Red Dragon Cartel (2014) |
O
Ressurgimento de um Guitar Hero
Por Trevas
Prólogo
– Numa Era de Gigantes
Ao final dos anos 1970 e início da
nova década, Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen foram responsáveis por
uma revolução guitarrística de proporções épicas (do tamanho do ego dos dois
músicos, diga-se). A cada esquina da cena rocker oitentista que dobrávamos, era
impossível não esbarrar com algum talentoso aprendiz de guitar hero. Performances
histriônicas, técnica apurada e muitas e muitas notas ditaram os rumos musicais
daquela era.
Um dos maiores expoentes surgidos nessa leva de
guitar heroes, Jake E. Lee começou
sua carreira no Ratt, ganhou algum
destaque apadrinhado por Ronnie James
Dio junto ao Rough Cutt e,
ironicamente, teve sua carreira catapultada ao ser fisgado por Sharon Osbourne para ser o escudeiro de
um então rotundo Príncipe das Trevas por cinco anos a fio.
Jake tomando um pescotapa do Príncipe Roliço Das Trevas |
Com Ozzy
como patrão, Jake gravou Bark At The Moon e The Ultimate Sin, trabalhos que flertaram um bocado com a
musicalidade Hair Metal tão em voga e abocanharam uma série de discos de
platina. Após cinco anos de serviços prestados, uma carta de Sharon surpreendentemente pôs fim ao
ciclo de Jake junto ao comedor de
morcegos.
Sem perder tempo, Jake se junto a Eric Singer
(bateria) e Ray Gillen e formou o
combo de blues rock Badlands. Recebido
como um supergrupo, o Badlands
falhou em transformar em $$ a expectativa criada, lançando dois bons discos e
logo depois sumindo do mapa.
Como sempre acontece no mundo do rock, a próxima onda musical trazida pelos anos 1990 representaria
uma reação aos excessos da cena anterior. O Grunge com sua estrutura musical e
temática dark e simplista terminou por sepultar a carreira de muitos guitar
heores, e não foi diferente com Jake E.
Lee. Salvo raras aparições e um disco solo, pouco ou nada se ouviu falar
sobre o talentoso guitarrista. Até agora!
Formando
o Cartel
R.
Bernard Mann, vulgo Ronnie
Mancuso, produtor musical e integrante do grupo oitentista Beggars & Thieves foi o primeiro
parceiro escolhido por Jake para seu
retorno às atividades. A parceria na verdade fora talhada após a participação
de Jake em uma música de um dos
discos do B&T. Os outros dois
membros do então intitulado Jake E. Lee’s
Red Dragon Cartel, o britânico Darren
James Smith (vocais) e o canadense Jonas
Fairley (bateria) foram escolhidos dentro dos muitos músicos que
responderam a anúncios de Jake em midias
sociais. Para capitanear a mixagem e masterização, Kevin Churko (que trabalhou com Ozzy em seus últimos discos) foi chamado. Diante do plantel de
desconhecidos, Lee resolveu convidar
alguns músicos de destaque, alguns veteranos da cena, outros que estão na
crista da onda atualmente. O resultado veio sob a forma de um disco auto
intitulado: Red Dragon Cartel.
Red Dragon Cartel - Fairley, Smith, Lee e Mancuso |
E
o Dragão Grita
A produção estupenda leva a nossos ouvidos de
imediato um riff que faz uma singela homenagem aos trabalhos de Lee com Ozzy, Deceived (ver
vídeo) é certamente o material no disco que mais se assemelha aos anos de Lee com o príncipe das trevas. Mas se
engana quem acredita que a bolachinha é ditada por um clima de nostalgia –
existe um equilíbrio prontamente percebido entre modernidade e tradicionalismo
aqui. Darren James Smith tem uma boa
voz, talvez um pouco comum demais em se tratando de hard rock. Já o trabalho de
bateria e baixo serve prontamente à faixa com louvor. Bom, e Jake? Esse continua esmerilhando sua
guitarra, como salutarmente o fará ao longo de todo o disco.
A segunda faixa, Shout It Out, mostra bem claramente a visão moderna de hard rock
que Lee aparentemente pretende
seguir. Infelizmente promete mais do que cumpre, em especial pelo refrão repetitivo.
A primeira participação especial vocal vem em Feeder (ver vídeo), faixa de trabalho que conta com o indefectível Robin Zander, do Cheap Trick. Com nenhuma referência à banda de origem de Robin e excelente trabalho de Lee, Feeder é certamente um dos destaques do disco.
A balada Fall
From The Sky (Seagull) serve como cartão de visita para o competente Darren James Smith e é apenas bacaninha.
