terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Curtas: Lord Vicar, Witherscape, Insomnium e Last In Line

Curtas da Cripta: Lord Vicar, Witherscape, Insomnium e Last in Line
Lord Vicar - Gates of Flesh
Lord Vicar – Gates of Flesh (Cd-2016)


Jogando pelo Regulamento



A patota finlandesa que atende pela alcunha de Lord Vicar mistura doses cavalares de Doom com pitadas de Stoner e até mesmo Gothic Metal, de maneira bastante interessante, diga-se. Em alguns momentos chega a lembrar o Tiamat da era Wildhoney, o que é um baita elogio. E se você é fã de Doom e achou a voz algo familiar, é por que ela realmente o é, quem canta aqui é Christian "Chritus" Linderson, responsável pelos microfones do Count Raven e da fase C.O.D. do mastodonte Saint Vitus. Já as guitarras ficam ao encargo de Peter Vicar, o cabeça do Reverend Bizarre.




Todas as músicas aqui são legais e tem seu poderio amplificado por uma produção para lá de vintage, que combina com a aura esfumaçada da bolachinha. Mas embora a homogeneidade seja elogiável e garanta uma audição satisfatória do disco por inteiro, senti falta de mais faixas que passassem do simples “bacana” para o “memorável”. Aqui destacaria de longe a bela A Woman out Of Snow e o épico encerramento com Leper, Leper. Um bom disco.

NOTA: 7,91

Pontos positivos: produção vintage como o som da banda pede
Pontos negativos: com a exceção de A Woman Out Of Snow, faltam faixas memoráveis 
Para fãs de: Saint Vitus, Reverend Bizarre, Count Raven, Tiamat, My Dying Bride
Classifique como: Doom Metal

Lord Vicar: Jogando pelo regulamento

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Witherscape - The Northern Sanctuary

Witherscape – The Northern Sanctuary (Cd-2016)

Dupla Metalneja de Respeito

O projeto do criativo sueco Dan Swanö (teclados, bateria e voz) com Ragnar Widerberg (guitarras e baixo, Witchcraft) tem um pé na morbidez, mas com nuances Prog e citações a quase todo e qualquer subgênero dentro do Heavy Metal. Essa definição seria praticamente a mesma que eu usaria para os trabalhos do norueguês Ihsahn, e o paralelo entre o trabalho dos caras é inevitável, ambos tem a capacidade de soar diferente e vanguardista sem perder um grau invejável de veia pop. E a veia pop é latente em faixas como Wake of Infinity, In the Eyes of Idols e nas belíssimas The Examiner e Marionette.



Nem tudo é perfeito, entretanto. A produção está aquém do poderio das músicas aqui contidas, embora não chegue a comprometer. E é perceptível que o disco sofre de uma pequena queda de qualidade em sua metade final, com a épica faixa título não demonstrando fôlego suficiente para justificar seus 14 minutos de duração. Mas ainda assim temos em mãos um trabalho de qualidade superior. Quando me perguntam se eu odeio Prog Metal por conta da minha incapacidade em escutar qualquer coisa do Dream Theater, posso responder com um disco desses, isso sim é Prog Metal bem feito. Discaço!

NOTA: 8,78

Pontos positivos: mistura de estilos dentro do Metal com muita criatividade
Pontos negativos: algo na produção me incomoda 
Para fãs de: Ihsahn, Devin Townsend
Classifique como: Prog Metal


Banda em dupla dá guerra na hora de pagar o ensaio
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Insomnium - Winter's gate
Insomnium – Winter’s gate (Cd-2016)

Fúria Gélida

Os suecos do Insomnium resolveram fazer como seus conterrâneos e contemporâneos do Amon Amarth e contar uma saga Viking em seu sétimo disco de estúdio. Mas o enfoque aqui é bem menos brutal e mais contemplativo. Na verdade Winter’s Gate é uma única faixa, dividida em sete partes. Por Odin, não se assuste, não estamos diante de mais uma daquelas diarreias progressivas intelectualoides, não. Temos aqui um Death melódico tipicamente, erh...sueco! O som dos caras deve bastante ao In Flames de outrora, principalmente pelas intervenções folk e atmosféricas, obviamente amplificadas pelo caráter conceitual do disco. Ah, e voz limpa de Ville Friman é cópia escarrada do Anders Fridén de Whoracle e Colony.

