domingo, 30 de março de 2014

Dark Avenger – Tales Of Avalon (CD – 2013)

Tales Of Avalon: The Lament (2013)
Um Retorno Épico!
Por Trevas

Prólogo: long As Fucking Time Ago…

Por volta de 1995, um imberbe Trevas passava por uma fase de descobertas musicais. Depois de alguns anos consumindo cavalares doses diárias de Iron Maiden, Black Sabbath, Rainbow, Judas Priest, Dio, Ozzy e Deep Purple, era chegado o momento de buscar outros sons dentro do prolífico mundo do metal.
Freqüentando diariamente lojas como Headbanger e On Stage, e alugando os ouvidos dos infelizes vendedores, eu comecei a filtrar tudo o que podia sobre todas as bandas possíveis...dentro de um espectro ainda limitado, claro.
Nada de hair metal e estilos mais extremos para o cabeça dura do tacanho Trevas.
Comprando quantos CDs eu conseguisse com minha mesada, fiquei abismado ao descobrir que existiam bandas nacionais que faziam um som tão legal quanto as gringas.
E tome 789 shows do Dr Sin, Angra e ainda mais apresentações de bandas ainda iniciantes à época (Horizon, Allegro, Thothem, Dreadnox...) no Garage e outros redutos menos recomendados. Sempre que possível arranjava uma demo de novos grupos brasucas. Então absolutamente impressionável por vocais estratosfericamente agudos, fui apresentado por um amigo a uma demo de uma banda Brasiliense que estava dando o que falar. Essa banda teria um vocalista que conseguia cantar estratosfericamente alto, um tal Mario Linhares.
Escutei e meu queixo caiu com as quatro arrebatadoras músicas: a banda se chamava Dark Avenger. Nome de uma das músicas do Manowar, uma de minhas bandas favoritas naqueles idos. Ok, não podia ter erro, virei fã.

A Demo do Demo - Relíquia, não?
Em 1996 tive a sorte de assistir a banda no velho Circo Voador no festival Knights Of Metal (com Dreadnox e Horizon, do Renato Tribuzy, de quem eu já havia virado fã). Comprei o primeiro disco dos caras em sua prensagem inicial, com uma capa cabulosa (sabiamente modificada no relançamento) e visitei os camarins, onde consegui meu encarte devidamente autografado. Nos palcos, os caras arrasaram, e Mario destruiu com uma performance monstruosa tanto para suas músicas quanto para versões de Beyond The Black e Metal Church, da clássica banda homônima.

O disco trazia ótimas músicas de um metal que ficava entre o tradicional e o Power metal em sua vertente mais pesada, com Mario berrando seus pulmões para fora. Hoje o inglês macarrônico e a performance histriônica já não me soam tão bem, mas naquele tempo o disco foi consumido avidamente por este escriba até quase desintegrar.

Primeiro disco, capa da reedição
Muito tempo se passou até o lançamento do segundo disco, Tales Of Avalon: The Terror (2001). Nesse período eu já me interessava mais por vertentes mais modernas e/ou pesadas do metal e estava um bocado saturado de vocalizações extremamente altas, culpa da superexposição causada pela moda do Prog Metal e Metal Melódico que assolou a cena brasuca (e mundial) na segunda metade dos anos 1990. Escutei o disco apenas uma vez e não dei muita bola. Pelo que fiquei sabendo, o Dark Avenger lançou mais um EP e então encerrou suas atividades.


E eis que, ao fazer minha freqüente peregrinação por lojas de CDs atrás de lançamentos, esbarro com uma bela arte gráfica em digipack num formato não convencional. Quando li o nome da banda na caprichosa capa, não tive dúvidas, abri a carteira e peguei a bolachinha. Coloquei no som do carro, onde graças a um engarrafamento, escutei prazerosamente o disco por 4 vezes seguidas...

Arte Gráfica e Produção

Como disse anteriormente, a arte gráfica do disco impressiona bastante. Mais impressionante ainda é saber que o responsável pela mesma foi o vocalista Mario Linhares, baseado numa ilustração de Elton Fernandes. A produção musical ficou ao encargo de Tito Falaschi, que também cuidou das linhas de baixo, backing vocals e parte dos teclados. Como curiosidade, cabe ressaltar que é informado no encarte que a gravação foi realizada no longínquo ano de 2011. Não encontrei explicações para esse fato. A mixagem e masterização foram feitas em Nashville pelo renomado Michael Wagener, que já trabalhou com gente do quilate de Alice Cooper, Megadeth, Metallica e Accept. Não preciso nem dizer que o mesmo padrão de qualidade encontrado na parte gráfica também se faz presente no som. Mas de nada vale isso tudo se as composições não estiverem à altura, não é mesmo? Então vamos lá.