Obviamente não preciso nem dizer que conta com ótimos solos do patrão, não? Já
a segunda participação especial nos vocais vem sob a rotunda forma de um dos
mais infames membros da torcida Gaviões da Fiel: Paul Di’Anno. Wasted
traz os vocais para lá de gastos (e quase irreconhecíveis) do britânico, numa
faixa com uma agradável pegada oitentista.
Jake E Lee 2014 |
Com riffs pesadíssimos, quebradeira na cozinha (que
traz participação de Rex Brown) e
ótima performance de Darren nas
linhas vocais, Slave (ver vídeo) é
mais um dos destaques do disco. A bela Maria
Brink, vocalista do In This Moment
(grupo de metalcore de sucesso nos EUA) assume os microfones com sua rouquidão
habitual na moderna e boa Big Mouth.
War
Machine dá prosseguimento com uma toada Doom que parece querer homenagear War Pigs, logo emendando com um riff
que lembra N.I.B. e uma linha
melódica que poderia bem ter sido cantada por Ozzy. Uma boa música, por detrás de todas as referências citadas. Quem
estava sentindo falta de qualquer referência ao Badlands vai se deliciar com Redeem
Me, cantada magistralmente pela Britânica radicada no Canadá Sass Jordan, em sua melhor
personificação do saudoso Ray Gillen.
A edição usual do disco encerra com uma curta peça de piano, que diz o encarte,
teria sido a primeira composição de Lee,
quando este tinha 6 anos de idade e não passava de um aluno de piano clássico. A
edição limitada traz como bônus uma versão “acústica” para Feeder. Com arranjo interessante e puxado para o psicodelismo e
contendo Darren na vaga de Zander, a versão bônus é interessante o
suficiente para não ser considerada desnecessária.
Saldo
Final
O disco de retorno de Jake E Lee é muito bem produzido e traz
um punhado de canções boas e muito bem executadas. A inclusão de vários músicos
convidados com estilos distintos, apesar de bem vinda a princípio, acabou por
deixar o disco por vezes soando como um “catadão”. Mas ainda assim, esse Red Dragon Cartel é um “catadão” de
respeito. Resta torcer pela continuidade da banda, para não ficarmos mais tanto
tempo alijados dos talentos de Mr. Lee.
NOTA:
7,5
Prós:
Jake E Lee continua afiado como
guitarrista e compositor. Boas participações especiais.
Contras:
Um vocalista bastante comum e a
falta de homogeneidade do material.
Para Fãs de: Ozzy e Alice Cooper
Ficha Técnica
Banda: Red Dragon Cartel
Origem: EUA
Site Oficial: http://reddragoncartel.com/
Disco (ano): Red Dragon Cartel (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Marquee (importado)
Faixas (duração): 11 (49’). 10
faixas na versão comum
1. Deceived; 2. Shout It out; 3. Feeder; 4. Fall From The Sky (Seagull);
5. Wasted; 6.Slave; 7. Big Mouth; 8. War Machine; 9. Redeem Me; 10. Exquisite
Tenderness; 11. Feeder (Acoustic Version)*.
* Bonus Track
Produção: R. Bernard Mann, Jake E.
Lee
Arte de Capa: Hugh Gilmour
Formação:
Darren James Smith – voz;
Jake E. Lee – Guitarras;
Ronnie Mancuso – baixo, teclados,
voz;
Jonas Fairley – bateria, voz.
Participações especiais: Robin
Zander, Maria Brink, Paul Dianno e Sass Jordan - voz
Há que se saudar o retorno de Jake. É (e continua sendo) certamente um estupendo guitarrista.
ResponderExcluirMas o vocal... Ah... O vocal...
Circula pela rede um vídeo - supostamente de divulgação da banda - deles ao vivo. Bark at the moon é desossada de forma absurda! E dá pra ver que o Jake está MUITO PUTO com o show de erros e desafinos do cabrunco, que ousou dizer ter errado tanto por "estar nervoso e ter a responsabilidade de encarar um palco ao lado do Jake E. Lee, levando Ozzy"... Está obviamente de sacanagem...
Acho bom ele arrumar um vocalista DE VERDADE, ou então acabará sumindo do mapa de novo. This time, for good...
Abraços por trás!
Fala Krill
ResponderExcluirEsse vídeo está causando um estrago mesmo, hehehehe
Mais ofensivo que o show de desafinadas é o cabra sem camisa com uma barriga de fazer inveja ao sessentão Ozzy...hehe
Mas Jake logo arranjará um novo vocalista, pelo jeito. É o preço que se paga ao dar a chance para um amador. Pode dar certo, mas...
Abracetas
T