantou cada letra e se retirou com um
sorriso miserável do rosto ao final abrupto com a manjada Say Just Words. As reclamações existiram, todas
centradas na ausência de material de um ou outro disco, algo corriqueiro para
uma banda com tantos discos lançados e que mudou consideravelmente seu som
entre um e outro desses trabalhos. Mas nada que apague a realidade, foi mais um
miserável showzaço dos britânicos (NOTA:
9,00)
É, meu celular só permite fazer fotos miseráveis, vou me matar e já volto... |
ha ha ha Ao contrário das piadas aparentemente sem graça do Sr. Holmes, seu bom humor sempre é contagiante, Señor de Las Tinieblas ha ha Mais uma ótima resenha. Abração!
ResponderExcluirPs: "Erased' : tirem o tapete!
Valeu, Sir Creiz!!!
ExcluirAbraço
T
"Aaron, miseravelmente feliz. Talvez seja demitido..."
ResponderExcluirCom esta frase, cai por terra qualquer tentativa de comentar de forma mais sarcástica... Huahuahuahuahuahuahua
Nauseabundo Krill
ExcluirFalhaste miseravelmente
Abraço macambúzio
T