domingo, 4 de novembro de 2012

Slash - Fundição Progresso/RJ (02.11.12)


MYLES, THE CONSPIRATORS AND..........slash.


Prólogo - na fila com os fãs do Justin Bieber

A fila é quilométrica em frente à Fundição Progresso, todos amontoados debaixo de uma fina e insistente garoa e as conversas ao meu redor são o mais distante de animadoras que eu conseguiria imaginar:

Beócio fêmea 01: “Não, Axl não tem filhos, ele ainda não me conheceu”

Nota do Trevas: Troque o nome Axl por Justin Bieber ou Luan Santana, pois é...mesmo cérebro ou falta de...

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Beócio 02: “Pô, cara, esse mala desse vocalista do Slash toca numa banda aí, mas caguei, não curto esses rock (sic) mainstream”

Nota do Trevas: Sim, claro, Guns é o cúmulo do underground, só se ouvia essa josta em programas obscuros como Fantástico ou em rádios piratas como a Cidade e Jovem Pan. GNR é tão obscuro que GG Allin fazia covers de Patience...

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Beócio fêmea 03: “Pô, Axl é tudo, eu vim nesse show só para ver o Slash, porque não há como se comparar a um show do Guns com Axl

Beócio 04: “Pô, fantástico, o cara é uma estrela do rock, ele nem está aí com horário de show, o Axl sobe no palco na hora que tem que subir, quando dá inspiração, o cara é artista mesmo”

Beócio 05: “Cara, mas o Axl não canta mais nada tem muito tempo, né?”

Beócio fêmea 03 (com sangue nos olhos): “Não fala merda, o Axl não precisa cantar nada, ele é o Axl!!!!!!”

Beócio 04 (com voz sábia e reconciliadora): “É, cara, você não pode falar mal dele, ele é tipo um mito! Axl é tipo banda clássica, sabe? Tipo Pearl Jam!!!”

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Bom, nem preciso dizer que havia mais sapiência e conhecimento rocker na fila do show do Linkin Park com seus trocentos adolescentes do que na fila do show do Slash com um bando de trintões com cérebro de minhoca...fãs do Guns em geral (eu disse em geral, claro que não é 100%, só uns 99%) tem muito mais em comum com fãs de qualquer outro fenômeno pop de butique do que com os fãs tradicionais de rock. A impressão é que eles não se importariam se Axl ficasse rebolando no palco sozinho com seu short de lycra ao som de playback, talvez aliás, acreditassem ser o mais próximo do valhalla do rock que poderiam aspirar...vai entender...


Sorte que independente disso, o que nos esperava lá dentro compensaria todo o esforço!





Entra a Banda no Palco e...?



Não sei quanto aos ingressos comprados nas bilheterias, mas meu ingresso, comprado em uma loja e impresso em uma máquina semelhante aquelas de cartão de crédito, não trazia o horário de início do show, somente o da abertura dos portões. E tenho certeza, também não trazia nada sobre uma suposta banda de abertura. Acredito que boa parte do público (que já quase lotava a Fundição) foi pega de surpresa com o quarteto que adentrou o palco às 20:00 sob o som lascivo de gemidos femininos e que começou a detonar um bom hard rock.

Após a surpresa inicial, a banda se apresenta como Porn Queen,  formada por dois brasileiros residentes em Luxemburgo. A patota dominou o palco com grande desenvoltura e apresentou cerca de 6 músicas que foram muito bem recebidas pelo público. Obviamente a melhor recebida foi o cover bem executado para Man in The Box do Alice In Chains.

A Banda Porn Queen, de Luxemburgo em bom português


E Rola a Pelota

Pessoas melhor informadas que este escriba garantem que o show seria transmitido pelo Multishow e que o horário marcado para tal seria 21:30. Eis que, com poucos minutos de atraso (se fosse um show do GNR, seriam poucas HORAS de atraso, não?), Slash e sua trupe invadem o palco, ao som da empolgante Halo, do novo disco.

Resenha para Apocaliptic Love, aqui na Cripta

O som ainda estava muito baixo e confuso e foi quase impossível discernir grandes coisas quando a banda começou Nightrain, a primeira do GNR apresentada no set. só podia até então admirar a presença de palco de Myles e os três Conspirators. Slash ficava ali no canto, tal qual uma boneca vodu de cera, aliás, como ficaria por quase todo o show.

Flyer do show
As três faixas solo que seguiram, já com o som devidamente corrigido, demonstraram que o público se estendia para muito além dos amebas que idolatram a cueca com marca de pneu de bicicleta do Axl, pois muita gente recebeu essas faixas tão bem quanto as do GNR. A ótima Been There Lately, do fracassado Snakepit, também ganhou o público, ainda que com menor intensidade.

A dobradinha do GNR My Michelle e Rocket Queen deve ter umectado algumas calcinhas na multidão, mas só me fizeram ansiar por Bad Rain, uma das melhores faixas de Apocalyptic Love. Esta e a seguinte, a não tão empolgante Not For Me deixam claro que Myles Kennedy, ainda que não tão confortável sem uma guitarra a tiracolo, é um grade frontman – com ótima presença de palco, muita voz e uma simpatia e carisma que devem ter conquistado até as viúvas da ruiva balofa.

