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Maximus Festival 2016 |
Maximus Festival - Autódromo de Interlagos – São Paulo (07.09.16)
Texto e fotos* por Trevas
*Exceto Fotos para os shows de: Halestorm, Disturbed, Marilyn Manson e Rammstein - cortesia da sempre destruidora Alessandra Tolc (Photolc), a quem vai aqui meu agradecimento - valeu!!!!
E
eis que no feriado de 07 de setembro quem ganhou um belo presente foram os
headbangers, em especial àqueles mais afeitos a bandas com sonoridade mais
moderna. Segue aqui minhas impressões sobre o Maximus Festival, que já teve a confirmação de sua segunda edição,
para 20 de maio de 2017 (meu aniversário, ora pois).
Conforme
fiz ano passado com a resenha para o Monsters,
separarei o texto na avaliação estrutural do evento e posteriormente na
avaliação dos shows em si.
PARTE
I – O FESTIVAL
Ingressos
Adquirir
os ingressos pela internet foi absolutamente tranquilo. O preço certamente não
é convidativo. Mas, convenhamos, não anda muito diferente dos valores cobrados
para eventos de uma única banda (e.g. Scorpions
e Black Sabbath). Enfim, acaba por se tornar um valor justo. A retirada dos
ingressos não foi tão simples assim. Quem comprou em bilheterias logo de cara,
teve que fazer uma segunda visita a pontos credenciados para trocar seu
“voucher” pela pulseira que serviria de real entrada para o evento (e
gerenciadora do sistema cashless, do qual logo falaremos). A troca também podia
ser efetuada no dia do evento, mas acho pouco provável que alguém que compre
ingressos antecipadamente tenha apostado nisso.
Eu comprei meus
ingressos pela internet. Como moro em outro estado, efetuei a retirada na
véspera, na bilheteria do Estádio do Morumbi. Nesse momento a retirada já dava
direito a própria pulseira. Mas não foi tão simples assim. A fila nem era
grande, mas o atendimento, feito por poucos caixas, mostrou-se um pouco lento
demais para quem paga uma fortuna de “taxa de conveniência”. Conveniente para quem,
cara-pálida? Tive um problema adicional que quase estragou minha aventura: o meu cartão usado na compra do ingresso foi clonado pouco depois da mesma. O pedaço de plástico foi
devidamente cancelado, novo cartão emitido, vida que segue. Não para a retirada
dos ingressos. Além do documento de identidade, me foi cobrado o cartão da
compra. Informei o ocorrido. Negaram-me o ingresso: ou eu teria de ter uma
fatura paga do cartão, ou o BO da clonagem(?!?!?!?!). Após um período de
impasse que me pareceu um filme de terror, consegui reverter a situação (na
verdade só foi resolvido quando minha retórica tornou-se longa demais e a fila
atrás de mim, impaciente). Me foi informado que isso aconteceu para minha
segurança. Não entendi até agora a lógica. O saldo, um envelope contendo duas
estranhas pulseirinhas (minha e da Sra. Trevas). E lá vamos ao sistema
Cashless.
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O envelope contendo as infames pulseirinhas |
Cashless – WTF?!?!?!
Bom, o tal sistema
cashless supostamente serve para dois fins: evitar que o caboclo fique andando
com dindin no festival, algo salutar em se tratando de grandes multidões e
grandes beberagens. O outro motivo seria um melhor controle de gastos por parte
do usuário, que abasteceria sua pulseirinha previamente através de cartão de
crédito o quanto estaria disposto a gastar no evento. A segunda serventia cai
por terra quando somos expostos a uma planilha de conversão: o dinheiro válido
no evento seriam os “Metals”, cada unidade equivalendo a R$3,75. Fácil do
bêbado se perder nessa, não? Pois é.
