Fates Warning - Awaken the Guardian Live |
Guardião Repaginado
Por
Trevas
“Nos tratam como os
grandes inventores do Prog Metal, mas na verdade o Fates Warning já fazia esse som anos antes de nós. Quando escutei o Awaken the Guardian pela
primeira vez, enlouqueci e então eu soube exatamente como eu queria que minha
banda soasse.” Numa tradução livre deste escriba, essa é a fala de ninguém
menos que Mike Portnoy, o mestre das baquetas da mais bem-sucedida banda de Prog Metal da história, o Dream
Theater. A fala dá exatamente a
dimensão do impacto que esse disco teve na cena estadunidense na década de
1980.
Fates Warning em 1986 |
A despeito da banda ter flertado com o mainstream na virada da década de 1990 e ter amadurecido e lançado
obras aclamadas pela crítica, o Fates
Warning jamais alcançou o sucesso
comercial de seus discípulos. E embora eu prefira a fase com Ray Alder nos vocais, é inegável que foi com John Arch na voz que a
banda lançou seus trabalhos mais influentes. E em comemoração dos 30 anos de
sua obra máxima, a banda juntou a formação que gravou o disco para uma série restrita
de shows, dois deles registrados em áudio e vídeo, formando esse belo box que
analisarei com cuidado.
A belezura personificada |
Apresentação
A caixa vem em
formato digibook para lá de luxuoso.
O DVD e Blu Ray vem encartados
na parte interna da capa, enquanto os quatro discos de áudio, na parte interna
da contracapa, em invólucros de acrílico. Ou seja, proteção garantida para as
bolachinhas. O livreto é belíssimo, com papel de alta qualidade trazendo
imagens criadas pelo artista gráfico original, o grego Ioannis, além de fotos dos shows, fichas técnicas e as letras de
todas as músicas tocadas neles. Na parte interna da contracapa, temos um
envelope contendo uma série de “postais”. Cada postal com a foto de um dos
membros da banda na frente e o perfil de cada músico escrito atrás. Além disso,
o envelope contém um pôster frente e verso com as artes de capa de Ioannis feitas para os shows e um
certificado de autenticidade numerado. Apenas 2000 cópias do box em sua edição Deluxe foram comercializados. Um dos
mais belos boxes que já tive em mãos. Para maiores detalhes de como está
estruturado o pacote, vejo o vídeo abaixo!
Blu-Ray – DVD:
ProgPower USA XVII 2016 x Keep It True XIX 2016
Menu
O
menu é bem bonito, mas extremamente simples, só possuindo a opção de seleção
entre os dois shows e nenhum menu para acesso às especificações técnicas. Como
aqui só possuo aparelho estéreo e não tenho um home theater, não sei
dizer se há opção de áudios diferentes.
Performances.
Quem já teve o prazer
de assistir ao FW ao vivo, sabe bem
que a banda prima por fazer uma apresentação que se assemelha muito mais a um
show de uma banda de Heavy Metal tradicional do que de seus
parceiros de Prog Metal. Ou seja, nada de atmosfera
asséptica. E é o que temos aqui. A despeito da idade e do visual dos agora
senhores, temos uma banda tocando um disco para lá de complexo com uma pegada
excelente. Os timbres respeitam em bastante o material original, Aresti toca muito bem e Jim Matheos, o patrão e dono da bola, se assemelha a um irmão mais novo
do Steve Harris e é o mais metálico dos guitarristas de Prog Metal. A cozinha de
Joe DiBiase (Rick Wakeman cover?) e Steve Zimmerman (com
cara de Roadie do Manilla Road) pode não ter a técnica das cozinhas que a banda teve
posteriormente, mas estão muito longe de fazer feio. Aliás, mandam muito bem,
obrigado.
Ah, mas e o John Arch? Arch, que parece o filho improvável de um caminhoneiro do Arizona com o Quico do Chaves, consegue uma performance respeitável, levando em consideração que as músicas são quase todas interpretadas numa zona de tons estratosfericamente altos. Ah, e Frank Aresti se vira razoavelmente bem para cobrir as camadas de vozes que se entremeiam às linhas principais. Em termos de presença de palco, John apanha feio de seu substituto, parecendo um pouco sem graça quando não está cantando. Mas seu semblante demonstra a felicidade de estar ali, e a simpatia honesta que ele transparece acaba por compensar a falta de movimentação. Sou muito mais fã do Ray Alder, mas tenho que admitir que, para o material dessa era, não há comparação, Arch deixou sua marca.
Tal
avaliação da performance da banda vale para os dois shows inclusos, mas dá para
notar uma maior confiança na banda no show do Prog Power, realizado
alguns meses após o do Keep It True.
A performance vocal de Arch também se mostra um pouco superior. Mas os dois
shows são muito bons.
Repertório
Os dois shows batem
exatos 83 minutos de música e trazem Awaken
the Guardian tocado na íntegra, mais quatro faixas no bis. Três delas
se repetem: Damnation, Epitaph e The Apparition. O Show
do Keep It True tem seu
diferencial em Night On Brocken.
Já o show do Prog Power aposta em uma excelente rendição
para Kyrie Eleison. Enfim, em ambos os casos todos os discos da fase inicial
da banda se fazem representados.
Imagem e Som
O show do Prog Power possui uma qualidade de som impecável, com mais punch. Mas o
show do Keep It True não faz feio,
não. Nos dois casos sinto um pouco da falta da plateia na mixagem. Novamente
lembrando que não existem informações sobre o número de canais e nem menu de
seleção para tal. No Prog Power as imagens são cristalinas, mas o
palco é simples, com iluminação apenas correta e o belo backdrop da capa do disco ao fundo. Já no Keep It True há uma qualidade ligeiramente
inferior nas imagens em algumas tomadas (o ambiente é mais escuro), mas em
compensação, o palco (que é menor) é ornado com um jogo de portais com brasões,
dando um visual um pouco mais legal.
Em ambos os casos as tomadas se alternam entre imagens mais panorâmicas
e closes bem posicionados nos músicos, mostrando a execução das músicas, o que
é válido em se pensando no público de Prog
Metal, que costuma dar muito valor à
parte técnica. Infelizmente nãos e vê muito do público aqui. A edição é correta
e bem menos frenética que o usual, só incomoda um bocado o corte com alguns pentelhésimos
de segundo de tela preta e fade in fade out entre uma música e outra. Nos casos
em que existe introdução no som mecânico, a tela mostra as belas imagens
criadas pelo artista original que criou o conceito da capa de Awaken.
Os CDs
A
mixagem dos Cds é excelente, com
muito punch. Podemos ouvir todos os instrumentos
de maneira clara e ainda há sobra para a plateia no fundo. A leve vantagem para
o show do Prog Power permanece, em especial no que se refere a maior precisão nas
execuções.
Veredito Final
Awaken the
Guardian Live é um box excelente em termos de apresentação e que traz um
conteúdo audiovisual que se faz o sonho de qualquer fã do Fates Warning. Seu único
senão é a não inclusão de extras em vídeo documentando a epopeia por detrás
desses shows comemorativos.
NOTA:
9,50
Gravadora:
Metal Blade Records (importado).
Pontos
positivos: belo box, ótimo material audiovisual
Pontos
negativos: a ausência de extras
Para
fãs de: Threshold, Queensrÿche, Dream Theater
Classifique como: Prog Metal
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