terça-feira, 5 de julho de 2016

Kamelot – Haven Revolution World Tour + Innocence Lost (03/07/16 – Circo Voador - Rio de Janeiro/RJ)

Flyer Oficial do Evento
Refúgio no Circo
Texto por Trevas
Fotos descabaçantes e animalescas gentilmente cedidas por Daniel Croce (Not-so-lame Pics) - obrigado, camarada!!


Domingão, matinê, hora de dar uma checada pela primeira vez no show dos Estadunidenses do Kamelot. Reconhecida pelo grande poder de fogo de suas apresentações a banda está promovendo seu melhor disco em anos (Haven, ver resenha na Cripta), para isso contando com a abertura dos cariocas do Innocence Lost e com o apoio da atual vocalista do Arch Enemy, a canadense Alissa White-Gluz, nos vocais femininos e nos guturais. Claro que não tem como dar errado!

Innocence Lost

A casa ainda apresentava um público tímido quando o quinteto carioca de Prog Metal subiu ao palco. Mas a recepção durante os cerca de trinta minutos de show flutuou entre respeitosa e entusiástica. Ainda bem, parece que os tempos de hostilidade do público carioca com as bandas de abertura ficou num passado distante. Cabe ressaltar que isso em muito se deve ao esforço da banda, que faz um som pesado, mas repleto de elementos progressivos e sinfônicos. Ainda que todos sejam bons músicos e demonstrassem felicidade pela recepção do público, o grande destaque ficou mesmo para a vocalista Mari Torres, que possui uma voz ao mesmo tempo técnica e poderosa, repleta de personalidade. Quem curte essa praia pode procurar o material pretérito do Innocence Lost no Spotify (o Ep Human Reason, de 2012), e fique atento, pois eles tocaram alguns sons de um novo trabalho que aparentemente está no forno. (NOTA 7)


Kamelot

Pontualidade tem sido a tônica das apresentações gringas por aqui. Oito da noite as luzes se apagam e lentamente os membros do Kamelot adentram o palco, sem a pompa de seus shows com produção completa em outras paragens, somente contando com o belo backdrop e uma iluminação para lá de eficiente. Mas tudo bem, não precisam mesmo de mais que isso, desde os primeiros momentos de Veil Of Elysium ficou bastante claro que: 1. A banda é afiadíssima e o som beira a perfeição; 2. O público já estava nas mãos;

Kaverik manjando o instrumento do patrão (foto por Daniel Croce)
Percebi que algumas pessoas ainda não sabiam que Roy Khan havia trocado a banda por um espaço no púlpito de algum Malafaia norueguês. E mesmo entre os que sabiam disso, muitos nunca tinham visto seu substituto, o sueco Tommy Kaverik, em ação. Meu caso, diga-se. Mas Kaverik desmontou qualquer viúva do Roy em tempo recorde. O grandalhão parece mais aquele playboy rato de academia que pede para revezar o supino contigo só para colocar 789 toneladas a mais e ver sua cara de poupança e derrota diante disso. E subiu ao palco usando uma gravata. Sim, uma gravata! Brincadeiras à parte, Tommy soa perfeito tanto no material antigo quanto no mais novo. E se um ouvido micropentelho poderia perceber uma capacidade de interpretação ligeiramente menos dinâmica que seu antecessor, eu responderia que Tommy em compensação é mais constante, demonstrando precisão cirúrgica e um forte nas notas mais altas.

"Hey, fera, já te avisei que é minha vez no supino"!! (foto por Daniel Croce)

O restante da banda é extremamente competente, com os patrões Thomas Youngblood (guitarra) e Casey Grillo (bateria), jogando para o time com solidez. Sean Tibbetts (baixo) colabora com seu excêntrico visual e carisma para a grandeza visual do espetáculo. E Oliver Palotai, bom ele é o senhor Simone Simons, e isso seria o suficiente para que mostrássemos respeito ao rapaz. Mas além disso é um tecladista talentosíssimo e que ajuda a tornar as inserções sinfônicas do som da banda mais naturais (ainda que toneladas de coisas venham sob a forma de backing tracks).

Sean e seu visual de baixista do Rob Zombie (foto por Daniel Croce)

O material escolhido para o set list é bem diversificado, e nenhum disco pós Fourth Legacy ficou de fora, o que estilisticamente faz bastante sentido. E os novos sons, como Insomnia e Revolution foram tão bem recebidas quanto petardos mais antigos como Rule The World e March of Mephisto. E nas faixas que originalmente contam com vocais femininos e/ou urrados, Alissa White-Gluz deu uma tremenda força. Aliás, a aparição da bela canadense vale uma curiosidade: seu visual e trejeitos cada vez mais cartunescos, provavelmente influência do maridão, o gorila espalhafatoso Doyle Wolfgang Von Frankenstein (Misfits), causaram alguns comentários cômicos na plateia.

Ouvi que senhorita Alissa seria:

1. a versão repaginada da Rita Repulsa dos Power Rangers ;
2. Uma das filhas de Baby Consuelo e Pepeu Gomes;
3. A filha gótica da Joelma do Calypso.

Brincadeiras à parte, Alissa tem muito talento e carisma e surpreende a capacidade da moça em sair de belos e angelicais vocais limpos para guturais gritados vindos das profundezas abissais. Certamente uma ótima adição ao espetáculo.

Rita Repulsa treinando a coreografia para o teste no Calypso (foto por Daniel Croce)
Kaverik gastando o gogó (foto por Daniel Croce)
E que diferença faz quando o artista tem o público nas mãos. Até mesmo a pouco inspirada balada Here’s To the Fall, que tinha tudo para soar anticlimática, foi efusivamente recebida. E a fase é tão boa que os caras arriscam com imenso sucesso um bis contendo duas faixas dos discos mais recentes, encerrando a intensa hora e meia de show (e com ela a perna Sul Americana da turnê) certos de que ninguém saiu decepcionado. Grande show! (NOTA 10)


Muita diversão com essa turminha do barulho! (Foto por Daniel Croce)

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