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A terrível Tabela do Enrabamento |
O
acesso ao evento exigia a prévia ativação da pulseira, feita num cadastro
online simples para quem estava em sua cidade natal e o fez num note ou
desktop. Já para quem estava longe de casa e com a disponibilidade dum
smartphone vagabundo, deve ter sido uma josta. Quem quisesse podia já linkar a
pulseira a um cartão de crédito e abastecer a mesma. Dentro do evento,
estavam disponíveis alguns pontos de recarga da pulseira, que aceitavam débito
também. Ao que parece o principal dos pontos de recarga teve alguma fila de
início, mas não presenciei. Os outros pontos estavam sempre com filas curtas e
que demoravam no máximo uns poucos minutinhos para atendimento. Para adquirir
qualquer produto ou serviço no evento, era bem simples: aproximava-se a
pulseira de um leitor, que informava o saldo da pulseira e a compra a ser
efetivada. A compra então era confirmada e novamente se aproximava a pulseira
do leitor. Tudo com auxílio do vendedor. Bem rápido e efetivo. Aprovado. Sobre
o saldo excedente na pulseira, supostamente o mesmo será estornado no cartão
cadastrado. A custo módico de 2 Metals de taxa automática. Veremos. (Nota do Trevas: atualizando o post, acabo de receber via e-mail a confirmação do estorno dos Metals residuais de minha pulseira, com a taxa de conveniência de 2 Metals sendo descontada. E sim, o fato se mostrou confirmado em minha fatura do cartão, ou seja, o método realmente funcionou).
Acesso
O acesso à pista
ocorreu da maneira mais calma e rápida que já presenciei em qualquer festival
que eu tenha notícia. Foi passar pela revista, encostar a pulseira num tablet e
pronto, dentro estávamos. Fila zero. Na verdade, na mesma semana fui num show
com pouco mais de cem pessoas e o acesso foi dez vezes pior. Nota dez!!!
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Entrada, livre, leve e solta!! |
Atividades
Mais econômico que o Monsters nesse ponto, o Maximus, que aproveitou acertadamente o
visual da franquia Australiana Mad Max em todo seu visual, tinha algumas
barracas de itens afeitos ao universo Banger (lojas de botas, acessórios
esotéricos e vinis), as lojas oficiais de camisas e adereços das bandas e
festival e área de Food Truck. Além disso, a Sky também arcou com uma bem
montada área com carros e trono (dono de uma sempre extensa fila para fotos)
fazendo referência ao universo dos filmes australianos supracitados. Ao fundo,
um cemitério de mentirinha com lápides de grandes heróis do rock que já não
estão mais entre nós. Bacana e simples. Os preços? Exorbitantes como sempre. As
camisas, custavam em média 32. Metals. Façam as contas e imaginem a enrabada.
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Calango Max além da Cúpula do Baião |
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Fila para sentar no trono (ver também o item: banheiros) |
Alimentação e Bebida
A área de Food Truck (Gas Town, sim, a mítica Vila
Gasolina) estava bem bacana e
apresentava uma variedade aceitável de quitutes. As filas praticamente
inexistiam. Quem não quisesse sair de frente do palco para comprar sua birita
podia confiar que a qualquer momento um ambulante com um tanque de cerveja
passaria por perto para o abastecimento. Outro ponto positivo do evento. O
problema? Os preços, claro. Uma cerveja (Bud,
que o diabo carregue essa josta) custava 3 Metals. Um sanduba? Em média uns 6.
Era permitido a entrada com alimentos industrializados em sua embalagem
original. Sempre recomendável fazer isso, pois passar o dia dependendo de
lanchinhos com preços nada módicos pode ocasionar a falência do headbanger
desavisado.
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Entrada da Vila Gasolina, na verdade, um cantinho de Food Trucks |
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Lojinhas, para você trocar seu rim por algum badulaque maneiro |
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Quando a bebida oficial é Bud, pode apostar que o Posto Médico vai ficar cheio |
Banheiros
Sempre com fila, os
aglomerados de horrendos banheiros químicos são o pesadelo daqueles que
pretendem passar o dia num evento como esse. Um grande ponto falho, ainda mais
na parte da noite, quando a escuridão tornou algo além de uma simples mijada um
acontecimento pavoroso. Já vi, em eventos bem menos abastados, soluções que
envolvem banheiros montados em containers e caminhões, com qualidade e higiene
bem melhores. Se tem um ponto que DEVE evoluir para a edição de 2017, é esse.
