sábado, 20 de outubro de 2012

Slash - Apocalyptic Love (CD - 2012)




Tirando Mais Um Coelho da Cartola

Escola, armas e rosas

Eu ainda não era um aficionado por Heavy Metal ou Hard Rock...

Simple Minds, U2, Depeche Mode davam o tom da minha curta coleção de bolachões de vinil...e recém havia “descoberto” minhas duas novas paixões, o Queen (desde os 6 anos de idade eu ficava vidrado na capa do News Of The World toda vez que visitávamos meu tio em São Paulo) e os Ramones...

E de repente, via meninas que mal haviam parado de cantarolar Vou de Táxi exibindo gloriosamente posters de uma nova banda...os caras se vestiam de uma maneira ridícula e o vocalista, um ruivo escrotérrimo, posava com batom na boca e uma porra de short de lycra que compilava tudo de ruim que os anos 1980 representaram...


A banda, o Guns And Roses, havia acabado de estourar ao grande público com o lançamento de Lies (lá fora foi o Appetite For Destruction que começara a moda um pouco antes, mas lembrem-se, era a época pré-internet e a coisa só explodiu mesmo por aqui com a balada Patience...)




GNR - não, eu nunca tive Paciência com eles, ugh...



Foi ódio a primeira vista: a atitude programada, o visual pensado e vendido em tudo o que era lugar e a voz mais irritante que já ouvi na minha vida...definitivamente o GNR representava tudo o que eu sabia não querer numa banda, embora eu ainda não soubesse porra nenhuma.

Bom, pouco tempo depois um estalo no meu cérebro fez do Iron Maiden (que eu conhecia já tinha tempo, meu melhor amigo era viciado nisso) minha banda favorita e então comecei a minha busca pelas origens (sob a figura de Black Sabbath, Deep Purple, Rainbow, Led...). me tornei um headbanger xiita e oficializei meu ódio pelo Axilas Rosas e sua trupe.

Os tempos mudaram, a babaquice preconceituosa morreu com o fim da adolescência, mas uma coisa continua até os dias de hoje – Axel Rose é minha figura desfavorita em toda a história do rock e sua voz (ou falta de, atualmente) fazem minha bolsa escrotal inflar até virar um puff.



O Enigmático Cara da Cartola

Bom, mas nunca consegui ter o mesmo sentimento pelo enigmático cara da cartola, o tal de Slash.


Alguém sabe de fato como é o rosto do Slash?



Nascido Saul Hudson em 1965, na Inglaterra, Slash comeu o pão que o diabo amassou após deixar (ou ser deixado?) o GNR. Já o guitarrista mais incensado daquela época, toda a pompa que envolvia seu nome (até Michael Jackson o adotou) não foi capaz de tornar as coisas fáceis.

Lembro-me que seu Slash’s Snakepit segurou o recorde de publico negativo do falecido Metropolitan (atualmente Citibank Hall), pouco mais de 150 testemunhas viram seu show em 1995.


Snakepit - derrota comercial total...



E convenhamos, nem toda a propaganda do mundo faz daquele bando chamado Velvet Revolver (que parecia mais uma juntada de xepa da feira) uma boa banda. Apesar dos milhões gastos para promover o suposto supergrupo, o retorno foi pífio (mais ou menos como aconteceu com o Audioslave).

Não dei bola para nenhuma das duas empreitadas. Na verdade, você deve estar se perguntando por que diabos então estou fazendo essa resenha.

Bom, acompanhei com curiosidade a notícia sobre o primeiro cd solo do Slash, pois ele viria recheado de bons vocalistas convidados (Beth Hart, Alice Cooper, Chris Cornell, Ian Astbury, Iggy Pop e inicialmente se falava até em Meat Loaf). Mas não escutei o disco quando este saiu.


Primeirão Solo (2010)


Eis que começo a ouvir pessoas que, como eu, não curtem ou curtiram o GNR falando muito bem da nova empreitada do cabra da cartola.

E então o cara acabara de soltar ApocalYptic Love, resolvi dar uma chance....e lá vamos nós:


WOW, riff animal...MYLES que PORRA é ESSA????

