sábado, 1 de março de 2014

Axel Rudi Pell – Into The Storm (CD - 2014)

Axel Rudi Pell - Into The Storm (2014)
Um “Mais do Mesmo” Dos Bons
Por Trevas


Prólogo – Um Rebento de Blackmore e Schenker

Egresso do grupo de hard/heavy oitentista Steeler, o guitarrista alemão Axel Rudi Pell iniciou as atividades de sua banda homônima em 1989, levando consigo o baixista Volker Krawczak. Além do ex-companheiro de Steeler, Axel recrutou Jörg Michael (bateria, então no Running Wild) e o vocalista Charlie Huhn (que já havia sentido o gosto da fama com Gary Moore e Ted Nugent e estrelado uma versão picareta do Humble Pie). O disco oriundo dessa formação, Wild Obssession, não chegou a chamar muito a atenção, apostando num hard/heavy típico de seu tempo.

Axel Rudi Pell - seria ele fruto do cruzamento entre Blackmore e um espantalho?
O nível começou a subir com Nasty Reputation (1991), já contando com o vocalista do Impelliteri, Rob Rock. E se foi em Eternal Prisioner (1992) que a banda encontrou sua voz no fenômeno Jeff Scott Soto (recém egresso da banda de Yngwie Malmsteen), só foi de fato encontrar seu som em definitivo no disco seguinte, Between The Walls (1994). O som de Axel Rudi Pell, a banda, é calcado num hard/heavy épico, que emula com perfeição o Rainbow, da principal influência de Axel, o guitarrista, Ritchie Blackmore (somado a pitadas de influência do conterrâneo Michael Schenker). Tal como Malmsteen, Axel imita o temperamental mago inglês das guitarras em equipamentos, vestimentas e pose. Mas ao contrário do Sueco ególatra, Axel é um guitarrista comedido e patrão generoso, bastante distante de poder ser chamado de um virtuose, seu jogo está muito mais centrado em boas composições do que em peripécias guitarrísticas repletas de notas à velocidade da luz.


Seguiu-se uma série de discos bem sucedidos contando com Jeff nos vocais, aproveitando a onda de sucesso que o power metal viveu em meados dos anos 1990. Mas então a parceria foi rompida, com Axel recrutando o americano Johnny Gioeli para capitanear o microfone. Vocalista do Hardline, Johnny pode ser considerado perfeito para o estilo do guitarrista alemão, e a parceria nova tornou-se um sucesso tão grande quanto a anterior. Axel Rudi Pell sobreviveu à derrocada do Power metal ao final dos anos 1990, vivendo como uma banda Cult a quem os fãs ávidos por um metal old school podem sempre recorrer em momentos de saudosismo.


Mas se o estilo próprio e imutável garantiram ao alemão uma penca de fãs fieis e respeito na ala mais conservadora da cena, também rendeu críticas duras. Muita gente acusa a banda de escrever e lançar o mesmo disco de novo e de novo e de novo.
De fato, novidades no som do Axel Rudi Pell são escassas e muito pontuais, e tal como ocorre com grupos que sofrem do mesmo “mal”, como Motörhead e AC/DC, o diferencial entre um disco e outro do alemão reside no grau de inspiração dos músicos. Então Axel entrelaça discos muito inspirados (Mystica, Shadow Zone) com outros que resvalam na sonolência (Kings And Queens, The Crest). O lançamento de 2012, Circle Of The Oath, se mostrou um dos mais legais da carreira da banda, e gerou uma certa expectativa para seu sucessor, esse Into The Storm.


Encruando a Fórmula
Como já é tradição, uma introdução para lá de climática prepara o terreno para a sempre bombástica faixa de abertura. Ok. O de praxe. Só esqueceram de avisar a Tower Of Lies que ela deveria soar como tal. Uma faixa para lá de pálida se comparamos com coisas como Edge Of the World, Ghost In The Black e outras pérolas que inauguraram discos passados da banda. Mas nela já percebe-se uma tendência que faz com que o disco atual soe um pouco diferente dos últimos. As guitarras estão mais cortantes, com riffs mais crus, em contraste com o feeling classic rock de Circle Of the Oath.

Long Way To Go introduz um riff que parece saído do disco Sacred Heart do Dio. As boas viradas do estreante veterano Bobby Rondinelli (Rainbow, Riot, Quiet Riot, Doro, Blue Oyster Cult e mais “trocentas” bandas), somados a ótimas melodias de Gioeli nos apresentam a primeira pérola do disco.

