The Cult + Candlemass + Anthrax + The 69 Eyes |
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The Cult - Hidden City |
The Cult – Hidden City (Cd
- 2016)
Inspiração Oculta
Ian Astbury, torcedor do Everton e ávido por qualquer partida de futebol disponível em sua
TV, ficou impressionado quando o argentino Tevez,
ao comemorar um gol marcado pela Juventus,
levantou sua camisa e, ao invés de exibir um anúncio comercial qualquer, exibiu os
dizeres “Ciudad oculta”, uma
referência a suas origens pobres nos subúrbios de Buenos Aires. Daí vem a
inspiração para Hidden City, segundo trabalho dos veteranos desde
que Ian anunciara que a banda não
mais gravaria um disco inteiro. Ironia do destino, se quando eles lançaram o
ótimo Choice of Weapon (ver resenha aqui) eu comemorei o fato da banda ter voltado atrás em sua decisão, dessa vez
tenho que admitir que preferia que eles tivessem abortado a ideia de lançar mais discos.
Duffy pensando "que porra esse cara está cantando?" |
A
verdade é que o material aqui parece algo sem direcionamento. Mesmo em
seus melhores momentos, como nas boas Hinterland
(ver vídeo), Dark Energy, No Love Lost e na bonitinha Birds of Paradise, esse Hidden City fica longe de ser
memorável. Os riffs de Billy Duffy estão lá, mas não parecem ser o
centro das atenções na produção errática do igualmente errático Bob Rock. E é a voz desgastada de Astbury
que puxa o barco, mas dessa vez sem o mesmo brilho dos discos anteriores. Ian parece se preocupar mais em
balbuciar suas poesias do que propriamente criar linhas melódicas de
qualidade. Um bom exemplo disso é a chata e presunçosa Deeply Ordered Chaos, que faz companhia a fraquíssima Sound And Fury na ala
desinteressante do disco. Aliás, músicas desinteressantes que se fazem presentes
em número maior do que as inspiradas, fazendo desse Hidden City o pior disco
da banda desde o equivocado “disco do bode”. Um trabalho indicado única e
exclusivamente aos fanboys mais ardorosos.
NOTA: 6,77
Indicado
para: apenas os fãs mais ardorosos;
Fuja
se: não for um fanboy;
Classifique como:
Hard Rock, Rock Alternativo
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Candlemass - Death Thy Lover |
Candlemass – Death Thy
Lover (Ep – 2016)
A Volta dos que não
Foram
Confesso, quando Leif Edling anunciou a extinção do Candlemass ao lançar Psalms For The Dead (Ver resenha aqui), eu fui um dos
tolos que acreditaram. Aquele lançamento mostrava uma banda cansada e abaixo do
potencial. Eis que, como acontece em 90% dos casos no mundo do rock, pouco
tempo depois fomos agraciados com a notícia de que não só a banda não
encerraria as atividades, como também lançaria um novo Ep. O vocalista aqui é Mats
Leven, o mesmo que vem segurando as
pontas ao vivo (muito bem, por sinal). E esse Ep de quatro faixas e pouco mais de 20 minutos é um representante
muito mais digno do poder de fogo dos Suecos do que fora Psalms.
Candlemass, quando o patrão Leif não está no departamento médico |
A
faixa título é um daqueles clássicos instantâneos, enquanto Sleeping Giant e Sinister & Sweet, se não atingem esse nível de excelência, ao menos passam
longe de serem desinteressantes. A instrumental The Goose é a típica
música que faria um fã de power metal melódico cortar os pulsos, mas que com
certeza vai conquistar os Doomheads de plantão. Enfim, não há nada de novo
aqui, Leif está pregando para os
convertidos. Mas, cara, como isso é legal!
