quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Kvelertak – Nattesferd (Cd-2016)

Kvelertak - Nattesferd
Kvelertak – Nattesferd (Cd-2016)

Mudando de Ares
Por Trevas

O novo disco dos noruegueses veio coberto do sentimento de ruptura com os dois primeiros trabalhos, que tornaram o Black’n’Roll da banda um improvável Best Seller ao redor da Europa. Incubado desde sua concepção nos seios de um selo que lhes deu todo o suporte, o mítico Roadrunner Records, em Nattesferd o sexteto quebrou primeiramente a parceria com o ilustrador (e dono do Baroness) John Baizley e também resolveu dispensar a produção e mixagem do companheiro Kurt Ballou, ambos presentes nos dois discos anteriores.



O Hômi-Curuja brada: "Leve-me a seu líder!"



E se em termos de ilustração a qualidade se manteve, havendo apenas a nova estética no trabalho de capa proposto pelo ótimo Arik Roper (responsável por capas que vão desde artistas mainstream como Black Crowes até mestres do underground do naipe de Sleep, Sun O))) e Grand Magus), já na produção a mudança não foi lá muito acertada não. Meio abafado e sem tanto punch, o Kvelertak tentou apostar suas fichas em carregar a mão no acento Retro-Rocker do vasto espectro de seu som. Não que isso seja exatamente ruim, mas músicas como 1985 (ver vídeo) acabam soando meio tranquilas e previsíveis demais, ainda que agradáveis.


E quem escutou os discos anteriores certamente vai estranhar a palavra “previsível” sendo usada para o som dos caras. É que a produção de Nick Terry (Turbonegro) em conjunto com a banda, acabou por amaciar e organizar o caos, causando um preocupante impacto inicial. Mas, ei, não vá embora. Nattesferd, a música (ver vídeo), mostra que o disco homônimo está longe de ser um fiasco. Facilmente um dos sons do ano, ela vem para lembrar o motivo pelo qual o Kvelertak ter virado um queridinho da imprensa especializada.


Daí para frente parece que a bolachinha resolve engrenar, ou ao menos nossos ouvidos acabam por se acostumar à pegada mais carregada no Classic Rock e menos caótica, como em Svartmesse (ver vídeo) e Ondskapsen Galakse. Bronsegud traz um tiquinho de punk Rock à mistura, mas sem agredir muito os ouvidos.


Berserkr finalmente joga alguns Blast Beats nas nossas fuças, escapando por muito pouco de soar como novo clássico dos caras. Heksebrann de cara assusta por seu padrão algo Baroness/Mastodon, mas logo assume feições Kvelertakianas ao longo de seus 9 minutos de duração, se tornando o grande destaque do disco (junto à já elencada faixa título), com seu refrão viciante embelezado por um sutil vocal feminino (ver video).


Nekrodamus encerra de maneira competente a bolachinha com um ar de Folk Metal em suas guitarras, algo como uma trilha sonora de um western empoeirado...só que rodado em Marte.

2016 - Mas cadê a Corujinha????
Saldo Final

Nattesferd é definitivamente um disco curioso: a princípio um pouco decepcionante em razão da alta expectativa criada, acaba por se tornar bastante bom com repetidas audições despojadas de comparação com o passado. Ao que parece pelo direcionamento aqui encontrado, a tresloucada coruja norueguesa vai tentar alçar vôos ainda maiores, rumo ao improvável estrelato reservado ao igualmente idiossincrático Mastodon!    

NOTA: 8,36

Pontos positivos: goste ou não, soa diferente de qualquer coisa
Pontos negativos: produção respeitosa demais com o lado Classic Rock
Para fãs de: Turbonegro, Baroness, Mastodon, Kylesa
Classifique como: Black’n’Roll, Modern Metal, retro-Rock, Space-Metal, Punk'n'Roll...ah, caralho, sei lá!!!!!

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