Ainda estava curtindo a arte de capa quando um ótimo riff carregado de wah-wah inicia a bolachinha...abri um sorriso e então entra uma voz que parece saída do cu de um pato que engoliu um pedal de wah-wah. QUE PORRA É ESSA?????

Ah, sim, é um tal de Myles Kennedy. Curiosamente já ouvira falar, o cara começou como guitarrista e fez fama como vocalista do Alter Bridge, que nada mais é que o restante do Creed com Myles cantando...não, não conhecia  a banda, não me arriscaria com nada que, mesmo em nonagésimo grau tivesse alguma relação como Creed (provavelmente a banda mais chata a surgir na última década depois do Nickelback).


Myles Kennedy sofre com meu julgamento precoce


Myles usa sua voz de pato na segunda e matadora One Last Thrill (ver abaixo) e já sei que não irei gostar do que escuto no restante do disco. O cara me soava tão chato que tive que pesquisar o porque Malmsteen e Michael Schenker nunca o tinham recrutado antes.

Estou reportando aqui meu primeiro contato com o cara. Após escutar o disco várias vezes e conhecer o Alter Bridge (Jesus como toca o tal Mark Tremonti, quase o perdoei pelo Creed...quae!), acabei me acostumando com Myles Kennedy. Aliás, o cara também toca guitarra muito bem.


Voltando ao Disco

Standing in The Sun mantém o ótimo pique inicial e logo em seguida somos apresentados ao primeiro single, You’re A Lie (ver vídeo), bem bacana também, com seus licks de guitarra que flertam com o metal.




Slash se destaca em todas as faixas. Seu estilo está muito mais próximo dos guitar heroes da década de 1970 do que de seus contemporâneos e do virtuosismo estéril dos anos 1980. Seus solos e timbres estão sempre carregados de personalidade e não há um riff no disco todo que possa ser jogado fora. Tiro minha cartola para o cara, mesmo que com muito atraso.

O restante da banda, intitulada The Conspirators, traz músicos bastante competentes. O multiinstrumentista (que aqui cuida em maior grau da bateria) Canadense Brent Fitz já tocou com gente como Alice Cooper e Vince Neil. O também canadense Todd Kerns (Age Of Electrics) é responsável pelo baixo e backing vovals

Ah, e Myles, a quem achincalhei logo ali em cima, além de gastar o gogó e tocar guitarra é o principal responsável pelas composições. Slash admitiu recentemente à Classic Rock que sempre teve problemas para compor algo além de riffs (o que explica em parte seu fracasso em empreitadas anteriores) e que trabalhar com o criativo Myles estava ensinando muito a ele.


Slash, Myles and The Conspirators - 2012

No More Heroes (ver vídeo) é radiofônica e tem um refrão legal e grudento. Halo tem seu riff chupado de Assault Attack do Michael Schenker Group e possui uma das linhas de voz mais irritantes do disco. We Will Roam é outra que pode tocar nas rádios com tranqüilidade, mas não empolga muito.




A bela Anastasia é certamente um dos destaques do disco, nela Slash dá um show de grandes solos e Myles mostra que consegue cantar muito bem sem o Wah-wah do cu do pato. A balada anti drogas Not For Me é chatinha mas logo temos a ótima Bad Rain (ver vídeo) para compensar, com excelente performance de Mr. Kennedy. Aliás, essa faixa me lembrou muito o também excelente finado Badlands, com Myles soando um bocado como Ray Gillen.




Hard & Fast traz um riff empolgante e vintage e um refrão legal e descompromissado. Far And Away é uma balada razoável com muita cara de anos 1970 com destaque para a bela interpretação de Myles. E o disco chega ao fim com uma de suas melhores faixas, Shots Fired, uma porrada rock and roll contagiante.



Saldo Final

Com uma banda boa e coesa, composições em sua maioria bem feitas, um vocalista com personalidade (ainda que não tenha me descido a principio), o feioso da cartola não tinha como errar. Apocalyptic Love está longe de ser perfeito, mas possui um ritmo acelerado que não cansa e é certamente um disco a ser conferido por todos aqueles que curtem um hard rock bem feito. Uma grata surpresa.

Ah, a banda tocará no Brasil em novembro, na Rio o show será na Fundição Progresso, dia 2.


