Flyer Oficial do Evento |
Refúgio no Circo
Texto
por Trevas
Fotos descabaçantes e animalescas gentilmente cedidas por Daniel Croce (Not-so-lame Pics) - obrigado, camarada!!
Domingão,
matinê, hora de dar uma checada pela primeira vez no show dos Estadunidenses do
Kamelot. Reconhecida pelo grande
poder de fogo de suas apresentações a banda está promovendo seu melhor disco em
anos (Haven, ver resenha na Cripta),
para isso contando com a abertura dos cariocas do Innocence Lost e com o
apoio da atual vocalista do Arch Enemy, a canadense Alissa White-Gluz, nos
vocais femininos e nos guturais. Claro que não tem como dar errado!
Innocence Lost
A casa ainda
apresentava um público tímido quando o quinteto carioca de Prog Metal subiu ao
palco. Mas a recepção durante os cerca de trinta minutos de show flutuou entre
respeitosa e entusiástica. Ainda bem, parece que os tempos de hostilidade do
público carioca com as bandas de abertura ficou num passado distante. Cabe ressaltar
que isso em muito se deve ao esforço da banda, que faz um som pesado, mas
repleto de elementos progressivos e sinfônicos. Ainda que todos sejam bons
músicos e demonstrassem felicidade pela recepção do público, o grande destaque
ficou mesmo para a vocalista Mari Torres,
que possui uma voz ao mesmo tempo técnica e poderosa, repleta de personalidade.
Quem curte essa praia pode procurar o material pretérito do Innocence Lost no Spotify (o Ep Human Reason, de 2012), e fique atento, pois eles tocaram alguns sons de
um novo trabalho que aparentemente está no forno. (NOTA 7)
Kamelot
Pontualidade tem sido
a tônica das apresentações gringas por aqui. Oito da noite as luzes se apagam e
lentamente os membros do Kamelot
adentram o palco, sem a pompa de seus shows com produção completa em outras
paragens, somente contando com o belo backdrop e uma iluminação para lá de
eficiente. Mas tudo bem, não precisam mesmo de mais que isso, desde os primeiros
momentos de Veil Of Elysium
ficou bastante claro que: 1. A banda é afiadíssima e o som beira a perfeição;
2. O público já estava nas mãos;
Kaverik manjando o instrumento do patrão (foto por Daniel Croce) |
Percebi que algumas pessoas ainda não sabiam que Roy Khan havia trocado a
banda por um espaço no púlpito de algum Malafaia
norueguês. E mesmo entre os que sabiam disso, muitos nunca tinham visto seu substituto,
o sueco Tommy Kaverik, em ação. Meu caso, diga-se. Mas Kaverik desmontou qualquer viúva do Roy em tempo recorde. O grandalhão parece mais aquele playboy rato
de academia que pede para revezar o supino contigo só para colocar 789
toneladas a mais e ver sua cara de poupança e derrota diante disso. E subiu ao
palco usando uma gravata. Sim, uma gravata! Brincadeiras à parte, Tommy soa perfeito tanto no material
antigo quanto no mais novo. E se um ouvido micropentelho poderia perceber uma
capacidade de interpretação ligeiramente menos dinâmica que seu antecessor, eu
responderia que Tommy em compensação
é mais constante, demonstrando precisão cirúrgica e um forte nas notas mais
altas.
"Hey, fera, já te avisei que é minha vez no supino"!! (foto por Daniel Croce) |
O restante da banda é extremamente competente, com os patrões Thomas Youngblood (guitarra) e Casey
Grillo (bateria), jogando para o
time com solidez. Sean Tibbetts (baixo) colabora com seu
excêntrico visual e carisma para a grandeza visual do espetáculo. E Oliver Palotai, bom ele é o senhor Simone
Simons, e isso seria o suficiente
para que mostrássemos respeito ao rapaz. Mas além disso é um tecladista
talentosíssimo e que ajuda a tornar as inserções sinfônicas do som da banda
mais naturais (ainda que toneladas de coisas venham sob a forma de backing
tracks).
Sean e seu visual de baixista do Rob Zombie (foto por Daniel Croce) |
O
material escolhido para o set list é bem diversificado, e nenhum disco pós Fourth Legacy ficou de fora, o que estilisticamente faz bastante sentido. E
os novos sons, como Insomnia e Revolution foram tão bem recebidas
quanto petardos mais antigos como Rule
The World e March of Mephisto. E
nas faixas que originalmente contam com vocais femininos e/ou urrados, Alissa White-Gluz deu uma tremenda
força. Aliás, a aparição da bela canadense vale uma curiosidade: seu visual e
trejeitos cada vez mais cartunescos, provavelmente influência do maridão, o
gorila espalhafatoso Doyle Wolfgang Von
Frankenstein (Misfits), causaram
alguns comentários cômicos na plateia.
Ouvi
que senhorita Alissa seria:
1.
a versão repaginada da Rita Repulsa dos Power Rangers ;
2.
Uma das filhas de Baby Consuelo e Pepeu Gomes;
3.
A filha gótica da Joelma do Calypso.
Brincadeiras à parte,
Alissa tem muito talento e carisma e
surpreende a capacidade da moça em sair de belos e angelicais vocais limpos
para guturais gritados vindos das profundezas abissais. Certamente uma ótima
adição ao espetáculo.
Rita Repulsa treinando a coreografia para o teste no Calypso (foto por Daniel Croce) |
Kaverik gastando o gogó (foto por Daniel Croce) |
E que diferença faz quando o artista tem o público nas mãos. Até mesmo a
pouco inspirada balada Here’s To the
Fall, que tinha tudo para soar anticlimática, foi efusivamente recebida. E
a fase é tão boa que os caras arriscam com imenso sucesso um bis contendo duas faixas
dos discos mais recentes, encerrando a intensa hora e meia de show (e com ela a
perna Sul Americana da turnê) certos de que ninguém saiu decepcionado. Grande
show! (NOTA 10)
Muita diversão com essa turminha do barulho! (Foto por Daniel Croce) |
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