Olá, Criptomaníacos!
Novamente com atraso, chega
mais uma lista de melhores do ano.
Faço essa lista desde 2012 e
confesso que embora eu sempre me pegue impressionado com a qualidade do
material ao final de cada um dos anos, dessa vez me surpreendi demais. 2018 foi
o ano em que minha nota de corte para o 20º colocado foi tão alta que quase
estendi a lista para 25 ou 30.
Sim, pois o resultado final
deixou de fora discos excelentes de gente respeitável, como Unleashed, Imago
Mortis (o melhor disco Brasuca de 2018), Metal Church, Burning Witches, Clutch
e grande elenco...
Mas lista é assim mesmo,
sujeita a falhas, supostas injustiças e muito xingamento gratuito à progenitora
do infame “redator” hehehehe
Claro que preparei também uma
Playlist no Spotify com uma música de cada disco avaliado por aqui, para quem
quiser fazer uma tardia retrospectiva sonora de 2018.
No mais, espero que se
divirtam.
Saudações
Trevas
A PLAYLIST
Blu-Ray/DVD
Sim, o outrora
promissor mercado de Blu-rays e DVDs, que chegou (ainda que momentaneamente) a
servir de válvula de escape para as Gravadoras diante da crescente queda de
venda dos Cds, diminuiu
estrondosamente. A enxurrada de Home-vídeos do início dos anos 2000
praticamente secou. O bom disso é que as bandas perceberam que precisam colocar
algo realmente especial e relevante nesse restrito mercado. Esse ano tivemos
alguns bons exemplos, como o documentário/show The Pursuit Of Vikings, do Amon
Amarth. Ou Messe Noire, que coloca
toda a capirotagem do Behemoth
apresentando sua obra máxima ao vivo. Ainda tivemos o ineditismo de ver um show
completo do Ayreon saindo do papel
no ótimo Ayreon Universe. E a habitualmente confusa mistura orquestra/banda de rock
enfim funcionando com Symphonic Terror, do Accept. Mas nada se comparou ao esmero dos lusos do Moonspell com o para lá de abrangente Lisboa Under The Spell: uma
megaprodução em três atos divididos entre os clássicos Wolfheart, Irreligious e
o então último trabalho, Extinct. Um
pacote que ainda conta com ótimos extras e que merece o título de melhor
lançamento audiovisual de 2018.
Bomba
e Decepção
Sempre bom lembrar a
diferença entre bomba e decepção: algo só nos decepciona quando desse algo
esperamos bons resultados. Da bomba não necessariamente esperamos nada. E esse
ano tivemos algumas decepções que não chegam a ferir os ouvidos: Machine Head perde o pé no confuso Catharsis,
Doro entrega um disco duplo bem sem
graça, Magnum e Kamelot enfim erram o alvo após anos e anos de bons serviços
prestados. Ah, e Steve Perry faz de seu
improvável retorno uma viagem adocicadamente sonolenta. Mas se as decepções não
mataram ninguém, não posso falar o mesmo da bomba inconteste de 2018: uma josta
triplamente qualificada, um horror Lovecraftiano vomitado das profundezas do
mau-gosto chamado The Three Tremors!
Roubando a ideia original abandonada nos anos 2000, de unir três grandes
vocalistas de Metal (Dio+Halford+Bruce Dickinson), alguém
teve a infeliz sacada de fazer uma versão disso, só que comprada no Ali Express: os insuportáveis cacarejadores Sean Peck (Cage, Denner/Shermann) e Tim Owens (Judas Priest e outros 789 projetos de onde é
sempre demitido) se juntam ao subestimado Harry
Conklin (Jag Panzer) num disco
absolutamente impossível de ser ouvido por mais de torturantes dois minutos.
Sinceramente, nem latido de poodle soa tão irritante e intragável.
Três decepções e uma aberração |
Os 20 Melhores:
20. Saxon – Thunderbolt
A primeira metade dos
curtos quarenta minutos de Thunderbolt é tão arrasadora que chega a empalidecer
(injustamente) o restante do disco. Mais um ótimo trabalho de uma das bandas
mais prolíficas e equilibradas de sua geração.
19. Behemoth – I Loved You At
Your Darkest
O sucessor do
brilhante The Satanist é de uma fúria e perfeição absurdos. Mais direto e menos
inventivo, ILAYD definitivamente não é tão genial quanto seu irmão, mas ainda
assim está facilmente entre os melhores discos dos poloneses.
