Prólogo – Uma Banda Chegando à Adolescência
(Fotos por Victória)
Exatamente no ano 2000, o Linkin Park mostrava sua cara ao mundo.
Um Hard Pop moderno (ou modernoso se
você é um dos muitos que odeiam a banda), repleto de elementos eletrônicos,
pitadas de hip-hop e letras que mostravam uma espécie de revolta típica do
sentimento de inadequação juvenil. Tudo isso embalado por algum peso eventual,
ainda que geralmente pontuado por melodias açucaradas demais aos ouvidos mais “true”.
O fato é que a banda conquistou
uma geração inteira, sendo responsável por introduzir muitos garotos e garotas
ao mundo do rock. É como aquela história das drogas leves e sociais levando o
caboclo às mais pesadas.
Nunca me importei muito com a
banda. Escutei à época os dois primeiros discos e me soaram interessantes, mas
não o suficiente para que eu os adquirisse. Mas tampouco torci o nariz à banda.
De fato muitos fãs de heavy metal
preferem ouvir Tetê Espindola à Linkin Park. Mas assim como esses
xiitas metálicos, acreditei firmemente que a banda não passaria de três discos
e então a modinha seria outra.
Bom, doze anos se passaram, e se eu ainda tinha
alguma dúvida sobre se ainda faz sentido chamar o LP de modinha, essa dúvida se dissipou em instantes.
Um Belo espetáculo Audiovisual
– e com Potássio?
E lá estava eu, espremido no meio
de um público majoritariamente jovem, aguardando a entrada no palco de um dos
principais expoentes do pop rock mundial a surgir na última década.
E no mar de jovens entre 20 e 30
anos, era mais fácil que eu imaginava pescar um ou outro coroa, e para minha
surpresa, uma boa parcela deles não estava ali para acompanhar nenhum
adolescente. Ok, eu definitivamente não estava sozinho nessa.
Com exatos 15 minutos de atraso, os
integrantes da banda aos poucos sobem ao palco e logo percebo que ao menos
visualmente essa noite seria bastante interessante.
Graças a
um mega telão ao fundo do palco, esse por si só que possui um design bem
pensado e algo futurista, o que vimos dali em diante foi uma aula de esmero na
produção de um show. Cada imagem projetada no telão estava intrinsecamente
casada com o que a banda executava no palco e com a iluminação e demais efeitos
(gelo seco e torres de fogo).
Chester no Telão, e nem é Natal... |
O som estava bastante bem
equalizado e é visível que as músicas da banda ganham em muito em peso quando
executadas ao vivo. Não exatamente o peso de um Slayer, é claro, mas somado ao espetáculo visual e à intensidade
com que a banda comanda a platéia, estou certo de que já vi muita banda de
metal fazer shows menos impactantes.
A estrutura do palco faz com que todos os
integrantes possam ser vistos pelo público com igual destaque, mas fica claro
que a molecada fica mesmo vidrada com os dois vocalistas: Chester Bennington (responsável pelos vocais limpos e urrados) e Mike Shinoda (responsável pelos raps - ugh-
e alguns vocais limpos, além de tocar teclado e guitarra). Chester não é mais o jovem revoltado que servia de espelho para
muito adolescente, mas ainda que próximo dos 40 anos, o cara mantém uma raiva
em doses homeopáticas na voz. Ainda que em diversos momentos fosse difícil escutar
o cara, tamanho o barulho feito pelos fãs.
Chuva de Fogo que cair em parar... |
O profissionalismo da banda é
gritante, todos tocam bem (em especial o baterista, Rod Bourdon), mas o que chama mais a atenção é a raça com os caras encararam
o show. Seja em números mais manjados (as obrigatórias In The End e Faint),
seja nos números novos (o bom Living Things foi tocado quase na íntegra) o que vimos foi uma banda com sangue
nos olhos.
O público ganhou a banda, em definitivo |
Mas
curioso também é ver o efeito da faixa etária em outro momento: no meio de Bleed It Out (acredito eu), a banda
introduz um baita trecho da clássica Sabotage,
dos Beastie Boys. O público que
estava quicando, para e observa atentamente, a grande maioria sem fazer a
mínima idéia do que era aquilo, até que a banda retornou à música original.
Rammstein Jr.? |
O fato
é que uma hora e quarenta e cinco minutos depois a banda deixou o palco, sob
aplausos esfuziantes de todos, inclusive deste ser trevoso. E ao olhar ao
redor, o que se via era um mar de pessoas felizes, suadas e roucas. E tive
então a certeza de que nem tudo está perdido, o que vivi ali foi um baita show
de rock em sua essência e havia uma legião de novos rostos interessados nessa
sensação, muitos ali provavelmente tendo seu primeiro contato com algo do tipo.
Linkin Park |
Poderia pensar então o retrógrado
chavão: “eles não conhecem uma verdadeira banda de rock”. Mas esse pensamento
estúpido não cabia naquele momento. Talvez meus ídolos já não atinjam essa
galera com tanta força, mas isso também aconteceu com os ídolos dos meus ídolos.
Não há motivos para extremismos de velhaco. O rock é uma música para jovens,
apenas isso.
Resumindo, o Linkin Park fez um show vigoroso, que casado com uma das melhores
produções de palco que já vi, fizeram dessa noite uma experiência para lá de
surpreendente.
Eu curtia Linkin Park no começo.
ResponderExcluirEles surgiram na época que estava querendo descobrir coisas novas no rock, e gostei do que ouvi no 1o cd.
O 2o já não foi tão legal pra mim, e o terceiro foi bem caidinho, pop demais...
Fiquei curioso pra ouvir esse último, e já to procurando aki!
Deve ter sido um show divertido msm.
Acho legal esse foco na produção q as bandas atuais tem dado.
Fazem os shows ficarem bem mais interessantes!
Pablo
ExcluirO último disco é possivelmente o melhor desde o primeiro, mas não muda em nada o estilo da banda. Talvez eles tenham acertado justamente por não tentar mais provar que são artisticamente relevantes, abandonando os projetos conceituais e se concentrando no som que os consagrou.
Quanto às produções de palco, acho justas e interessantes. Afinal, os ingressos são muito caros, então nada mais honesto que a banda compense com um pacote completo.
abraço
T
Boa análise Trevas!!
ResponderExcluirNão conheço a banda, mas não importa, se o show mexeu com a rapaziada; e se você, um crítico abalizado, relata que foi um SHOW!, então foi maneirissimo!
e seu texto e contextualização do evento foram muito bons, valeu!
abraço,
fabiano
Obrigado, Fabiano!
ExcluirAbraço!
Trevas
Pro Trevas ter horror: Essa cascata de fogo aí a Furacão 2000 faz há mais de 20 anos nos bailes de corredor! Nada novo... Kkkkk
ResponderExcluirWHahahhahahahahahhahahaaa...sim, sim cascata de fogos é muito brega, anos 80 total!
Excluirbjos
Trevas