terça-feira, 14 de março de 2017

Kreator – Gods Of Violence (Deluxe Edition: Cd + DVD – 2017)

Kreator - Gods of Violence
Uma Ode Aos Deuses...do Metal!
Por Trevas
Mille Petrozza, guitarrista/vocalista e líder inconteste dos veteranos teutônicos do Kreator, sempre foi um cara ousado. Sua visão já levou a banda a flertar com subgêneros tão díspares quanto o Gothic Metal (Endorama) e Industrial Metal (Outcast). Para o novo disco ele chegou a pensar em fazer um trabalho conceitual, tecendo um paralelo entre as mitologias de diversas culturas e a predisposição humana para atos de violência. Sem conseguir encaixar uma linha que ligasse as histórias por detrás de algumas letras, Mille deixou de lado a ideia do disco conceitual. Mas com boa parte do material composto, percebeu que para atingir o resultado que desejava, precisaria de ajuda por parte do super produtor sueco Jens Bogren. O desafio? Fazer um disco extremamente pesado, mas carregado de melodias marcantes e incluindo orquestrações e instrumentos exóticos. Desafio aceito, vamos orar aos deuses da violência!

O Altar

O disco já inicia mostrando uma de suas novidades, as orquestrações quase onipresentes, cortesia do pessoal da banda italiana Fleshgod Apocalypse, indicada a Mille pelo produtor Jens Bogren. Talvez para não assustar tanto, após a introdução nos é apresentada a feroz World War Now, uma das mais puramente Thrashers por aqui. Mas mesmo em seu interlúdio podemos encarar uma linha vocal que não ficaria estranha num disco do Gamma Ray.

Os anjinhos do Kreator, 2017

Mas o medo que os fãs mais cabeça fechada andam demonstrando não passa de balela e chororô de gente metida a Troozona. Tal como fizera em Phantom Antichrist, o Kreator trouxe toneladas de melodias, em especial nas guitarras, como na já clássica Satan Is Real (ver vídeo) que lida em sua letra com o absurdo de tomarmos as metáforas dos textos religiosos a sério. As melodias aqui só engrandecem uma música pesada como concreto.


Totalitarian Terror (vídeo) é a típica faixa política extremamente veloz do Kreator. Os solos aqui ganham um mundo épico à parte digno de nota. É impressionante o quanto as produções de Jens Bogren conseguem soar violentas sem descuidar dos detalhes dos arranjos. Mais uma faixa com cara de clássico.


E o que dizer da faixa título? As orquestrações aparecem novamente, e temos inclusive uma criança tocando harpa na introdução. Ah, então podemos esperar uma música melecosa à lá Nightwish? O caralho! Temos mais um grande clássico do Kreator, com a virulência de sempre aliada a excelentes melodias de voz e das guitarras.


Aliás, as guitarras da banda nunca soaram tão boas, seja nas avalanches de grandes riffs, seja numa miríade de solos memoráveis, cortesia do patrão e sua para lá de bem-vinda longa parceria com o finlandês Sami Sirniö. E apesar de todos os elementos extra trazidos pela produção, a cozinha de Ventor e Christian Giesler soa mastodôntica e imponente como sempre. Só checar o intrincado trabalho na excelente Army of Storms, por exemplo. A ótima e cadenciada Hail to the Hordes traz gaita de foles à mistura (cortesia de um dos músicos do In Extremo) e tem um clima que lembra em muito os conterrâneos do Running Wild em seus melhores momentos.


Sinceramente, já me daria por satisfeito com o que ouvi até agora. Mas ainda tem mais. Lion With Eagle Wings poderia bem ser um novo clássico do Power Metal alemão, se esse estivesse acostumado ao peso acachapante que Mille e sua trupe imprimem à bagaça. Fallen Brother é a mais cadenciada das músicas que os caras apresentaram no presente disco, e ainda assim arrebenta. Side By Side talvez seja a menos espetacular das faixas, o que na verdade diz muito sobre a grandiosidade de suas companheiras de repertório. Curiosamente, há algo nela que me lembra He’s the Man, do Heavens Gate. Batendo os 7 minutos, Death Becomes My Light foi fabricada como o épico do disco. E funciona muito bem, com harmonias de guitarra que remetem ao Iron dos grandes tempos e uma variação interessante nos andamentos. Um encerramento digno para um dos melhores discos desse recém começado 2017.


Saldo Final

Graças aos Deuses do metal, Mille e sua trupe não se cansam de experimentar. E o fazem sempre com sucesso, mantendo intacta a ferocidade da melhor banda alemã de Thrash Metal em todos os tempos. Tal como acontece com o Testament, hoje o Kreator é uma banda muito melhor do que no início da carreira, que me perdoem os beócios metidos a Troo. Um disco pesadíssimo, perfeitamente executado e repleto de nuances, que tem tudo para se tornar um dos grandes clássicos da carreira do Kreator. Excelente!


NOTA: 9,48


Bônus DVD

A bela edição nacional, em um caprichado Digipack, traz uma faixa bônus (a boa e não creditada Earth Under the Sword) e acompanha ainda um DVD contendo a apresentação da banda no Wacken Open Air de 2014. São 14 petardos muito bem executados num bônus caprichadíssimo. Obviamente o material é algo redundante para os fãs de carteirinha que porventura tenha pego o excelente Dying Alive, de 2013. Ainda assim, vale muito a pena.


Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Pontos positivos: exccelentes faixas com uma produção que mescla á perfeição melodia e porradaria
Pontos negativos: nada a destacar
Para fãs de: Thrash Metal em geral
Classifique como: Thrash Metal





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