Tales Of Avalon: The Lament, o disco

Após um breve clima sacro criado por um coral e pelo simulacro de um órgão de igreja, somos apresentados à epicidade dos riffs de From Father To Son, faixa de abertura e um dos destaques de TOA. O arranjo lembra o approach utilizado pelos estadunidenses do Kamelot. Mario Linhares impressiona logo de cara, com o estilo mais comedido atual favorecendo seu dom inquestionável. O excelente trabalho de guitarras é uma constante, tanto nas bases quanto nos solos, cortesia da afiada dupla Leonel Valdez e Jeff Castro. O final com assobios à lá Wind Of Change não soa gratuito, ao menos aos meus ouvidos.
Doomsday Night (ver vídeo ao vivo) acelera o ritmo, com riffs bastante pesados e uma pegada boa da bateria de Kayo John, que também colabora nos vocais dessa faixa. Mais um bom refrão que gruda de imediato e só não achei tão necessário o vocal ao final, que lembra demais aqueles arranjos chatinhos do Ripper Owens.



Quebrando o estilo das primeiras músicas, The Knight On THe Hill surpreende com um riff de introdução que parece ter saído daquela fusão Hard/Heavy típica dos anos 1980 (Ozzy, Dio ou Whitesnake). Mario carrega suas linhas melódicas de influências de Geoff Tate (circa Rage For Order) de maneira brilhante, fazendo dessa faixa minha favorita do disco.  Broken Vows retoma a linha mais épica do trabalho, acrescentando doses cavalares de Doom e uma performance impressionante de Mario. Como canta o caboclo. E justiça seja feita, a era do inglês macarrônico ficou bem para trás.


Não tem muito tempo, li em algum lugar (Roadie Crew?)  Mario relatando o quanto o trabalho de Rhoy Khan no Kamelot mudara sua perspectiva vocal. Stronger Than Death exemplifica isso, soando tanto em arranjos e alguma linhas melódicas (exceto pelo refrão, bonito, por sinal) como algo que a ex-banda do Norueguês poderia bem ter assinado.

O monstro Mario Linhares
A partir daqui o nível cai um pouco. A balada semi-acústica Can You Feel It? vem sendo achincalhada em algumas resenhas lá fora por conta da adição de um coral de crianças em seu refrão final. Achei interessante e casou bem com o arranjo e temática da canção. O arranjo de guitarras de Utther Evil parece saído de algo do Memento Mori. Aqui Mario canta um pouco como no primeiro disco do Dark Avenger, mas afora as passagens de guitarra, achei a música bem abaixo das anteriores. Sicorax Scream vem em seguida com ritmo mais acelerado, mas também falha em impressionar.

A trabalhada Dead, Yet Alive retoma o padrão de qualidade da primeira metade do disco. Apresentando a bem vinda participação de Clarissa Moraes e dos irmãos Edu e Tito Falaschi nos vocais, temos aqui um dos destaques de TOA. A bela And So Be it, contando com apenas piano e voz, parece indicar um curto e melancólico encerramento. Mas então aparece a pesadíssima The Thousand Ones, uma faixa épica que abre seu caminho com um ótimo trabalho de equipe como um rolo compressor, terminando TOA em alta voltagem.

Saldo Final

Os anos longe dos holofotes fizeram muito bem ao Dark Avenger, que retornou com seu melhor e mais maduro trabalho até o momento. O disco foi lançado ao final de 2013 e é uma pena que só o tive em mãos agora, caso contrário seria presença certeira na lista de melhores do ano passado. Resta esperar que a banda tenha retornado em definitivo e que não demore mais tanto tempo para lançar discaços como este aqui.

NOTA: 8,5


Prós:
Grande trabalho de guitarras e voz, produção e arranjos certeiros, arte gráfica impecável,clima épico envolvente.

Contras:
Coral de crianças não é lá muito “troo” (apenas brincando, hehe).

Para Fãs de: Kamelot, Manowar, Manilla Road, Memento Mori

Ficha Técnica
Banda: Dark Avenger
Origem: Brasil
Disco (ano): Tales Of Avalon – The Lament (2013)
Mídia: CD
Lançamento: Rossom Records (Nacional)

Faixas (duração): 11 (54’).
1. From Father To Son; 2. Doomsday Night; 3. The Knight On The Hill; 4. Broken Vows; 5. Stronger Than Death; 6. Can You feel It?; 7. Utther Evil; 8. Sicorax Scream; 9. Dead, Yet Alive; 10. And So Be It; 11. The Thousand Ones.

Produção: Tito Falaschi
Arte de Capa: Mário Linhares (baseado em ilustração de Elton Fernandes)

Formação:
Mario Linhares – voz;
Leonel Valdez – Guitarras;
Jeff Castro – Guitarras;
Gustavo Magalhães - baixo
Kayo John– bateria.

