Para os malucos(as) que como eu tem prazer em destrinchar as histórias que permeiam a trilha sonora que escolhemos para nossas vidas. E quantas histórias interessantes se escondem em cada esquina desse vasto mundo do rock! Vocês encontrarão por aqui resenhas de shows, discos, livros, dvds (blu-rays) e notícias comentadas sobre o mundo do rock. Espero que vocês gostem e visitem sempre ou eventualmente. Eu, certamente, me divertirei muito escrevendo aqui.
Você pode acusar o
quinteto estadunidense de ThrashMetalOverkill de um trilhão de coisas, menos de ser uma banda
preguiçosa. Sim, pois The Wings Of War,
o tardio título para um disco que já havia ficado pronto muitos meses antes de
ganhar o mercado, é nada mais nada menos que a 19ª bolachinha de estúdio dos
caras. Mas com tanto tempo de estrada, haveria ainda algo relevante a ser
feito? DDVerni e Blitz, a dupla
que comanda os negócios e é responsável também por boa parte da força criativa
de uma discografia com mais altos que baixos, acredita que sim. Empolgados com
a inesperada química musical que a banda teve em estúdio com o recém adicionado
JasonBittner (bateria, ShadowsFall), os veteranos contaram em
entrevistas prévias ao lançamento do disco que havia algo diferente nele, como
se a brutalidade do estilo do novo membro tivesse feito com que resgatassem instintivamente
a ferocidade dos primórdios da banda. E lá vamos nós checar se isso há verdade
nessas palavras ou se tudo não passa de mera bravata.
Vai encarar?
Quando Last Man Standing dá
sua largada, após quase um minuto de introdução, fica claro que os caras falaram
sério. Bem sério! A ferocidade dessa faixa é impressionante, mesmo se
considerarmos que o Overkill vive
desde Ironbound um segundo (e talvez
maior) ápice na carreira. O refrão, virulento, as guitarras insanas, o baixo
estalado de DD intacto...e a
bateria? Uma máquina de demolição ligada no máximo.
Believe In The Fight, Head Of A Pin e Batshitcrazy mostram que a veia belicosa do novo Overkill pulsa forte, a faceta mais groovy da banda dando as caras de forma
muito mais tímida do que o habitual (aparecendo mais claramente na totalmente 90s
Distortion). A produção, nas mãos do
próprio quinteto é bem mais crua e na cara, e a escolha tem seus méritos, com o
único defeito residindo na voz de BobbyBlitz, com timbre mais rascante que
o de praxe. E, convenhamos, o Bobby de
praxe já incomoda muita gente...
A segunda metade da bolachinha continua firme com o pé no acelerador. AMother’sPrayer é simples e acaba vencendo
pelo ótimo refrão, WelcomeToTheGardenState é deliciosamente Punky
e Where Few Dare To Walk retoma de
maneira mais encardida o tom do disco anterior. Out On The Road-Kill é de longe a música mais fraca do disco (a
despeito da pancadaria), mas HoleInMySoul chega e fecha o repertório com
a merecida qualidade. A versão nacional, da ShinigamiRecords vem
ainda com InAshes, uma música bônus apenas ok, apresentada com qualidade de
gravação muito inferior.
Veredito
da Cripta
The
Wings Of War pode ser o segundo maior fracasso de vendas (em
sua terra natal) da história de uma banda que recentemente vinha vivendo seu
melhor momento, mas não se deixe enganar, trata-se de um dos discos mais
violentos e divertidos da discografia dos cabruncos encardidos de Nova Jérsei!
Texto Por Trevas, Fotos por
Daniel Croce (Not So Lame Pics)
Ainda anestesiado pelo show perfeito
dos baluartes da NWOBHM que vi ano
passado (ler resenha), rumei com um grupo de amigos para o nada querido Vivo
Rio, debaixo de uma chuva torrencial, com o coração apertado. A profusão de
promoções de ingressos que duraram até a véspera do evento parecia um sério
indicativo de que o primeiro show do Saxon
em terreno carioca estava fadado ao fracasso. O que certamente afetaria a possibilidade
de outros shows como esse passarem pela cidade. Além disso, o poderoso show do quinteto
definitivamente não merece uma casa vazia...