Myles e Slash - Foto do Multishow
O baixista maluquete Todd Kerns, outro a contar com excelente presença de palco, assume o posto de Lemmy Kilmister na pérola Dr. Alibi. Para surpresa de alguns, assume também os vocais em You’re Crazy, do GNR, mostrando que imita Axilas Rosas melhor do que o original consegue se imitar atualmente.

Seguem No More Heroes e a chatíssima quase sertaneja Starlight e então Slash se mexe um pouco, vai até o centro do palco e começa uma Jam instrumental (com Myles assumindo uma das guitarras) para demonstrar seus atributos guitarrísticos. Slash está longe de ser um guitarrista impecável, engasga algumas notas e erra outras tantas, mas tem personalidade em seu som e possui uma imagem quase hipnótica. Apesar de sua performance quase displicente,  que na maior parte do tempo lembra o Mick Mars, Keith Richards ou uma múmia (o que dá no mesmo), atrai os olhares e simpatia de todos os presentes.

Anastasia, a melhor faixa de seu último disco, mostra mais um bom solo do cabeludo, com ótimo desempenho de Myles. You’re a Lie também detona. E ao terminar essa última, Slash abre um sorriso (não, ele não é de cera), faz mistério, anda até o meio do palco e inicia a detestável Sweet Child O’Mine, para delírio de quase toda a fundição e choro compulsivo de alguns. Não preciso nem dizer que Myles Kennedy canta a faixa em questão umas 789 vezes melhor que a original. O Velvet Revolver dá as caras na efusivamente bem recebida Slither e termina então a primeira parte do show.

A banda retorna ao palco, Slash, agora saltitante, cochicha ao ouvido de Myles, que dá de ombros e se retira. O cabra da cartola avisa ao público que estava impressionado com a receptividade (o público estava realmente insano) e que por isso fariam algo um pouco diferente: Todd Kerns então assume as vozes de novo e a banda detona Welcome To The Jungle, o que me deixou com a pulga atrás da orelha: por que diabos alguém gastaria um centavo para ver aquela vergonha alheia que atende pelo nome de GNR depois de assistir a esse show? Ao invés daquele cabide de empregos que mais se assemelha a uma banda de apoio de Lady Gaga que Axl montou, os Conspirators (a saber, além dos já citados: Brent Fitz na bateria e Frank Sidoris na guitarra base) do Slash detonam, e muito!

Paradise City encerra a peleja, novamente com Myles no gogó, agora Slash quica de um lado para o outro, a música se encerra e sob enormes aplausos a banda se despede com a promessa de retorno em breve.

Saldo Final

Com uma banda afiadíssima e com um dos mais qualificados vocalistas da cena atual, Slash nem precisa fazer um grande esforço para arregaçar ao vivo. Um show que certamente pegou de surpresa os beócios do início dessa resenha e que só deixa ainda mais evidente o tamanho da falta de respeito que Axl Rose tem por seu público, se compararmos o que foi visto aqui hoje com aquela palhaçada do último rock in rio.

4 comentários:

  1. kkkkkkkkkkkkkkk clap clap

    Os beócios foram os melhores mesmo, aliás haviam vários beócios como vc citou hilários, não entendem nada nem dos p´róprios vulgos ídolos rsrrs

    A banda que compõem o Slash realmente mata a pau, Só achei que faltou mais empolgação do próprio Slash no palco, parecia q ele estava contando as horas pra terminar, só se empolgou nas músicas finais... Mas o resto da banda, na minha opinião foi um baita show!

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    1. É Pequena
      Também achei um baita show e tinha cada figura naquela fila que pelo amor de Deus...
      Mas o Slash ao que parece tem essa pose de "Não estou nem aí" como uma de suas marcas, mesmo...
      bjos
      T

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  2. Foi fodão o show mesmo. Valeu muito a pena ter mudado de ideia e ir. Até tentei te procurar lá na entrada, mas já que vc falou da banda de abertura (que eu não vi) tu já devia estar lá dentro quando eu cheguei.
    Acho que rolou um pouco de GNR demais pro meu gosto (achei My Michelle e You're Crazy dispensáveis) mas o foco no ultimo disco garantiu a noite, apesar do meu melhor momento pra mim ter sido a dobradinha Back from Cali/Been There Lately.
    O engraçado é que mesmo não sendo fã de GNR, nessas horas vc ve como ainda assim eles fizeram parte de alguma coisa na sua história musical. Acho Sweet Child O'Mine e Welcome to the Jungle insurpotáveis, mas cantei elas do início ao fim no show hehe
    Abs

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    1. Fala, Brunão
      Uma pena não termos nos encontrado por lá, mas entrei cedo mesmo.
      Concordo com "GNR demais pro meu gosto" e concordo com o legado da banda, embora concorde ainda mais com a insuportabilidade de Welcome To The Jungle e Sweet Child O'Mine, hehehehe
      Abração
      T

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