NOTA: 8,54
Indicado
para: Fãs de metal tocado à velocidade de uma tartaruga sifilítica, mas pesado
como um elefante obeso;
Fuja
se: velocidade for o que move teu amor pelo metal;
Classifique como: Doom
Metal
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Anthrax - For All Kings |
Anthrax – For All Kings
(Cd-2016)
Jogando pelo Empate
Segundo trabalho após
o retorno de Belladonna ao Anthrax, For All Kings começa promissor, com a épica
introdução Impaler preparando o
terreno para a veloz e efetiva You Gotta
Believe. Monster At The End
também acerta o tom, com refrão bacana, ainda que soe algo repetitiva. A
bolachinha sofre a partir daí com um sério problema de alternância no padrão de
qualidade, revezando faixas boas como Suzerain
(ótimo solo do estreante Jonathan Donais), Defend/Avenge, This Battle
Chose Us e especialmente Blood Eagle
Wings (outro belo momento de Donais
e disparado a melhor música do disco, ver videoclipe), medianas como a faixa
título, All of Them Thieves e Evil Twin (primeira faixa de trabalho)
com outras bem fraquinhas, como a pentelha Breathing
Lightning (com seu rabicho instrumental irritante Breathing Out).
Anthrax vivendo dias cinzentos |
A
rifferama de Scott Ian está lá, tal
como o rolo compressor do subestimado Charlie
Benante. Frankie Bello está um
pouco afundado na mixagem e o novato Donais
reserva para os fãs solos bem feitos e funcionais. Já a produção, essa me
pareceu um pouco murcha, tal qual a atuação de Belladonna, repetitiva e algo burocrática. Ok, nunca fui grande fã
do caboclo, mas confesso que a performance dele em Worship Music havia
calado parcialmente minha boca, mostrando uma voz bem mais encorpada que no
passado. Aqui já me parece a atuação de um músico ligado no piloto automático.
Independente da produção e voz, o resultado final de For All Kings está longe de ser ruim. Mas é um
inegável passo atrás em se considerando a dobradinha We’ve Come for You All e Worship
Music.
NOTA: 7,20
Indicado
para: fãs de thrash com fortes toques de metal tradicional;
Fuja
se: preferir um thrash mais encorpado e malvado;
Classifique como: Thrash
Metal, Metal Tradicional
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The 69 Eyes - Universal Monsters |
The 69 Eyes – Universal Monsters
(Cd-2016)
De Volta Ao Goth’n’Roll
Os finlandeses do 69 Eyes viveram a gangorra comum a
muitos grupos que começam a galgar um patamar de sucesso maior que o nicho
deles comporta. A banda já havia balançado entre o Gótico e o Sleaze quando Gothic Girl se tornou febre nas rádios
e boates escandinavas. Era o som que apropria banda rotulara como Goth’n’Roll. Rapidamente o ótimo disco Blessed Be foi catapultado ao topo das
paradas de sucesso e os caras se viram transformados de um “guilty pleasure” escondido
no underground a uma banda incensada pela grande mídia. O disco seguinte, Paris Kills, manteve a toada,
garantindo um contrato bastante bom com a EMI
e uma dobradinha de discos (Devils/Angels) com ampla distribuição e
vendagem ao redor do globo.
Os Vampiros de Helsinki, chegando um pouco atrasados para a onda emo |
Daí
para frente, a banda entrou numa crise de identidade, ora buscando um certo
retorno às origens (com o bom Back In
Blood), ora apostando ainda mais no Mainstream (com o fraco X). Universal Monsters parece
ter sido pensado para trazer um certo equilíbrio à carreira da banda, e o fez
com sucesso. Se o disco começa numa toada boa, mas previsível (com a quadrilha
que começa com Dolce Vita e termina
com Lady Darkness), e ameaça desandar
de vez com a irritante Miss Pastis, é impossível resistir à
excelência do trio formado por Shalow
Graves, Jerusalem (ver vídeo) e Stiv
& Johnny – três das melhores músicas que os vampiros de Helsinki já
gravaram. Daí para frente o que viesse já seria lucro, mas Never e Blue ainda são
faixas tão bacanas que até podemos perdoar o desleixado encerramento com Rock ‘n’ Roll Junkie. Um disco bem
legal, que deve trazer os Vampiros de volta aos inferninhos ao redor do
planeta.
NOTA: 8,04
Indicado
para: fãs de Hard Rock e Gothic Rock;
Fuja
se: a idéia de um caboclo personficando Elvis cantando Gothic Rock te soar um pesadelo;
Classifique como: Gothic
Rock, Hard Rock, Goth’n’Roll