Uma Sombria e Viajante Estréia
Oh, Atlanta
Geralmente inicio minhas resenhas
com uma tentativa (geralmente desconexa) de contextualizar historicamente o
lançamento analisado, fazendo um (às vezes nem tão) breve retrospecto da
carreira da banda em questão. Cá estou em maus apuros: nada sei sobre o Royal Thunder.
A única vantagem é que pelo que andei
procurando, não há muito a ser resgatado em revistas e sites... Não, isso não
quer dizer que não valha a pena continuar a ler essa resenha e descobrir o
pouco que tenho sobre eles, já que me parece que estamos diante de uma das mais
intrigantes e promissoras bandas a surgir nos últimos anos.
O simpático Josh Weaver |
Tudo começou com o guitarrista Josh Weaver (ver foto acima) buscando entre
seus amigos da cena de Atlanta,
músicos para sua nova banda. Nascido em 2006 e inicialmente instrumental, o Royal
Thunder demorou um tempo a encontrar sua voz e cara...e essa veio sob a figura
gnomesca de Mlny Parsonz, uma
baixista conhecida na cena, mas que só tinha até então experiência como
vocalista urrando seus pulmões para fora em bandas de Death Metal e Grindcore.
Mlny Parsonz |
Josh e Mlny - um estranho casal |
Blues Apocalíptico De Dentro
do Fog
Whispering World (ver vídeos) inicia com mais um riff que lembra
que a banda tem um pé fincado firme na moda recente do stoner/ retro-rock, que inclusive tem grandes representantes vindos
de Atlanta, como Black Tusk e Red Fang, por exemplo. Ah e a performance de Mlny novamente rouba a cena, indo do sexy ao agressivo, mostrando
que essa moça tem os dois pezinhos fincados no hall das grandes vocalistas da
nova onda de mulheres que usam suas vozes em prol de um rock mais cru, como Lzzy Hale (do Halestorm) e Jill Janus
(do Huntress). Mais um petardo,
dessa vez mais direto, e cabe destacar também as guitarras de Josh Weaver, com timbragem bem vintage.
A psicodelia
dá as caras com mais força na épica Shake
and Shift, lembrando um pouco o The
Gathering de seus primeiros anos com Anneke.
Shake And Shift é uma viagem tortuosamente
bem construída com referências a Pink
floyd de sua fase psicodélica, Black
Sabbath e até mesmo às bandas alternativas da década de 1990. Mas cada um
de seus mais de 8 minutos soa intensamente gratificante.
No Good é
um rockão bem direto e setentista, grudento mesmo. Lembra bastante o Graveyard ou o Witchcraft em seus trabalhos recentes. A viagem é retomada com Blue, que começa com um clima de Pink Floyd de Set The Controls For The Heart Of The Sun...e de repente dá lugar
a uma quebradeira que em muito lembra o Sludge
de um Mastodon. Uma boa faixa, e que
mostra que Mlny tem também uma ótima
mão para linhas de baixo, mas que talvez fique um pouco para trás comparada às
demais.
Royal Thunder - Formação atual |
A valsa
psicodélica de Sleeping Witch (ver
vídeo) começa de maneira etérea e atinge um ápice Iommico no ótimo refrão. O clima
algo esotérico presente em todo o álbum dá as caras com mais força na excelente
e enigmática South Of Somewhere, que
alterna calmaria e peso com maestria. As letras, por sinal, são sempre
estranhas e com referências de leve ao ocultismo. O mistério joga a favor do
som da banda e até mesmo o nome do disco está envolto em brumas: CVI é romano para o número 106, número
que, segundo Josh, persegue sua
carreira e a da banda de maneiras não explicadas. E se eu não estou tecendo
comentários sobre a ótima performance dos outros membros do RT, é porque para a gravação do
primeiro disco o núcleo fixo conta somente com Josh e Mlny, os outros
músicos apenas fizeram as sessões como contratados.
Mais um épico longo e esfumaçado,
Drown tem muitas facetas, todas
interessantes. A bonitinha e curta Minus
serve de interlúdio e então temos a pesada Black
Water Vision para encerrar o trabalho de forma mais direta.
Cartaz do Roadburn 2013 |
Saldo Final
O Royal Thunder faz de sua estréia uma excelente jornada pelo doom/Stoner e blues carregada de criatividade e altas doses de psicodelia. Os talentos
de Josh Weaver como compositor e Mlny como vocalista são admiráveis,
ainda mais se considerarmos que se trata de um começo e há ainda caminho a
evoluir. Uma banda muito promissora e que merece a atenção que vem recebendo da
mídia especializada lá fora.
NOTA – 9
Banda (Nacionalidade): Royal
Thunder (EUA)
Título (ano de lançamento): CVI
(2012)
Mídia: CD
Gravadora: Relapse (Importado)
Faixas: 10
Duração: CD – 60’
Rotule como: Doom, Stoner, Blues Rock, Rock
psicodélico
Indicado para: quem curte coisas
estranhas e obscuras que se movem lentamente no fog
Passe longe se: você apreciar mais velocidade em
seu rock.
Toca Raul! E Set THE Controls For The Heart Of The Sun...
ResponderExcluirMais não digo. Se VOCÊ não conhece a banda, eu então...
Fala, Krill
ExcluirJá reparei o Set THE Controls, hehehehehe
Vale a pena dar uma escutada nessa banda, vá em frente.
abraço
T
Muito difícil eu gostar de coisas novas mas essa banda é muito boa!!!!!!!!!!!!!
ResponderExcluirOlá!
ExcluirTambém me surpreendi bastante com a qualidade e personalidade da banda! Que venham mais lançamentos como esse.
Abraço
T
Excelente, adorei!!!
ResponderExcluirAê, Pipi!!!!Você comentou mesmo, heheheh
ExcluirViu, às vezes aparece uma banda nova boa, camarada!
Grande abraço
T