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A fila para sentar no outro trono era mais bacana |
Palco e Som
Dois monumentais
palcos forma montados um ao lado do outro para os shows principais (Rockatansky e Maximus). Um palco bem mais modesto, Thunder Dome (Sim, a Cúpula do Trovão!!), receberia
os shows até o meio da tarde. A estrutura do entorno do Thunder Dome esteve ok e
o único show que conferi ali contou com ótimo som.
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Cúpula do Trovão: dois homens entram, apenas um homem sai |
Já nos dois palcos principais, alguns problemas foram notados. O piso
era de terra batida, com um pouco de cascalho por cima, insuficiente para
impedir a formação de poças de lama. Por sorte uma micro garoa caiu na tarde de
quarta. Tivesse sido um chuvaredo, chafurdaríamos bonito.
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Da lama ao caos... |
Mas esse foi um mero pormenor. Se ano passado o mega telão ao fundo do
palco garantiu um tremendo visual até para os shows menores, dessa vez não
tivemos a mesma sorte. Uma imensa estrutura para backdrops foi disponibilizada,
mas a mesma só prendia os backdrops na parte de cima, e o vento constante fazia
com que eles ficassem revoltos. Enfim, algumas bandas optaram por não usar seus
backdrops ou deixá-los estendidos pela metade, próximo ao solo. Uma perda de
apelo visual, em especial para os shows à luz do dia, quando a iluminação não
ajuda a deixar o espetáculo mais bonito. Quanto ao som, um problema bem mais
complicado. Na verdade, o mesmo começou bem ruim nos palcos principais e só
ficou realmente bom nos três shows principais (Disturbed, Marilyn Manson e Rammstein). De resto ou o som ficou incrivelmente baixo (Black Stone Cherry, metade
inicial do set do Halestorm), ou
muito embolado (Hellyeah). A clara
impressão é que o poderio sonoro foi reservado propositalmente para as atrações
finais. Vergonha. No mais, a acústica do local, um promontório no meio do
Autódromo, parece ter contribuído para a dispersão do som, fazendo com que você
visse uma massa de 40.000 pessoas cantando, mas que soavam como 10 cabruncos.
Chato.
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Os dois palcos principais: Rockatansky (esquerda) e Maximus (direita) |
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Grade de Horários do Festival |
PARTE II – OS SHOWS!!!
Começamos a maratona
com os improváveis rednecks finlandeses do Steve
N Seagulls. Vestidos com roupas que remetem a estereótipos da caipiragem
estadunidense, os cabruncos fazem versões bluegrass de estandartes do Hard e do
Metal. O curto set de seis músicas foi extremamente divertido e cheio de
energia, passando por coisas como The
Trooper e Aces High (Iron), Seek & Destroy (Metallica) e
encerrando com uma apoteótica Thunderstruck
(Ac/Dc). Bem diferente e legal, o show deve ser uma monstruosidade dentro
de um local de menor porte (NOTA: 8).
Enquanto aguardávamos para migrar para o Thunder Dome, aproveitamos o tempo para
rodar as lojinhas atrás de alguns souvenires. Enquanto isso assisti à distância
o Hollywood Undead fazer sua melhor
personificação de Linkin Park do início de carreira. Um show bem feito de uma
banda que ainda parece ter que encontrar sua própria cara (NOTA: 6).
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Família Buscapé? Nada, é só o Steve n Seagulls |
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Definitivamente o tipo de dupla que não se espera ver num festival de Metal (Steve N Seagulls) |
No Thunder Dome, teve início
o show da banda potiguar Far From Alaska.
E que show. O som da banda é difícil de rotular, uma mistura de uma miríade de
influências que vão do Stoner ao universo alternativo, mas bem fácil de
assimilar. Os natalenses tocam com sangue nos olhos e desenvoltura, com a linha
de frente dividida entre a talentosíssima e carismática Emmily Barreto (voz) e a tresloucada Cris Botarelly (lap steel, sintetizadores, chapéu do Sonic e voz).
