Amorphis - Queen Of Time |
Um
Novo Ápice
Por Trevas
Bombástico. Essa foi
a palavra que o guitarrista Esa Holopainen escolheu para definir o 13º disco
do Amorphis, Queen Of Time. O novo trabalho, que com o
retorno do baixista Olli-Pekka Laineo,
se tornou o primeiro a contar com todos os quatro membros originais desde o longínquo
Tales Of A Thousand Lakes (de 1994), repete a dobradinha com o requisitado produtor sueco
Jens Bogren. Jens foi responsável direto pela banda se reencontrar com o
ótimo Under The Red Cloud (lançado em 2015), após o período
de estagnação criativa que o combo finlandês atravessou ao tentar repetir sem
sucesso a fórmula do excelente Skyforger
(de 2009). As letras, do eterno colaborador Pekka Kainulainen, recorrem
ao folclore escandinavo e sua fixação pela magia da natureza para explorar o
grande poder de mudança contido em pequenos gestos e na junção de pequenas
vozes. Banda e produtor trouxeram à mistura orquestra
e coros de verdade. A ideia, fazer o disco mais ambicioso da carreira do sexteto.
Meu medo, que o Amorphis se tornasse
mais uma banda de metal sinfônico comum.
Detonantemente amorfos |
Medo que se mostrou infundado
logo no primeiro minuto da absolutamente fenomenal faixa de abertura, The Bee. Folk, eletrônica, progressivo, Space Rock e metal extremo,
elementos explorados em graus diferentes ao longo da carreira dos finlandeses
se fundem de maneira apoteótica, numa canção que certamente se tornará obrigatória
nos shows pelos anos que virão.
A qualidade cinemática comum às produções de Bogren casou à perfeição com o estilo do Amorphis, e de cara fica evidente se tratar do disco mais dinâmico
da carreira do sexteto, vide a variação de emoções presentes na folk Message In The Amber e na trauletada Daughter
Of Hate, que evolui da tranquilidade para uma das faixas mais pesadas
da discografia Amorphiana. Aliás,
seu refrão bem poderia estar em algum trabalho do Amon Amarth, não fosse
seguido de um instigante saxofone. Elementos alienígenas ao Heavy metal sempre
foram comuns à banda, mas os recém incorporados coros e orquestra aparecem aqui
e acolá nos arranjos, sempre com extremo bom gosto e de uma maneira sofisticada.
Nada da breguice típica das bandas de Metal Sinfônico, que muitas das vezes
parecem pastiches com guitarras de trilha sonora de filme da Disney.
Jens Bogren não é reconhecido somente por ser detalhista nos arranjos. Sua
obsessão em extrair a melhor performance dos artistas com quem trabalha já
gerou uma tremenda fama de carrasco ao sueco. Mas raramente a tortura é em vão,
aqui temos cada um dos músicos em seu ápice. O vocalista Tomi Joutsen nunca soou
melhor em nenhum dos extremos de sua voz. Mas todo e cada instrumento aqui,
ainda que gravado de forma exímia, atende tão somente ao que o cenário musical
pede. Nada, absolutamente nada soa gratuito. Mas o esmero com a produção e as
performances estelares pouco valeriam se o disco não tivesse composições à
altura. Felizmente ficaram para trás os tempos de falta de foco criativo que
assolou trabalhos como Far From The Sun, The Beginning Of Times e Circle. Todas as faixas da edição padrão são excelentes. E que
material variado: The Golden Elk (cuja letra traz o trecho que nomeia o disco), Grain Of Sand e a faixa de
trabalho Wrong Direction fazem a felicidade daqueles mais afeitos à melodia e às
referências ao space rock e progressivo. Já We Accursed, e a tribal
e cinemática Heart Of the Giant trazem
o som para o lado mais pesado.
Amongst Stars, que traz a participação da bela Anneke Van Gierbergen, é exatamente o tipo de som
que eu temia encontrar em Queen Of Time.
Uma faixa que bem poderia estar num disco dos xaropescos conterrâneos do Nightwish, e que se salva do efeito Disney Metal por muito pouco. Talvez eu realmente seja incapaz de resistir
à holandesa. Pyres On The
Coast eleva ao máximo o poder
cinemático do disco, terminando de forma pesada densa e épica o disco com a
imagem de uma cena que bem poderia estar em Vikings ou Game Of Thrones.
A edição nacional ainda nos brinda com duas faixas bônus, ambas legais, mas que
soam um pouco deslocadas dentro da ordem perfeita dos 57 minutos originais da
bolachinha.
Veredito
da Cripta
Uma das bandas mais originais
de sua geração, o Amorphis
finalmente encontrou um novo sopro de vida nos últimos dois discos. Queen Of Time é realmente
bombástico e ambicioso, como seus membros haviam prometido. Mas está muito
longe e sucumbir ao exagero e pompa de alguns artistas que resolvem incorporar
elementos alienígenas em profusão ao seu som. Pesado, solene e sofisticado, Queen Of Time não é só um dos
melhores discos de 2018. Aos poucos está também se tornando um forte postulante
a um dos meus discos favoritos em todos os tempos.
NOTA: 10
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Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Som perfeito, músicas perfeitas
Contras: Um disco repleto de detalhes,
pode demorar a pegar ouvidos mais apressados.
Classifique como: Prog Metal, Folk Metal,
Melodic Death metal
Para Fãs de: Insomnium, Dimmu Borgir, Moonspell,
Enslaved
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