Participações especiais:
Tito Falaschi, Edu Falaschi e Clarrissa Moraes – voz;
Tito Falaschi – baixo e teclados,
R. Schumann – teclados e violão;
Thiago Silvagomes – teclados.

sábado, 22 de março de 2014

Testament – Dark Roots Of Thrash (Bluray Disc + 2 CDs – 2013)

Testament - Dark Roots Of Thrash (2013)
Unleash The Hounds Of Hell!!!
Por Trevas

Oito anos se passaram desde que o bom Live In London (ver vídeo abaixo)foi lançado em disco e DVD, comemorando a turnê de retorno da formação clássica da banda. No set, apenas material da fase de maior sucesso. A saber, do ótimo The Legacy (1987) até o não tão bom The Ritual (1992). Já naquela época o Testament possuía material atual no mínimo tão bom quanto ao dessa era, tendo lançado petardos como Low (1994) e o monstruoso The Gathering (1999), discos nos quais adicionou ao seu Thrash clássico elementos de Death Metal.


Tendo lançado mais dois discos que facilmente rivalizam com qualquer material pretérito, The Formation Of Damnation (2008) e o espetacular Dark roots Of Earth (disco do ano de 2012 aqui na Cripta – ver resenha), e sendo reconhecida como uma das melhores bandas da cena Thrash em cima de um palco, nada mais justo que presentear os fãs com mais um registro ao vivo. E temos então Dark Roots Of Thrash, lançado pela Nuclear Blast, capturando a performance da banda em fevereiro de 2013 no Paramount Theatre, em Nova York.

Formatos e Embalagem

Dark Roots Of Thrash pode ser encontrado em uma grande variedade de formatos: DVD, CD duplo, combo DVD + CD duplo e Bluray Disc + CD duplo. Esse último, alvo da presente avaliação, pode ser encontrado inicialmente em uma tiragem limitada embalada em uma bela lata. Um fetiche para os colecionadores de plantão.

A Latinha da Perdição!
O Show – Performances + Set List

Quem já teve a oportunidade de assistir o Testament ao vivo sabe bem o que esperar: uma banda extremamente enérgica e ao mesmo tempo precisa, podendo ser considerada talvez a mais técnica da cena da Bay Area. E esse show não é diferente. Após uma looooonga introdução que mostra alguns detalhes da pré produção do evento, somos saudados pela execução no som mecânico do hino norte americano misturado a sons de guerra, com o palco iluminado por luzes vermelhas que simulam sirenes. O clima belicoso aumenta ainda mais quando a platéia ensandecida que lota o Paramount Theatre é tomada de assalto pela arrebatadora Rise Up, do novo disco.


Seguindo com a estupenda More Than Meets The Eye, Burnt Offerings e Native Blood, o início do show dita a regra do Set List: uma bem elaborada e montada mistura do material mais atual com pinceladas de clássicos. Nada soa gratuito, o que mostra que a força da banda não reside apenas em sua ótima técnica e presença de palco, mas também na alta qualidade do material.


Por falar em técnica, vamos às performances individuais:
- Chuck Billy venceu o câncer e isso não surpreende. O gigante indígena parece absolutamente indestrutível, especialmente em cima de um palco. Seu timbre prontamente reconhecível e seu drive possante ganharam em muito com a salutar adição de guturais muito bem encaixados. Isso sem contar com sua presença imponente tocando air guitar em seu indefectível meio pedestal cromado que em muito se assemelha a uma peça de caminhão.

Bugio-man e o pedestal troozão!
- As guitarras do Testament são um caso a parte, e talvez um dos grandes diferenciais da banda. A enganosa rudeza e pegada quase Death de Eric Peterson nas bases (e alguns solos) contrastando com a técnica e timbre mais rebuscados de Alex Skolnick, versado em jazz e certamente o mais talentoso dos guitarristas da cena thrash oitentista. Skolnick chega a ser assombroso em diversos momentos, tamanha a facilidade com que executa alguns dos mais complicados e brilhantes solos da história do metal. Eric ainda auxilia bastante Chuck nos vocais, em especial nas dobras dos guturais.

Alex e Eric humilhando os reles mortais com sorriso nos rostos
- A cozinha da banda poucas vezes esteve tão bem servida. Greg Christian, com sua cara de cracudo e boa presença de palco, consegue fazer seu baixo aparecer bem no meio da parede de guitarras e da bateria frenética, mas o faz com simplicidade. Algo raro no Gênero, exceto pelo Overkill, talvez. Já Gene Hoglan dispensa comentários, como sempre. Um monstro, o cara desce a lenha com pegada e precisão absurdos. Um dos maiores no estilo, sem sombra de dúvida. Merecia uma câmera grudada só nele, para deleite dos bateras de plantão.

