Testament - Brotherhood of the Snake |
Bote Certeiro
Por Trevas
Prólogo - a gestação conturbada da serpente
A gestação de Brotherhood of the Snake acabou por se tornar tão
misteriosa e confusa quanto a sociedade secreta que deu nome ao disco ou as
inúmeras teorias conspiratórias que permeiam suas letras. A debandada
traumática de Greg Christian, os conflitos internos entre Petersen e o resto da
banda pela pressa em soltar um novo trabalho que aproveitasse a excelente
receptividade a Dark Roots e sua turnê, as reclamações em público de Chuck
Billy sobre a falta de tempo para trabalhar as letras e melodias, a citação e
Gene Hoglan de que esse seria o trabalho mais pesado da banda...tudo dando a
crer que o clima em estúdio não andava lá muito bom.
Mas cá estamos, com a bela arte de capa Eliran Kantor (Kreator, Sodom,
Soulfly, Satan) com ajuda do brasuca Marcelo Vasco no encarte (responsável pela
última capa do Slayer). A produção ficou ao encargo dos patrões Chuck Billy e
Erik Petersen com Juan Urteaga como engenheiro de som e mixagem e masterização
nas mãos do mago britânico Andy Sneap (Nevermore, Megadeth, Accept).
No Ninho da Serpente
A avassaladora abertura com a faixa título (cujo início faz
acreditar que estamos ouvindo a parte 2 de Legions of the Dead) dá uma bela
amostra do que nos espera no restante do álbum, um Thrash virulento e técnico
com pitadas de Death Metal e harmonias de guitarra que também fazem referência ao
Metal Tradicional. A voz do gigante Chuck Billy, em contrapartida aos
lançamentos recentes da banda, está mais próxima ao que ela fazia antes do
lançamento de Low. A temática das letras, centrada numa mistura de alienígenas
e sociedades secretas permeia essa faixa e todas as outras, ainda que ao que me
parece não exista um enredo propriamente dito.
A preocupação em recuperar o senso melódico do passado fica bastante
clara em The Pale King, que parece algo (algo inspirado, diga-se) saído das
gravações de Souls of Black e jogada através de uma máquina do tempo para a
produção de 2016.
Stronghold é um petardo Thrash em sua mais pura essência. Já a boa Seven
Seals resgata um pouco o viés mais melódico da banda da era The Ritual, ainda
que de maneira mais vigorosa.
Bom, até aí a impressão que eu tive é de que estaríamos diante de mais
um clássico moderno dos estadunidenses. Mas confesso que a partir da razoável
Born In A Rut (outra que poderia estar em The Ritual) o disco começou a me
parecer um pouco menos interessante. Centuries of Suffering é bem veloz,
vencendo pela violência e garra, com o rinoceronte Gene Hoglan fazendo a
cozinha dos sonhos ao lado do excelente baixista Steve DiGiorgio.
Nem para tirar a foto a patota escondeu a animosidade |
Black Jack aposta em sua intensidade, blast beats bem colocados e riffs
numa mistura com voz e solos mais tradicionais, num resultado bem legal. Neptune’s
Spear tem boas ideias instrumentais desperdiçadas num todo não muito inspirado.
Canna-Business une na mesma música a paixão de Chuck Billy
pela erva mardita com o talento do mostro Alex Skolnick numa profusão de solos
estonteante. The Number Game fecha os 46 minutos de música de maneira
competente.
Saldo Final
Brotherhood of the Snake é o disco mais direto da fase
recente do Testament. E é, ao mesmo tempo, o mais afeito ao passado da banda.
Infelizmente, é também o menos espetacular desde que the gathering mostrou um
novo caminho para o Thrash dos estadunidenses. Seu início avassalador contrasta
com sua segunda metade menos inspirada, o que acaba por nos deixar a impressão
de que se os caras lapidassem mais o material talvez tivéssemos em mãos um
disco quase tão perfeito quanto Dark Roots Of The Earth. Ainda assim um disco
suficientemente bom para constar nas listas de melhores do ano ao redor do
globo.
NOTA: 8,37
Pontos positivos: disco direto, com ótima produção e primeira metade avassaladora
Pontos negativos: a segunda metade não é tão perfeita
Para fãs de: Exodus, Metallica, Megadeth e congêneres
Classifique como: Thrash Metal
Eu curti muito esse disco, ....achei que ficou uma ´´meia´´ continuação do anterior, ...porém, ainda acho o Dark Roots melhor que esse.
ResponderExcluirOlá, Paulo!
ExcluirGostei muito também. Mas o Dark Roots é quase perfeito, aí fica aquela sensação de que esse disco poderia ter saído ainda melhor!
Abração
Trevas
Exatamente !
ExcluirFalou tudo Trevas !
Abraço !
Nossa meu camarada,achei esse disco muito bom. Realmente é como a continuação do fato roots. Boa resenha abração
ResponderExcluirFala, brother!!!
ExcluirObrigado! Realmente está muito bom, mas o Dark Roots ainda é melhor.
Abração
T