domingo, 18 de setembro de 2016

Gus Monsanto – Karma Café (Cd-2016)

Gus Monsanto - Karma Café

Gus Goes Solo!
Por Trevas

Prólogo - Uma Longa Gestação



Sabe aqueles filmes de heróis que vemos hoje em dia, onde diversos personagens interessantes, com história de vida e brilho próprios são diluídos para servir a uma trama complexa e você é pego pensando: “pô, personagem X bem poderia ter um filme só dele, né?”. Mas o filme esperado nunca vem. Pois então, assim parecia seguir a carreira do vocalista Petropolitano Gus Monsanto.


'É, cara, tô falando com você!" Gus Monsanto



Um dos melhores vocalistas de rock pesado a ter surgido em território tupiniquim em todos os tempos, Gus possui considerável reputação no Velho Continente, tendo participação marcante em bandas como Adagio (França), Human Fortress (Alemanha), Takara (EUA) e, obviamente, Revolution Renasissance (o combo multinacional capitaneado pelo guitarrista Timo Tolkki). Isso sem falar nas Brasucas Angel Heart, Symbolica e Astra. Some isso às inúmeras participações especiais (Dr. Sin, Skyrion, Julien Damotte...) e você tem uma discografia bastante rica. Algo que talvez só tenha paralelos com a carreira do também excelente Jeff Scott Soto





O “problema” é que em muitos desses casos o vocalista usou seu talento para tentar imprimir sua marca em músicas idealizadas por outros artistas. Era de se esperar, portanto, que em algum momento o cara sentisse uma forte necessidade em poder exprimir sua arte seguindo suas próprias regras, expiando seus próprios demônios e colorindo seus próprios sonhos. E aí teve início a longa gestação do que viria ser Karma Café, um trabalho que começou a ser elaborado lá pelos idos de 2013 e que acaba de ser lançado, um pouco na surdina, para surpresa geral. A se considerar a versatilidade de Gus somado ao fato de sua discografia passear por diversos estilos dentro do rock pesado, pairou a dúvida no ar; que caminho seguiria o vocalista em sua primeira aventura solo? Apostaria ele no Power Metal, cena na qual talvez tenha obtido maior reconhecimento? Ou estaria ele reservando alguma surpresa? Pois então, pegue uma mesa no Karma Café e vejamos o que tem no menu.



Adentrando o Café

A trinca inicial, com a ótima faixa título seguida pela animada No Candle Left In The Box e a Zeppeliana Elephant In The Room (composta em parceria com o irmão Jayme, uma de minhas favoritas, diga-se), já mostra o tom do disco: sonoridade Hard flertando com o Pop (chame de Melodic Rock, se quiser). Gus está cantando de maneira solta e repleta de feeling, sabedor do que cada canção pede em termos de performance. Nada aqui é over e não há sequer um pingo de Power Metal na bolacha, o que pode assustar um pouco os fãs da discografia do vocalista e que desconhecem seu rico pool de influências.

Fire and Dynamite é daquelas faixas que poderiam muito bem ganhar as rádios rock, num mundo onde as mesmas ainda existissem, claro. Repleta de belas melodias e com arranjo bem bolado e belas intervenções de guitarra, cortesia de William Belle. A produção, ao encargo de Gus com Celo Oliveira aposta numa sonoridade cristalina e com espaço para todos os instrumentos brilharem. Mas deixando claro também se tratar de um disco de canções, e num trabalho assim a estrela absoluta é a voz, como vemos nas harmonias cuidadosas das faixas mais pop como Time (outra parceria com Jayme Monsanto e que possui absurda veia radiofônica), A Girl I Know, Going Insane, Fel (com algo de country e Beatles) e Shooting Star (a menos inspirada para meu gosto, a despeito dos belos solos).





Nas letras é possível observar uma intensa carga emocional, tudo soa extremamente pessoal e é possível notar um tom algo melancólico. Mas essa sutil melancolia nunca transparece na energia que as músicas passam, bastante positiva, diga-se.


A bolachinha volta a ganhar peso com a ótima Forbidden, que bem poderia ser a melhor música que o Dokken fez em séculos. O pop volta com força total e muita qualidade em Why?, com belo interlúdio com destaque para o baixo de Jayme. After the Storm é a minha favorita do lado mais calmo do disco e duvido alguém escutar a viciante Change the World sem sair fazendo os “nanana” junto com o Petropolitano. A primeira aventura solo de Gus termina com uma mensagem bem “alto astral” da curtinha e rocker Nothing is Impossible, com leves toques à lá Marillion, cortesia dos teclados de Bruno .


Saldo Final

A estreia de Gus Monsanto traz um material muito bem feito, repleto de belas melodias e executado por um time para lá de talentoso, num disco daqueles de se escutar por inteiro sem cansar. Talvez represente um choque inicial para os fãs da carreira do vocalista, cujos maiores feitos sempre estiveram mais relacionados ao universo do Power Metal.  Um trabalho que fará a alegria dos fãs de Melodic Rock e AOR em especial. Se você gosta da gravadora Frontiers e seus combos sempre eficientes de Melodic Rock, não perca tempo e corra atrás dessa belezura. Resta esperar que o disco, já disponível no Spotify e em mídia física, seja bem recebido e que o vocalista não demore tanto assim para soltar um novo trabalho solo.


NOTA: 8,42


Pontos positivos: belas melodias, vocais caprichados e arranjos que valorizam as canções
Pontos negativos: trabalho bastante melódico, não há muito espaço para peso aqui
Para fãs dos trabalhos da gravadora Frontiers e congêneres;
Classifique como: Melodic Rock, AOR, Hard Pop

8 comentários:

  1. Ótimo disco! descreveu bem na resenha, arrasou!

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  2. Fala Trevas
    esperava um lance mais porrada, tá meio manso isso pro meu gosto. Mas o Gustavo canta à beça, tem que lançar disco de metal, pô
    valeu, fera
    Danilo

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    1. Pô Danilo
      Mas aí para te agradar o cara ia ter que fazer um disco de Thrash, hehehehehe
      Abraço
      T

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  3. Disco animal, gus gente boa!

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    1. Opa
      Super gente boa mesmo. E o disco está realmente animal!
      Valeu
      T

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  4. Bom saber que tem uma galera bem próxima fazendo rock inspirado e, pelo que parece, de alta qualidade. Vou dar uma conferida. Parabéns pela resenha, abraço!

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    1. Fala, camarada, tudo bem?
      Ih, aqui em Patópolis tem uma galera boa à beça no rock.
      Escuta sim, é bem legal!
      Abração
      T

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