Não importa quem você é, Gene é melhor que você, aceite!
Som e CDs

Capturado por Steve Lagudi (que trabalhou com Il Niño, God Forbid e o próprio Testament), masterizado por Ken Lee (engenheiro de som cujo extenso currículo só possui o Testament dentro do Metal) e mixado por Juan Urteaga (que já trabalhara com a banda, além de ter mixado material do Machine Head e Heathen), o som do show beira a perfeição. Todos os instrumentos podem ser escutados em harmonia, e ainda assim a pegada e peso são quase sufocantes. Mérito pros caras: a ensandecida platéia pode ser escutada sem esforço, algo que parece óbvio, mas tem sido uma constante o lançamento de registros ao vivo nos quais quase não se escuta nada além da banda. Obviamente a qualidade sonora é mais notável no BD do que nos CDs, mas ainda assim garanto que esse é disparado o melhor lançamento ao vivo do Testament em CD nesse quesito.


Edição e Qualidade de Imagem

Tem sido fato corriqueiro o lançamento de BDs de Heavy Metal enganosos, nos quais nos deparamos com material de qualidade inferior, passando bem longe da alta definição (o BD do Avantasia e o En Vivo do Iron Maiden me vem a cabeça). Esse não é o caso aqui. As diversas câmeras presentes no evento captaram tudo com perfeição, dos detalhes do pedestal de Chuck até as rugas de Greg, nada escapa à alta definição.
As tomadas e cortes são excelentes, Alex faz um solo, a câmera está lá, Gene manda mais uma virada monstro, e lá temos o close. A cada música executada aparece uma estilosa etiqueta informando o nome do petardo e do álbum onde apareceu originalmente. Mas nem tudo é tão perfeito assim: a edição lotou a película de efeitos visuais por vezes desnecessários. Câmera lenta, tela dividida, imagens em PB, tremidas estilosas, tudo isso às vezes deixando o show com cara de um grande videoclipe. Após umas duas ou três assistidas acabei me acostumando. Mas da primeira vez que vi o show, fiquei fulo com isso. Enfim, talvez não seja algo que venha a incomodar muita gente.

Extras

Dentro do pacote temos uma limitada paleta de material extra. Um curto apanhado de imagens desnecessárias de shows e bastidores ao som de músicas do novo disco e o videoclipe para Native Blood. Sobre esse último, uma curiosidade: o clipe retrata o preconceito que Chuck sofreu em sua adolescência, fato que o levou a ter vergonha de suas origens até a idade adulta. Tendo se reencontrado com sua cultura por conta da luta contra o câncer, Chuck resolveu fazer dessa música uma homenagem aos nativo-americanos. Calhou que tanto música quanto clipe foram abraçados por sua tribo de origem, levando o último a receber um prêmio no American Indian Film Festival, que prestou também homenagem ao vocalista.


Saldo Final

Dark Roots Of Thrash tem poucos defeitos e muitas virtudes, podendo ser considerado um dos grandes registros ao vivo da história do Thrash Metal. Coloque para rodar em alto volume e tente resistir à tentação de fazer uma sessão de air guitar ou headbanging na sua sala. Impossível, te garanto. Absolutamente imperdível.

NOTA: 9

Prós:
Muita energia, peso descomunal, ótimo repertório, grandes atuações e qualidade de som e imagem impecáveis.

Contras:
Edição estilosa pode cansar um pouco. Extras insignificantes.

Para Fãs de: Metallica, Exodus, Megadeth, Death Angel e outras bandas clássicas e/ou modernas de Thrash Metal.

Ficha Técnica
Banda: Testament
Origem: EUA
Título (ano): Dark Roots Of Thrash (2013)
Mídia: BD + CD duplo
Lançamento: Nuclear Blast (importado)

Faixas (duração): 20 (100’) - show.
1. Intro; 2. Rise Up; 3. More Than Meets The Eye; 4. Burnt Offerings; 5. Native Blood; 6. True American Hate; 7. Dark Roots Of Earth; 8. Into The Pit; 9. Practice What You Preach; 10. Riding The Snake; 11. Eyes Of Wrath; 12. Trial By Fire; 13. The Haunting; 14. The New Order; 15. D.N.R.; 16. Three Days In Darkness; 17. The Formation Of Damnation; 18. Over The Wall; 19. Disciples Of Watch; 20. Credits.


Arte de Capa: Eliran Kantor

Formação:
Chuck Billy – voz;
Alex Skolnick– Guitarras e voz;
Eric Peterson – Guitarras e voz;
Greg Christian - baixo
Gene Hoglan– bateria.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Iced Earth – Plagues Of Babylon (CD - 2014)

Iced Earth - Plagues Of Babylon (2014)

Consolidando a Retomada
Por Trevas

Prólogo – E Faça-se Um cd Triplo
Junho de 1999. Pouca grana sobrava a um ávido colecionador de CDs. A internet discada tornava cada download de cada música um milagre somente permitido após a meia noite e o advento do divino pulso único. Hard Times, baby.

