Axel Rudi Pell - Into The Storm (2014) |
Um
“Mais do Mesmo” Dos Bons
Por Trevas
Prólogo
– Um Rebento de Blackmore e Schenker
Egresso do grupo de hard/heavy oitentista Steeler, o guitarrista alemão Axel Rudi Pell iniciou as atividades de
sua banda homônima em 1989, levando consigo o baixista Volker Krawczak. Além do ex-companheiro de Steeler, Axel recrutou Jörg Michael (bateria, então no Running Wild) e o vocalista Charlie Huhn (que já havia sentido o
gosto da fama com Gary Moore e Ted Nugent e estrelado uma versão
picareta do Humble Pie). O disco
oriundo dessa formação, Wild Obssession,
não chegou a chamar muito a atenção, apostando num hard/heavy típico de seu
tempo.
Axel Rudi Pell - seria ele fruto do cruzamento entre Blackmore e um espantalho? |
O nível começou a subir com Nasty Reputation (1991), já contando com o vocalista do Impelliteri, Rob Rock. E se foi em Eternal
Prisioner (1992) que a banda encontrou sua voz no fenômeno Jeff Scott Soto (recém egresso da banda
de Yngwie Malmsteen), só foi de fato
encontrar seu som em definitivo no disco seguinte, Between The Walls (1994). O som de Axel Rudi Pell, a banda, é calcado num hard/heavy épico, que emula
com perfeição o Rainbow, da
principal influência de Axel, o
guitarrista, Ritchie Blackmore
(somado a pitadas de influência do conterrâneo Michael Schenker). Tal como Malmsteen,
Axel imita o temperamental mago
inglês das guitarras em equipamentos, vestimentas e pose. Mas ao contrário do
Sueco ególatra, Axel é um
guitarrista comedido e patrão generoso, bastante distante de poder ser chamado
de um virtuose, seu jogo está muito mais centrado em boas composições do que em
peripécias guitarrísticas repletas de notas à velocidade da luz.
Seguiu-se uma série de discos bem sucedidos
contando com Jeff nos vocais, aproveitando
a onda de sucesso que o power metal viveu em meados dos anos 1990. Mas então a
parceria foi rompida, com Axel recrutando
o americano Johnny Gioeli para
capitanear o microfone. Vocalista do Hardline,
Johnny pode ser considerado perfeito
para o estilo do guitarrista alemão, e a parceria nova tornou-se um sucesso tão
grande quanto a anterior. Axel Rudi Pell
sobreviveu à derrocada do Power metal ao final dos anos 1990, vivendo como uma
banda Cult a quem os fãs ávidos por um metal old school podem sempre recorrer
em momentos de saudosismo.
Mas se o estilo próprio e imutável
garantiram ao alemão uma penca de fãs fieis e respeito na ala mais conservadora
da cena, também rendeu críticas duras. Muita gente acusa a banda de escrever e
lançar o mesmo disco de novo e de novo e de novo.
De fato, novidades no som do Axel Rudi Pell são escassas e muito
pontuais, e tal como ocorre com grupos que sofrem do mesmo “mal”, como Motörhead e AC/DC, o diferencial entre um disco e outro do alemão reside no
grau de inspiração dos músicos. Então Axel
entrelaça discos muito inspirados (Mystica,
Shadow Zone) com outros que resvalam
na sonolência (Kings And Queens, The Crest). O lançamento de 2012, Circle Of The Oath, se mostrou um dos
mais legais da carreira da banda, e gerou uma certa expectativa para seu
sucessor, esse Into The Storm.
Encruando
a Fórmula
Como já é tradição, uma introdução
para lá de climática prepara o terreno para a sempre bombástica faixa de
abertura. Ok. O de praxe. Só esqueceram de avisar a Tower Of Lies que ela deveria soar como tal. Uma faixa para lá de
pálida se comparamos com coisas como Edge
Of the World, Ghost In The Black
e outras pérolas que inauguraram discos passados da banda. Mas nela já
percebe-se uma tendência que faz com que o disco atual soe um pouco diferente
dos últimos. As guitarras estão mais cortantes, com riffs mais crus, em
contraste com o feeling classic rock de Circle
Of the Oath.
Long
Way To Go introduz um riff que parece saído do disco Sacred Heart do Dio. As boas viradas do estreante veterano Bobby Rondinelli (Rainbow,
Riot, Quiet Riot, Doro, Blue Oyster Cult e mais “trocentas”
bandas), somados a ótimas melodias de Gioeli
nos apresentam a primeira pérola do disco.
