Tales Of Avalon: The Lament (2013) |
Um
Retorno Épico!
Por Trevas
Prólogo:
long As Fucking Time Ago…
Por volta de 1995, um imberbe Trevas passava por uma fase de
descobertas musicais. Depois de alguns anos consumindo cavalares doses diárias
de Iron Maiden, Black Sabbath, Rainbow, Judas Priest, Dio, Ozzy e Deep Purple, era chegado o momento de
buscar outros sons dentro do prolífico mundo do metal.
Freqüentando diariamente lojas como Headbanger e On Stage, e alugando os ouvidos dos infelizes vendedores, eu
comecei a filtrar tudo o que podia sobre todas as bandas possíveis...dentro de
um espectro ainda limitado, claro.
Nada de hair metal e estilos mais
extremos para o cabeça dura do tacanho Trevas.
Comprando quantos CDs eu conseguisse
com minha mesada, fiquei abismado ao descobrir que existiam bandas nacionais
que faziam um som tão legal quanto as gringas.
E tome 789 shows do Dr Sin, Angra e ainda mais apresentações de bandas ainda iniciantes à época
(Horizon, Allegro, Thothem, Dreadnox...) no Garage e outros redutos menos recomendados. Sempre que possível arranjava
uma demo de novos grupos brasucas. Então absolutamente impressionável por
vocais estratosfericamente agudos, fui apresentado por um amigo a uma demo de
uma banda Brasiliense que estava dando o que falar. Essa banda teria um
vocalista que conseguia cantar estratosfericamente alto, um tal Mario Linhares.
Escutei e meu queixo caiu com as quatro
arrebatadoras músicas: a banda se chamava Dark
Avenger. Nome de uma das músicas do Manowar,
uma de minhas bandas favoritas naqueles idos. Ok, não podia ter erro, virei fã.
A Demo do Demo - Relíquia, não? |
Em 1996 tive a sorte de assistir a
banda no velho Circo Voador no
festival Knights Of Metal (com Dreadnox e Horizon, do Renato Tribuzy,
de quem eu já havia virado fã). Comprei o primeiro disco dos caras em sua
prensagem inicial, com uma capa cabulosa (sabiamente modificada no
relançamento) e visitei os camarins, onde consegui meu encarte devidamente
autografado. Nos palcos, os caras arrasaram, e Mario destruiu com uma performance monstruosa tanto para suas
músicas quanto para versões de Beyond
The Black e Metal Church, da
clássica banda homônima.
O disco trazia ótimas músicas de um metal que
ficava entre o tradicional e o Power metal em sua vertente mais pesada, com Mario berrando seus pulmões para fora.
Hoje o inglês macarrônico e a performance histriônica já não me soam tão bem,
mas naquele tempo o disco foi consumido avidamente por este escriba até quase
desintegrar.
Primeiro disco, capa da reedição |
Muito tempo se passou até o lançamento do
segundo disco, Tales Of Avalon: The
Terror (2001). Nesse período eu já me interessava mais por vertentes mais
modernas e/ou pesadas do metal e estava um bocado saturado de vocalizações
extremamente altas, culpa da superexposição causada pela moda do Prog Metal e
Metal Melódico que assolou a cena brasuca (e mundial) na segunda metade dos
anos 1990. Escutei o disco apenas uma vez e não dei muita bola. Pelo que fiquei
sabendo, o Dark Avenger lançou mais
um EP e então encerrou suas atividades.
E eis que, ao fazer minha freqüente peregrinação
por lojas de CDs atrás de lançamentos, esbarro com uma bela arte gráfica em
digipack num formato não convencional. Quando li o nome da banda na caprichosa
capa, não tive dúvidas, abri a carteira e peguei a bolachinha. Coloquei no som
do carro, onde graças a um engarrafamento, escutei prazerosamente o disco por 4
vezes seguidas...
Arte
Gráfica e Produção
Como disse anteriormente, a arte
gráfica do disco impressiona bastante. Mais impressionante ainda é saber que o
responsável pela mesma foi o vocalista Mario
Linhares, baseado numa ilustração de Elton
Fernandes. A produção musical ficou ao encargo de Tito Falaschi, que também cuidou das linhas de baixo, backing
vocals e parte dos teclados. Como curiosidade, cabe ressaltar que é informado
no encarte que a gravação foi realizada no longínquo ano de 2011. Não encontrei
explicações para esse fato. A mixagem e masterização foram feitas em Nashville
pelo renomado Michael Wagener, que
já trabalhou com gente do quilate de Alice
Cooper, Megadeth, Metallica e Accept. Não preciso nem dizer que o mesmo padrão de qualidade
encontrado na parte gráfica também se faz presente no som. Mas de nada vale
isso tudo se as composições não estiverem à altura, não é mesmo? Então vamos
lá.
Tales Of Avalon: The Lament, o disco
Após um breve clima sacro criado por
um coral e pelo simulacro de um órgão de igreja, somos apresentados à epicidade
dos riffs de From Father To Son,
faixa de abertura e um dos destaques de TOA.
