quinta-feira, 6 de março de 2014

Red Dragon Cartel (CD - 2014)

Red Dragon Cartel (2014)
O Ressurgimento de um Guitar Hero
Por Trevas


Prólogo – Numa Era de Gigantes

Ao final dos anos 1970 e início da nova década, Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen foram responsáveis por uma revolução guitarrística de proporções épicas (do tamanho do ego dos dois músicos, diga-se). A cada esquina da cena rocker oitentista que dobrávamos, era impossível não esbarrar com algum talentoso aprendiz de guitar hero. Performances histriônicas, técnica apurada e muitas e muitas notas ditaram os rumos musicais daquela era.
Um dos maiores expoentes surgidos nessa leva de guitar heroes, Jake E. Lee começou sua carreira no Ratt, ganhou algum destaque apadrinhado por Ronnie James Dio junto ao Rough Cutt e, ironicamente, teve sua carreira catapultada ao ser fisgado por Sharon Osbourne para ser o escudeiro de um então rotundo Príncipe das Trevas por cinco anos a fio.

Jake tomando um pescotapa do Príncipe Roliço Das Trevas
Com Ozzy como patrão, Jake gravou Bark At The Moon e The Ultimate Sin, trabalhos que flertaram um bocado com a musicalidade Hair Metal tão em voga e abocanharam uma série de discos de platina. Após cinco anos de serviços prestados, uma carta de Sharon surpreendentemente pôs fim ao ciclo de Jake junto ao comedor de morcegos.


Sem perder tempo, Jake se junto a Eric Singer (bateria) e Ray Gillen e formou o combo de blues rock Badlands. Recebido como um supergrupo, o Badlands falhou em transformar em $$ a expectativa criada, lançando dois bons discos e logo depois sumindo do mapa.


Como sempre acontece no mundo do rock, a  próxima onda musical trazida pelos anos 1990 representaria uma reação aos excessos da cena anterior. O Grunge com sua estrutura musical e temática dark e simplista terminou por sepultar a carreira de muitos guitar heores, e não foi diferente com Jake E. Lee. Salvo raras aparições e um disco solo, pouco ou nada se ouviu falar sobre o talentoso guitarrista. Até agora!

Formando o Cartel
R. Bernard Mann, vulgo Ronnie Mancuso, produtor musical e integrante do grupo oitentista Beggars & Thieves foi o primeiro parceiro escolhido por Jake para seu retorno às atividades. A parceria na verdade fora talhada após a participação de Jake em uma música de um dos discos do B&T. Os outros dois membros do então intitulado Jake E. Lee’s Red Dragon Cartel, o britânico Darren James Smith (vocais) e o canadense Jonas Fairley (bateria) foram escolhidos dentro dos muitos músicos que responderam a anúncios de Jake em midias sociais. Para capitanear a mixagem e masterização, Kevin Churko (que trabalhou com Ozzy em seus últimos discos) foi chamado. Diante do plantel de desconhecidos, Lee resolveu convidar alguns músicos de destaque, alguns veteranos da cena, outros que estão na crista da onda atualmente. O resultado veio sob a forma de um disco auto intitulado: Red Dragon Cartel.

Red Dragon Cartel - Fairley, Smith, Lee e Mancuso
E o Dragão Grita
A produção estupenda leva a nossos ouvidos de imediato um riff que faz uma singela homenagem aos trabalhos de Lee com Ozzy, Deceived (ver vídeo) é certamente o material no disco que mais se assemelha aos anos de Lee com o príncipe das trevas. Mas se engana quem acredita que a bolachinha é ditada por um clima de nostalgia – existe um equilíbrio prontamente percebido entre modernidade e tradicionalismo aqui. Darren James Smith tem uma boa voz, talvez um pouco comum demais em se tratando de hard rock. Já o trabalho de bateria e baixo serve prontamente à faixa com louvor. Bom, e Jake? Esse continua esmerilhando sua guitarra, como salutarmente o fará ao longo de todo o disco.



A segunda faixa, Shout It Out, mostra bem claramente a visão moderna de hard rock que Lee aparentemente pretende seguir. Infelizmente promete mais do que cumpre, em especial pelo refrão repetitivo. A primeira participação especial vocal vem em Feeder (ver vídeo), faixa de trabalho que conta com o indefectível Robin Zander, do Cheap Trick. Com nenhuma referência à banda de origem de Robin e excelente trabalho de Lee, Feeder é certamente um dos destaques do disco.