A receptividade foi surpreendentemente boa, com um bocado de gente cantando as
letras, mostrando que a banda já galgou um bom território no cenário
underground. Uma pena que aparentemente o show terminou com uma música a menos,
fruto de um pequeno atraso por problemas técnicos no decorrer da apresentação.
Muito bom (NOTA: 9).
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Emmily gastando o gogó - Far From Alaska |
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Até Sonic toca no Far From Alaska |
Seguimos para o palco Maximus,
no intuito de dar uma conferida no Hellyeah,
do Vinnie Paul, mítico baterista do Pantera. Confesso que nunca consegui
curtir o som da banda em estúdio, mas imaginei que ao vivo a coisa pudesse ser
diferente. Ledo engano. O som é pesado, obviamente Vinnie Paul detona na
bateria. Mas a impressão que a banda passa é que toca a mesma música
repetidamente, um Groove Metal genérico, sempre pontuada pelos gritos
irritantes do esforçado e simpático Chad
Gray (com a cara coberta de sangue
artificial). Enfim, o show só serve mesmo para a molecada poder dizer que um
dia viu o batera do Pantera em ação.
Como já vi o Pantera, o show mostrou
apenas uma banda tão sem graça e pouco inventiva quanto seu nome sugere (NOTA: 5).
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Olha, nem suando sangue para o show do Hellyeah soar mais do que meramente esforçado |
O Black Stone Cherry parece
algo deslocado no cast do festival, e chega a ser curioso que uma banda que já
é gigante nos Estados Unidos se apresente tão cedo no Festival. E você sabe que
o negócio vai pegar fogo quando os roadies ao invés de abastecerem o praticado
da bateria com garrafas de água mineral, o fazem com Jack Daniels! Desfalcados do segundo guitarrista (não consegui
entender o motivo), o BSC ganhou o
reforço do Joe Hottinger,
guitarrista e eventual peguete de Lzzy
do Halestorm. E o gorducho Chris Robertson, completamente rouco,
puxou a performance de sua banda para uma apresentação que deveria ser
memorável, debulhando nos solos, com um desempenho arrasa-quarteirão do
baterista John Fred Young, muita
empolgação por parte do baixista John
Lawhon e cercado de boas canções de um Southern
Rock mesclado com Heavy Metal.
Uma pena que o festival não colaborou. O backdrop da banda ficou tão revolto
com a ventania que acabou sendo recolhido ao início da apresentação. E, muito
pior, o som ficou tão baixo que se tornou difícil escutar os solos e alguns
riffs. E não melhorou nem um pouco durante todo o show. O público e banda se
comportaram como se tudo estivesse ok, o que foi bom, diversão garantida. Mas
ficou aquela sensação de que os caipiras, que detonam fortemente, mereciam mais
(NOTA:7,5).
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Chris Robertson jogando para a galera - Black Stone Cherry |
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Joe Hottinger pegando mais cedo no serviço - Black Stone Cherry |
Hora
de Lzzy Hale e sua trupe. Com os backdrops firmemente montados (na verdade,
os mesmos faziam “barrigas” por conta do vento durante o show), o quarteto
estadunidense toma o palco Maximus
com Love Bites (So do I), nada mais nada menos a faixa que garantiu o Grammy para a banda.
A frente do palco
estava abarrotada, mostrando que a ótima apresentação do Halestorm no Rock In Rio
rendeu frutos. O Hard Pop dos caras pode ficar meio diluído em estúdio, mas ao
vivo a coisa muda de figura: Lzzy é
uma frontwoman com talento e carisma suficientes para deixar seu nome escrito
na história do rock. Mesmo parecendo rouca, a moça não economiza o gogó,
berrando a plenos pulmões enquanto o irmãozinho Arejay detona na bateria. Em jornada dupla, Hottinger manda melhor nas guitarras do que eu imaginava enquanto Josh Smith ajuda a construir uma cozinha de respeito. O show já era bom
o suficiente com o som meia boca, e ficou ainda melhor quando finalmente
conseguiram deixar o belo palco com uma potência sonora digna do evento.