Talvez seja justamente por essas dificuldades que me lembro bem de cada uma das pérolas que descobri nesse período. Nossa arma de caça, esta era o Soulseek. Uma bela noite, um de meus irmãos, por recomendação não me lembro de quem, colocou para baixar uma música de uma banda de Power metal. “Porra, mais Power Metal?”, disse eu. Não é uma banda de Power Metal qualquer, foi a resposta. Ao acordar as seis da matina, desligar a internet e verificar o resultado da caça noturna em meu Winamp, fiquei boquiaberto. Saí para a faculdade com aquela merda na cabeça, e assim ela ficou até que eu voltasse e escutasse a música mais umas 789 vezes. A música era My Own Savior. A banda, Iced Earth.

Soulseek - Minha ave de rapina musical nos anos 1990
Peguei minhas então parcas economias e rumei no dia seguinte para umas das lojas de CDs de rock de minha cidade. Dentre os álbuns disponíveis naquele dia, um tinha o Spawn na capa. Na época, isso não podia ser um melhor sinal! Outro tinha o que parecia uma porra duma versão pirata e egípcia do Eddie. Na época também achei isso animal. Mas meus olhos não desgrudaram mesmo de um Box de cor azul, contendo três CDs ao vivo encartados em belos digipacks – que diacho, uma banda ousar fazer um triplo ao vivo. Meu rico dinheirinho se foi. A pérola era o Alive In Athens, a inspirada megalomania que quase alçou o Iced Earth ao estrelato à época. Eu disse “quase”? Pois é...quase...

Alive In Athens - Um dos Melhores CDs Ao Vivo de seu tempo

Era uma Vez Um Postulante ao Trono…

A banda americana Iced Earth, capitaneada pelo determinado (e para lá de complicado) guitarrista Jon Schaffer lançara seu debut homônimo oito anos antes do ao vivo supracitado, para uma recepção na melhor das hipóteses indiferente da cena metálica. Não que Iced Earth, o disco, não possuísse boas músicas. Mas a execução, a produção e, em especial os vocais, beiravam o amadorismo. Grande foi o salto de qualidade entre este primeiro tento e Night Of The Stormrider, que chamou a atenção de público e crítica com sua mistura de Power metal, metal tradicional e Thrash Metal. Burnt Offerings elevou as expectativas em relação ao futuro da banda, e apresentou ao mundo Matt Barlow, para muitos a voz definitiva dos caras.

Iced Earth nos idos de Dark Saga - Barlow à frente
Dark Saga, disco baseado no então cultuado anti-herói dos quadrinhos, Spawn, trouxe algum refinamento e mais influências de metal tradicional ao som da banda. Mas o pulo do gato em estúdio foi mesmo o lançamento de Something Wicked This Way Comes. Um disco equilibrado, onde podemos encontrar temas viscerais rescendendo a thrash metal misturados a belas baladas e pequenos épicos, SWTWC foi alçado ao top 20 germânico, rendendo ao Iced Earth a posição de headliner do maior festival de heavy metal do mundo, o Wacken Open Air.





O próximo passo foi capitalizar em cima da bem sucedida turnê, com o arrojado lançamento de um álbum triplo ao vivo, o já citado Alive In Athens. A banda passou rapidamente do terceiro escalão da cena metálica para um pretendente forte ao panteão habitado por veteranos já decadentes como Iron Maiden e Metallica. Mas se você leu o início desse texto, deve lembrar que eu disse que o Iced Earth “quase” chegou ao estrelato...pois então veio a queda. Jon Schaffer parece ter vestido a carapuça de gênio musical e muito também por influência de seu grande amigo Hansi Kursch (Blind Guardian), carregou o próximo lançamento da banda de exageros do Power metal europeu. O resultado, um irregular Horror Show, que vendeu bem, mas causou uma recepção bem menos empolgada que seus antecessores. Os atentados às torres gêmeas foram o golpe fatal à boa fase: Matt Barlow entra em crise existencial e abandona a banda. Em desespero e vendo o sucesso escorrer por dentre os dedos, Schaffer contrata o promissor Tim “Ripper” Owens, então demissionário do Judas Priest. Uma tremenda jogada de marketing!

Ripper só troca um patrão ruim por um pior...daí ele foi pro Malmsteen
O resultado foi Glorious Burden, um disco que além de bastante fraco, pecou por sua temática: o patriotismo expresso em suas letras em nenhum momento cativou o público da banda, bem mais forte na Europa e America do Sul do que na terra natal dos estadunidenses.
Ainda tomado de acessos de megalomania, Jon resolveu colocar a medonhamente tacanha mini estória de horror iniciada nas três últimas faixas de SWTWC em primeiro plano, soltando dois discos conceituais. O primeiro, Framing Armageddon, ainda com Owens, em seus momentos mais inspirados é consideravelmente melhor que Glorious Burden, mas ainda longe de empolgar. A voz de Owens não se encaixa em grande parte do material, e os exageros de corais nos refrãos, assim como os arranjos grandiosos falham em cativar e põe tudo a perder.
Vendo a popularidade da banda caindo a cada lançamento, Schaffer apela, demitindo Owens e recontratando Matt Barlow. O movimento chama a atenção dos fãs antigos, mas a segunda parte da obra conceitual, The Crucible Of Man, é ainda pior que a primeira. A turnê segue com datas minguadas, parte do acordo com Barlow para que o mesmo não se afaste por muito tempo de seu emprego normal. Não funcionou. Matt então abandona o grupo pela segunda vez.