E tratar o disco como uma única música aqui passa longe de ser uma artimanha para parecer mais artístico, como é comum em bandas de Prog Metal. Realmente há temas e climas que interligam as faixas e a audição do todo faz bem mais sentido do que a das peças em separado. Embora eu não seja o maior fã do mundo do formato, quando o mesmo funciona, o que é muito raro, acaba por nos proporcionar obras bem interessantes. E esse é o caso aqui, um disco pesado, diferente e ao mesmo tempo bonito de se ouvir. Excelente.

NOTA: 9,20

Pontos positivos: peso e intervenções atmosféricas se entremeando em harmonia
Pontos negativos: um disco feito exclusivamente para se ouvir de ponta a ponta  
Para fãs de: In Flames antigo, Dark Tranquility, Amon Amarth
Classifique como: Melodic Death Metal, Viking Metal


Hm, não foi aqui que o Immortal gravou aquele vídeo?
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Last In Line - Heavy Crown
Last In Line – Heavy Crown (Cd-2016)

Mais Um Belo legado De Ronnie
O quinteto que atende pelo nome Last In Line, é mais um Spin Off da banda de Ronnie James Dio. Sim, qual o Resurrection Kings, temos aqui uma mistura de ex-integrantes da banda solo do saudoso gnomo com um talentoso vocalista. Os culpados aqui são o baterista Vinny Appice, o baixista Jimmy Bain (que faleceria antes do lançamento do disco), o tecladista Claude Schnell e o guitarrista Vivian Campbell. Todos fizeram parte da primeira formação do Dio (Schnell apenas ao vivo). Para assumir a imensa responsabilidade que é o posto de vocalista em qualquer coisa que faça referência a uma das maiores vozes da história do Rock, o escolhido foi Andrew Freeman. Freeman cantou no Hurricane e Lynch Mob, além de ter tocado guitarra com...The Offspring? Isso sim é surpreendente.

Mais surpreendente ainda é ver Vivian Campbell capitalizando em cima da morte de Ronnie Dio, após passar décadas desancando o baixinho. Como Vivian faz rios de dinheiro com o Def Leppard, quero acreditar se tratar de um pedido de desculpas. A despeito da pouca simpatia que tenho pelo guitarrista, tenho que admitir que o trabalho que Vivian apresenta aqui é fenomenal, com doze músicas que fazem justiça ao legado de Dio sem parecer mera cópia. Excelentemente produzido por Jeff Pilson (também ex-membro do Dio), o disco traz grandes performances individuais e faixas maravilhosas como Devil in Me, Martyr, Already Dead e Starmaker. Mas dentre todas as feras que fabricaram essa bolachinha o destaque maior fica por conta justamente de Freeman, que canta demais, por vezes lembrando Zak Stevens em seus melhores momentos, honrando o legado do baixinho. Um ótimo disco que resenho aqui já com a notícia que o segundo rebento já está a caminho. Vem mais coisa boa por aí!   

NOTA: 8,90

Pontos positivos: ótima produção, Vivian inspirado e grande performance de Andrew Freeman
Pontos negativos: não dá para não pensar em como Campbell é mal aproveitado no Def Leppard  
Para fãs de: Dio, Lynch Mob
Classifique como: Hard Rock, Heavy Metal



Last In Line ainda com o saudoso Jimmy Bain...RIP



quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Curtas: Eternal Champion, Metallica, Sodom e Evergrey


Curtas: Eternal Champion, Metallica, Sodom e Evergrey
Por Trevas



Eternal Champion - The Armor of Ire
Eternal Champion – The Armor of Ire (Cd-2016)

O que que é Isso, Campeão?