NOTA: 8

Edição Limitada

Apocalyptic Love foi lançado no Brasil em duas edições, a comum, aqui resenhada e uma edição dupla limitada.
Essa edição limitada vem com duas faixas bônus e um DVD contendo Making Off do disco.


Ficha Técnica

Banda (Nacionalidade): Slash (EUA/ING)

Título (ano de lançamento): Apocalyptic Love (2012)

Mídia: CD (CD)

Gravadora: Hellion Records (Nacional)

Faixas: 13

Duração: CD – 54’

Rotule como: Hard Rock

Indicado para: Fãs de Hard Rock, em especial do Badlands
Passe longe se: Não tiver paciência para vocais esganiçados

8 comentários:

  1. Passo longe. Presepeiros como o Slash (ou o Janick Gers) me irritam no mais último de todos os últimos graus...

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    1. Krillzito
      Presepeiros todos os guitarristas de rock o são, hehe
      Dê uma chance, eu também nunca fui fã do cara e gostei do novo trabalho.
      Jundis
      T

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  2. Não sabia desse recorde negativo no Metropolitan. O que é uma pena pq acho os 2 disco do Snakepit bem legais. Ando com muita vontade de tocar "Been there lately" do 2º disco ultimamente, por sinal hehe

    Legal vc ter mudado um pouquinho de opinião sobre o Myles :) Ele de fato tem uns momentos um pouco irritantes, mas no geral gosto da voz dele. E Alter Bridge é bem maneiro. Impressionante como ela tem 3/4 de semelhança com aquele lixo chamado Creed.

    E já que vc mudou um pouco de opinião sobre o Myles, dá uma ouvida no The Mayfield Four, a 1ª banda. É um som mais alternativo, mas é bem legal

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    1. Brunão
      Agora sei que o cara sabe cantar muito, quando não usa aquela porra de wah-wah natural na voz, hehehe
      E sim, dei uma chance ao Alter Bridge e fiquei surpreso, como 3/4 de um lixo horrendo como o Creed podem soar tão interessantes? Coisas da música...
      Abraço
      T

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  3. Falei, falei, mas esqueci o disco hehe
    Acho ele melhor do que o primeiro (que gosto tb, em especial da faixa com o Lemmy) pq ele fopi feito com um banda fixa, uma voz em todas as músicas, acho que deixou o material mais "redondo"

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    1. SIm, sim, agora soa como uma banda. E diga-se de passagem, o que achei mais interessante nesse disco é o todo, são 54 minutos que passam rápido e isso não é lá muito comum.
      Abração
      T

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  4. Po, Alter Bridge é bem legal.

    Eu até curto Creed, mas aquelas baladonas feitas pra estouras enchem o saco... e a voz do Scott Stapp me soa tão forçada que dá vontade de enfiar a porrada no maluko! ehhe

    Acho q o Myles Kennedy manda muito bem no vocal, tem um alcance foda, e consegue empolgar!
    Às vezes ele realmente soa meio chato, mas de um modo geral é um dos vocalistas que mais tenho curtido últimamente.

    E nem acho que o Alter Bridge soe tanto como Creed assim não... eles são mais pesados e menos "grunge"! ehhe
    Claro que a sonoridade é parecida, tb não tinha como não ser, com os 3/4! hehe
    Vendo os comentários, tenho a impressão de q eu, vc e o Brunão temos mais problemas com o Scott Stapp do que com o Creed! hehe

    PS: não ouvi o cd do slash, mas vi uns pedaços de uns shows deles e achei maneiro!
    Fiquei impressionado com a capacidade do Myles de "imitar" o Axl Rose, ficou bem parecido.
    Só senti que ele não tá mt afim de tocar nessa banda... sinto ele mt mais empolgado no alter bridge!

    abs

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    1. Pablo
      Acho que o Myles dá umas exageradas que enchem o saco, mas estou aprendendo a gostar um pouco.
      Sobre o Creed, só consigo imaginar uma banda dessas de rock de radinho pior: Nickelback...só pode piorar se o Scott Stapp unir forças ao NB...
      Alter Bridge é legal, estou com um show deles em Wembley que é muito bom.
      Não curto Guns, então estou me f****** para como Myles canta as coisas deles, hehe
      Grande abraço
      T

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