domingo, 27 de novembro de 2016

Grim Reaper - Walking in the Shadows (Cd-2016)

Grim Reaper - Walking in the Shadows

De Volta dos Mortos
Texto por Trevas


Um dos ícones perdidos da NWOBHM, o Grim Reaper sofreu imensamente com uma maldição que hoje é até difícil de explicar: uma longa briga jurídica entre banda, empresário e gravadora. 
Desmantelada após três ótimos discos (o terceiro já lançado dois anos após sua gravação por conta da tal briga), a banda viu seu legado minguar no relativo insucesso da carreira musical solo de seus principais ex membros.

Grim Reaper nos anos 1980, do jeito que o Beavis e o Butthead adoram
O ótimo guitarrista Nick Bowcott seguiu uma carreira longe dos palcos, escrevendo para a Circus e principalmente para a Guitar World, onde se tornou editor, inclusive. Em paralelo, trabalhou para a Marshall. Sua presença empunhando uma guitarra se fez cada vez mais rara, participando de um ou outro show de amigos (alguns deles do próprio Steve Grimmett).

Nick Bowcott antes de pendurar as chuteiras
Já o gorducho Steve Grimmett, um dos melhores vocalistas daquela safra, até tentou seguir em frente, tendo uma breve participação junto aos thrashers conterrâneos do Onslaught e depois obtendo relativo sucesso comercial por um tempo com seu combo de Hard Rock Lionsheart. Daí se passaram anos de muitas participações em discos tributo de qualidade duvidosa e projetos que nasciam e morriam sem chamar a menor atenção (Steve Grimmett Band, The Sanity Days, GrimmStine).

Grimmett e seu poodle de estimação na cabeça

A partir de 2006, após a resolução dos problemas judiciais que envolviam o nome Grim Reaper e após um acordo com Bowcott, Steve passou a excursionar pelo mundo usando a alcunha Steve Grimmett’s Grim Reaper. Sempre questionado nas entrevistas sobre a produção de novo material, Steve vinha falando sobre um novo disco, Walking in The Shadows, desde meados de 2014. E sabe-se lá por que, a gestação duraria mais dois anos até que a bolachinha visse a luz do dia. E cá estamos nós, na torcida de que a espera não tenha sido em vão.


Andando nas Sombras do Gorducho

Olha, de início confesso que fiquei com um pé atrás. Ao receber meu Cd, me deparei com uma capa horrorosa (ornada com o Steve Grimmett’s acima do logo do Grim Reaper), um encarte bem amador e com um cast para lá de desconhecido. No comando da mesa, Steve se dividiu com o guitarrista Ian Nash e um tal Pete Newbeck. Dos músicos, o único que achamos alguma informação mais consistente por aí é baterista Paul White, que tocou com o Blitzkrieg em 1996. Some isso a um marketing quase inexistente e esse retorno ameaça passar totalmente desapercebido do público. Dito isso, vamos ao som em si.

Grim Reaper 2016 - a beleza continua não sendo o forte da banda...

Wings of Angels parece uma mistura de tudo o que o vocalista andou fazendo nos últimos tempos, com mais pitadas do Lionsheart do que do próprio GR. Talvez não devesse ter sido escolhida para reapresentar a banda aos antigos fãs, mas ainda assim é uma faixa muito boa! Daí se segue a faixa título, com seu ótimo e grudento refrão, mostrando enfim uma cara bem própria do velho ceifador.



E com exceção de Thunder, que novamente remete ao Lionsheart, de resto temos uma avalanche de músicas que bem poderiam ter feito parte do abortado quarto disco de estúdio da banda nos anos 1980. E o que é melhor, tirando o encerramento com Come Hell Or High Water e a fraca Now You See Me, o material é bastante agradável, com destaque para as ótimas Temptation e Blue Murder.



Claro que existem problemas. A voz de Grimmett envelheceu bem, mas seu timbre mais rouco, utilizado desde os anos 1990, pode acabar assustando os incautos que pararam no material antigo. Ah, e se a grande parte das faixas é bem legal, também fica claro que falta um algo a mais para que o disco se torne memorável. Talvez a produção seja corretinha demais, com a voz muito na cara e com uma ferocidade contida demais. Ou talvez seja culpa de Ian Nash. Não em entendam mal, o cara é competente e funciona muito bem ao vivo, mas está longe de produzir solos espetaculares como fazia Bowcott.

Saldo Final

Walking in the Shadows é um retorno digno e muito bem-vindo, um disco daqueles que se escuta de cabo a rabo sem cansar. Fico imaginando o que não poderia ter sido essa bolachinha nas mãos de um produtor como Andy Sneap...mas, voltando ao mundo real, pode ouvir sem medo, bem legal!

NOTA: 8,00

Pontos positivos: Metal Tradicional bem honesto, com um vocalista bem acima da média
Pontos negativos: a produção é um pouco contida demais
Para fãs de: NWOBHM em geral
Classifique como: Heavy Metal Tradicional

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