Capa tosca, nome de banda tão horrível que parece piada, confesso que só tomei coragem de encarar o disco pois vi muita gente falando sobre o mesmo no Facebook. Eis que começa a bolachinha da banda texana, com I Am the Hammer. Bom riff, música Midtempo, produção vintage com cara de meio dos anos 1980 e um vocal que fica tão longe de ser memorável quanto de irritar por completo, lembrando um pouco o enfoque algo raquítico dos Papas Emeritus do Ghost. Até que é bacana, vejam só. A faixa título traz bons riffs e um andamento contagiante, seria muito boa, não fosse a melodia vocal bastante desinteressante.



E aqui vai a grande crítica ao disco de estreia dos caras, o mesmo está repleto de riffs contagiantes estragados por um vocalista incapaz de criar melodias à altura, às vezes parecendo se atrapalhar até mesmo com a cadência das letras, com uma interpretação tão sem graça que mesmo nos menos de quarenta minutos de duração da bolachinha já fiquei absolutamente desinteressado em acompanhar o trabalho da banda. Mas sempre há espaço para evolução, quem sabe no próximo disco o cara melhore ou a banda escolha uma voz mais marcante. Por enquanto, a despeito das boas guitarras, posso dizer que não dá para recomendar o Eternal Champion.


NOTA: 6,54


Pontos positivos: ótimos riffs e bons solos
Pontos negativos: vocalista muito limitado
Para fãs de: Manowar, Manilla Road
Classifique como: Heavy Metal Tradicional, True Metal



A pose é maneira, já a voz....


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Metallica - Hardwired
Metallica - Hardwired...To Self Destruct (2 Cds – 2016)
Duplamente Mequetrefe
Mais um hiato imenso entre discos, mais uma avassaladora campanha de marketing e lá vamos a mais um disco da maior banda de Heavy Metal dos EUA. Como algumas pessoas parecem ter esquecido, as propagandas repetem a ladainha da era Death Magnetic: o Metallica volta a suas origens e tal. Vamos ver. A arte de capa já acaba um pouco com minha esperança: não bastasse ser horrorosa, é cópia descarada da ideia já nada boa da capa de Odd Fellows Rest, disco de 1998 do Crowbar.


O pessoal do Napster deve ter achado engraçado,  não?

Mas como o que realmente importa é a música, deixa quieto. A faixa título abre o disco de forma promissora e de maneira inesperada, no meio das músicas de 789 minutos que a banda vem compondo ela ganha pontos só pelo fato de ser direta e curta. Nenhum novo clássico, soa até algo genérica, mas é visceral. Atlas, Rise! faz referência à NWOBHM em suas harmonias de guitarra e é outra boa música, carecendo só de solos à altura. Now That We’re Dead já remonta ao Death Magnetic, riffs sem graça e melodia sem nenhum brilho se estendendo por mais tempo do que deveria. A mediana Moth Into Flame confirma o que a faixa anterior já mostrava, esqueça, o que Metallica nos entrega aqui é bem semelhante ao que entregou no disco anterior, só que com estratégia de marketing nova e uma boa produção. Dream No More tem nuances Sludge em seus chatos quase sete minutos de duração. E o que diabos é a voz de papa Het na interminável Halo of Fire?


O segundo disco inicia com a marcial Confusion, que vem e vai sem deixar sequer um segundo de sua melodia em nossas cacholas. O disco vai se arrastando música longa após música longa, com riffs e melodias medíocres e um clima tão Death Magnetic que dá a impressão de se tratar de sobras de estúdio daquelas sessões. Chego até Murder One esperando que a suposta homenagem ao lendário Lemmy ao menos se salve. Mas nada acontece numa música midtempo tristonha que usa vários bordões do Motörhead em sua letra em vão. Não esperava grande coisas do disco, mas o padrão até aqui estava abaixo até mesmo das minhas tacanhas expectativas. Mas aí aparece o encerramento com a paulada Spit Out the Bone, de longe a melhor coisa desse trabalho e quiçá da própria discografia dos caras pós Black Album. Infelizmente é muito pouco e veio tarde demais. Claro, vai vender horrores. Claro, vai catar poeira nas estantes dos fãs em menos de um ano. Metallica renascido? Do alto da cadeira de seu escritório, Dave Mustaine solta uma sonora risada.