18. Halestorm – Vicious
O Halestorm estava
nos devendo um Cd à altura de seus poderosos shows. Estava. Vicious enfim
mostra ao mundo um som encorpado e com produção que faz justiça a natureza
rocker e rebelde do quarteto. E Lzzy, essa coloca novamente suas garras de fora
e vai galgando espaço aos poucos no panteão das grandes mulheres da história do
Rock. Um baita disco.
17. We Sell The Dead – Heaven Doesn't Want You And Hell Is Full
E de onde eu menos
esperava saiu um disco simples, único e viciante. Um disco conceitual unindo
figuras tão díspares Niclas Engelin (guitarrista do In Flames, Engel e
Passenger), Apollo Papathanasio (voz, ex-Firewind, atual Spiritual Beggars),
Jonas Slättung (baixo e voz, Drömriket) e Gas Lipstick (bateria, ex-HIM). Difícil
dizer se há conteúdo para se levar o We Sell The Dead para além desse álbum de
estreia, mas se ficar só nele, a junção dos suecos já terá valido à pena.
16. King Witch - Under The
Mountain
Imensamente suja e
intensa em seus parcos 43 minutos, Under The Mountain é uma estreia para lá de
invejável e promissora desse barulhento quarteto escocês. Recomendadíssimo para
qualquer fã de Doom Metal que se preze!
15. Lucifer – Lucifer II
Lucifer II é um demônio
completamente diferente daquele conjurado por Sadonis e sua trupe no primeiro
trabalho. Menos pesado e solene, mais melodioso e versátil. A única linha que
une por completo os dois discos é a da qualidade, que se mantém para lá de
alta. Outro excelente trabalho de uma das melhores bandas da atualidade.
14. Powerwolf – The Sacrament
Of Sin.
O Power Metal,
geralmente um pária aos ouvidos deste escriba aqui, acabou por ganhar um
representante na minha lista de melhores discos de 2018. Sacrament Of Sin é o
renascimento dos lobisomens teutônicos e provável postulante a melhor trabalho
de suas carreiras. Um disco deliciosamente brega e divertido.
13. Rolo Tomassi – Time Will
Die And Love Will Bury It
Se você anda a procura de uma
banda única, encontrou. Aqui a parada é densa e para lá de complexa, exigindo
bastante do ouvinte. Pode não parecer um prato para todos, e realmente não é.
Mas para quem curte, ainda que vez ou outras, sons desafiadores, e estiver
disposto a embarcar na viagem dos irmãos Spencer, eis um trabalho cuja audição
pode se tornar imensamente gratificante.
12. Corrosion Of Conformity –
No Cross No Crown
Parece que o longo
hiato só fez bem ao casamento Pepper Keenan/COC. No Cross No Crown é um disco
que beira a perfeição e que deixará os fãs de Stoner/Southern com lágrimas nos
olhos. Figura certa nas listas de melhores do ano, a audição desse novo disco
não é somente recomendada, é uma obrigação.
11. Wytch Hazel – II: Sojourn
O segundo Full-length
dos britânicos do Wytch Hazel é um deleite aos ouvidos mais afeitos à
sonoridade de eras passadas: guitarras dobradas com a cara do Thin Lizzy,
melodias simples e grudentas com aquela cadência algo folk de um Jethro Tull e
uma cozinha impressionante. Tudo na bolachinha cheira à anos 1970, e se a
abertura com Devil Is Here não for o suficiente para te convencer que os caras
falam à sério, tente sobreviver ao ataque seguinte, com Save My Life.
Impossível, não? Que bom que não são exceções à regra num disco surpreendente e
matador.
10. Uriah Heep – Living The
Dream
Living The Dream é
uma grata surpresa, um disco repleto de criatividade e vigor vindo de uma banda
com tantas décadas de estrada nas costas. Talvez seja o sangue novo trazido já
a alguns discos por Gillbrook e Rimmer, talvez seja o dedo do produtor. Seja lá
o que for, esse ingrediente secreto faz desse Living The Dream um dos melhores
discos da história Heepiana pós fase clássica. Excelente!
09. Fifth Angel – The Third
Secret
Os estadunidenses
acertaram em cheio nesse disco de retorno, atualizando seu Hard & Heavy
tipicamente oitentista para a era atual, com uma produção moderna e com punch
suficiente para derrubar um mamute. Sinceramente, não me lembro de um comeback
tão impactante desde o já clássico Blood Of The Nations do Accept.
