domingo, 30 de março de 2014

Dark Avenger – Tales Of Avalon (CD – 2013)

Tales Of Avalon: The Lament (2013)
Um Retorno Épico!
Por Trevas

Prólogo: long As Fucking Time Ago…

Por volta de 1995, um imberbe Trevas passava por uma fase de descobertas musicais. Depois de alguns anos consumindo cavalares doses diárias de Iron Maiden, Black Sabbath, Rainbow, Judas Priest, Dio, Ozzy e Deep Purple, era chegado o momento de buscar outros sons dentro do prolífico mundo do metal.
Freqüentando diariamente lojas como Headbanger e On Stage, e alugando os ouvidos dos infelizes vendedores, eu comecei a filtrar tudo o que podia sobre todas as bandas possíveis...dentro de um espectro ainda limitado, claro.
Nada de hair metal e estilos mais extremos para o cabeça dura do tacanho Trevas.
Comprando quantos CDs eu conseguisse com minha mesada, fiquei abismado ao descobrir que existiam bandas nacionais que faziam um som tão legal quanto as gringas.
E tome 789 shows do Dr Sin, Angra e ainda mais apresentações de bandas ainda iniciantes à época (Horizon, Allegro, Thothem, Dreadnox...) no Garage e outros redutos menos recomendados. Sempre que possível arranjava uma demo de novos grupos brasucas. Então absolutamente impressionável por vocais estratosfericamente agudos, fui apresentado por um amigo a uma demo de uma banda Brasiliense que estava dando o que falar. Essa banda teria um vocalista que conseguia cantar estratosfericamente alto, um tal Mario Linhares.
Escutei e meu queixo caiu com as quatro arrebatadoras músicas: a banda se chamava Dark Avenger. Nome de uma das músicas do Manowar, uma de minhas bandas favoritas naqueles idos. Ok, não podia ter erro, virei fã.

A Demo do Demo - Relíquia, não?
Em 1996 tive a sorte de assistir a banda no velho Circo Voador no festival Knights Of Metal (com Dreadnox e Horizon, do Renato Tribuzy, de quem eu já havia virado fã). Comprei o primeiro disco dos caras em sua prensagem inicial, com uma capa cabulosa (sabiamente modificada no relançamento) e visitei os camarins, onde consegui meu encarte devidamente autografado. Nos palcos, os caras arrasaram, e Mario destruiu com uma performance monstruosa tanto para suas músicas quanto para versões de Beyond The Black e Metal Church, da clássica banda homônima.

O disco trazia ótimas músicas de um metal que ficava entre o tradicional e o Power metal em sua vertente mais pesada, com Mario berrando seus pulmões para fora. Hoje o inglês macarrônico e a performance histriônica já não me soam tão bem, mas naquele tempo o disco foi consumido avidamente por este escriba até quase desintegrar.

Primeiro disco, capa da reedição
Muito tempo se passou até o lançamento do segundo disco, Tales Of Avalon: The Terror (2001). Nesse período eu já me interessava mais por vertentes mais modernas e/ou pesadas do metal e estava um bocado saturado de vocalizações extremamente altas, culpa da superexposição causada pela moda do Prog Metal e Metal Melódico que assolou a cena brasuca (e mundial) na segunda metade dos anos 1990. Escutei o disco apenas uma vez e não dei muita bola. Pelo que fiquei sabendo, o Dark Avenger lançou mais um EP e então encerrou suas atividades.


E eis que, ao fazer minha freqüente peregrinação por lojas de CDs atrás de lançamentos, esbarro com uma bela arte gráfica em digipack num formato não convencional. Quando li o nome da banda na caprichosa capa, não tive dúvidas, abri a carteira e peguei a bolachinha. Coloquei no som do carro, onde graças a um engarrafamento, escutei prazerosamente o disco por 4 vezes seguidas...

Arte Gráfica e Produção

Como disse anteriormente, a arte gráfica do disco impressiona bastante. Mais impressionante ainda é saber que o responsável pela mesma foi o vocalista Mario Linhares, baseado numa ilustração de Elton Fernandes. A produção musical ficou ao encargo de Tito Falaschi, que também cuidou das linhas de baixo, backing vocals e parte dos teclados. Como curiosidade, cabe ressaltar que é informado no encarte que a gravação foi realizada no longínquo ano de 2011. Não encontrei explicações para esse fato. A mixagem e masterização foram feitas em Nashville pelo renomado Michael Wagener, que já trabalhou com gente do quilate de Alice Cooper, Megadeth, Metallica e Accept. Não preciso nem dizer que o mesmo padrão de qualidade encontrado na parte gráfica também se faz presente no som. Mas de nada vale isso tudo se as composições não estiverem à altura, não é mesmo? Então vamos lá.

