sábado, 9 de março de 2019

Evergrey – The Atlantic (Cd-2019)



Navegando Por Mares Sombrios
Por Trevas

Você pode gostar ou não dos suecos do Evergrey, mas definitivamente não tem como negar que o Prog Metal melancólico dos caras não tem paralelos na cena. Com uma sonoridade repleta de elementos modernos, baseada mais em climas sombrios, riffs gordos e voz carregada (por vezes um tanto quanto chorosa) do que no exibicionismo gratuito e estéril da vertente Dream Theater do subgênero, o quinteto parece ter encontrado na parceria com o produtor Jacob Hansen a chave para reencontrar seus melhores dias. Sim, após o excelente Inner Circle, a banda se perdeu em discos para lá de genéricos até a trilogia iniciada com o magistral Hymns For The Broken, em 2014. The Atlantic é o mais novo (e derradeiro) capítulo dessa trilogia, que mostra em sua temática lírica a jornada do líder e vocalista/guitarrista Tom Englund para longe do momento sombrio de sua vida.

A sombria tripulação do Evergrey
E que início de jornada nos proporciona A Silent Arc. Um épico que transita com maestria por um peso monolítico e por uma grande sensibilidade nas melodias e na construção da canção. A produção de Hansen com o líder da patota resulta numa sonoridade encorpada e cheia de dinâmica. A banda, reconhecidamente formada por músicos extremamente técnicos, se preocupa em fazer o que a música precisa, o feeling aqui fala mais alto, como podemos sentir nos belos e (aparentemente) simples solos de guitarra. Mas o que salta aos ouvidos de cara é o quanto Tom evoluiu como cantor. Não me entendam mal, voz ele sempre teve, mas costumava se perder num chororô melodramático que deixava todas as melodias meio parecidas (em especial em discos como Torn e Glorious Collision). Aqui o jogo vira. Menos histriônico, Tom parece uma versão Heavy Metal de Steve Hogarth, do Marillion. A interpretação de cada palavra repleta de maturidade e emoção. Enfim, só a abertura já valeria uma audição do disco, mas havia mais por vir.


Weightless joga na nossa cara a modernidade em seus riffs e nos presenteia com um refrão grudento e que poderia ser chamado de radiofônico, não fosse o peso do invólucro que é o restante da música. All I Have tem uma pegada Doom, quase Sludge, irresistível, mas seu refrão algo choroso diminui um bocadinho a empolgação.


A Secret Atlantis é outra pérola cujo refrão cola como piche em nossa massa cinzenta, com o baixo de Johan Niemann achando um belo espaço para engordurar ainda mais os riffs de Englund e Danhage. Aliás, como a dupla de guitarristas está inspirada, cada faixa com ao menos um solo memorável. A viajante The Tidal é um interlúdio criado pelo tecladista Rikard Zander que prepara nossos ouvidos para End Of Silence, melancólica e bonita, mas não tão empolgante.



Currents coloca a pressão de volta, direta e virulenta. Apesar da roupagem ser moderna, essa é uma canção tipicamente oitentista de Hard/Heavy em sua essência. Talvez para confrontar a “simplicidade” da faixa anterior, Departure chega repleta de sutilizas. Seja a linha trabalhada de baixo, sejam as melodias de Tom, das mais belas e trabalhadas que ele já escreveu, tudo aqui faz dessa faixa o mais próximo do Marillion de Seasons End que uma banda de Heavy Metal já chegou. E a interpretação do vocalista aqui faz por merecer uma lembrança ao final do ano.



A dupla que encerra os 54 minutos da bolachinha resgata o peso, The Beacon lembrando e alguma maneira o Savatage da fase Dead Winter Dead e This Ocean, mais intrincada, servindo de um digno Gran Finale para a trilogia que trouxe os suecos de volta à luz.


Veredito da Cripta

Se alguém quer um exemplo de como uma banda pode amadurecer seu som sem soar meramente pretensiosa, reserve uma hora de seu tempo e embarque em The Atlantic. Um disco colossal, ao mesmo tempo pesado, denso e sensível. Isso sem nunca soar piegas. Fácil, fácil estará em muitas listas de melhores do ano, e digo isso sem medo de errar.


NOTA: 9,18

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Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Som perfeito, muito peso e maturidade
Contras: como tudo dos suecos, pode soar enfadonho a quem só curte música alegrinha.
Classifique como: Prog Metal, Modern Metal
Para Fãs de: Fates Warning, Pain Of Salvation


2 comentários:

  1. Gosto muito dos "In Search Of Truth" e "The Inner Circle", mas confesso que nem lembro de ter escutado os discos deles depois desse último.
    Taí uma ótima oportunidade pra revisitar a discog dos caras, acrescentando esse mais novo.
    Valeu, mizifio!
    Aquele abraço!!
    ML

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    Respostas
    1. Grande ML
      Vou te dizer que a banda, depois de uns 3 discos meio caídos posteriores ao Inner Circle, começou a acertar em cheio com Hymns For The Broken. Ess novo disco, junto ao Hymns são ainda melhores que os que você citou.
      Abraço
      T

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