Uncle
Trucker
E tal temor se tornou certeza
quando adentramos a casa de shows e a banda de abertura iniciou a noite para
uma casa com menos de um quarto da capacidade. Vinda de Franca/SP, a UncleTrucker foi a banda certa na noite errada. Competente e contando
com um carismático frontman, a banda destilou uma mistura de músicas de seus
três discos com pinceladas de covers (rolou até um para lá de deslocado MotleyCrue...) para tentar conquistar a pequena e apática plateia. Mas o
som do quinteto, calcado num Hard
nada condizente com o Metal Tradicional da atração principal, e muito
prejudicado pelo habitual péssimo som do VivoRio, pouco reverberou nos ouvidos
cariocas, que ao menos mantiveram a civilidade, respeitando o evidente esforço e
profissionalismo da rapaziada (NOTA:
6,00).
Saxon
Com cerca de dez
minutos de atraso em relação ao horário anunciado, o Saxon adentra o palco, ainda ao som da introdução OlympusRising. Thunderbolt toma
nossos ouvidos de assalto, ainda que sofrendo com a péssima acústica da casa, que
para minha surpresa, nesse momento já apresentava um bom público,
majoritariamente composto por gente que já chegou aos seus “entas”. E se essa
galera não liga muito para o que a banda vem fazendo atualmente, deve ter
ficado muito feliz, pois afora BatteringRam, Sacrifice e TheyPlayedRockAndRoll, o setlist apresentado
teve muito mais em comum com a turnê vindoura de comemoração dos 40 anos de
banda do que o que vinha sendo apresentado na ThunderboltTour.
Biff e Paul, sacudindo esqueletos direto do asilo (por Daniel Croce)
E o mais bacana é que o quinteto, liderado por um quase septuagenário e
monstruosamente carismático BiffByford, consegue montar um repertório
que alterna tiros certos como WheelsOfSteel, Crusader e HeavyMetalThunder com lados
B do quilate de ToHellAndBackAgain e BacksToTheWall com maestria, deixando os fãs de carteirinha com um sorriso na
cara.
Biff tentando resgatar alguém vivo (por Daniel Croce)
Ah, falei em fãs? Aí reside o único senão da noite. Os carcomidos
britânicos detonaram com muita energia por 110 minutos para uma plateia que,
salvo raros momentos, parecia estar no meio de um jogo de tênis, tamanha a
apatia. Talvez fruto da faixa etária elevada, mas que chegou a ser
constrangedora, em especial quando Biff
tentou “colocar para jogo” a escolha de duas músicas do set. A cada nome de opção de música que ele falava, e estamos
tratando de clássicos do porte The Eagle
Has Landed, a reação da plateia parecia saída de um funeral. Talvez por
isso o show do Rio tenha apresentado um repertório duas músicas mais curto do
que nas outras datas brasileiras. E assim ficamos sem ouvir DogsOfWar, uma das
favoritas da freguesia aqui e tocada em todas as outras noites da turnê sul
americana. Mas deixado de lado a bundasujice carioca, o quinteto fez o que
sabe, com a energia de sempre (Paul,
aliás, parecia ter tomado uma overdose de catuaba, tamanha a empolgação): o
melhor show de HeavyMetal tradicional que o dinheiro pode
pagar! (NOTA:10).
Você pode gostar ou
não dos suecos do Evergrey, mas
definitivamente não tem como negar que o Prog Metal melancólico dos caras não
tem paralelos na cena. Com uma sonoridade repleta de elementos modernos,
baseada mais em climas sombrios, riffs gordos e voz carregada (por vezes um
tanto quanto chorosa) do que no exibicionismo gratuito e estéril da vertente DreamTheater do subgênero, o quinteto parece ter encontrado na parceria
com o produtor JacobHansen a chave para reencontrar seus
melhores dias. Sim, após o excelente InnerCircle, a banda se perdeu em discos
para lá de genéricos até a trilogia iniciada com o magistral Hymns For The Broken, em 2014. TheAtlantic é o mais novo (e derradeiro) capítulo dessa trilogia, que
mostra em sua temática lírica a jornada do líder e vocalista/guitarrista TomEnglund para longe do momento sombrio de sua vida.