Tales Of Avalon: The Lament, o disco

Após um breve clima sacro criado por um coral e pelo simulacro de um órgão de igreja, somos apresentados à epicidade dos riffs de From Father To Son, faixa de abertura e um dos destaques de TOA. O arranjo lembra o approach utilizado pelos estadunidenses do Kamelot. Mario Linhares impressiona logo de cara, com o estilo mais comedido atual favorecendo seu dom inquestionável. O excelente trabalho de guitarras é uma constante, tanto nas bases quanto nos solos, cortesia da afiada dupla Leonel Valdez e Jeff Castro. O final com assobios à lá Wind Of Change não soa gratuito, ao menos aos meus ouvidos.
Doomsday Night (ver vídeo ao vivo) acelera o ritmo, com riffs bastante pesados e uma pegada boa da bateria de Kayo John, que também colabora nos vocais dessa faixa. Mais um bom refrão que gruda de imediato e só não achei tão necessário o vocal ao final, que lembra demais aqueles arranjos chatinhos do Ripper Owens.



Quebrando o estilo das primeiras músicas, The Knight On THe Hill surpreende com um riff de introdução que parece ter saído daquela fusão Hard/Heavy típica dos anos 1980 (Ozzy, Dio ou Whitesnake). Mario carrega suas linhas melódicas de influências de Geoff Tate (circa Rage For Order) de maneira brilhante, fazendo dessa faixa minha favorita do disco.  Broken Vows retoma a linha mais épica do trabalho, acrescentando doses cavalares de Doom e uma performance impressionante de Mario. Como canta o caboclo. E justiça seja feita, a era do inglês macarrônico ficou bem para trás.


Não tem muito tempo, li em algum lugar (Roadie Crew?)  Mario relatando o quanto o trabalho de Rhoy Khan no Kamelot mudara sua perspectiva vocal. Stronger Than Death exemplifica isso, soando tanto em arranjos e alguma linhas melódicas (exceto pelo refrão, bonito, por sinal) como algo que a ex-banda do Norueguês poderia bem ter assinado.

O monstro Mario Linhares
A partir daqui o nível cai um pouco. A balada semi-acústica Can You Feel It? vem sendo achincalhada em algumas resenhas lá fora por conta da adição de um coral de crianças em seu refrão final. Achei interessante e casou bem com o arranjo e temática da canção. O arranjo de guitarras de Utther Evil parece saído de algo do Memento Mori. Aqui Mario canta um pouco como no primeiro disco do Dark Avenger, mas afora as passagens de guitarra, achei a música bem abaixo das anteriores. Sicorax Scream vem em seguida com ritmo mais acelerado, mas também falha em impressionar.

A trabalhada Dead, Yet Alive retoma o padrão de qualidade da primeira metade do disco. Apresentando a bem vinda participação de Clarissa Moraes e dos irmãos Edu e Tito Falaschi nos vocais, temos aqui um dos destaques de TOA. A bela And So Be it, contando com apenas piano e voz, parece indicar um curto e melancólico encerramento. Mas então aparece a pesadíssima The Thousand Ones, uma faixa épica que abre seu caminho com um ótimo trabalho de equipe como um rolo compressor, terminando TOA em alta voltagem.

Saldo Final

Os anos longe dos holofotes fizeram muito bem ao Dark Avenger, que retornou com seu melhor e mais maduro trabalho até o momento. O disco foi lançado ao final de 2013 e é uma pena que só o tive em mãos agora, caso contrário seria presença certeira na lista de melhores do ano passado. Resta esperar que a banda tenha retornado em definitivo e que não demore mais tanto tempo para lançar discaços como este aqui.

NOTA: 8,5


Prós:
Grande trabalho de guitarras e voz, produção e arranjos certeiros, arte gráfica impecável,clima épico envolvente.

Contras:
Coral de crianças não é lá muito “troo” (apenas brincando, hehe).

Para Fãs de: Kamelot, Manowar, Manilla Road, Memento Mori

Ficha Técnica
Banda: Dark Avenger
Origem: Brasil
Disco (ano): Tales Of Avalon – The Lament (2013)
Mídia: CD
Lançamento: Rossom Records (Nacional)

Faixas (duração): 11 (54’).
1. From Father To Son; 2. Doomsday Night; 3. The Knight On The Hill; 4. Broken Vows; 5. Stronger Than Death; 6. Can You feel It?; 7. Utther Evil; 8. Sicorax Scream; 9. Dead, Yet Alive; 10. And So Be It; 11. The Thousand Ones.

Produção: Tito Falaschi
Arte de Capa: Mário Linhares (baseado em ilustração de Elton Fernandes)

Formação:
Mario Linhares – voz;
Leonel Valdez – Guitarras;
Jeff Castro – Guitarras;
Gustavo Magalhães - baixo
Kayo John– bateria.

Participações especiais:
Tito Falaschi, Edu Falaschi e Clarrissa Moraes – voz;
Tito Falaschi – baixo e teclados,
R. Schumann – teclados e violão;
Thiago Silvagomes – teclados.

2 comentários:

  1. Preciso conhecer. Metal brazuca sempre é gratificante, desde que bem feito.

    Eu, um jovem pré-decrépito-senil nunca ouvi nada deles, a priori... Hummm... Talvez em algum "Guitarras" da finada Flu FM, mas não me lembro.

    OK. Missão dada é missão cumprida. Ou não...

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  2. krill
    Pode buscar, é bastante bem feito.
    Talvez você não lembre dos caras pois ficaram fora de combate bastante tempo.
    Enfim, escute e depois diga se gostou (tenho certeza que gostará sim).
    Jundis
    T

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