Barlow (à esquerda): a voz é a mesma, já os cabelos...
Quando tudo parecia perdido, eis que Schaffer encontra a salvação sob a forma do canadense Stu Block, vocalista do pouco conhecido Into Eternity. Com timbre semelhante ao de Matt Barlow, mas com uma pegada consideravelmente mais agressiva, Stu fez com que a banda revivesse a sonoridade de seus primórdios, mais simples e contundente. Dystopia, primeiro disco com o novo vocalista mostra-se o melhor lançamento da banda desde SWTWC, pegando tanto os fãs quanto os críticos de surpresa. A turnê subseqüente recoloca a banda nos trilhos, com uma quantidade muito maior de datas que as últimas quatro turnês somadas. Entre um show e outro Jon Schaffer começa a compor e produzir o novo disco. Dessa vez não há mais espaço para erros. E então é anunciado o lançamento de Plagues Of Babylon (POB no resto da resenha).




Novidades No Front

Gravado em quatro estúdios diferentes POB marca o rompimento da parceria da banda com o produtor Jim Morris, tendo Jon Schaffer assumido a produção, com o auxílio de quatro engenheiros de som diferentes. A outra novidade ficou por conta da participação efetiva de Stu nas composições, algo surpreendente quando lembramos da fama de tirano do dono do Iced Earth. A instabilidade no line up da banda por si só não é novidade nenhuma, mas cabe ressaltar como curiosidade que as baterias do disco ficaram ao encargo do brasileiro Raphael Saini. Para não dizer que Jon está curado dos acessos de megalomania, as seis primeiras músicas fazem parte de uma desinteressante saga sobre zumbis situada no universo igualmente desinteressante apresentado em SWTWC. Mas se você não se esforçar, nem perceberá se tratar de um cd parcialmente conceitual. Dito isso vamos ao que interessa:

Praguejando com Louvor

Iniciar o disco com uma música mid tempo não é novidade para o Iced Earth, e a faixa título (ver vídeo) o faz com louvor do alto de seus quase oito minutos inspirados e sombrios que beiram o Doom Metal. A produção acerta em deixar tudo mais seco e minimalista, longe dos exageros de outrora.


A pegada dark e pesada segue com a boa Democide, com boa performance do baterista Raphael Saini. The Culling soma a essa pegada um ótimo refrão, que deve garantir a essa faixa estada obrigatória no set list da turnê vindoura. Amigo de longa data de Jon Schaffer, com quem divide o projeto bissexto Demons & Wizards, Hansi Kürsch (Blind Guardian) divide os vocais com o eficiente Stu na boa Among The Living Dead (ver vídeo). Aliás, essa faixa nos faz sonhar com dias melhores e mais agressivos para o Blind Guardian...quem sabe?


Resistance não é lá muito especial, mas se salva pelo refrão bacaninha e pela interpretação de Stu, que se distancia da sombra de Barlow, fato que no disco anterior só era notado nas baladas. A última da ala conceitual do disco, The End? Tem um bocado de Iron Maiden em sua estrutura e é uma boa faixa. E já que citei o tópico “baladas”, If I Could SeeYou é a primeira do álbum. Formulaica como todas as baladas do Iced Earth desde Dark Saga, incrivelmente ela funciona, talvez pela dinâmica que representa no andamento do disco.

Iced Earth 2014: Stu ao centro
O épico Cthulu em seu início lembra assustadoramente o Fates Warning, assumindo depois a tradicional estrutura musical Icedearthiana, dessa vez sem muito sucesso. Tal qual a faixa anterior, dá uma certa sensação de déjà-vu. Ainda bem que a boa Peacemaker, a despeito da mensagem armamentista redneck, aparece com sua pegada sulista quase hard para angariar uma certa diversidade ao material, podendo ser considerada um dos destaques.

Parasite entra no clube do déjà-vu e não traz nada de novo ou empolgante. Spirit Of the Times é a segunda e última balada de POB. Fugindo à fórmula de I Died For You e com uma aura mais viajandona marcada por intervenções guitarrísticas de bom gosto, a faixa agrada e coroa a boa performance de Stu Block, que aos poucos vai ganhando os fãs e apresentando uma alternativa saudável a outrora muito lamentada ausência de Matt Barlow. Ao Invés de encerrar POB por aí, Jon resolveu incluir uma inesperada versão para um clássico do country. Originalmente composta por Jimmy Webb e regravada por dezenas de artistas, Highwayman traz a participação de Michael Poulsen (Volbeat) e Russell Allen (Symphony X, Adrenaline Mob) dividindo os vocais com Stu e o próprio Schaffer. O resultado é legal, mas não se encaixa em absoluto com a atmosfera dark e carregada do resto do disco.