A sombria tripulação do Evergrey
E que início de jornada nos proporciona A Silent Arc. Um épico que transita com maestria por um peso
monolítico e por uma grande sensibilidade nas melodias e na construção da
canção. A produção de Hansen com o
líder da patota resulta numa sonoridade encorpada e cheia de dinâmica. A banda,
reconhecidamente formada por músicos extremamente técnicos, se preocupa em
fazer o que a música precisa, o feeling aqui fala mais alto, como podemos
sentir nos belos e (aparentemente) simples solos de guitarra. Mas o que salta
aos ouvidos de cara é o quanto Tom
evoluiu como cantor. Não me entendam mal, voz ele sempre teve, mas costumava se
perder num chororô melodramático que deixava todas as melodias meio parecidas
(em especial em discos como Torn e GloriousCollision). Aqui o jogo vira. Menos histriônico, Tom parece uma versão HeavyMetal de SteveHogarth, do Marillion. A interpretação de cada palavra repleta de maturidade e
emoção. Enfim, só a abertura já valeria uma audição do disco, mas havia mais
por vir.
Weightless joga na nossa cara a
modernidade em seus riffs e nos presenteia com um refrão grudento e que poderia
ser chamado de radiofônico, não fosse o peso do invólucro que é o restante da
música. All I Have tem uma pegada Doom, quase Sludge, irresistível, mas seu refrão algo choroso diminui um
bocadinho a empolgação.
A Secret Atlantis é outra pérola cujo
refrão cola como piche em nossa massa cinzenta, com o baixo de JohanNiemann achando um belo espaço para engordurar ainda mais os riffs
de Englund e Danhage. Aliás, como a dupla de guitarristas está inspirada, cada
faixa com ao menos um solo memorável. A viajante TheTidal é um
interlúdio criado pelo tecladista Rikard Zander que prepara nossos ouvidos para
EndOfSilence, melancólica
e bonita, mas não tão empolgante.
Currents coloca a pressão de
volta, direta e virulenta. Apesar da roupagem ser moderna, essa é uma canção
tipicamente oitentista de Hard/Heavy em sua essência. Talvez para
confrontar a “simplicidade” da faixa anterior, Departure chega repleta de sutilizas. Seja a linha trabalhada de
baixo, sejam as melodias de Tom, das
mais belas e trabalhadas que ele já escreveu, tudo aqui faz dessa faixa o mais
próximo do Marillion de SeasonsEnd que uma banda de Heavy Metal já chegou. E a interpretação do
vocalista aqui faz por merecer uma lembrança ao final do ano.
A dupla que encerra os 54
minutos da bolachinha resgata o peso, TheBeacon lembrando e alguma maneira o Savatage da fase DeadWinterDead e ThisOcean, mais
intrincada, servindo de um digno GranFinale para a trilogia que trouxe os
suecos de volta à luz.
Veredito
da Cripta
Se alguém quer um exemplo de como
uma banda pode amadurecer seu som sem soar meramente pretensiosa, reserve uma
hora de seu tempo e embarque em TheAtlantic. Um disco colossal, ao mesmo
tempo pesado, denso e sensível. Isso sem nunca soar piegas. Fácil, fácil estará
em muitas listas de melhores do ano, e digo isso sem medo de errar.
Novamente com atraso, chega
mais uma lista de melhores do ano.
Faço essa lista desde 2012 e
confesso que embora eu sempre me pegue impressionado com a qualidade do
material ao final de cada um dos anos, dessa vez me surpreendi demais. 2018 foi
o ano em que minha nota de corte para o 20º colocado foi tão alta que quase
estendi a lista para 25 ou 30.
Sim, pois o resultado final
deixou de fora discos excelentes de gente respeitável, como Unleashed, Imago
Mortis (o melhor disco Brasuca de 2018), Metal Church, Burning Witches, Clutch
e grande elenco...
