segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Amorphis – Queen Of Time (Cd-2018)

Amorphis - Queen Of Time

Um Novo Ápice
Por Trevas

Bombástico. Essa foi a palavra que o guitarrista Esa Holopainen escolheu para definir o 13º disco do Amorphis, Queen Of Time. O novo trabalho, que com o retorno do baixista Olli-Pekka Laineo, se tornou o primeiro a contar com todos os quatro membros originais desde o longínquo Tales Of A Thousand Lakes (de 1994), repete a dobradinha com o requisitado produtor sueco Jens Bogren. Jens foi responsável direto pela banda se reencontrar com o ótimo Under The Red Cloud (lançado em 2015), após o período de estagnação criativa que o combo finlandês atravessou ao tentar repetir sem sucesso a fórmula do excelente Skyforger (de 2009). As letras, do eterno colaborador Pekka Kainulainen, recorrem ao folclore escandinavo e sua fixação pela magia da natureza para explorar o grande poder de mudança contido em pequenos gestos e na junção de pequenas vozes. Banda e produtor trouxeram à mistura   orquestra e coros de verdade. A ideia, fazer o disco mais ambicioso da carreira do sexteto. Meu medo, que o Amorphis se tornasse mais uma banda de metal sinfônico comum.


Detonantemente amorfos
Medo que se mostrou infundado logo no primeiro minuto da absolutamente fenomenal faixa de abertura, The Bee. Folk, eletrônica, progressivo, Space Rock e metal extremo, elementos explorados em graus diferentes ao longo da carreira dos finlandeses se fundem de maneira apoteótica, numa canção que certamente se tornará obrigatória nos shows pelos anos que virão.


A qualidade cinemática comum às produções de Bogren casou à perfeição com o estilo do Amorphis, e de cara fica evidente se tratar do disco mais dinâmico da carreira do sexteto, vide a variação de emoções presentes na folk Message In The Amber e na trauletada Daughter Of Hate, que evolui da tranquilidade para uma das faixas mais pesadas da discografia Amorphiana. Aliás, seu refrão bem poderia estar em algum trabalho do Amon Amarth, não fosse seguido de um instigante saxofone. Elementos alienígenas ao Heavy metal sempre foram comuns à banda, mas os recém incorporados coros e orquestra aparecem aqui e acolá nos arranjos, sempre com extremo bom gosto e de uma maneira sofisticada. Nada da breguice típica das bandas de Metal Sinfônico, que muitas das vezes parecem pastiches com guitarras de trilha sonora de filme da Disney.



Jens Bogren não é reconhecido somente por ser detalhista nos arranjos. Sua obsessão em extrair a melhor performance dos artistas com quem trabalha já gerou uma tremenda fama de carrasco ao sueco. Mas raramente a tortura é em vão, aqui temos cada um dos músicos em seu ápice. O vocalista Tomi Joutsen nunca soou melhor em nenhum dos extremos de sua voz. Mas todo e cada instrumento aqui, ainda que gravado de forma exímia, atende tão somente ao que o cenário musical pede. Nada, absolutamente nada soa gratuito. Mas o esmero com a produção e as performances estelares pouco valeriam se o disco não tivesse composições à altura. Felizmente ficaram para trás os tempos de falta de foco criativo que assolou trabalhos como Far From The Sun, The Beginning Of Times e Circle. Todas as faixas da edição padrão são excelentes. E que material variado: The Golden Elk (cuja letra traz o trecho que nomeia o disco), Grain Of Sand e a faixa de trabalho Wrong Direction fazem a felicidade daqueles mais afeitos à melodia e às referências ao space rock e progressivo. Já We Accursed, e a tribal e cinemática Heart Of the Giant trazem o som para o lado mais pesado.




Amongst Stars, que traz a participação da bela Anneke Van Gierbergen, é exatamente o tipo de som que eu temia encontrar em Queen Of Time. Uma faixa que bem poderia estar num disco dos xaropescos conterrâneos do Nightwish, e que se salva do efeito Disney Metal por muito pouco. Talvez eu realmente seja incapaz de resistir à holandesa. Pyres On The Coast eleva ao máximo o poder cinemático do disco, terminando de forma pesada densa e épica o disco com a imagem de uma cena que bem poderia estar em Vikings ou Game Of Thrones. A edição nacional ainda nos brinda com duas faixas bônus, ambas legais, mas que soam um pouco deslocadas dentro da ordem perfeita dos 57 minutos originais da bolachinha.



Veredito da Cripta


Uma das bandas mais originais de sua geração, o Amorphis finalmente encontrou um novo sopro de vida nos últimos dois discos. Queen Of Time é realmente bombástico e ambicioso, como seus membros haviam prometido. Mas está muito longe e sucumbir ao exagero e pompa de alguns artistas que resolvem incorporar elementos alienígenas em profusão ao seu som. Pesado, solene e sofisticado, Queen Of Time não é só um dos melhores discos de 2018. Aos poucos está também se tornando um forte postulante a um dos meus discos favoritos em todos os tempos.


NOTA: 10

Visite o The Metal Club

Gravadora: Shinigami Records (nacional)

Prós: Som perfeito, músicas perfeitas
Contras: Um disco repleto de detalhes, pode demorar a pegar ouvidos mais apressados.
Classifique como: Prog Metal, Folk Metal, Melodic Death metal
Para Fãs de: Insomnium, Dimmu Borgir, Moonspell, Enslaved




Nenhum comentário:

Postar um comentário