NOTA: 6,22


Pontos positivos: vejam só, tem uma música com 3 minutos de duração e a produção não é uma bosta. Revolucionário!! Ok, falando sério, Spit é excelente.
Pontos negativos: o material dos dois discos não dá para fazer nem um Ep de bom nível.
Para fãs de: Nickelback, Creed
Classifique como: Heavy Metal

Nosso heróis brigando com o estagiário que fez a capa...


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Sodom - Decision Day
Sodom – Decision Day (Cd-2016)

Dia de Carniça


Se os estadunidenses do Metallica tem muito tempo que já não podem ser interpretados como uma banda de Thrash Metal, o mesmo não pode ser dito dos teutônicos do Sodom. Ouvi esse disco em seguida ao Hardwired e já nos primeiros instantes da destruidora In Retribution um sorriso insano tomou meus lábios, agora sim estamos falando sério! Afora uma pegada mais Black Metal na voz de Tom Angelripper, não há grandes mudanças estilísticas no som dos caras, verdade, mas nem parece ser essa a intenção, e a falta de novidades é compensada por uma pegada avassaladora e uma torrente de boas músicas.


A faixa título dá uma leve guinada ao Metal mais tradicional, enquanto Caligula traz um certo clima épico em seu refrão. Destacaria também Strange Lost World e Blood Lions em meio à porradaria incessante. A incorreção política está escrachada na singela Vaginal Born Evil, mostrando que sempre há espaço para humor (ainda que de gosto duvidoso) em meio à desgraceira dos alemães. Certamente um dos grandes discos de Thrash de 2016. 

NOTA: 8,58


Pontos positivos: veloz e visceral.
Pontos negativos: a voz de Mr. Tom pode soar mal a ouvidos mais sensíveis
Para fãs de: Kreator, Destruction
Classifique como: Thrash Metal



Vai um Napalm aí, tio?
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Evergrey - The Storm Within
Evergrey – The Storm Within (Cd-2016)

Chororô Inspirado


Os suecos do Evergrey deram uma tremenda sacudida em uma carreira que havia caído na morosidade com o estonteante Hymns For The Broken (de 2014), então o novo disco chegou às prateleiras sob considerável expectativa. A arte gráfica, feita por um brasileiro, Carlos Fides, fez com que eu ficasse ainda mais na torcida de estar diante de um disco especial. E se Distance se distancia (dãh) da acachapante abertura da bolachinha anterior, com seu andamento lento e melancólico, também entrega que a sonoridade escolhida representa quase uma continuação do que ouvimos lá em 2014. Passing Through tem algumas passagens (dãh, de novo) de guitarra que remetem até mesmo ao Whitesnake e é bacana como a faixa anterior, ainda que longe de ser um novo clássico.




A produção é perfeita tal qual a execução das músicas, o que era de se esperar pela qualidade dos profissionais envolvidos, com claro destaque para o sempre excelente vocalista (e guitarrista) Tom S. Englund. É tudo tão bem feito que ficamos tentados a esquecer as letras de adolescente emburrado, que fariam corar até o Chester Bennington.  Mas, ainda que as músicas sejam todas boas, é curioso que o ápice aqui se dê justamente quando o quinteto lança mão da participação da monstruosamente arrogante e igualmente talentosa Floor Jansen (Nightwish, Revamp) na boa In Orbit e na matadora Disconnect (onde, em seu início, Tom faz sua melhor personificação de Warrel Dane). Mais um grande disco!