Showzaço (NOTA:9,5).
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Lzzy ensinando os marmanjos a arte perdida do rock and roll (Foto por Alessandra Tolc) |
Contando com uma concentração bastante menor que a do Halestorm frente ao palco, os
britânicos do Bullet For My Valentine
pareciam que iriam encarar uma plateia com algum nível de hostilidade. Era
comum ouvir gente reclamando da banda antes do show, associando a mesma equivocadamente com a cena
emo, por exemplo. Bastou apenas uma música para as mesmas pessoas ficarem
olhando com visível curiosidade para o quarteto, impressionadas com o peso que
aqueles jovens com cara de Boy Band emanam ao vivo (N.T.: em determinada pausa
entre as músicas, um grupo de meninas, eufórico, gritou: fiquem pelados!!! Uma
pena que não tive essa ideia enquanto a Lzzy
estava no palco). Michael Thomas fez A performance baterística do
dia, em um festival onde o instrumento já vinha sendo muito bem tratado. Michael Paget e Matthew Tuck detonaram nas dobras de guitarra e
solos, enquanto o novato Jaimie Mathias se desdobrava entre as linhas
de baixo e parte dos vocais. O som no palco já se fazia bem melhor do que nas
apresentações anteriores, com exceção dos vocais de Tuck, bem baixos, em especial quando este utilizava o microfone
principal (por vezes ele cantava em um microfone posicionado atrás do praticado
da bateria). As luzes já começavam a fazer diferença, tornando o espetáculo
ainda melhor. Claro que de nada adiantaria tocar bem e ter a iluminação a seu
lado se suas músicas também não forem boas o suficiente. E cara, como são. Com
um set recheado de faixas do ótimo novo disco, Venom, somadas aos Hits, o BFMV
fez a felicidade dos fãs e certamente conquistou mais um monte daqueles que antes se mostravam incrédulos. (NOTA: 9).
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Matt Tuck debulhando a guitarra - BFMV |
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Michael Paget e os canhões de luz fazendo efeito - BFMV |
Talvez o Disturbed fosse a
banda com menor rejeição de todo o festival. Tinha gente que torcia o nariz
para o Marilyn Manson e vi alguns fãs do shock rocker enciumados com a importância
dada aos headliners alemães. Mas o Disturbed?
Ainda que um pouco, todos ali pareciam curtir os caras. O início, com som
impressionante e aquela sequência de hits que só uma banda que ganha o primeiro
lugar da Billboard desde o debut
pode ter à disposição, parecia acenar para o melhor show do festival. Mas em
algum momento a coisa desandou. David
Draiman, cada vez mais roliço e
parecendo o Gru da animação Meu Malvado Favorito, vez ou
outra lançava olhares algo perdidos e/ou desinteressados, insistindo em
puxar o estranho coro “olê-olê-olê-Disturbed, Disturbed”, meio sem graça, como
se não soubesse lidar com o público que tinha em mãos. E se ainda assim a
plateia agitava sem parar, o interesse diminuiu consideravelmente quando, sem
ser possível entender o motivo, a banda emendou uma sequência de covers
desnecessários (Simon & Garfunkel, U2,
Rage Against the Machine, The Who) que deixou a apresentação com cara de
Karaokê. Não ajudou em muito a sequência com the Light, a pior música
do novo disco, que deixou o vocalista meio no vácuo ao pedir sem ser lá muito
atendido para que o público levantasse os celulares iluminados no refrão. Mas nem
tudo estava perdido, Stricken
iniciou uma quadrilogia matadora na reta final do show, e Down With the Sickness encerrou com dignidade uma boa apresentação
que perdeu a grande chance de ser memorável (NOTA: 7,5).
