terça-feira, 9 de outubro de 2012

Linkin Park – Citibank Hall (08.10.12)




Prólogo – Uma Banda Chegando à Adolescência
(Fotos por Victória)

Exatamente no ano 2000, o Linkin Park mostrava sua cara ao mundo. Um Hard Pop moderno (ou modernoso se você é um dos muitos que odeiam a banda), repleto de elementos eletrônicos, pitadas de hip-hop e letras que mostravam uma espécie de revolta típica do sentimento de inadequação juvenil. Tudo isso embalado por algum peso eventual, ainda que geralmente pontuado por melodias açucaradas demais aos ouvidos mais “true”.

O fato é que a banda conquistou uma geração inteira, sendo responsável por introduzir muitos garotos e garotas ao mundo do rock. É como aquela história das drogas leves e sociais levando o caboclo às mais pesadas.

Nunca me importei muito com a banda. Escutei à época os dois primeiros discos e me soaram interessantes, mas não o suficiente para que eu os adquirisse. Mas tampouco torci o nariz à banda. De fato muitos fãs de heavy metal preferem ouvir Tetê Espindola à Linkin Park. Mas assim como esses xiitas metálicos, acreditei firmemente que a banda não passaria de três discos e então a modinha seria outra.


Bom, doze anos se passaram, e se eu ainda tinha alguma dúvida sobre se ainda faz sentido chamar o LP de modinha, essa dúvida se dissipou em instantes. 



Um Belo espetáculo Audiovisual – e com Potássio?

E lá estava eu, espremido no meio de um público majoritariamente jovem, aguardando a entrada no palco de um dos principais expoentes do pop rock mundial a surgir na última década.

E no mar de jovens entre 20 e 30 anos, era mais fácil que eu imaginava pescar um ou outro coroa, e para minha surpresa, uma boa parcela deles não estava ali para acompanhar nenhum adolescente. Ok, eu definitivamente não estava sozinho nessa.

Com exatos 15 minutos de atraso, os integrantes da banda aos poucos sobem ao palco e logo percebo que ao menos visualmente essa noite seria bastante interessante.


 Graças a um mega telão ao fundo do palco, esse por si só que possui um design bem pensado e algo futurista, o que vimos dali em diante foi uma aula de esmero na produção de um show. Cada imagem projetada no telão estava intrinsecamente casada com o que a banda executava no palco e com a iluminação e demais efeitos (gelo seco e torres de fogo).


Chester no Telão, e nem é Natal...

O som estava bastante bem equalizado e é visível que as músicas da banda ganham em muito em peso quando executadas ao vivo. Não exatamente o peso de um Slayer, é claro, mas somado ao espetáculo visual e à intensidade com que a banda comanda a platéia, estou certo de que já vi muita banda de metal fazer shows menos impactantes.


A estrutura do palco faz com que todos os integrantes possam ser vistos pelo público com igual destaque, mas fica claro que a molecada fica mesmo vidrada com os dois vocalistas: Chester Bennington (responsável pelos vocais limpos e urrados) e Mike Shinoda (responsável pelos raps - ugh- e alguns vocais limpos, além de tocar teclado e guitarra). Chester não é mais o jovem revoltado que servia de espelho para muito adolescente, mas ainda que próximo dos 40 anos, o cara mantém uma raiva em doses homeopáticas na voz. Ainda que em diversos momentos fosse difícil escutar o cara, tamanho o barulho feito pelos fãs.


Chuva de Fogo que cair em parar...

O profissionalismo da banda é gritante, todos tocam bem (em especial o baterista, Rod Bourdon), mas o que chama mais a atenção é a raça com os caras encararam o show. Seja em números mais manjados (as obrigatórias In The End e Faint), seja nos números novos (o bom Living Things foi tocado quase na íntegra) o que vimos foi uma banda com sangue nos olhos.

Não sei se é o padrão do LP, mas tenho a ligeira impressão que o vigor da apresentação em muito se deve à receptividade do público. A casa estava lotada e não me lembro de ver um público tão intenso assim no Rio de Janeiro desde sei lá quando. As músicas eram cantadas por 90% da platéia o tempo todo e ficou visível o impacto que isso teve nos membros da banda, que se entreolhavam e sorriam a todo instante. Em determinado momento houve um clamor por um hit da banda que não anda sendo tocado nessa turnê (Crawling). Chester e Mike se entreolham, cochicham alguma coisa e eis que, para delírio de muitos, o carequinha cantarola alguns versos da mesma à capela.

O público ganhou a banda, em definitivo
Mas curioso também é ver o efeito da faixa etária em outro momento: no meio de Bleed It Out (acredito eu), a banda introduz um baita trecho da clássica Sabotage, dos Beastie Boys. O público que estava quicando, para e observa atentamente, a grande maioria sem fazer a mínima idéia do que era aquilo, até que a banda retornou à música original.

Rammstein Jr.?
O fato é que uma hora e quarenta e cinco minutos depois a banda deixou o palco, sob aplausos esfuziantes de todos, inclusive deste ser trevoso. E ao olhar ao redor, o que se via era um mar de pessoas felizes, suadas e roucas. E tive então a certeza de que nem tudo está perdido, o que vivi ali foi um baita show de rock em sua essência e havia uma legião de novos rostos interessados nessa sensação, muitos ali provavelmente tendo seu primeiro contato com algo do tipo. 

Linkin Park
Poderia pensar então o retrógrado chavão: “eles não conhecem uma verdadeira banda de rock”. Mas esse pensamento estúpido não cabia naquele momento. Talvez meus ídolos já não atinjam essa galera com tanta força, mas isso também aconteceu com os ídolos dos meus ídolos. Não há motivos para extremismos de velhaco. O rock é uma música para jovens, apenas isso.


Resumindo, o Linkin Park fez um show vigoroso, que casado com uma das melhores produções de palco que já vi, fizeram dessa noite uma experiência para lá de surpreendente.


6 comentários:

  1. Eu curtia Linkin Park no começo.

    Eles surgiram na época que estava querendo descobrir coisas novas no rock, e gostei do que ouvi no 1o cd.
    O 2o já não foi tão legal pra mim, e o terceiro foi bem caidinho, pop demais...

    Fiquei curioso pra ouvir esse último, e já to procurando aki!

    Deve ter sido um show divertido msm.
    Acho legal esse foco na produção q as bandas atuais tem dado.
    Fazem os shows ficarem bem mais interessantes!

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    1. Pablo
      O último disco é possivelmente o melhor desde o primeiro, mas não muda em nada o estilo da banda. Talvez eles tenham acertado justamente por não tentar mais provar que são artisticamente relevantes, abandonando os projetos conceituais e se concentrando no som que os consagrou.
      Quanto às produções de palco, acho justas e interessantes. Afinal, os ingressos são muito caros, então nada mais honesto que a banda compense com um pacote completo.
      abraço
      T

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  2. Boa análise Trevas!!
    Não conheço a banda, mas não importa, se o show mexeu com a rapaziada; e se você, um crítico abalizado, relata que foi um SHOW!, então foi maneirissimo!
    e seu texto e contextualização do evento foram muito bons, valeu!

    abraço,
    fabiano

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  3. Pro Trevas ter horror: Essa cascata de fogo aí a Furacão 2000 faz há mais de 20 anos nos bailes de corredor! Nada novo... Kkkkk

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    1. WHahahhahahahahahhahahaaa...sim, sim cascata de fogos é muito brega, anos 80 total!
      bjos
      Trevas

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