NOTA: 8,03


Pontos positivos: boas músicas com ótimos vocais e instrumental caprichado.
Pontos negativos: letras infantis e clima choroso podem afastar o ouvinte casual
Para fãs de: Nevermore, Pain of Salvation
Classifique como: Prog Metal, Power Metal




Hey, garoto, vai um chororô diferenciado, aí?









domingo, 8 de janeiro de 2017

Curtas: Kansas, Ihsahn, Resurrection Kings, Khemmis

Curtas: Kansas, Ihsahn, Resurrection, Khemmis


Kansas - The Prelude Implicit
Kansas - The Prelude Implicit

Uma Jornada Inesperada

Com um Line Up para lá de renovado, o Kansas apostou no vocalista/tecladista Ronnie Platt para refazer seu caminho em estúdio, num inesperado retorno. Não que a banda estivesse parada, mas seu afastamento das gravações desde o fim da era Walsh parecia deixar claro que o Phil Ehart e sua trupe se contentavam em ser um circo itinerante de admirável nostalgia. Ledo engano.



The Prelude Implicit faz com sucesso o cruzamento entre o AOR (With this Heart, que abre o trabalho, que o diga) que garantiu a banda improvável sucesso ao final da década de 1970 e início dos anos 1980 com o Rock Progressivo que marcou seus discos mais festejados (espelhado em trechos instrumentais das músicas ao longo do disco, mas mais claramente nos oito minutos de Voyage of the Eight Eighteen). Longe de ser um disco essencial, ao menos garante uma viajem musical de uma hora de duração que dificilmente desagradará os fãs dos dois mundos pelos quais a banda transitou.


NOTA: 7,89


Pontos positivos: respeita o legado da banda sem medo de apresentar um novo caminho
Pontos negativos: senti a falta de um pouco mais de energia 
Para fãs de: Kansas em todas as fases
Classifique como: Prog Rock, AOR, Classic Rock


Kansas redivivo
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Ihsahn - Arktis
Ihsahn – Arktis (Cd-2016)

Ihsahn Goes Pop?

O sexto disco da carreira solo de Ihsahn, o cérebro do Emperor, representa a primeira vez que o multi-instrumentista norueguês se conteve nos experimentalismos. Talvez uma resposta ao algo hermético Das Seelenbrechen, de 2013. Mas não se assuste, o capirotesco músico não compôs um disco da Lady Gaga, não. Seu som continua aquela mistura bastante única de Black com diversas vertentes do Metal Moderno, se utilizando de saxofone e outros subterfúgios incomuns. Mas basta ouvir as duas ótimas faixas que abrem a bolachinha, Disassembled (com seu ex-parceiro de Emperor, Einar Solberg, na voz) e Mass Darkness (com o fanboy Matt Heafy, do Trivium) para chegarmos à conclusão que as esquisitices de Mr. Ihsahn nunca soaram tão coesas e acessíveis.



My Heart is of the North tem momentos de bela calmaria quebrados por riffs quebrados e um Hammond. Until I Too Dissolve tem seu riff inicial totalmente Hard Rock. Elementos eletrônicos dignos de Chelsea Wolfe dão as caras em South Winds (excelente) e o tal saxofone aparece em Crooked Red Line, mas nenhum desses elementos aparece no disco de forma gratuita, tudo servindo em prol de boas canções. Talvez seja essa a maior demonstração de evolução e maturidade de um músico. Enfim, se você até gostava de alguns elementos das músicas do cara, mas achava o todo meio indigesto, Arktis talvez seja sua chance de adentrar o estranho mundo de Ihsahn. Duvida? Confira então a épica e bela Celestial Violence, que encerra o trabalho e tire suas conclusões. Mais um discaço!