Saldo Final
Plagues Of Babylon mostra o Iced Earth apostando na atmosfera agressiva e sombria que marcou sua fase áurea, caminho já pavimentado no ótimo disco anterior, Dystopia. Embora seja um bom disco, POB poderia ser ainda melhor caso Jon Schaffer tivesse encurtado o álbum em umas três faixas (votaria em Cthulu, Parasite e Peacemaker). De qualquer maneira, POB vem para consolidar a retomada do Iced Earth rumo a um lugar de destaque na história do metal. Que venha o próximo!


NOTA: 7,5




Prós:
A retomada em definitivo da boa e velha atmosfera dark somada à agressividade quase thrash dos bons tempos do Iced Earth. Stu Block marcando seu território.

Contras:
Um pouco longo demais para a pouca variedade no material.

Para Fãs de: Iron Maiden, Metallica e Judas Priest

Ficha Técnica
Banda: Iced Earth
Origem: EUA
Disco (ano): Plagues Of Babylon (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Century Media (importado)

Faixas (duração): 12 (62’).
1. Plagues Of Babylon; 2. Democide; 3. The Culling; 4. Among The Living Dead; 5. Resistance; 6.The End?; 7. If I Could See You; 8. Cthulu; 9. Peacemaker; 10. Parasite; 11.Spirit Of the Times; 12. Highwayman

Produção: Jon Schaffer
Arte de Capa: Eliran kantor

Formação:
Stu Block – voz;
Jon Schaffer – Guitarras, voz;
Troy Steele – Guitarras;
Luke Appleton – baixo;
Raphael Saini – bacteria.

Participações especiais: Russell Allen, Michael Poulsen, Hansi Kürsch - voz

quinta-feira, 6 de março de 2014

Red Dragon Cartel (CD - 2014)

Red Dragon Cartel (2014)
O Ressurgimento de um Guitar Hero
Por Trevas


Prólogo – Numa Era de Gigantes

Ao final dos anos 1970 e início da nova década, Eddie Van Halen e Yngwie Malmsteen foram responsáveis por uma revolução guitarrística de proporções épicas (do tamanho do ego dos dois músicos, diga-se). A cada esquina da cena rocker oitentista que dobrávamos, era impossível não esbarrar com algum talentoso aprendiz de guitar hero. Performances histriônicas, técnica apurada e muitas e muitas notas ditaram os rumos musicais daquela era.
Um dos maiores expoentes surgidos nessa leva de guitar heroes, Jake E. Lee começou sua carreira no Ratt, ganhou algum destaque apadrinhado por Ronnie James Dio junto ao Rough Cutt e, ironicamente, teve sua carreira catapultada ao ser fisgado por Sharon Osbourne para ser o escudeiro de um então rotundo Príncipe das Trevas por cinco anos a fio.

Jake tomando um pescotapa do Príncipe Roliço Das Trevas
Com Ozzy como patrão, Jake gravou Bark At The Moon e The Ultimate Sin, trabalhos que flertaram um bocado com a musicalidade Hair Metal tão em voga e abocanharam uma série de discos de platina. Após cinco anos de serviços prestados, uma carta de Sharon surpreendentemente pôs fim ao ciclo de Jake junto ao comedor de morcegos.


Sem perder tempo, Jake se junto a Eric Singer (bateria) e Ray Gillen e formou o combo de blues rock Badlands. Recebido como um supergrupo, o Badlands falhou em transformar em $$ a expectativa criada, lançando dois bons discos e logo depois sumindo do mapa.


Como sempre acontece no mundo do rock, a  próxima onda musical trazida pelos anos 1990 representaria uma reação aos excessos da cena anterior. O Grunge com sua estrutura musical e temática dark e simplista terminou por sepultar a carreira de muitos guitar heores, e não foi diferente com Jake E. Lee. Salvo raras aparições e um disco solo, pouco ou nada se ouviu falar sobre o talentoso guitarrista. Até agora!

Formando o Cartel
R. Bernard Mann, vulgo Ronnie Mancuso, produtor musical e integrante do grupo oitentista Beggars & Thieves foi o primeiro parceiro escolhido por Jake para seu retorno às atividades. A parceria na verdade fora talhada após a participação de Jake em uma música de um dos discos do B&T. Os outros dois membros do então intitulado Jake E. Lee’s Red Dragon Cartel, o britânico Darren James Smith (vocais) e o canadense Jonas Fairley (bateria) foram escolhidos dentro dos muitos músicos que responderam a anúncios de Jake em midias sociais. Para capitanear a mixagem e masterização, Kevin Churko (que trabalhou com Ozzy em seus últimos discos) foi chamado. Diante do plantel de desconhecidos, Lee resolveu convidar alguns músicos de destaque, alguns veteranos da cena, outros que estão na crista da onda atualmente. O resultado veio sob a forma de um disco auto intitulado: Red Dragon Cartel.