Mas lista é assim mesmo,
sujeita a falhas, supostas injustiças e muito xingamento gratuito à progenitora
do infame “redator” hehehehe
Claro que preparei também uma
Playlist no Spotify com uma música de cada disco avaliado por aqui, para quem
quiser fazer uma tardia retrospectiva sonora de 2018.
No mais, espero que se
divirtam.
Saudações
Trevas
A PLAYLIST
Blu-Ray/DVD
Sim, o outrora
promissor mercado de Blu-rays e DVDs, que chegou (ainda que momentaneamente) a
servir de válvula de escape para as Gravadoras diante da crescente queda de
venda dos Cds, diminuiu
estrondosamente. A enxurrada de Home-vídeos do início dos anos 2000
praticamente secou. O bom disso é que as bandas perceberam que precisam colocar
algo realmente especial e relevante nesse restrito mercado. Esse ano tivemos
alguns bons exemplos, como o documentário/show The Pursuit Of Vikings, do AmonAmarth. Ou MesseNoire, que coloca
toda a capirotagem do Behemoth
apresentando sua obra máxima ao vivo. Ainda tivemos o ineditismo de ver um show
completo do Ayreon saindo do papel
no ótimo AyreonUniverse. E a habitualmente confusa mistura orquestra/banda de rock
enfim funcionando com SymphonicTerror, do Accept. Mas nada se comparou ao esmero dos lusos do Moonspell com o para lá de abrangente Lisboa Under The Spell: uma
megaprodução em três atos divididos entre os clássicos Wolfheart, Irreligious e
o então último trabalho, Extinct. Um
pacote que ainda conta com ótimos extras e que merece o título de melhor
lançamento audiovisual de 2018.
Bomba
e Decepção
Sempre bom lembrar a
diferença entre bomba e decepção: algo só nos decepciona quando desse algo
esperamos bons resultados. Da bomba não necessariamente esperamos nada. E esse
ano tivemos algumas decepções que não chegam a ferir os ouvidos: MachineHead perde o pé no confuso Catharsis,
Doro entrega um disco duplo bem sem
graça, Magnum e Kamelot enfim erram o alvo após anos e anos de bons serviços
prestados. Ah, e StevePerry faz de seu
improvável retorno uma viagem adocicadamente sonolenta. Mas se as decepções não
mataram ninguém, não posso falar o mesmo da bomba inconteste de 2018: uma josta
triplamente qualificada, um horror Lovecraftiano vomitado das profundezas do
mau-gosto chamado The Three Tremors!
Roubando a ideia original abandonada nos anos 2000, de unir três grandes
vocalistas de Metal (Dio+Halford+BruceDickinson), alguém
teve a infeliz sacada de fazer uma versão disso, só que comprada no AliExpress: os insuportáveis cacarejadores SeanPeck (Cage, Denner/Shermann) e TimOwens (JudasPriest e outros 789 projetos de onde é
sempre demitido) se juntam ao subestimado HarryConklin (JagPanzer) num disco
absolutamente impossível de ser ouvido por mais de torturantes dois minutos.
Sinceramente, nem latido de poodle soa tão irritante e intragável.
Três decepções e uma aberração
Os 20 Melhores:
20. Saxon – Thunderbolt
A primeira metade dos
curtos quarenta minutos de Thunderbolt é tão arrasadora que chega a empalidecer
(injustamente) o restante do disco. Mais um ótimo trabalho de uma das bandas
mais prolíficas e equilibradas de sua geração.
19. Behemoth – I Loved You At
Your Darkest
O sucessor do
brilhante The Satanist é de uma fúria e perfeição absurdos. Mais direto e menos
inventivo, ILAYD definitivamente não é tão genial quanto seu irmão, mas ainda
assim está facilmente entre os melhores discos dos poloneses.
18. Halestorm – Vicious
O Halestorm estava
nos devendo um Cd à altura de seus poderosos shows. Estava. Vicious enfim
mostra ao mundo um som encorpado e com produção que faz justiça a natureza
rocker e rebelde do quarteto. E Lzzy, essa coloca novamente suas garras de fora
e vai galgando espaço aos poucos no panteão das grandes mulheres da história do
Rock. Um baita disco.