A balada Fall From The Sky (Seagull) serve como cartão de visita para o competente Darren James Smith e é apenas bacaninha. Obviamente não preciso nem dizer que conta com ótimos solos do patrão, não? Já a segunda participação especial nos vocais vem sob a rotunda forma de um dos mais infames membros da torcida Gaviões da Fiel: Paul Di’Anno. Wasted traz os vocais para lá de gastos (e quase irreconhecíveis) do britânico, numa faixa com uma agradável pegada oitentista.

Jake E Lee 2014
Com riffs pesadíssimos, quebradeira na cozinha (que traz participação de Rex Brown) e ótima performance de Darren nas linhas vocais, Slave (ver vídeo) é mais um dos destaques do disco. A bela Maria Brink, vocalista do In This Moment (grupo de metalcore de sucesso nos EUA) assume os microfones com sua rouquidão habitual na moderna e boa Big Mouth.



War Machine dá prosseguimento com uma toada Doom que parece querer homenagear War Pigs, logo emendando com um riff que lembra N.I.B. e uma linha melódica que poderia bem ter sido cantada por Ozzy. Uma boa música, por detrás de todas as referências citadas. Quem estava sentindo falta de qualquer referência ao Badlands vai se deliciar com Redeem Me, cantada magistralmente pela Britânica radicada no Canadá Sass Jordan, em sua melhor personificação do saudoso Ray Gillen. A edição usual do disco encerra com uma curta peça de piano, que diz o encarte, teria sido a primeira composição de Lee, quando este tinha 6 anos de idade e não passava de um aluno de piano clássico. A edição limitada traz como bônus uma versão “acústica” para Feeder. Com arranjo interessante e puxado para o psicodelismo e contendo Darren na vaga de Zander, a versão bônus é interessante o suficiente para não ser considerada desnecessária.

Saldo Final
O disco de retorno de Jake E Lee é muito bem produzido e traz um punhado de canções boas e muito bem executadas. A inclusão de vários músicos convidados com estilos distintos, apesar de bem vinda a princípio, acabou por deixar o disco por vezes soando como um “catadão”. Mas ainda assim, esse Red Dragon Cartel é um “catadão” de respeito. Resta torcer pela continuidade da banda, para não ficarmos mais tanto tempo alijados dos talentos de Mr. Lee.

NOTA: 7,5

Prós:
Jake E Lee continua afiado como guitarrista e compositor. Boas participações especiais.

Contras:
Um vocalista bastante comum e a falta de homogeneidade do material.

Para Fãs de: Ozzy e Alice Cooper

Ficha Técnica
Banda: Red Dragon Cartel
Origem: EUA
Disco (ano): Red Dragon Cartel (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Marquee (importado)

Faixas (duração): 11 (49’). 10 faixas na versão comum
1. Deceived; 2. Shout It out; 3. Feeder; 4. Fall From The Sky (Seagull); 5. Wasted; 6.Slave; 7. Big Mouth; 8. War Machine; 9. Redeem Me; 10. Exquisite Tenderness; 11. Feeder (Acoustic Version)*.
* Bonus Track

Produção: R. Bernard Mann, Jake E. Lee
Arte de Capa: Hugh Gilmour

Formação:
Darren James Smith – voz;
Jake E. Lee – Guitarras;
Ronnie Mancuso – baixo, teclados, voz;
Jonas Fairley – bateria, voz.

Participações especiais: Robin Zander, Maria Brink, Paul Dianno e Sass Jordan - voz

2 comentários:

  1. Há que se saudar o retorno de Jake. É (e continua sendo) certamente um estupendo guitarrista.

    Mas o vocal... Ah... O vocal...

    Circula pela rede um vídeo - supostamente de divulgação da banda - deles ao vivo. Bark at the moon é desossada de forma absurda! E dá pra ver que o Jake está MUITO PUTO com o show de erros e desafinos do cabrunco, que ousou dizer ter errado tanto por "estar nervoso e ter a responsabilidade de encarar um palco ao lado do Jake E. Lee, levando Ozzy"... Está obviamente de sacanagem...

    Acho bom ele arrumar um vocalista DE VERDADE, ou então acabará sumindo do mapa de novo. This time, for good...

    Abraços por trás!

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  2. Fala Krill
    Esse vídeo está causando um estrago mesmo, hehehehe
    Mais ofensivo que o show de desafinadas é o cabra sem camisa com uma barriga de fazer inveja ao sessentão Ozzy...hehe
    Mas Jake logo arranjará um novo vocalista, pelo jeito. É o preço que se paga ao dar a chance para um amador. Pode dar certo, mas...
    Abracetas
    T

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