O arranjo lembra o approach utilizado pelos estadunidenses do Kamelot. Mario Linhares impressiona logo de cara, com o estilo mais comedido
atual favorecendo seu dom inquestionável. O excelente trabalho de guitarras é
uma constante, tanto nas bases quanto nos solos, cortesia da afiada dupla Leonel Valdez e Jeff Castro. O final com assobios à lá Wind Of Change não soa gratuito, ao menos aos meus ouvidos.
Doomsday
Night (ver vídeo ao vivo) acelera o ritmo, com riffs
bastante pesados e uma pegada boa da bateria de Kayo John, que também colabora nos vocais dessa faixa. Mais um bom
refrão que gruda de imediato e só não achei tão necessário o vocal ao final,
que lembra demais aqueles arranjos chatinhos do Ripper Owens.
Quebrando o estilo das primeiras músicas, The Knight On THe Hill surpreende com
um riff de introdução que parece ter saído daquela fusão Hard/Heavy típica dos
anos 1980 (Ozzy, Dio ou Whitesnake). Mario
carrega suas linhas melódicas de influências de Geoff Tate (circa Rage For
Order) de maneira brilhante, fazendo dessa faixa minha favorita do disco. Broken
Vows retoma a linha mais épica do trabalho, acrescentando doses cavalares
de Doom e uma performance impressionante de Mario. Como canta o caboclo. E justiça
seja feita, a era do inglês macarrônico ficou bem para trás.
Não tem muito tempo, li em algum lugar (Roadie Crew?) Mario
relatando o quanto o trabalho de Rhoy
Khan no Kamelot mudara sua
perspectiva vocal. Stronger Than Death
exemplifica isso, soando tanto em arranjos e alguma linhas melódicas (exceto
pelo refrão, bonito, por sinal) como algo que a ex-banda do Norueguês poderia
bem ter assinado.
O monstro Mario Linhares |
A partir daqui o nível cai um pouco. A balada semi-acústica
Can You Feel It? vem sendo
achincalhada em algumas resenhas lá fora por conta da adição de um coral de
crianças em seu refrão final. Achei interessante e casou bem com o arranjo e
temática da canção. O arranjo de guitarras de Utther Evil parece saído de algo do Memento Mori. Aqui Mario
canta um pouco como no primeiro disco do Dark
Avenger, mas afora as passagens de guitarra, achei a música bem abaixo das
anteriores. Sicorax Scream vem em
seguida com ritmo mais acelerado, mas também falha em impressionar.
A trabalhada Dead, Yet Alive retoma o padrão de qualidade da primeira metade do
disco. Apresentando a bem vinda participação de Clarissa Moraes e dos irmãos Edu
e Tito Falaschi nos vocais, temos
aqui um dos destaques de TOA. A bela
And So Be it, contando com apenas
piano e voz, parece indicar um curto e melancólico encerramento. Mas então
aparece a pesadíssima The Thousand Ones,
uma faixa épica que abre seu caminho com um ótimo trabalho de equipe como um
rolo compressor, terminando TOA em
alta voltagem.
Saldo Final
Os anos longe dos holofotes fizeram muito
bem ao Dark Avenger, que retornou
com seu melhor e mais maduro trabalho até o momento. O disco foi lançado ao
final de 2013 e é uma pena que só o tive em mãos agora, caso contrário seria
presença certeira na lista de melhores do ano passado. Resta esperar que a
banda tenha retornado em definitivo e que não demore mais tanto tempo para
lançar discaços como este aqui.
NOTA: 8,5
Prós:
Grande trabalho de guitarras e voz,
produção e arranjos certeiros, arte gráfica impecável,clima épico envolvente.
Contras:
Coral de crianças não é lá muito “troo”
(apenas brincando, hehe).
Para Fãs de: Kamelot, Manowar,
Manilla Road, Memento Mori
Ficha Técnica
Banda: Dark Avenger
Origem: Brasil
Site Oficial: https://www.facebook.com/darkavengerofficial
Disco (ano): Tales Of Avalon – The Lament (2013)
Mídia: CD
Lançamento: Rossom Records
(Nacional)
Faixas (duração): 11 (54’).
1. From Father To Son; 2. Doomsday Night; 3. The Knight On The Hill; 4. Broken
Vows; 5. Stronger Than Death; 6. Can You feel It?; 7. Utther Evil; 8. Sicorax
Scream; 9. Dead, Yet Alive; 10. And So Be It; 11. The Thousand Ones.
Produção: Tito Falaschi
Arte de Capa: Mário Linhares
(baseado em ilustração de Elton Fernandes)
Formação:
Mario Linhares – voz;
Leonel Valdez – Guitarras;
Jeff Castro – Guitarras;
Gustavo Magalhães - baixo
Kayo John– bateria.
Participações especiais:
Tito Falaschi, Edu Falaschi e Clarrissa
Moraes – voz;
Tito Falaschi – baixo e teclados,
R. Schumann – teclados e violão;
Thiago Silvagomes – teclados.