17. We Sell The Dead – Heaven
Doesn't Want You And Hell Is Full
E de onde eu menos
esperava saiu um disco simples, único e viciante. Um disco conceitual unindo
figuras tão díspares Niclas Engelin (guitarrista do In Flames, Engel e
Passenger), Apollo Papathanasio (voz, ex-Firewind, atual Spiritual Beggars),
Jonas Slättung (baixo e voz, Drömriket) e Gas Lipstick (bateria, ex-HIM). Difícil
dizer se há conteúdo para se levar o We Sell The Dead para além desse álbum de
estreia, mas se ficar só nele, a junção dos suecos já terá valido à pena.
16. King Witch - Under The
Mountain
Imensamente suja e
intensa em seus parcos 43 minutos, Under The Mountain é uma estreia para lá de
invejável e promissora desse barulhento quarteto escocês. Recomendadíssimo para
qualquer fã de Doom Metal que se preze!
15. Lucifer – Lucifer II
Lucifer II é um demônio
completamente diferente daquele conjurado por Sadonis e sua trupe no primeiro
trabalho. Menos pesado e solene, mais melodioso e versátil. A única linha que
une por completo os dois discos é a da qualidade, que se mantém para lá de
alta. Outro excelente trabalho de uma das melhores bandas da atualidade.
14. Powerwolf – The Sacrament
Of Sin.
O Power Metal,
geralmente um pária aos ouvidos deste escriba aqui, acabou por ganhar um
representante na minha lista de melhores discos de 2018. Sacrament Of Sin é o
renascimento dos lobisomens teutônicos e provável postulante a melhor trabalho
de suas carreiras. Um disco deliciosamente brega e divertido.
13. Rolo Tomassi – Time Will
Die And Love Will Bury It
Se você anda a procura de uma
banda única, encontrou. Aqui a parada é densa e para lá de complexa, exigindo
bastante do ouvinte. Pode não parecer um prato para todos, e realmente não é.
Mas para quem curte, ainda que vez ou outras, sons desafiadores, e estiver
disposto a embarcar na viagem dos irmãos Spencer, eis um trabalho cuja audição
pode se tornar imensamente gratificante.
12. Corrosion Of Conformity –
No Cross No Crown
Parece que o longo
hiato só fez bem ao casamento Pepper Keenan/COC. No Cross No Crown é um disco
que beira a perfeição e que deixará os fãs de Stoner/Southern com lágrimas nos
olhos. Figura certa nas listas de melhores do ano, a audição desse novo disco
não é somente recomendada, é uma obrigação.
11. Wytch Hazel – II: Sojourn
O segundo Full-length
dos britânicos do Wytch Hazel é um deleite aos ouvidos mais afeitos à
sonoridade de eras passadas: guitarras dobradas com a cara do Thin Lizzy,
melodias simples e grudentas com aquela cadência algo folk de um Jethro Tull e
uma cozinha impressionante. Tudo na bolachinha cheira à anos 1970, e se a
abertura com Devil Is Here não for o suficiente para te convencer que os caras
falam à sério, tente sobreviver ao ataque seguinte, com Save My Life.
Impossível, não? Que bom que não são exceções à regra num disco surpreendente e
matador.
10. Uriah Heep – Living The
Dream
Living The Dream é
uma grata surpresa, um disco repleto de criatividade e vigor vindo de uma banda
com tantas décadas de estrada nas costas. Talvez seja o sangue novo trazido já
a alguns discos por Gillbrook e Rimmer, talvez seja o dedo do produtor. Seja lá
o que for, esse ingrediente secreto faz desse Living The Dream um dos melhores
discos da história Heepiana pós fase clássica. Excelente!
09. Fifth Angel – The Third
Secret
Os estadunidenses
acertaram em cheio nesse disco de retorno, atualizando seu Hard & Heavy
tipicamente oitentista para a era atual, com uma produção moderna e com punch
suficiente para derrubar um mamute. Sinceramente, não me lembro de um comeback
tão impactante desde o já clássico Blood Of The Nations do Accept.