NOTA: 8,85


Pontos positivos: soa vanguardista sem ser hermético
Pontos negativos: a aura talvez seja um pouco otimista demais para os fãs do estilo 
Para fãs de: Opeth, Devin Townsend, Emperor, Pain Of Salvation
Classifique como: Prog Metal, Black Metal, Modern Metal


Ihsahn dando um gelo

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Resurrection Kings
Resurrection Kings - Resurrection Kings (Cd-2016)

Melodic Rock em Nome de Ronnie

Resurrection Kings é o nome de um dos “Spin Offs” que sucederam o desmonte da banda solo do Ronnie James Dio após sua morte, em 2010. O combo conta com o instrumental preciso de Craig Goldy nas guitarras (entre idas e vindas, o guitarrista mais constante na carreira do Dio), Sean McNabb (Dokken, Great White, House of Lords e Quiet Riot) no baixo e o mítico fiel escudeiro do mestre, o baterista Vinny Appice.



O começo da faixa de abertura, a ótima Distant Prayer, já entrega aquele timbre de guitarra que era a cara do Dio fase Craig Goldy. Mas quem apostaria num simulacro da sonoridade Dio tomará um susto quando entrar o vocal de Chas West (Bonhan, Tango Down, Foreigner, Tribe of Gypsies e Lynch Mob). Totalmente voltado para o Melodic Rock/AOR, Chas acaba levando o material mais para esse lado do que para a mistura Hard/Heavy típica de Dio, a banda. Em relação às composições, a banda acerta mais do que erra, como na já citada faixa de abertura, em Wash Away e Who Did You Run To. Mas quando erra, como na melecosa Never Say Goodbye, o negócio desanda bonito. Uma bela estreia, que merece sua atenção.


NOTA: 7,50


Pontos positivos: boas composições e sonoridade com clima oitentista
Pontos negativos: a voz de Chas West cansa com o tempo
Para fãs de: Journey, Foreigner, Lynch Mob
Classifique como: Melodic Rock, AOR


Resurrection Kings

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Khemmis - Hunted
Khemmis – Hunted (Cd-2016)

Enciclopédia Doom

Os estadunidenses do Khemmis surgiram em 2012 e assim que lançaram seu primeiro Ep, foram saudados como uma das bandas mais promissoras da cena underground por lá. Seu primeiro disco, Absolution (de 2015), representou uma boa estreia, mas aqui a coisa vai muito além. Basta ouvir a introdução da faixa de abertura, Above The Water, para perceber a palpável evolução da banda. As harmonias de guitarra intrincadas, com fortes referências ao Metal Tradicional, se mesclam a Riffs que flertam em igual simetria com o Doom e o Stoner. O vocal aqui é limpo e sem maiores maneirismos, como na segunda faixa, a igualmente ótima Candlelight. Mas existem ainda momentos de urros que remetem aos primórdios do Doom britânico, o equilíbrio facilitado pela presença de dois cantores principais, os guitarristas Phil e Ben.



A produção de Dave Otero conseguiu captar bem as qualidades do quarteto, soando saturada nos riffs e límpida nas melodias e harmonias de guitarra, com um Punch perfeito. Todas as cinco faixas são pequenos épicos, a menor sendo a terceira, a boa Three Gates, que soa até mesmo Uptempo para uma banda de Doom. Beyond The Door compila quase todas as vertentes do Doom Metal em seus 9 minutos de duração e o disco fecha com a faixa título, um épico de 13 minutos com riffs suficientes para garantir um disco inteiro e que já pode ser considerado o carro chefe dos caras. Facilmente um dos melhores discos desse prolífico ano de 2016.


NOTA: 9,29


Pontos positivos: equilibra bastante bem as vertentes diferentes do Doom com o Metal Tradicional
Pontos negativos: nada a destacar
Para fãs de: Candlemass, Trouble, Solitude Aeturnus
Classifique como: Doom Metal



Khemmis pegando a estrada






quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Testament - Brotherhood Of The Snake (Cd-2016)

Testament - Brotherhood of the Snake

Bote Certeiro
Por Trevas

Prólogo - a gestação conturbada da serpente

A gestação de Brotherhood of the Snake acabou por se tornar tão misteriosa e confusa quanto a sociedade secreta que deu nome ao disco ou as inúmeras teorias conspiratórias que permeiam suas letras. A debandada traumática de Greg Christian, os conflitos internos entre Petersen e o resto da banda pela pressa em soltar um novo trabalho que aproveitasse a excelente receptividade a Dark Roots e sua turnê, as reclamações em público de Chuck Billy sobre a falta de tempo para trabalhar as letras e melodias, a citação e Gene Hoglan de que esse seria o trabalho mais pesado da banda...tudo dando a crer que o clima em estúdio não andava lá muito bom.