Red Dragon Cartel - Fairley, Smith, Lee e Mancuso
E o Dragão Grita
A produção estupenda leva a nossos ouvidos de imediato um riff que faz uma singela homenagem aos trabalhos de Lee com Ozzy, Deceived (ver vídeo) é certamente o material no disco que mais se assemelha aos anos de Lee com o príncipe das trevas. Mas se engana quem acredita que a bolachinha é ditada por um clima de nostalgia – existe um equilíbrio prontamente percebido entre modernidade e tradicionalismo aqui. Darren James Smith tem uma boa voz, talvez um pouco comum demais em se tratando de hard rock. Já o trabalho de bateria e baixo serve prontamente à faixa com louvor. Bom, e Jake? Esse continua esmerilhando sua guitarra, como salutarmente o fará ao longo de todo o disco.



A segunda faixa, Shout It Out, mostra bem claramente a visão moderna de hard rock que Lee aparentemente pretende seguir. Infelizmente promete mais do que cumpre, em especial pelo refrão repetitivo. A primeira participação especial vocal vem em Feeder (ver vídeo), faixa de trabalho que conta com o indefectível Robin Zander, do Cheap Trick. Com nenhuma referência à banda de origem de Robin e excelente trabalho de Lee, Feeder é certamente um dos destaques do disco.



A balada Fall From The Sky (Seagull) serve como cartão de visita para o competente Darren James Smith e é apenas bacaninha. Obviamente não preciso nem dizer que conta com ótimos solos do patrão, não? Já a segunda participação especial nos vocais vem sob a rotunda forma de um dos mais infames membros da torcida Gaviões da Fiel: Paul Di’Anno. Wasted traz os vocais para lá de gastos (e quase irreconhecíveis) do britânico, numa faixa com uma agradável pegada oitentista.

Jake E Lee 2014
Com riffs pesadíssimos, quebradeira na cozinha (que traz participação de Rex Brown) e ótima performance de Darren nas linhas vocais, Slave (ver vídeo) é mais um dos destaques do disco. A bela Maria Brink, vocalista do In This Moment (grupo de metalcore de sucesso nos EUA) assume os microfones com sua rouquidão habitual na moderna e boa Big Mouth.



War Machine dá prosseguimento com uma toada Doom que parece querer homenagear War Pigs, logo emendando com um riff que lembra N.I.B. e uma linha melódica que poderia bem ter sido cantada por Ozzy. Uma boa música, por detrás de todas as referências citadas. Quem estava sentindo falta de qualquer referência ao Badlands vai se deliciar com Redeem Me, cantada magistralmente pela Britânica radicada no Canadá Sass Jordan, em sua melhor personificação do saudoso Ray Gillen. A edição usual do disco encerra com uma curta peça de piano, que diz o encarte, teria sido a primeira composição de Lee, quando este tinha 6 anos de idade e não passava de um aluno de piano clássico. A edição limitada traz como bônus uma versão “acústica” para Feeder. Com arranjo interessante e puxado para o psicodelismo e contendo Darren na vaga de Zander, a versão bônus é interessante o suficiente para não ser considerada desnecessária.

Saldo Final
O disco de retorno de Jake E Lee é muito bem produzido e traz um punhado de canções boas e muito bem executadas. A inclusão de vários músicos convidados com estilos distintos, apesar de bem vinda a princípio, acabou por deixar o disco por vezes soando como um “catadão”. Mas ainda assim, esse Red Dragon Cartel é um “catadão” de respeito. Resta torcer pela continuidade da banda, para não ficarmos mais tanto tempo alijados dos talentos de Mr. Lee.

NOTA: 7,5

Prós:
Jake E Lee continua afiado como guitarrista e compositor. Boas participações especiais.

Contras:
Um vocalista bastante comum e a falta de homogeneidade do material.

Para Fãs de: Ozzy e Alice Cooper

Ficha Técnica
Banda: Red Dragon Cartel
Origem: EUA
Disco (ano): Red Dragon Cartel (2014)
Mídia: CD
Lançamento: Marquee (importado)

Faixas (duração): 11 (49’). 10 faixas na versão comum
1. Deceived; 2. Shout It out; 3. Feeder; 4. Fall From The Sky (Seagull); 5. Wasted; 6.Slave; 7. Big Mouth; 8. War Machine; 9. Redeem Me; 10. Exquisite Tenderness; 11. Feeder (Acoustic Version)*.
* Bonus Track

Produção: R. Bernard Mann, Jake E. Lee
Arte de Capa: Hugh Gilmour

Formação:
Darren James Smith – voz;
Jake E. Lee – Guitarras;
Ronnie Mancuso – baixo, teclados, voz;
Jonas Fairley – bateria, voz.

Participações especiais: Robin Zander, Maria Brink, Paul Dianno e Sass Jordan - voz