Poster da perna britânica da turnê |
Olá, Guardiões da Cripta
Assistir o show do sempre excelente Mastodon numa das casas de shows mais lendárias da Grã Bretanha não é para qualquer um, certo? Pois é. Esse escriba aqui ainda há de realizar essa façanha de ver um show desses, mas enquanto isso não acontece, vou apelar para um convidado para lá de especial: meu amigo Icaro Alves, baterista com quem toquei na King Nothing, recém realocado em território Europeu.
Espero que gostem!
Saudações
Trevas
Nosso Enviado Especial: Icaro Alves |
Desventuras em Série No Império da Areia
Texto por Icaro Alves. (Título panaca por Trevas)
Mastodon é pra mim o
que Opeth nunca conseguiu ser: uma banda que muda, mas mantém a sua essência.
Enquanto o grupo sueco entrou num caminho meloso que não me encanta mais, os
tiozões de Seattle me surpreendem enormemente a cada album que escrevem. E não
apenas pela qualidade das músicas, mas pelo que eles representam no mundo do
metal, afinal, tem algum grupo com integrantes tão amáveis quanto Bill, Brent,
Brann e Troy?
No dia 10 de dezembro
foi o último show da turne européia da banda. Em julho eu já havia comprado o
ingresso para o show no O2 Academy em Londres. A turnê acabou encaixando com
meus planos de mudança para Portugal, logo, por que não dar um pulinho na ilha
das comidas ruins pra assistir os caras? Europa é tudo uma maravilha, certo? O
que poderia dar de errado?
Tudo.
Avião sobrevoando
Stansted por 1 hora aguardando a pista ser limpa devido à nevasca. Avião
redirecionado para Manchester (apenas 4 horinhas de carro de Londres). Passageiros
presos 2 horas dentro do avião aguardando o ônibus do aeroporto chegar para nos
buscar. Passageiros aguardando uma posição da RyanAir quanto ao transporte de
volta para Stansted por 4 horas, sem qualquer estimativa apresentada pela
companhia.
Minha previsão de
chegar em Londres era às 11h, sendo que o show começava às 19h. Eram 16h e eu
ainda estava em Manchester aguardando a RyanAir deixar de ser uma empresa
bosta. O que, claro, não aconteceu. Lá fui eu pegar um trem, com a minha grana,
pra conseguir chegar a tempo do show. Trem atrasado. Entupido. Japeri inglês.
A lendária Brixton Academy |
Chego ao show às 21:10,
e vejo que o horário do Mastodon tocar era às 21:15 (tiveram 2 bandas de
abertura). Pelo menos uma sortezinha no dia, né?
E começa o show.
Que show caras, que
show. Enquanto escrevo, e relembro, fico triste por estar tão esgotado
fisicamente devido às aventuras na terra do Brexit. Certeza absoluta que teria
sido o melhor show da minha vida, não fosse o desgaste.
Logo de cara os caras
mandam The Last Baron, e eu já fiquei "Coróleo, que foda". Nunca
tinha visto eles abrirem um show com essa música, mas de certa forma eu
esperava por muitas músicas de Crack The Skye, visto a participação de Scott
Kelly em todos os shows que eles fizeram em Novembro.
Brent sempre teve
problemas com o vocal de The Last Baron ao vivo, e aqui não foi diferente: dava
pra sentir a voz rouca do barbudo já completamente desgastada, afinal, Londres
era o último show. Porém, não só o Brent parecia estar sem voz, Troy também já
estava esgoelando. Quando tentava alcançar as notas altas e ao mesmo tempo
guturais (atualmente apenas Troy consegue ainda fazer as linhas guturais, Brent
parece ter abandonado a ideia de vez - uma decisão certa na minha opinião), sua
voz falhava. Brann parecia ser o único que ainda tinha fôlego, e mesmo com suas
linhas vocais extremamente agudas e melódicas (e o repertório não facilitou pro
cara, com músicas como Oblivion, Steambreather, Ember City e Roots Remain,
todas com vocais muito agudos), seu vocal foi alto nível durante toda a
apresentação.
Troy na O2 Academy Brixton (Getty Images) |
Instrumentalmente
falando, Mastodon nunca decepciona. O grupo tem uma harmonia brabíssima, mesmo
com riffs a dar com pau em todas as músicas e linhas loucas de batera (Brann é
o melhor batera ao vivo dos que já assisti - mas ok, não vi muitos).
Por mais que fosse um
tour do álbum novo, Emperor of Sand, o repertório teve músicas de todos os álbuns da banda, com destaque para o já mencionado Crack The Skye, com 3
músicas. Mas aí que morou, pra mim, o grande problema do show, e aqui é uma
questão extremamente pessoal: minha música favorita do Mastodon é Crack The
Skye (mesmo nome do álbum); Crack the Skye é uma das faixas com participação de
Scott Kelly; como dito acima, Crack the Skye foi o álbum com mais faixas
tocadas depois de Emperor of Sand, e, já para o fim do show, tudo indicava que
eles terminariam o show com Crack the Skye (e não com Blood and Thunder, música
que eles sempre utilizam para fechar)...
Pois é, eles não
tocaram Crack the Skye.
E tirando algumas
opções desnecessárias, como Ember City e a ausência de Crystal Skull (outra
música com participação de Scott Kelly), eu diria que o repertório do show foi
ótimo. Apresentou bem o trabalho atual da banda e matou saudades das músicas antigas.
No geral, Mastodon é
sempre uma experiência prazerosa. E o que prova meu ponto de vista, sem
clubismo, é o fato de que eu os conheci em sua apresentação no Rock in Rio, sem
nunca ter escutado nenhuma música deles. Lembro perfeitamente bem de achar o
som deles pesadíssimo, e ter me impressionado com a ferocidade dos vocais de
Troy (e acho que também achei foda o batera cantar, o que pra mim, baterista
aposentado, sempre foi impressionante).
Ah! Divinations, ao
vivo, é uma das melhores coisas que já me aconteceram.
Nota (precisa de
nota? acho que sim né?): 8/10
Set List do Show Por SetList FM
Set List do Show Por SetList FM
Nenhum comentário:
Postar um comentário