E Fez-se
Escuridão
(Fotos e Texto por Trevas)
Pontualidade Britânica! Pego de surpresa,
retorno do banheiro ao meu posto na plateia de uma casa de shows que muito bem
poderia ser a expressão visual do dilema do copo pela metade (estaria a casa meio
cheia ou meio vazia? Otimistas e pessimistas, discorram sobre o tema, por favor)
a ponto de ver as cortinas se abrindo (que toque mágico esse pequeno gesto
cênico traz ao espetáculo)e apresentando aos brasileiros após 23 anos de espera
um dos acólitos da santa trindade do Doom Metal noventista.
Em Meios ás sombras, movem-se sombras ainda mais escuras |
E fez-se Escuridão!
Com os acordes de Kneel Till Doomsday a atmosfera local
sofreu drásticas alterações.
O odor asséptico típico de estabelecimentos comerciais deu
lugar a notas de folhas mortas e poeira de livros há muito esquecidos. Se nesse
momento você teve a estranha sensação do gosto ferruginoso de sangue em sua
cerveja, não foi o único.
O imperceptível outono carioca dava lentamente lugar a uma
estação opressiva, o outono da alma, expresso em verso nas letras perturbadas
de Aaron Stainthorpe.
A que Deus obscuro Aaron estaria orando? |
Hamish Glencross e Andrew Craighan balançam para frente e
para traz como pêndulos de sinos daqueles que dobram pela passagem dos mortais
para planos desconhecidos, suas guitarras formando uma massa sonora escura e
pesada como portões de uma masmorra.
Shaun MacGowan alterna momentos estáticos onde sua presença
não é requerida, com outros onde há de fazer a rápida transposição de teclados
para o violino.
Andrew Craighan |
Aaron
Stainthorpe é o centro das atenções, e embora deteste esse papel, o desenvolve
com maestria, usando como imponente aliada a iluminação perfeita e
sincronizada, que engrandece sobremaneira sua performance teatral. Sua voz por
muitos injustamente considerada limitada mostra-se perfeita, metamorfoseando de
seu tradicional lamento vitoriano (em Cry For Mankind) a urros (em She Is The
Dark) que certamente só podem ser espelhados nas esferas mais inferiores de
algum inferno imaginário.
Aaron em sua agonia Teatral |
Aaron Stainthorpe |
Shaun |
Carreguei
demais nas cores? Talvez seja essa a impressão para os desafortunados que
perderam o show. Só posso lamentar por vossas almas. O My Dying Bride merecia
público maior, certamente. Mas os poucos que presenciaram essa sorumbática
aparição em uma noite de abril no centro do Rio de Janeiro, esses sim sabem a
que tipo de mágica obscura assistiram. E serão eternamente gratos por isso.
Set List por Setlist FM
Set List por Setlist FM
p.s.: Após o show, ainda foi oferecido um Meet And Greet com
a banda. Todos muito solícitos e longe da imagem que é passada por seu som,
atenderam a seus fãs com autógrafos e fotos infindáveis. Me aproximei, junto de
minha esposa, do gigantesco Aaron. Sua simpática figura que transparece uma paz
que em nada faz lembrar da figura torturada que representa no palco, olha
diretamente para os dois pequenos hobbits que se aproximam. Com um leve sorriso
diz algo que pode ser livremente traduzido como “Acho que terei que ir aí
embaixo para falar com vocês”. Nisso, deposita suas mãos com dedos que parecem
infinitos em nossos ombros e praticamente fica de joelhos para a foto conosco.
Sofrer bullying de um dos mestres do Doom, isso não tem preço!
Aaron fazendo um casal de Hobbits feliz - feijão Granfino ao fundo. Nada mais Troo! |
Seria ele extremamente grande, ou seria o senhor extremamente reduzido? Pusta dúvida...
ResponderExcluirSeria o Feijão Granfino ótimo porque está sempre fresquinho, ou seria o feijão Granfino sempre fresquinho por ser ótimo???
Muitas dúvidas existenciais...
Mr. Krill
ExcluirO cara é igual ao Biscoito, até nos trejeitos. Forte influência de Dark Bio Hell,claro.
Quanto ao feijão Granfino, jamais saberei a resposta.
jundis
T