quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Mastodon - Emperor Of Sand Tour - O2 Academy Brixton - Londres, Inglaterra (10/12/2017)

Poster da perna britânica da turnê



Olá, Guardiões da Cripta


Assistir o show do sempre excelente Mastodon numa das casas de shows mais lendárias da Grã Bretanha não é para qualquer um, certo? Pois é. Esse escriba aqui ainda há de realizar essa façanha de ver um show desses, mas enquanto isso não acontece, vou apelar para um convidado para lá de especial: meu amigo Icaro Alves, baterista com quem toquei na King Nothing, recém realocado em território Europeu. 
Espero que gostem!
Saudações 
Trevas 

Nosso Enviado Especial: Icaro Alves
Desventuras em Série No Império da Areia

Texto por Icaro Alves. (Título panaca por Trevas)


Mastodon é pra mim o que Opeth nunca conseguiu ser: uma banda que muda, mas mantém a sua essência. Enquanto o grupo sueco entrou num caminho meloso que não me encanta mais, os tiozões de Seattle me surpreendem enormemente a cada album que escrevem. E não apenas pela qualidade das músicas, mas pelo que eles representam no mundo do metal, afinal, tem algum grupo com integrantes tão amáveis quanto Bill, Brent, Brann e Troy?

No dia 10 de dezembro foi o último show da turne européia da banda. Em julho eu já havia comprado o ingresso para o show no O2 Academy em Londres. A turnê acabou encaixando com meus planos de mudança para Portugal, logo, por que não dar um pulinho na ilha das comidas ruins pra assistir os caras? Europa é tudo uma maravilha, certo? O que poderia dar de errado?

Tudo.

Avião sobrevoando Stansted por 1 hora aguardando a pista ser limpa devido à nevasca. Avião redirecionado para Manchester (apenas 4 horinhas de carro de Londres). Passageiros presos 2 horas dentro do avião aguardando o ônibus do aeroporto chegar para nos buscar. Passageiros aguardando uma posição da RyanAir quanto ao transporte de volta para Stansted por 4 horas, sem qualquer estimativa apresentada pela companhia.

Minha previsão de chegar em Londres era às 11h, sendo que o show começava às 19h. Eram 16h e eu ainda estava em Manchester aguardando a RyanAir deixar de ser uma empresa bosta. O que, claro, não aconteceu. Lá fui eu pegar um trem, com a minha grana, pra conseguir chegar a tempo do show. Trem atrasado. Entupido. Japeri inglês.


A lendária Brixton Academy



Chego ao show às 21:10, e vejo que o horário do Mastodon tocar era às 21:15 (tiveram 2 bandas de abertura). Pelo menos uma sortezinha no dia, né?

E começa o show.

Que show caras, que show. Enquanto escrevo, e relembro, fico triste por estar tão esgotado fisicamente devido às aventuras na terra do Brexit. Certeza absoluta que teria sido o melhor show da minha vida, não fosse o desgaste.

Logo de cara os caras mandam The Last Baron, e eu já fiquei "Coróleo, que foda". Nunca tinha visto eles abrirem um show com essa música, mas de certa forma eu esperava por muitas músicas de Crack The Skye, visto a participação de Scott Kelly em todos os shows que eles fizeram em Novembro.

Brent sempre teve problemas com o vocal de The Last Baron ao vivo, e aqui não foi diferente: dava pra sentir a voz rouca do barbudo já completamente desgastada, afinal, Londres era o último show. Porém, não só o Brent parecia estar sem voz, Troy também já estava esgoelando. Quando tentava alcançar as notas altas e ao mesmo tempo guturais (atualmente apenas Troy consegue ainda fazer as linhas guturais, Brent parece ter abandonado a ideia de vez - uma decisão certa na minha opinião), sua voz falhava. Brann parecia ser o único que ainda tinha fôlego, e mesmo com suas linhas vocais extremamente agudas e melódicas (e o repertório não facilitou pro cara, com músicas como Oblivion, Steambreather, Ember City e Roots Remain, todas com vocais muito agudos), seu vocal foi alto nível durante toda a apresentação.


Troy na O2 Academy Brixton (Getty Images)


Instrumentalmente falando, Mastodon nunca decepciona. O grupo tem uma harmonia brabíssima, mesmo com riffs a dar com pau em todas as músicas e linhas loucas de batera (Brann é o melhor batera ao vivo dos que já assisti - mas ok, não vi muitos).

Por mais que fosse um tour do álbum novo, Emperor of Sand, o repertório teve músicas de todos os álbuns da banda, com destaque para o já mencionado Crack The Skye, com 3 músicas. Mas aí que morou, pra mim, o grande problema do show, e aqui é uma questão extremamente pessoal: minha música favorita do Mastodon é Crack The Skye (mesmo nome do álbum); Crack the Skye é uma das faixas com participação de Scott Kelly; como dito acima, Crack the Skye foi o álbum com mais faixas tocadas depois de Emperor of Sand, e, já para o fim do show, tudo indicava que eles terminariam o show com Crack the Skye (e não com Blood and Thunder, música que eles sempre utilizam para fechar)...

Pois é, eles não tocaram Crack the Skye.

E tirando algumas opções desnecessárias, como Ember City e a ausência de Crystal Skull (outra música com participação de Scott Kelly), eu diria que o repertório do show foi ótimo. Apresentou bem o trabalho atual da banda e matou saudades das músicas antigas.

No geral, Mastodon é sempre uma experiência prazerosa. E o que prova meu ponto de vista, sem clubismo, é o fato de que eu os conheci em sua apresentação no Rock in Rio, sem nunca ter escutado nenhuma música deles. Lembro perfeitamente bem de achar o som deles pesadíssimo, e ter me impressionado com a ferocidade dos vocais de Troy (e acho que também achei foda o batera cantar, o que pra mim, baterista aposentado, sempre foi impressionante).

Ah! Divinations, ao vivo, é uma das melhores coisas que já me aconteceram.

Nota (precisa de nota? acho que sim né?): 8/10

Set List do Show Por SetList FM

Nenhum comentário:

Postar um comentário