sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Kiss- Monster (CD - 2012)




Um Monstrinho Divertido

The Hottest Band In The Wolrd...


O Kiss surgiu na década de 1970 e através de muito suor e de uma estratégia agressiva e visionária de marketing, tornou-se algo muito maior que uma banda de rock - tendo se transformado em uma marca prontamente reconhecível por qualquer ser humano que não tenha vivido debaixo de uma pedra. Embora o tino comercial da banda por vezes tenha ofuscado sua relevância musical, basta passar os ouvidos rapidamente por pérolas como Kiss (1974), Rock And Roll Over (1976), Love Gun (1977) ou Destroyer (1976), para perceber que sempre houve muito talento por detrás da maquiagem e da pirotecnia.

Kiss 1974 - Secos e Molhados My Ass!
O mega sucesso também trouxe problemas e no início dos anos 1980 a banda polarizou suas forças em Paul Stanley e Gene Simmons. Seguiu-se uma crescente queda de popularidade, conforme os interesses de Gene iam migrando para Holywood e relacionamentos com celebridades. A banda perdeu a maquiagem e foi sendo remodelada conforme os tempos mudavam, tornando-se praticamente um projeto de Paul Stanley, que se valia da ajuda de compositores profissionais e músicos de estúdio para seguir em frente. A fase oitentista até tem seu charme, mas acabou por jogar o Kiss na vala comum do hard farofa então em voga, e os negócios seguiram rapidamente para a mesma vala.

1985 - Comprei um quilo de farinha...
Foi quando Gene percebeu que estava prestes a perder sua mina de ouro e então resolveu prestar mais atenção ao Kiss. Com a dupla novamente reunindo forças, foi lançado o forte Revenge (1992). A retomada final do Kiss se deu com um golpe de mestre: a reunião da formação original, com maquiagem e tudo o mais.

Velho$ Amigo$ na Conferência de Reunion Tour
Infelizmente a reunião começou uma rápida transmutação de um pote de ouro para um pesadelo. Peter Criss tem um talento para a bateria inversamente proporcional a seu ego (cisma ser o “culpado” pelo sucesso da banda já que Beth, de sua autoria, é o maior hit comercial do Kiss). E, o pior, o bom Ace Frehley não consegue deixar seus demônios de lado e se encachaça dia e noite, tornando suas performances ao vivo dignas de pena. Não ajuda em nada que o rebento dessa reunião, Psycho Circus (1998) tenha sido desmascarado: como nos anos 1980, o disco fora composto e gravado com a ajuda de músicos externos à banda. Afora Gene e Paul, os outros dois membros só teriam gravado suas vozes e um ou outro trecho.


Temendo perder o controle de novo, Gene e Paul chutam os “problemas” de lado e contratam dois velhos conhecidos do Kiss para substituí-los: Eric Singer (bateria, ex-Badlands, Kiss e Black Sabbath) e Tommy Thayer (guitarra, ex-Black and Blue). Segue-se uma polêmica estúpida relativa ao uso das maquiagens originais para os novos membros e uma seqüência de turnês milionárias que recolocam a banda de volta ao topo do mundo do entretenimento.

E quando menos se esperava, o Kiss resolve voltar ao estúdio com a promessa de lançar seu “melhor disco de todos os tempos”. Sonic Boom (2009), embora longe de ser o lássico apregoado, copia com bons resultados a fase anos 1970 (até a capa faz referência a Rock And Roll Over).


Novas e milionárias turnês seguem seu curso até que novamente a banda anuncia um novo rebento de estúdio, de novo com o chavão de que estaríamos diante do “melhor disco desde Destroyer”. Autopromoção à parte fica a curiosidade, seria esse novo disco -Monster - digno de nota?


De Volta à Idade da Pedra

Com produção certeira de Paul Stanley, a banda compôs esse disco de uma maneira pouco comum às tradições do Kiss: em estúdio, com todos juntos. Ao menos é o que foi anunciado, mas quem conhece a história, sabe bem que o que Gene e Paul falam não se escreve.

Mas isso pouco importa, o bom riff de Hell or Hallelujah (ver vídeo) remete diretamente à época de ouro da banda, com Stanley assumindo os vocais. Começa então Wall Of Sound, outro grande riff, direto do túnel do tempo, com um Gene Simmons soando melhor do que nunca nos vocais.


Um toque de modernidade chega com a excelente Freak, típica faixa de Paul Stanley, que poderia muito bem estar no seu álbum solo Live To Win (2006). E se ao vivo as cordas vocais de Paul andam sabidamente combalidas, em estúdio o gogó ainda funciona muito bem, obrigado. Aliás, as ótimas guitarras e bateria dessa faixa mostram o óbvio, as viúvas podem chorar à vontade, esse Kiss atual é uma máquina bem azeitada.


O baixo distorcido de Gene dá o sinal para Back To The Stone Age, outra pedrada, com refrão para lá de vintage. Um ponto que torna Monster um disco de fácil audição é a duração das músicas, as maiores ultrapassando muito pouco os 4 minutos, como é o caso da boa e grudenta Shout Mercy.


Long Way Down é uma música um pouco abaixo das outras, novamente com Paul aos vocais. A intro setentona de Eat Your Heart Out anuncia o início de uma dobradinha com a voz de Gene à frente, culminando em The Devil Is Me, na linha de God Of Thunder e War Machine no que tange à marca registrada do “diabo” do Kiss. Nem preciso dizer que essa faixa traz o baixo do linguarudo lá na frente na mixagem.

Tommy Thayer tem seu momento Spaceman em Outta This World, mais Ace Frehley impossível. Sua voz é bacana e seu trabalho nas guitarras nessa faixa é marcante como em todo o resto do disco. Eric Singer canta razoavelmente bem em All For The Love Of Rock & Roll, que soa tão gostosa de ouvir quanto datada.

Kiss 2012 - mesma maquiagem e diversão garantida
Take Me Down Below (ver vídeo) é a óbvia e deliciosa referência aos prazeres da carne -  tipicamente Kiss, e traz Gene e Paul se dividindo nas vozes. Muito boa.


A festa termina com Last Chance, com um baixo marcante de Gene puxando a banda para um rockão afiado capitaneado pela voz sempre precisa do Starchild e backing vocals indefectíveis do diabão. Outro destaque que faz a bolachinha dar adeus em grande estilo.


Saldo Final

Faixas curtas, nenhuma balada, ótimos riffs, refrãos grudentos. Em suma, divertido até a medula. Nem adianta reclamar dos exageros de autopromoção que o Kiss sempre lança mão, e nesse caso nem caberia reclamar.

Enquanto os resultados forem tão divertidos e certeiros quanto esse Monster, garanto que todos ficarão felizes. Um disco para figurar na metade de cima de qualquer lista que se preze de melhores discos da carreira dos mascarados.


NOTA – 8,5


Ficha Técnica

Banda (Nacionalidade): Kiss (EUA)

Título (ano de lançamento): Monster (2012)

Mídia: CD

Gravadora: Universal (Nacional)

Faixas: 12

Duração: CD – 43’

Rotule como: Hard Rock

Indicado para: fãs de Kiss em geral

Passe longe se: a viuvinha prefere limpar o vômito do Ace Frehley

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