Rondinelli, Doernberg, Pell, Gioeli e Krawkzak
Burning Chains, com sua pegada totalmente Rainbow (cortesia dos teclados de Ferdy Doernberg) é bem sucedida onde Tower Of Lies falhou e deveria ter sido escolhida a faixa de abertura. Presença certa nos shows da próxima turnê. When Truth Hurts mostra outra faceta que inspirou o sucesso de Axel, a mão certeira para Power-ballads. Os solos melodiosos e que podem bem ser cantados são a herança bem vinda que Michael Schenker deixou no som de seu compatriota, outra marca registrada da carreira de Axel.


Outra que bem poderia ter sido utilizada como faixa de abertura, a excelente Changing Times é anunciada por um riff que remete a Lovedrive, do Scorpions, mostrando novamente aquela pegada mais crua nas guitarras que diferenciam esse disco dos anteriores. Mais um riff inspirado e cru aparece após a fraca introdução de Touching Heaven, salvando a faixa do que parecia um fracasso retumbante e a levando a ser um dos destaques do material, com seu bom refrão e andamento épico.


High Above evidencia o que considero ser disparado o ponto fraco da banda, as letras caricatas e repletas de clichês de Power metal. Nesse momento me pergunto o porquê do alemão não deixar o ofício de escrever as letras para o americano Gioeli, acho impossível que ele não consiga aparecer com algo melhor do que “Flying High above on the wings of a rainbow” e melecas afins. Mas apesar da letra, High Above é uma música bem bacana. Como que para mostrar que não é o único a escrever letras idiotas, Axel escolheu coverizar Hey Hey My My, de Neil Young. Absolutamente deslocada do restante do material, a versão metalizada de Mr. Young na melhor das hipóteses soa desnecessária. A épica faixa título encerra a edição normal do disco sem chamar muito a atenção e com parte do refrão lembrando demais Circle Of the Oath. Na edição limitada o disco termina de maneira bem mais inspirada, com uma boa instrumental (White Cats) seguida de uma ótima rendição para Way To Mandalay, do subestimado Blackmore’s Night.

Saldo Final
Seguindo a tradição, Into The Storm não apresenta grandes mudanças ao famigerado som da banda. Quem nunca foi fã não encontrará nada aqui que ocasione uma mudança de opinião. Já os fãs do alemão, esses podem escutar o novo disco sem medo: Into The Storm pode ser mais do mesmo, mas é um mais do mesmo dos bons!

NOTA: 8

Prós:
O mago alemão estava inspirado nos riffs, dessa vez mais crus. Gioeli continua cantando muito e Rondinelli substituiu Mike Terrana com louvor.

Contras:
Nada de novo no front, para variar, o que pode cansar...ah, isso e Hey Hey My My...

Para Fãs de: Rainbow, MSG, Scorpions

Ficha Técnica
Banda: Axel Rudi Pell
Origem: Alemanha
Disco (ano): Into The Storm (2014)
Mídia: CD
Lançamento: SPV (importado)

Faixas (duração): 12 (62’). 10 faixas na versão comum
1. The Inquisitional Procedure; 2. Tower Of Lies; 3. Long Way To Go; 4. Burning Chains; 5. When Truth Hurts; 6. Changing Times; 7. Touching Heaven; 8. High Above; 9. Hey Hey My My; 10. Into The Storm; 11. White Cats*; 12. Way To Mandalay*.
* Bonus Tracks

Produção: Axel Rudi Pell + Charlie Bauerfeind
Arte de Capa: Martin McKenna

Formação:
Johnny Gioeli – voz;
Axel Rudi Pell – Guitarras;
Ferdy Doernberg – teclados;
Volker Krawczak - baixo
Bobby Rondinelli– bateria.

4 comentários:

  1. Hehehe... Não vi NENHUM problema com "Flying High Above on the Wings of a Rainbow"... Você se besunta de óleo e coloca sua tanga de couro toda vez que vai ouvir Manowar...

    O alemão aí é meio piroca das ideias, mas é um piroca controlado... Longe das sequelas blackmorescas ou malmsteenianas...

    Abraço!

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    1. WHAHAHHAHA, realmente comparado ao bestiário Manowaresco, rimar sky com fly 789x por disco não causa estranheza.
      Jundis
      T

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  2. Bom, nota 7, destaque para Changing Times.

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    1. Pipi!
      Agora sim aparece como sendo vossa senhoria, e não como algum conselho obscuro, hehe
      Changing Times é boa mesmo. E eu mesmo costumo dizer que os discos do Axel Rudi Pell são sempre nota 7, cravados, hehehhe...esse aqui achei um pouco acima da média do alemão. O anterior (Circle Of The Oath) é talvez um dos melhores da carreira do cara.
      jundis e bem vindo
      T

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