Um Monstrinho Divertido
The
Hottest Band In The Wolrd...
O Kiss
surgiu na década de 1970 e através de muito suor e de uma estratégia agressiva
e visionária de marketing, tornou-se algo muito maior que uma banda de rock - tendo
se transformado em uma marca prontamente reconhecível por qualquer ser humano
que não tenha vivido debaixo de uma pedra. Embora o tino comercial da banda por
vezes tenha ofuscado sua relevância musical, basta passar os ouvidos
rapidamente por pérolas como Kiss
(1974), Rock And Roll Over (1976), Love Gun (1977) ou Destroyer (1976), para perceber que sempre houve muito talento por
detrás da maquiagem e da pirotecnia.
Kiss 1974 - Secos e Molhados My Ass! |
O mega
sucesso também trouxe problemas e no início dos anos 1980 a banda polarizou
suas forças em Paul Stanley e Gene Simmons. Seguiu-se uma crescente
queda de popularidade, conforme os interesses de Gene iam migrando para Holywood
e relacionamentos com celebridades. A banda perdeu a maquiagem e foi sendo
remodelada conforme os tempos mudavam, tornando-se praticamente um projeto de Paul Stanley, que se valia da ajuda de
compositores profissionais e músicos de estúdio para seguir em frente. A fase
oitentista até tem seu charme, mas acabou por jogar o Kiss na vala comum do hard
farofa então em voga, e os negócios seguiram rapidamente para a mesma vala.
1985 - Comprei um quilo de farinha... |
Foi
quando Gene percebeu que estava
prestes a perder sua mina de ouro e então resolveu prestar mais atenção ao Kiss. Com a dupla novamente reunindo
forças, foi lançado o forte Revenge
(1992). A retomada final do Kiss se
deu com um golpe de mestre: a reunião da formação original, com maquiagem e
tudo o mais.
Velho$ Amigo$ na Conferência de Reunion Tour |
Infelizmente
a reunião começou uma rápida transmutação de um pote de ouro para um pesadelo. Peter Criss tem um talento para a
bateria inversamente proporcional a seu ego (cisma ser o “culpado” pelo sucesso
da banda já que Beth, de sua
autoria, é o maior hit comercial do Kiss).
E, o pior, o bom Ace Frehley não
consegue deixar seus demônios de lado e se encachaça dia e noite, tornando suas
performances ao vivo dignas de pena. Não ajuda em nada que o rebento dessa
reunião, Psycho Circus (1998) tenha
sido desmascarado: como nos anos 1980, o disco fora composto e gravado com a
ajuda de músicos externos à banda. Afora Gene
e Paul, os outros dois membros só
teriam gravado suas vozes e um ou outro trecho.
Temendo perder o controle de
novo, Gene e Paul chutam os “problemas” de lado e contratam dois velhos
conhecidos do Kiss para substituí-los:
Eric Singer (bateria, ex-Badlands, Kiss e Black Sabbath) e Tommy Thayer (guitarra, ex-Black and Blue). Segue-se uma polêmica
estúpida relativa ao uso das maquiagens originais para os novos membros e uma seqüência
de turnês milionárias que recolocam a banda de volta ao topo do mundo do
entretenimento.
Novas
e milionárias turnês seguem seu curso até que novamente a banda anuncia um novo
rebento de estúdio, de novo com o chavão de que estaríamos diante do “melhor
disco desde Destroyer”. Autopromoção
à parte fica a curiosidade, seria esse novo disco -Monster - digno de nota?
De Volta à Idade da Pedra
Com produção certeira de Paul
Stanley, a banda compôs esse disco de uma maneira pouco comum às tradições do
Kiss: em estúdio, com todos juntos. Ao menos é o que foi anunciado, mas quem
conhece a história, sabe bem que o que Gene e Paul falam não se escreve.
Um toque
de modernidade chega com a excelente Freak,
típica faixa de Paul Stanley, que
poderia muito bem estar no seu álbum solo Live
To Win (2006). E se ao vivo as cordas vocais de Paul andam sabidamente combalidas, em estúdio o gogó ainda funciona
muito bem, obrigado. Aliás, as ótimas guitarras e bateria dessa faixa mostram o
óbvio, as viúvas podem chorar à vontade, esse Kiss atual é uma máquina bem azeitada.
O baixo distorcido de Gene dá o sinal para Back To The Stone Age, outra pedrada,
com refrão para lá de vintage. Um ponto que torna Monster um disco de fácil audição é a duração das músicas, as
maiores ultrapassando muito pouco os 4 minutos, como é o caso da boa e grudenta
Shout Mercy.
Long Way Down é uma música um pouco abaixo das outras, novamente
com Paul aos vocais. A intro setentona
de Eat Your Heart Out anuncia o início
de uma dobradinha com a voz de Gene à
frente, culminando em The Devil Is Me,
na linha de God Of Thunder e War Machine no que tange à marca
registrada do “diabo” do Kiss. Nem preciso
dizer que essa faixa traz o baixo do linguarudo lá na frente na mixagem.
Kiss 2012 - mesma maquiagem e diversão garantida |
Take Me Down Below (ver vídeo) é a óbvia e deliciosa referência
aos prazeres da carne - tipicamente Kiss, e traz Gene e Paul se dividindo
nas vozes. Muito boa.
A
festa termina com Last Chance, com
um baixo marcante de Gene puxando a
banda para um rockão afiado capitaneado pela voz sempre precisa do Starchild e backing vocals indefectíveis
do diabão. Outro destaque que faz a bolachinha dar adeus em grande estilo.
Saldo Final
Faixas curtas, nenhuma balada,
ótimos riffs, refrãos grudentos. Em suma, divertido até a medula. Nem adianta
reclamar dos exageros de autopromoção que o Kiss sempre lança mão, e nesse caso nem caberia reclamar.
Enquanto os resultados forem tão
divertidos e certeiros quanto esse Monster,
garanto que todos ficarão felizes. Um disco para figurar na metade de cima de
qualquer lista que se preze de melhores discos da carreira dos mascarados.
NOTA – 8,5
Banda (Nacionalidade): Kiss (EUA)
Título (ano de lançamento): Monster
(2012)
Mídia: CD
Gravadora: Universal (Nacional)
Faixas: 12
Duração: CD – 43’
Rotule como: Hard Rock
Indicado para: fãs de Kiss em
geral
Passe longe se: a viuvinha prefere
limpar o vômito do Ace Frehley
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