Renascido da Fumaça
Quando surgiu, nos idos de 1991,
o Down não passava de uma brincadeira de amigos músicos relativamente bem
sucedidos, com o intuito de homenagear suas bandas favoritas de doom, dentre
elas, Trouble e Saint Vitus. A banda chamou atenção da cena metálica mundial
inicialmente por curiosidade. Afinal, não é todo dia que gente de bandas como Corrosion Of Conformity (Pepper Keenan - guitarra), Crowbar (Kirk Windnstein e Todd
Strange, respectivamente guitarra e baixo), Eyehategod (Jimmy Bower
- bateria) e Pantera (Phil Anselmo - voz) se junta para fazer
um som, ainda que aparentemente sem compromisso.
Mas eis que eles calham de lançar o fenomenal Nola (sigla vernacular para New Orleans, de onde vem a corja toda) e
a faixa Stone The Crow (ver cilpe) simplesmente
estoura nas rádios americanas (e na MTV)
- e então não tinha mais volta, a brincadeira tomava are$ de $eriedade. Não dava
para ficar em um disco só.
Mas como todos tinham
compromissos com suas bandas principais, que por sinal, iam muito bem das
pernas – no caso do Pantera, muito
mais que “muito bem” – o Down acabou
por se tornar um projeto.
E já com Rex
Brown (também do Pantera) no
posto outrora ocupado por Todd Strange,
o Down viu a luz do dia mais duas
vezes, nos discos Down II – A Bustle In
Your Hedgerow e Down III – Over The
Under. Ambos com resultados muito inferiores ao disco de estréia.
Down com Rex Brown |
Mas com o fim do Pantera (e de qualquer esperança de
reunião do mesmo, com a morte de Dimebag)
e declínio comercial das demais bandas, começou a sobrar algum espaço para
turnês com o Down, e seus membros então
viram que talvez não fosse má idéia tornar a brincadeira em trabalho principal.
Este foi o caso para Phil Anselmo e para Pepper
Keenan, que acabara de entregar os pontos em sua encarnação do COC.
Mesmo com a baixa de Rex Brown, que supostamente estaria
lidando com seus “demônios pessoais” (mas que aparentemente só estava dando
preferência a $uperbanda Kill Devil Hill,
projeto que montou com Vinny Appice)
e foi substituído por Pat Bruders (Goatwhore e Crowbar) – o Down
anunciou sua intenção em deixar de ser um projeto para ser uma banda regular. Seu
primeiro passo seria entrar em estúdio e compor músicas em blocos, para formar
o total de quatro EP’s, a serem
lançados tentativamente entre 2012 e 2013.
O primeiro acaba de chegar às lojas, intitulado Down IV Part I – The Purple EP,
resenhado abaixo. E o resultado saiu melhor do que a encomenda!
Down em doses homeopáticas,
parte I
Fade In: riff pesadão e arrastado
crescendo, produção totalmente vintage e em alguns segundos somos apresentados
à linhas melódicas de guitarra contagiantes e absolutamente doom. Phil Anselmo vocifera o atemporal 1,2,3,4 e Levitation abre a bolacha de maneira surpreendentemente inspirada. Sua performance está bem mais
melodiosa e nada gritada, o que casa de forma perfeita com o som do Down.
Já bastante difundida na internet, a fantástica Witchtripper (ver clipe) mostra
claramente as admitidas influências de bandas como Witchcraft e Graveyard da
atual onda de bandas de retro-rock vindas da Suécia nesse ressurgimento
criativo do Down, stoner de qualidade e forte candidata a
faixa obrigatória nos shows.
A caixa de riffs do tio Iommi deve ter sido furtada e nesse
caso algumas coisinhas foram utilizadas de forma nada parcimoniosa em Open Coffins, totalmente Sabbathica e que não deixa o padrão de
qualidade baixar.
Nesse momento fica a impressão
que só as três músicas apresentadas já engolem os irregulares Down II e III. E então chega The Curse
Is a Lie, para deleite dos fãs de doom
metal, coroar a evolução de Phil Anselmo
em mais uma performance desprovida dos exageros de outrora e que mostra ao
mundo um novo vocalista - É justo - se o Down
virou banda de fato, este cantor aqui é o Phil
do Down e não mais o eterno
berrador do Pantera tentando soar
limpo. O curioso é descobrir que o cara é vidrado em Paul Rodgers e Coverdale,
a quem ele diz estar escutando cada vez mais para desenvolver seu estilo de voz
mais limpo. Não que exista muito de algum dos dois mestres no estilo de Phil, que é um vocalista daqueles que
se reconhece à primeira audição – o que é para poucos, mas certamente sua
abordagem está o mais próximo do blues
e hard setentista que seu background
extremo permite ir.
A vigorosa This Work Is Timeless pode soar como algo que o Down já fez antes, mas ainda assim te
faz querer bater cabeça, então não há mal algum em soar ligeiramente genérico. Ah,
e tem que ser destacado o belo trabalho dos guitarristas Pepper Keenan e Kirk
Windstein no meio da faixa.
O jogo já estava ganho, mas o melhor ficou para
o final, Kirk e Pepper detonam um riff que ao mesmo tempo que remete ao Black Sabbath, soa absolutamente novo. Parecendo
ter sido cunhada nas montanhas da perdição, a vintage Misfortune Teller (ver
clipe) é o maior presente que esse novo Down
apresentou a seus fãs. Após alguns minutos de silêncio, surge em fade in o
trecho de algo que imagino ser um teaser do novo EP...aguardarei ansiosamente.
Saldo Final
Quando li pela primeira vez Pepper Keenan falando sobre a idéia dos
Eps, confesso que encarei como uma
tremenda furada.
Obviamente estava enganado.
Talvez por ter que apresentar
poucas faixas de uma só vez ao público, a banda tenha se esmerado em fazer com
que essas poucas faixas fossem dignas do que se espera do Down – e pensando bem, foi exatamente o fato de contar com um
amontoado de encheção de lingüiça que os capítulos II (que contem umas 15 faixas) e III (12 faixas) perderam consideravelmente poder de fogo em relação
ao ótimo Nola.
Ou seja, em pouco mais de meia
hora, (e talvez por coincidência – o que não acredito - batendo exatamente em
33,3 minutos segundo a biblioteca do Itunes)
o Down chegou perto do disco que é
considerado seu cartão de visitas.
Adeus ao projeto Down, longa vida à banda – e que venham
logo os outros EP’s.
NOTA: 8,5
Ficha Técnica
Banda (Nacionalidade): Down (EUA)
Título (ano): Down IV Part I - The Purple EP (2012)
Mídia: EP
Gravadora: Down Records (Importado)
Faixas: 6
Duração: 33’
1. Levitation; 2. WitchTripper; 3.Open Coffins;
4. The Curse Is a Lie; 5. This Work Is Timeless; 6. Misfortune Teller.
Rotule como: Stoner, Doom
Passe longe se: VOCÊ ACHA QUE O PANTERA ACABOU POR CAUSA DO ANSELMO... Hahahahaha...
ResponderExcluirUé, e não foi não????
ExcluirWHEHHEHEHEHEHEHHEHEHEHHEHE
mandou bem, devia ter colocado isso!!!!
Abraço
T