08. Earthless – Black Heaven
Black Heaven é o
melhor disco de Retro-Rock que escuto desde o fenomenal Hisingen Blues, do
Graveyard. E esse não é um elogio tolo. Uma adição obrigatória à coleção e
qualquer fã de rock setentista que se preze.
07. Khemmis – Desolation
O terceiro disco em
três anos do Khemmis (algo incomum para os dias atuais) é excepcional, como
fora seu antecessor. Se em Hunted eles encontraram seu som, aqui eles
consolidam o mesmo com muita personalidade, galgando terreno para fora do
underground e se tornando também uma de minhas bandas favoritas da atualidade.
Fenomenal.
A PARTIR DE AGORA, CONSIDERO TODOS OS DISCOS EMPATADOS
Satan – Cruel Magic
Quantas bandas
conseguem depois de um hiato tão longo replicar a magia de seus primórdios em
uma trinca de discos tão forte? Um fenômeno raro, mas aqui o Satan ainda foi
mais longe, buscando toques de progressivo e de timbres setentistas para
produzir algo ainda mais raro: um disco único. Nada soa como esse Cruel Magic.
Primordial – Exile Amongst The
Ruins
A crise de meia idade
fez um imenso bem aos Irlandeses. Diante da necessidade de se reinventar, o
Primordial conseguiu criar uma obra densa e difícil de ser rotulada. Um
trabalho daqueles que acabam por proporcionar uma atmosfera absolutamente
imersiva, um louvável e incomum resultado. Um dos melhores discos de 2018 e
forte concorrente a disco de cabeceira deste escriba aqui.
Ghost – Prequelle
Pouco após o
lançamento do medíocre Infestissumam, cravei que seja lá qual magia o Ghost
tivesse, ela havia sido efêmera, concentrada apenas no espetacular álbum de
estreia e se esvaído rapidamente a partir dali. Como de costume, uma previsão
estúpida. Prequelle é ainda mais espetacular que Opus Eponymous, justamente por
conseguir reinventar a banda em um cenário quase Pop Rock, sem abandonar os
elementos de Heavy Metal, Progressivo e Classic Rock explorados até então. Um
álbum perfeito, daqueles raros, sobre o qual falaremos daqui a 20 anos, com
melodias tão simples e grudentas que ficamos estarrecidos por ainda não terem
sido inventadas antes.
Orange Goblin - The Wolf Bites
Back
Bom, se os ingleses
queriam realmente provar ao mundo seu valor com seu 9º disco, conseguiram. The
Wolf Bites Back é ao mesmo tempo o disco mais visceral, versátil e inspirado da
carreira dos caras. Um petardo de um Heavy Metal feio, ogroide e delicioso que
veio direto para o topo de minha lista de melhores de 2018.
Amorphis – Queen Of Time
Uma das bandas mais
originais de sua geração, o Amorphis finalmente encontrou um novo sopro de vida
nos últimos dois discos. Queen Of Time é realmente bombástico e ambicioso, como
seus membros haviam prometido. Mas está muito longe e sucumbir ao exagero e
pompa de alguns artistas que resolvem incorporar elementos alienígenas em
profusão ao seu som. Pesado, solene e sofisticado, Queen Of Time não é só um
dos melhores discos de 2018. Aos poucos está também se tornando um forte
postulante a um dos meus discos favoritos em todos os tempos.
Judas Priest – Firepower
O Heavy Metal em sua
vertente mais tradicional parecia esquecido no tempo, as velhas bandas do
estilo vivendo de raros lampejos (com exceções...ok, Accept e Saxon?), e as
novas se limitando a copiar de forma pálida e diluída o que já fora feito
melhor no passado. Aí vem um dos titãs do estilo e lança, aos mais de 40 anos
de estrada, uma obra que não só se contenta em não fazer feio frente ao
passado, como também é capaz de rivalizar com os melhores momentos de sua
vitoriosa carreira. Firepower não é só o melhor disco do Judas Priest em
décadas. É também o melhor disco de Metal Tradicional que escutei nos últimos
cinco anos (talvez mais). Se esse realmente for o canto de cisne de uma das
maiores bandas em todos os tempos, será uma saída triunfal de cena. Forte
candidato a futuro clássico.