Caros Amigos (as)
Retorno ao mundo dos blogs, para
escrever sobre a coisa que mais gosto, o bom e velho rock and roll. Não o faço
porque acredito escrever bem - meu estilo literário é semi-aborígene. Não o
faço por exibicionismo. Faço por simplesmente adorar escutar, ler e assistir
tudo sobre música e sei que, assim como eu, existem outros malucos por aí.
Malucos(as) que tem prazer em destrinchar as histórias que permeiam a trilha
sonora que escolhemos para nossas vidas. E quantas histórias interessantes se
escondem em cada esquina desse vasto mundo do rock!
Vocês encontrarão por aqui
resenhas de shows, discos, livros, dvds (blu-rays) e notícias sobre o mundo do
rock. Tudo obviamente passando pelo meu filtro, mas sem nenhuma intenção de
polemizar pelo simples prazer de polemizar. Sempre que puder, colocarei as
referências de onde tiro as informações, para que possam ler as matérias
originais, pois não há nada pior do que as lendas urbanas que a internet
fomenta. E o rock está cheio de lendas urbanas.
Espero que vocês gostem e visitem
sempre ou eventualmente. Eu, certamente, me divertirei muito escrevendo aqui.
Começo com a resenha do show do
Joe Bonamassa, que tive o prazer de assistir com minha noiva em nossa viagem
para Buenos Aires. Por motivos pessoais, esse show foi bem marcante. Mas irei
despir minha resenha disso e fazer ainda uma breve introdução sobre a história
do artista, que considero um dos mais interessantes da nova safra.
Abraços
Renato “Trevas”
Joe Bonamassa - Teatro Coliseo (Buenos Aires) - 29.05.12
Prólogo - uma noite qualquer
na capital Porteña
O início de noite em Buenos Aires
se mostra frio, temperado com ventos daqueles de açoitar as poucas partes do
corpo desprotegidas. O Teatro Coliseo fica a menos de sete quadras de nosso
hotel, praticamente na esquina da Rua Marcelo T de Alvear com a imensa Avenida
9 de Julio, a monstruosa avenida que corta o centro da cidade Portenha.
Com sua fachada voltada para a
Plaza Libertad, arborizada e simpática durante o dia, lúgubre durante a noite,
o Teatro Coliseo não tem aparentemente nada que o diferencie de outros 789
teatros de médio e grande porte situados no centro da cidade de Buenos Aires. O
neon verde aceso e a pequena concentração de pessoas em sua porta são os sinais
de que algo tomaria lugar ali, mas não há pôster ou qualquer indicação de que
seria o show do outrora garoto prodígio “Smokin’” Joe Bonamassa.
Quem diabos é Joe Bonamassa?
Joe Bonamassa e BB King, 1989
Nada mais condizente com a
trajetória deste músico. Joe Bonamassa sofre de distúrbio de déficit de atenção
e hiperatividade e seu pai, um grande fã de rock e blues dos anos 60 e 70, logo
descobriu que a única coisa que conseguia manter a atenção do pequeno Joe por
algum instante que fosse era a música. Logo, Joe foi apresentado a guitarra e,
supreendentemente, tornou-a sua parceira inseparável. Aos 10 anos, o então
“Smokin Joe” (que péssimo nome artístico) atraia pequenas aglomerações a seus
shows. Pouco depois, Joe ganhou um admirador de peso: BB King. O velho bluesman
o apadrinhou e colocou o moleque, com 12 anos, para abrir sua turnê norte
americana. Logo Joe Bonamassa estava abrindo shows para nomes como Buddy Guy,
Foreigner, Robert Cray, Greg Allman, Robben Ford e Joe Cocker. Segue um link da
participação do pequeno “Smokin Joe” arrebentando aos 15 anos no tributo ao Leo
Fender:
Na década de 90, Joe fez parte da
banda Bloodline, que juntava os filhos de Miles Davis e de Robby Krieger (The
Doors). E nos início dos anos 2000, começou sua carreira solo, que já soma 13
albuns. O estilo? Uma amálgama de vários bluesmen de épocas diferentes, mas não
seria exagero dizer que Joe Bonamassa deve muito de seu estilo ao saudoso Gary
Moore, embora possam ser notados pontos em comum com Rory Gallagher e até mesmo
Eric Clapton.
Ainda que seja um artista
independente, vários de seus álbuns, assim como seus DVDs tem estreado na
primeira posição na Billboard, fruto de uma estratégia montada por seu braço
direito e empresário, Roy Weisman, digna dos artistas dos anos 70 -
autopromoção baseada na confiança nas apresentações ao vivo. Roy Weisman foi
criado no showbusiness, pois é filho do empresário e braço direito de Frank
Sinatra e acompanhava o pai em todos os passos em sua infância.
Eu não posso me gabar. Conheci o
Joe Bonamassa apenas recentemente, através do supergrupo Black Country
Communion, do qual fazem parte Jason Bonham, Glenn Hughes e Derek Sherinian.
Mas de lá para cá, me tornei fã absoluto.
Para quem quiser entender melhor o fenômeno
Bonamassa, aconselho fortemente dar uma checada na Classic Rock Magazine 167
(foto), lançada agora em 2012, que além da matéria de capa (ver abaixo), vem com uma boa coletânea
do artista encartada.
Finalmente, o show
Por dentro, o Teatro Coliseo é
luxuoso, ainda que seja estranha a ideia de assistir a um show de rock com
lugar marcado. Ao entrar no setor marcado em seu ingresso, no nosso caso, a
primeira bancada superior (ou como eles chamam: Superpullman), recebemos o
programa do show, um belo souvenir para guardar de um evento especial.
