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Por Mares Sombrios
Por Trevas
Você pode gostar ou
não dos suecos do Evergrey, mas
definitivamente não tem como negar que o Prog Metal melancólico dos caras não
tem paralelos na cena. Com uma sonoridade repleta de elementos modernos,
baseada mais em climas sombrios, riffs gordos e voz carregada (por vezes um
tanto quanto chorosa) do que no exibicionismo gratuito e estéril da vertente Dream Theater do subgênero, o quinteto parece ter encontrado na parceria
com o produtor Jacob Hansen a chave para reencontrar seus
melhores dias. Sim, após o excelente Inner
Circle, a banda se perdeu em discos
para lá de genéricos até a trilogia iniciada com o magistral Hymns For The Broken, em 2014. The Atlantic é o mais novo (e derradeiro) capítulo dessa trilogia, que
mostra em sua temática lírica a jornada do líder e vocalista/guitarrista Tom Englund para longe do momento sombrio de sua vida.
A sombria tripulação do Evergrey |
E que início de jornada nos proporciona A Silent Arc. Um épico que transita com maestria por um peso
monolítico e por uma grande sensibilidade nas melodias e na construção da
canção. A produção de Hansen com o
líder da patota resulta numa sonoridade encorpada e cheia de dinâmica. A banda,
reconhecidamente formada por músicos extremamente técnicos, se preocupa em
fazer o que a música precisa, o feeling aqui fala mais alto, como podemos
sentir nos belos e (aparentemente) simples solos de guitarra. Mas o que salta
aos ouvidos de cara é o quanto Tom
evoluiu como cantor. Não me entendam mal, voz ele sempre teve, mas costumava se
perder num chororô melodramático que deixava todas as melodias meio parecidas
(em especial em discos como Torn e Glorious Collision). Aqui o jogo vira. Menos histriônico, Tom parece uma versão Heavy Metal de Steve Hogarth, do Marillion. A interpretação de cada palavra repleta de maturidade e
emoção. Enfim, só a abertura já valeria uma audição do disco, mas havia mais
por vir.
Weightless joga na nossa cara a
modernidade em seus riffs e nos presenteia com um refrão grudento e que poderia
ser chamado de radiofônico, não fosse o peso do invólucro que é o restante da
música. All I Have tem uma pegada Doom, quase Sludge, irresistível, mas seu refrão algo choroso diminui um
bocadinho a empolgação.
A Secret Atlantis é outra pérola cujo
refrão cola como piche em nossa massa cinzenta, com o baixo de Johan Niemann achando um belo espaço para engordurar ainda mais os riffs
de Englund e Danhage. Aliás, como a dupla de guitarristas está inspirada, cada
faixa com ao menos um solo memorável. A viajante The Tidal é um
interlúdio criado pelo tecladista Rikard Zander que prepara nossos ouvidos para
End Of Silence, melancólica
e bonita, mas não tão empolgante.
Currents coloca a pressão de
volta, direta e virulenta. Apesar da roupagem ser moderna, essa é uma canção
tipicamente oitentista de Hard/Heavy em sua essência. Talvez para
confrontar a “simplicidade” da faixa anterior, Departure chega repleta de sutilizas. Seja a linha trabalhada de
baixo, sejam as melodias de Tom, das
mais belas e trabalhadas que ele já escreveu, tudo aqui faz dessa faixa o mais
próximo do Marillion de Seasons End que uma banda de Heavy Metal já chegou. E a interpretação do
vocalista aqui faz por merecer uma lembrança ao final do ano.
A dupla que encerra os 54
minutos da bolachinha resgata o peso, The
Beacon lembrando e alguma maneira o Savatage da fase Dead Winter Dead e This Ocean, mais
intrincada, servindo de um digno Gran
Finale para a trilogia que trouxe os
suecos de volta à luz.
Veredito
da Cripta
Se alguém quer um exemplo de como
uma banda pode amadurecer seu som sem soar meramente pretensiosa, reserve uma
hora de seu tempo e embarque em The Atlantic. Um disco colossal, ao mesmo
tempo pesado, denso e sensível. Isso sem nunca soar piegas. Fácil, fácil estará
em muitas listas de melhores do ano, e digo isso sem medo de errar.
NOTA: 9,18
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Gravadora: Shinigami Records (nacional)
Prós: Som perfeito, muito peso e
maturidade
Contras: como tudo dos suecos, pode soar
enfadonho a quem só curte música alegrinha.
Classifique como: Prog Metal, Modern Metal
Para Fãs de: Fates Warning, Pain Of Salvation
Gosto muito dos "In Search Of Truth" e "The Inner Circle", mas confesso que nem lembro de ter escutado os discos deles depois desse último.
ResponderExcluirTaí uma ótima oportunidade pra revisitar a discog dos caras, acrescentando esse mais novo.
Valeu, mizifio!
Aquele abraço!!
ML
Grande ML
ExcluirVou te dizer que a banda, depois de uns 3 discos meio caídos posteriores ao Inner Circle, começou a acertar em cheio com Hymns For The Broken. Ess novo disco, junto ao Hymns são ainda melhores que os que você citou.
Abraço
T