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Meu malvado favorito - David "Gru" Draiman e seu Disturbed (foto por Alessandra Tolc) |
Olha, vi muito fã das antigas do Marilyn
Manson assustado quando subiu ao palco,
com algum atraso, uma figura que mais se assemelhava ao Nicholas Cage
interpretando um proxeneta de luxo em alguma ficção científica dirigida por Luc Besson. Roliço e vestindo um terninho, MM andava erraticamente pelo palco, numa tentativa infrutífera de
tentar parecer um respeitável crooner. O impacto inicial, que já não fora lá
muito positivo, foi piorando música após música, seja pelo inexplicável e longo
intervalo silencioso entre uma música e outra (quebrado por alguns barulhinhos
de guitarra desconexos), seja pela postura “foda-se’ que o repaginado
anticristo imprimia em suas interpretações das músicas, por muitas vezes
balbuciando as letras de maneira displicente. Era assim: as luzes se acendiam, MM cantava erraticamente alguma música
com arranjo modificado do original, MM
tacava o microfone no chão, luzes se apagavam, dois minutos de espera com
pim-pam-pum solitário na guitarra, MM
voltava ao palco, repete-se o circo. Tudo isso quebrado apenas por um momento
de chilique do astro (com um corte numa das mãos – cenográfico?) com alguém da
plateia, interrompendo a execução de algum número musical desinteressante, para
então ser retomada a chata rotina do show. Se musicalmente a carreira do
esquisitão é passível de discussão, nos palcos sempre ouvi falar que ele
detonava. Bom, pelo visto isso foi no passado, atualmente o roliço clone de Nicholas Cage que subiu ao palco do Maximus
interpreta um péssimo Marilyn Manson. Constrangedor (NOTA: 3).
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Nicholas Cage não acerta uma faz tempo (Foto por Alessandra Tolc) |
Vou ser sincero: se teve um motivo em especial que fez com que eu e
minha esposa nos deslocássemos até outro Estado para esse Festival, esse motivo
atende por um nome – Rammstein! Temos
aqui um cabrunco que deve ter batido o recorde de reproduções do DVD Live Aus Berlin. Ao menos em DVDs o
espetáculo que os caras fazem parecia incomparável. E bastou uma música para
que toda essa expectativa fosse confrontada com a realidade – o show do Rammstein é definitivamente o melhor espetáculo
da atualidade. A qualidade de som impecável realça todo o peso do Metal
Industrial praticado pelos teutônicos, e nem as letras na língua de Schweinsteiger impedem que a multidão
que preenche por completo o espaço dos dois palcos até o fundo cante a plenos
pulmões palavra por palavra. Os praticados das luzes no palco se movem música
após música, fazendo com que até mesmo quando a pirotecnia não se fazia
presente o apelo visual fosse algo único e mutante. A performance dos caras é
estudada e bastante eficiente, com aquela postura algo robótica, algo
alienígena entremeada por um senso de humor ácido. Ah, e os efeitos
pirotécnicos? Esses fazem o show do Kiss
parecer um número qualquer de algum circo decadente. O repertório, iniciado
pela nova Ramm 4, perpassa toda a carreira dos alemães, ficando difícil achar algo
para reclamar. Enfim, uma espécie de Disneylândia infernal para headbanger
nenhum botar defeito. Inesquecível! (NOTA:
10)
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Feuer Frei!!!! Rammstein fazendo a primeira fila de pururuca (Foto por Alessandra Tolc) |
Saldo Final
Comparado ao Monsters
do ano passado, esse Maximus ganhou de lavada por apresentar um Line Up
composto em sua grande maioria por bandas que ou estão no auge ou ainda tem
sangue nos olhos para tentar chegar até lá. Com uma organização exemplar no que
tange ao acesso à entrada e aos serviços oferecidos, o festival também
mostrou-se um avanço considerável se comparado a seu irmão mais velho. A
pontualidade dos shows também foi outro ponto para lá de positivo, assim como a
variedade de estilo das atrações. De negativo, restou a defasagem na qualidade
de som dos shows principais para o das outras atrações (coisa que não aconteceu
tão marcadamente no Monsters) e o alto preço cobrado pelos produtos e serviços no
festival. Se as atrações anunciadas para a próxima edição forem minimamente
atraentes, nos vemos de novo em 2017!!!