quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Dee Snider – For The Love Of Metal (Cd-2018)

Dee Snider - For The Love Of Metal

Dee-Sturbed?
Por Trevas

Do alto de seus 63 anos (muito bem vividos) Dee é uma espécie de Renato Gaúcho do Metal. Fanfarrão e doido por uma treta, encarna de maneira integral o personagem que ele mesmo criou, de maneira que fica fácil por vezes esquecermos que por detrás das bravatas e polêmicas, ele é um tremendo craque no que faz. E, ao menos musicalmente, raramente faz o que se espera dele. Quando a nostalgia erguera o retorno do Twisted Sister aos céus, apagando o ranço que a banda enfrentou por muito tempo devido a sua imagem, resolveu encerrar a carreira do quinteto. Quando se esperava um disco de Heavy Metal, gravou músicas da Broadway. E depois partiu para um disco de rock moderno. E aí ninguém mais esperava que ele encarnasse o vocalista de Metal de novo...e ele vem e grava um disco de Metal. Mas, vejam só, nesse caso, nem ele esperava pelo disco.

Jandirão is back!!
A ideia nasceu ao acaso, quando Dee dava uma de suas impagáveis entrevistas no podcast do Jamey Jasta, que além de radialista é vocalista (do Hatebreed) e produtor. Lá pelas tantas, ao ser confrontado com a desilusão de Dee perante a queda da indústria fonográfica e num suposto desinteresse do público por material novo de bandas clássicas, Jamey desafiou o Jandirão a fazer um novo disco, de Heavy Metal puro e simples. Desafio aceito. Na verdade, For The Love Of Metal foi composto por Jamey e outros músicos da cena atual (alguns participam do disco, aliás) e entregue para a voz de Dee, que amou e embarcou na ideia. Vamos então ouvir o resultado.


Jasta & Dee, nos bastidores da entrevista onde tudo nasceu
A paulada seca que é Lies Are A Business abre a bolachinha, um rolo compressor de Metal Moderno que cai como uma luva na voz rasgada do enrugadão. A letra, uma “homenagem” singela à indústria musical. Na banda que o acompanha no disco, Nicky (bateria, Toxic Holocaust) e Charlie Bellmore (baixo e guitarras, Kingdom Of Sorrow), que ajudaram Jamey na maioria das composições. Tomorrow Is No Concern é bem pesada, ainda que menos impressionante. Como em todo o disco, Dee não compôs nem escreveu letra alguma, mas Jamey procurou colocar vários dos pontos de vista do sessentão nas palavras. Essa faixa por exemplo é um tapa na cara dos headbangers nostálgicos que envenenam a cena, para eles Dee deixa o passado, que pouco lhe interessa.


O curioso é que tenho ouvido muito alarde em relação a esse disco vindo justamente dos bangers coroas geralmente avessos a novos sons. Surpreendente mesmo, já que I Am The Hurricane é composta por Howard Jones (ex Killswitch Engage, atual Light the Torch) e Mark Morton (Lamb Of God), e poderia muitíssimo bem ser uma canção do Five Finger Death Punch. Toda graves, modernidade e groove. Mas essa galera saudosista é esquisita mesmo, precisa sempre do aval de seus heróis para dizer se gosta ou não de um som. Vai entender. Ah, sim, a música é legal e casa bem com a voz de Mr. Snider.



American Made é outra bem na linha do 5FDP: moderna, direta, acéfala e... divertida. Roll Over You (com participação da baixista irlandesa Tanya O’Callaghan) mantém a pegada da bolachinha, sem novidades. I’m Ready (com solo de Joey Concepcion) é a clássica letra de superação e Jamey a escreveu quando a mãe de Dee faleceu após um acidente em meio às gravações. Em entrevista, Snider disse que teve que parar a gravação da voz quando se deu conta disso: “eram minhas palavras, saídas da cabeça de outra pessoa, Jamey me leu com perfeição. ”




O disco dá uma escorregada nas chatinhas Running Mazes e Mask, mas volta com tudo na delícia de Metal Radiofônico Moderno que é Become The Storm. E é chegada a hora dos duetos vocais: Howard Jones divide o microfone com seu vozeirão na ótima The Hardest Way (que bem poderia estar no disco de sua nova banda, Light The Torch) e a musa do cabelo azul Alissa White-Gluz (Arch Enemy) nos lembra que seus vocais limpos são muito bonitos na Power Ballad bacana Dead Hearts (Love Thy Enemy). Os 41 minutos da bolachinha se encerram com a faixa título, uma curta bobagem repleta de referências a clássicos do Heavy Metal em sua letra.



Veredito da Cripta

Não tem como terminar a audição desse disco sem ficar feliz por Jamey Jasta ter lançado o desafio que trouxe a voz poderosa de Dee Snider mais uma vez aos nossos ouvidos. For The Love Of Metal é uma curta, radiofônica, acéfala e divertida peça de puro e simples Metal Moderno americano. Algo que poderia muito bem ser assinado por bandas como Five Finger Death Punch, Disturbed ou até mesmo pela versão kisuco dessas duas, o Adrenaline Mob. E não há nada de errado nisso.


NOTA: 8,19

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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: Curto, direto e divertido
Contras: Umas duas ou três músicas mais ou menos na mistura
Classifique como: Modern Metal
Para Fãs de: Disturbed, Five Finger Death Punch, Adrenaline Mob


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