O Retorno do Holandês Voador
Por Trevas
O guitarrista holandês Adriaan van den Berg (ou, de forma americanizada, Adrian Vandenberg) manteve, ao menos por um bom tempo, o recorde de permanência nas voláteis fileiras do Whitesnake, figurando como fiel escudeiro do patrão David Coverdale por nada menos que 13 anos. Mas o Whitesnake não representou o primeiro flerte com o sucesso do virtuose. Em 1981, sua banda Teaser editou uma Demo Tape que chamou a atenção da Atlantic Records. Dois anos depois, o primeiro disco da banda, que agora atendia pelo epíteto Vandenberg (provavelmente uma escolha da gravadora para fazer alusão ao multiplatinado Van Halen), alçava o single Burning Heart a um impressionante 39º lugar na Billboard. Dois discos mais foram lançados pelo quarteto, com sucesso comercial decrescendo a cada lançamento. Alibi, de 1985, marcou a saída do vocalista e fim do grupo, com Adrian logo sendo convocado a fazer parte de uma versão repaginada do Whitesnake, que vivia seu apogeu de popularidade.
Adrian à época do Moonkings |
A "tchurma" de 2020 |
Shadows Of The Night é um ótimo cartão de visitas, um Hard/Heavy vigoroso, que cheira à Rainbow. Produção boa (mas não sensacional, como o usual para mr. Marlette, que também assina os teclados climáticos) e na cara. Ronnie está usando sua voz de forma diferente do habitual e Adrian, este está mandando brasa em bons riffs e solos, que seguem na legal Freight Train e atingem um patamar muito elevado na excelente Hell And High Water, que não ficaria deslocada em um disco como Rainbow Rising.
A balada Let It Rain mostra que, a despeito do nome da banda, o verdadeiro astro da companhia aqui é Ronnie. Como está cantando, o chileno, que também tem melhorado consideravelmente seu inglês. Usando uma pegada mais Hard, por vezes lembrando o saudoso Steve Lee (Gotthard) ou Danny Bowes (Thunder). Não é à toa, o cara virou o vocalista da moda, o que faz também a versão atual do Vandenberg dar um salto de energia em relação à encarnação original dos anos 1980. O peso Rainbowniano retorna na avassaladora Ride Like The Wind. Como habitual, existem lá seus “fillers”, no caso, a dobradinha pouco inspirada Shout (a mais fraca do disco, de longe) e Shitstorm. E se for muito chato, poderia implicar também com Light Up the Sky, que rouba descaradamente o Riff de Bad Boys, do Whitesnake, mas acaba tomando uma vida própria bem bacana.
A reta final separa uma pequena polêmica, na polarizadora regravação de Burning Heart. Confesso que achei a regravação (que conta com Rudy Sarzo e Brian Tichy como convidados) até mais legal, com a pegada mais rasgada de Ronnie (em contraste ao toque mais AOR da original), mas sou suspeito, nunca curti de fato essa música. O que não tem discussão é que Skyfall, faixa que encerra o disco, é um arregaço para fã de Hard/Heavy nenhum botar defeito. Ao final dos 42 minutos da bolachinha, fica a impressão que David Coverdale estaria muito melhor assessorado em termos criativos se tivesse mantido a parceria com Adrian, já que 2020 é de longe melhor que o último trabalho da Cobrabranca. Discaço. (NOTA: 8,82)
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Gravadora: Hellion Records (nacional)
Prós: ótimas músicas, Ronnie Romero
cantando muito
Contras: produção apenas correta,
sonoridade sem novidades
Classifique como: Hard/Heavy
Para
Fãs de: Rainbow, Whitesnake
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