Rondinelli, Doernberg, Pell, Gioeli e Krawkzak |
Burning Chains,
com sua pegada totalmente Rainbow
(cortesia dos teclados de Ferdy
Doernberg) é bem sucedida onde Tower
Of Lies falhou e deveria ter sido escolhida a faixa de abertura. Presença
certa nos shows da próxima turnê. When
Truth Hurts mostra outra faceta que inspirou o sucesso de Axel, a mão certeira para Power-ballads.
Os solos melodiosos e que podem bem ser cantados são a herança bem vinda que Michael Schenker deixou no som de seu
compatriota, outra marca registrada da carreira de Axel.
Outra que bem poderia ter sido utilizada como
faixa de abertura, a excelente Changing
Times é anunciada por um riff que remete a Lovedrive, do Scorpions,
mostrando novamente aquela pegada mais crua nas guitarras que diferenciam esse
disco dos anteriores. Mais um riff inspirado e cru aparece após a fraca
introdução de Touching Heaven,
salvando a faixa do que parecia um fracasso retumbante e a levando a ser um dos
destaques do material, com seu bom refrão e andamento épico.
High Above
evidencia o que considero ser disparado o ponto fraco da banda, as letras caricatas
e repletas de clichês de Power metal. Nesse momento me pergunto o porquê do
alemão não deixar o ofício de escrever as letras para o americano Gioeli, acho impossível que ele não
consiga aparecer com algo melhor do que “Flying
High above on the wings of a rainbow” e melecas afins. Mas apesar da letra,
High Above é uma música bem bacana. Como
que para mostrar que não é o único a escrever letras idiotas, Axel escolheu coverizar Hey Hey My My, de Neil Young. Absolutamente deslocada do restante do material, a
versão metalizada de Mr. Young na
melhor das hipóteses soa desnecessária. A épica faixa título encerra a edição
normal do disco sem chamar muito a atenção e com parte do refrão lembrando
demais Circle Of the Oath. Na edição
limitada o disco termina de maneira bem mais inspirada, com uma boa
instrumental (White Cats) seguida de
uma ótima rendição para Way To Mandalay,
do subestimado Blackmore’s Night.
Saldo
Final
Seguindo a tradição, Into The Storm não apresenta grandes
mudanças ao famigerado som da banda. Quem nunca foi fã não encontrará nada aqui
que ocasione uma mudança de opinião. Já os fãs do alemão, esses podem escutar o
novo disco sem medo: Into The Storm pode
ser mais do mesmo, mas é um mais do mesmo dos bons!
NOTA:
8
Prós:
O mago alemão estava inspirado nos
riffs, dessa vez mais crus. Gioeli continua cantando muito e Rondinelli substituiu
Mike Terrana com louvor.
Contras:
Nada de novo no front, para variar,
o que pode cansar...ah, isso e Hey Hey My My...
Para Fãs de: Rainbow, MSG, Scorpions
Ficha Técnica
Banda: Axel Rudi Pell
Origem: Alemanha
Site Oficial: http://www.axel-rudi-pell.de/
Disco (ano): Into The Storm (2014)
Mídia: CD
Lançamento: SPV (importado)
Faixas (duração): 12 (62’). 10
faixas na versão comum
1. The Inquisitional Procedure; 2. Tower Of Lies; 3. Long Way To Go; 4. Burning
Chains; 5. When Truth Hurts; 6. Changing Times; 7. Touching Heaven; 8. High
Above; 9. Hey Hey My My; 10. Into The Storm; 11. White Cats*; 12. Way To
Mandalay*.
* Bonus Tracks
Produção: Axel Rudi Pell + Charlie Bauerfeind
Arte de Capa: Martin McKenna
Formação:
Johnny Gioeli – voz;
Axel Rudi Pell – Guitarras;
Ferdy Doernberg – teclados;
Volker Krawczak - baixo
Bobby Rondinelli– bateria.
Hehehe... Não vi NENHUM problema com "Flying High Above on the Wings of a Rainbow"... Você se besunta de óleo e coloca sua tanga de couro toda vez que vai ouvir Manowar...
ResponderExcluirO alemão aí é meio piroca das ideias, mas é um piroca controlado... Longe das sequelas blackmorescas ou malmsteenianas...
Abraço!
WHAHAHHAHA, realmente comparado ao bestiário Manowaresco, rimar sky com fly 789x por disco não causa estranheza.
ExcluirJundis
T
Bom, nota 7, destaque para Changing Times.
ResponderExcluirPipi!
ExcluirAgora sim aparece como sendo vossa senhoria, e não como algum conselho obscuro, hehe
Changing Times é boa mesmo. E eu mesmo costumo dizer que os discos do Axel Rudi Pell são sempre nota 7, cravados, hehehhe...esse aqui achei um pouco acima da média do alemão. O anterior (Circle Of The Oath) é talvez um dos melhores da carreira do cara.
jundis e bem vindo
T