Mas cá estamos, com a bela arte de capa Eliran Kantor (Kreator, Sodom, Soulfly, Satan) com ajuda do brasuca Marcelo Vasco no encarte (responsável pela última capa do Slayer). A produção ficou ao encargo dos patrões Chuck Billy e Erik Petersen com Juan Urteaga como engenheiro de som e mixagem e masterização nas mãos do mago britânico Andy Sneap (Nevermore, Megadeth, Accept).

No Ninho da Serpente

A avassaladora abertura com a faixa título (cujo início faz acreditar que estamos ouvindo a parte 2 de Legions of the Dead) dá uma bela amostra do que nos espera no restante do álbum, um Thrash virulento e técnico com pitadas de Death Metal e harmonias de guitarra que também fazem referência ao Metal Tradicional. A voz do gigante Chuck Billy, em contrapartida aos lançamentos recentes da banda, está mais próxima ao que ela fazia antes do lançamento de Low. A temática das letras, centrada numa mistura de alienígenas e sociedades secretas permeia essa faixa e todas as outras, ainda que ao que me parece não exista um enredo propriamente dito.


A preocupação em recuperar o senso melódico do passado fica bastante clara em The Pale King, que parece algo (algo inspirado, diga-se) saído das gravações de Souls of Black e jogada através de uma máquina do tempo para a produção de 2016.


Stronghold é um petardo Thrash em sua mais pura essência. Já a boa Seven Seals resgata um pouco o viés mais melódico da banda da era The Ritual, ainda que de maneira mais vigorosa.


Bom, até aí a impressão que eu tive é de que estaríamos diante de mais um clássico moderno dos estadunidenses. Mas confesso que a partir da razoável Born In A Rut (outra que poderia estar em The Ritual) o disco começou a me parecer um pouco menos interessante. Centuries of Suffering é bem veloz, vencendo pela violência e garra, com o rinoceronte Gene Hoglan fazendo a cozinha dos sonhos ao lado do excelente baixista Steve DiGiorgio.

Nem para tirar a foto a patota escondeu a animosidade
Black Jack aposta em sua intensidade, blast beats bem colocados e riffs numa mistura com voz e solos mais tradicionais, num resultado bem legal. Neptune’s Spear tem boas ideias instrumentais desperdiçadas num todo não muito inspirado.


Canna-Business une na mesma música a paixão de Chuck Billy pela erva mardita com o talento do mostro Alex Skolnick numa profusão de solos estonteante. The Number Game fecha os 46 minutos de música de maneira competente.

Saldo Final

Brotherhood of the Snake é o disco mais direto da fase recente do Testament. E é, ao mesmo tempo, o mais afeito ao passado da banda. Infelizmente, é também o menos espetacular desde que the gathering mostrou um novo caminho para o Thrash dos estadunidenses. Seu início avassalador contrasta com sua segunda metade menos inspirada, o que acaba por nos deixar a impressão de que se os caras lapidassem mais o material talvez tivéssemos em mãos um disco quase tão perfeito quanto Dark Roots Of The Earth. Ainda assim um disco suficientemente bom para constar nas listas de melhores do ano ao redor do globo.


NOTA: 8,37


Pontos positivos: disco direto, com ótima produção e primeira metade avassaladora
Pontos negativos: a segunda metade não é tão perfeita
Para fãs de: Exodus, Metallica, Megadeth e congêneres
Classifique como: Thrash Metal