Pouco antes de começar o show, o
local estava vazio, com boa parte dos 2500 lugares desocupados. Sabia que havia
algo errado, pois pouco após comprar minhas entradas online, me deparei com a
informação que o show estaria “sold out”. Isso com pouco menos de um mês de
antecedência. Dito e feito, faltando
apenas 5 minutos para o horário marcado, o teatro já estava abarrotado, sem um
lugar livre. A plateia, por sinal, bem heterogênea, de garotada com roupas de
bandas de death metal até senhores careca-cabeludos de 60 anos, passando por
casais nada roqueiros, havia de tudo ali. E do estranhamento inicial em
assistir a um show desses sentado até a loucura barulhenta na reta final do
show, pudemos comprovar a intensidade do roqueiro povo porteño.
Frente do Teatro Coliseo |
Interior do Teatro Coliseo + Programa do Show |
Pontualmente as 20:30, sobe ao
palco Joe e sua banda, ao som de “Slow Train”. O som está perfeito e a
iluminação é arrebatadora. Mr. Bonamassa está acompanhado de sua banda no
formato mais rock, contando com Carmine Rojas no baixo (Keith Richards, Tina
Turner, Rod Stewart, David Bowie e Stevie Wonder); Rick Mellick (Andy Gibb,
Marc Hunter, John Denver) nos teclados e o boçal Tal Bergman (Billy Idol, Rod Stewart,
Simple Minds, Peter Cetera, Eric Johnson, Terence Trent Darby) na batera. Seja
em músicas mais pesadas e autorais, como “The Ballad of John Henry”, seja em
números mais introspectivos, como a fantasmagórica versão de “Midnight Blues”
(do cara-de-morcego Gary Moore) a banda parece ter uma química sobrenatural,
abrindo espaço para improvisos que nunca soam gratuitos, muito menos servem de
escada para a demonstração do talento do patrão. Todos tem igual destaque no
show.
Tal Bergman – o animal
Ao menos deveriam, mas a fúria e
técnica brutal de Tal Bergman saltam aos olhos e ouvidos. Cada acesso de fúria
do brucutu era seguido pela entrada no palco de um desesperado roadie, que
tinha que arranjar tempo entre uma pancada e outra do Mr. Bergman para apertar
as peças do kit de bateria, que não resistiam ao implacável baterista. Sabedor
do potencial showman que tem em mãos, Bonamassa reserva parte do show para um
duelo com seu baterista. Joe manda ver na guitarra, Tal Bergman responde com um
solo de bateria destruidor. Isso se alterna por umas três vezes. Ao final de uma
marretada de Bergman, ouve-se um grito no meio da plateia – “ANIMAAAL”!!
Risadas gerais e orgulho nos olhos do batera. Quando parece impossível vencer o
duelo, Joe ao invés de fritar a guitarra, apenas dedilha o início de “Stairway
to Heaven”. Platéia ganha, o show prossegue.
Aliás, além dos óbvios covers de
standards do blues e rock, e até espaço para um número do Black Country
Communion (“Song of Yesterday”), muitas são as referências a clássicos do rock
nos improvisos durante o show. A maior parte deles na mega jam final sobre
“Just Got Paid” (ZZ Top), na qual pedaços de músicas do Led Zeppelin e até
mesmo boa parte da porção instrumental de “Still of the Night” do Whistesnake
são executados, para deleite do público.
Saldo final
Entre exibições de feeling e
momentos de puro rockenroll, a banda deixa o palco com uma hora e quarenta de
show. A plateia não mais se contenta em ficar sentada e ovaciona e entoa gritos
dignos dos temidos barrabravas, até que a banda retorna. Joe Bonamassa diz
“demorei 12 anos até pisar na Argentina, mas podem ter certeza, não vou demorar
mais 12 anos para voltar”. Todos acreditamos, a sensação é a mesma para cada um
de nós em relação ao show. A banda emenda a faixa título do recém lançado cd
“Driving Towards Daylight”, muito bonita, por sinal, e termina com a já citada
música do ZZ Top. Somadas duas horas de muito blues rock, as luzes se acendem,
a banda se despede demoradamente, e todos extasiados, retornamos a fria noite
portenha.
No dia seguinte, na minha
peregrinação pelas abundantes lojas de cds de B.A., foi comum encontrar nos
alto falantes das lojas o novo disco do cara rolando. Em uma delas, pequenina,
não me contive: perguntei ao dono da loja se ele havia estado no show, na noite
anterior. O senhor, de uns 50 anos, abre um sorriso orgulhoso e profere, em
espanhol: “claro! Foi uma noite e tanto, não?”
Foi. Com certeza.
Trevas
Com certeza foi um dos melhores shows da minha vida, sem falar da companhia perfeita!!!! *__* Jamais irei esquecer!!!!
ResponderExcluirParabéns pelo blog arrasou com muito estilo e conhecimento!
Obrigado, pequena. Esse novo Blog é 100% culpa sua, hehehehe
ExcluirTe amo
T
Ae renato , blog fera , curti d+
ResponderExcluirby : seu primo lindo (:
Valeu, Caio!Abração
ExcluirShow!!!vou indicar seu blog para os amigo...Paula marques.
ResponderExcluirValeu, Paula!Bjos
ExcluirOlá, esse negocio de rock, não é muito minha praia, eu gosto é do Luan Santana.......hahahahahah, esse blog vai bombar, boa sorte, mais agora e na boa, o tal do BB, foi quem fundou o Banco do Brasil?........ops
ResponderExcluirAbraços do amigo
Hilton
Hiltoca, assim que sair o novo do Luan Santana, pode deixar que eu resenho, uhuhuhu....NOT!
Excluirabração
Parabéns pelo blog! Adorei a resenha do show...
ResponderExcluirAtt,
Billy Marreta.
Valeu, Billy The Kid! Abracetas
Excluir