08. Earthless – Black Heaven
Black Heaven é o
melhor disco de Retro-Rock que escuto desde o fenomenal Hisingen Blues, do
Graveyard. E esse não é um elogio tolo. Uma adição obrigatória à coleção e
qualquer fã de rock setentista que se preze.
07. Khemmis – Desolation
O terceiro disco em
três anos do Khemmis (algo incomum para os dias atuais) é excepcional, como
fora seu antecessor. Se em Hunted eles encontraram seu som, aqui eles
consolidam o mesmo com muita personalidade, galgando terreno para fora do
underground e se tornando também uma de minhas bandas favoritas da atualidade.
Fenomenal.
A PARTIR DE AGORA, CONSIDERO TODOS OS DISCOS EMPATADOS
Satan – Cruel Magic
Quantas bandas
conseguem depois de um hiato tão longo replicar a magia de seus primórdios em
uma trinca de discos tão forte? Um fenômeno raro, mas aqui o Satan ainda foi
mais longe, buscando toques de progressivo e de timbres setentistas para
produzir algo ainda mais raro: um disco único. Nada soa como esse Cruel Magic.
Primordial – Exile Amongst The
Ruins
A crise de meia idade
fez um imenso bem aos Irlandeses. Diante da necessidade de se reinventar, o
Primordial conseguiu criar uma obra densa e difícil de ser rotulada. Um
trabalho daqueles que acabam por proporcionar uma atmosfera absolutamente
imersiva, um louvável e incomum resultado. Um dos melhores discos de 2018 e
forte concorrente a disco de cabeceira deste escriba aqui.
Ghost – Prequelle
Pouco após o
lançamento do medíocre Infestissumam, cravei que seja lá qual magia o Ghost
tivesse, ela havia sido efêmera, concentrada apenas no espetacular álbum de
estreia e se esvaído rapidamente a partir dali. Como de costume, uma previsão
estúpida. Prequelle é ainda mais espetacular que Opus Eponymous, justamente por
conseguir reinventar a banda em um cenário quase Pop Rock, sem abandonar os
elementos de Heavy Metal, Progressivo e Classic Rock explorados até então. Um
álbum perfeito, daqueles raros, sobre o qual falaremos daqui a 20 anos, com
melodias tão simples e grudentas que ficamos estarrecidos por ainda não terem
sido inventadas antes.
Orange Goblin - The Wolf Bites
Back
Bom, se os ingleses
queriam realmente provar ao mundo seu valor com seu 9º disco, conseguiram. The
Wolf Bites Back é ao mesmo tempo o disco mais visceral, versátil e inspirado da
carreira dos caras. Um petardo de um Heavy Metal feio, ogroide e delicioso que
veio direto para o topo de minha lista de melhores de 2018.
Amorphis – Queen Of Time
Uma das bandas mais
originais de sua geração, o Amorphis finalmente encontrou um novo sopro de vida
nos últimos dois discos. Queen Of Time é realmente bombástico e ambicioso, como
seus membros haviam prometido. Mas está muito longe e sucumbir ao exagero e
pompa de alguns artistas que resolvem incorporar elementos alienígenas em
profusão ao seu som. Pesado, solene e sofisticado, Queen Of Time não é só um
dos melhores discos de 2018. Aos poucos está também se tornando um forte
postulante a um dos meus discos favoritos em todos os tempos.
Judas Priest – Firepower
O Heavy Metal em sua
vertente mais tradicional parecia esquecido no tempo, as velhas bandas do
estilo vivendo de raros lampejos (com exceções...ok, Accept e Saxon?), e as
novas se limitando a copiar de forma pálida e diluída o que já fora feito
melhor no passado. Aí vem um dos titãs do estilo e lança, aos mais de 40 anos
de estrada, uma obra que não só se contenta em não fazer feio frente ao
passado, como também é capaz de rivalizar com os melhores momentos de sua
vitoriosa carreira. Firepower não é só o melhor disco do Judas Priest em
décadas. É também o melhor disco de Metal Tradicional que escutei nos últimos
cinco anos (talvez mais). Se esse realmente for o canto de cisne de uma das
maiores bandas em todos os tempos, será uma saída triunfal de cena. Forte
candidato a futuro clássico.
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