sábado, 13 de abril de 2013

My Dying Bride - Teatro Rival/RJ - 10.04.13



E Fez-se Escuridão
(Fotos e Texto por Trevas)


Pontualidade Britânica! Pego de surpresa, retorno do banheiro ao meu posto na plateia de uma casa de shows que muito bem poderia ser a expressão visual do dilema do copo pela metade (estaria a casa meio cheia ou meio vazia? Otimistas e pessimistas, discorram sobre o tema, por favor) a ponto de ver as cortinas se abrindo (que toque mágico esse pequeno gesto cênico traz ao espetáculo)e apresentando aos brasileiros após 23 anos de espera um dos acólitos da santa trindade do Doom Metal noventista. 


Em Meios ás sombras, movem-se sombras ainda mais escuras

E fez-se Escuridão!

Com os acordes de Kneel Till Doomsday a atmosfera local sofreu drásticas alterações.

O odor asséptico típico de estabelecimentos comerciais deu lugar a notas de folhas mortas e poeira de livros há muito esquecidos. Se nesse momento você teve a estranha sensação do gosto ferruginoso de sangue em sua cerveja, não foi o único.

O imperceptível outono carioca dava lentamente lugar a uma estação opressiva, o outono da alma, expresso em verso nas letras perturbadas de Aaron Stainthorpe.

Aaron, o longilíneo poeta ébrio que diz temer mais o palco que as criaturas insupulcras e empedernidas de suas obras, transpõe a timidez com um gestual caricato e teatral que poderia parecer ridículo em outro show e outras eras, mas que casa com perfeição com a atmosfera draconiana que tomara de assalto o Teatro Rival.

A que Deus obscuro Aaron estaria orando?
Hamish Glencross e Andrew Craighan balançam para frente e para traz como pêndulos de sinos daqueles que dobram pela passagem dos mortais para planos desconhecidos, suas guitarras formando uma massa sonora escura e pesada como portões de uma masmorra.

Shaun MacGowan alterna momentos estáticos onde sua presença não é requerida, com outros onde há de fazer a rápida transposição de teclados para o violino.

Lena Abé movimenta-se com agilidade menos controlada, mas sua expressão permanece impassível, gélida como os temas de Like Gods Of The Sun, To Remain Tombless e My Body A Funeral, executados com perfeição, à parte alguns problemas técnicos com os graves, logo solucionados.

Andrew Craighan
Aaron Stainthorpe é o centro das atenções, e embora deteste esse papel, o desenvolve com maestria, usando como imponente aliada a iluminação perfeita e sincronizada, que engrandece sobremaneira sua performance teatral. Sua voz por muitos injustamente considerada limitada mostra-se perfeita, metamorfoseando de seu tradicional lamento vitoriano (em Cry For Mankind) a urros (em She Is The Dark) que certamente só podem ser espelhados nas esferas mais inferiores de algum inferno imaginário. 

Aaron em sua agonia Teatral
Aaron Stainthorpe
Shaun
Carreguei demais nas cores? Talvez seja essa a impressão para os desafortunados que perderam o show. Só posso lamentar por vossas almas. O My Dying Bride merecia público maior, certamente. Mas os poucos que presenciaram essa sorumbática aparição em uma noite de abril no centro do Rio de Janeiro, esses sim sabem a que tipo de mágica obscura assistiram. E serão eternamente gratos por isso.

Set List por Setlist FM


p.s.: Após o show, ainda foi oferecido um Meet And Greet com a banda. Todos muito solícitos e longe da imagem que é passada por seu som, atenderam a seus fãs com autógrafos e fotos infindáveis. Me aproximei, junto de minha esposa, do gigantesco Aaron. Sua simpática figura que transparece uma paz que em nada faz lembrar da figura torturada que representa no palco, olha diretamente para os dois pequenos hobbits que se aproximam. Com um leve sorriso diz algo que pode ser livremente traduzido como “Acho que terei que ir aí embaixo para falar com vocês”. Nisso, deposita suas mãos com dedos que parecem infinitos em nossos ombros e praticamente fica de joelhos para a foto conosco. Sofrer bullying de um dos mestres do Doom, isso não tem preço!

Aaron fazendo um casal de Hobbits feliz - feijão Granfino ao fundo. Nada mais Troo!

2 comentários:

  1. Seria ele extremamente grande, ou seria o senhor extremamente reduzido? Pusta dúvida...

    Seria o Feijão Granfino ótimo porque está sempre fresquinho, ou seria o feijão Granfino sempre fresquinho por ser ótimo???

    Muitas dúvidas existenciais...

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    Respostas
    1. Mr. Krill
      O cara é igual ao Biscoito, até nos trejeitos. Forte influência de Dark Bio Hell,claro.
      Quanto ao feijão Granfino, jamais saberei a resposta.
      jundis
      T

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