S.O.T.O. - Inside The Vertigo (Cd -2015) |
Expurgando demônios
Por
Trevas
Mais que um disco solo
Jeff Scott Soto é um dos vocalistas
mais talentosos e prolíficos da história do rock pesado, e é muito difícil
esbarrar com algum fã do estilo que não tenha tido contato com algum trabalho
do grandalhão Nova Iorquino. Malmsteen,
Axel Rudi Pell, Takara, Talisman, Soul Sirkus, Journey - a lista de bandas e projetos das quais JSS já participou poderia encher uma
resenha inteira. Como artista solo, a carreira de Soto ficou muito mais próxima
da vertente AOR/Melodic Rock do que outros estilos mais pesados. Mas Jeff vem passando por tempos sombrios
ultimamente: o suicídio de seu amigo e parceiro do Talisman, Marcel Jacob;
um divórcio milionário; sua demissão mal explicada do Journey – tudo levando a um estado de espírito sombrio que deveria
ser expurgado através da música, obviamente demandando um estilo mais carregado
de peso que o habitual.
JSS |
Tendo divulgado amplamente sua vontade de trilhar um caminho mais pesado
em seu próximo trabalho, JSS foi
surpreendido negativamente por sua gravadora, a Frontiers Records, que cerceou sua criatividade quando da produção
do ótimo Damage Control – a pressão
existiu para que o disco não assumisse toda a carga de negatividade e peso que Soto visava, ficando o disco num meio
termo entre o resultado esperado pelo artista e o enfoque desejado pelo selo (o
padrão AOR/Melodic Rock). Soto não
se deu por satisfeito e resolveu levar à cabo seu retorno ao heavy metal, mesmo
que para isso fosse necessário lançar o trabalho por outra gravadora e sob um
nome diferente. Então Inside The Vertigo
foi pensado e trabalhado como um projeto, uma banda chamada S.O.T.O.
Uma
boa solução, mas que não espelha a realidade: Inside The Vertigo foi executado por uma miríade de músicos de
todos os cantos do planeta, com apenas um ponto em comum: todos são excelentes!
Estão presentes Jorge Salán
(guitarra – Mago de Oz), Gus G (guitarra – Firewind e Ozzy), Casey Grillo (bateria – Kamelot), Mike Orlando (guitarra – Adrenaline
Mob), Al Pitrelli (guitarras –
ex Savatage, Megadeth, Widowmaker...)
e grande elenco. E em se tratando de brasileiros, temos uma legião de grandes
músicos: os já costumeiros parceiros de JSS,
Edu Cominato (bateria) e BJ (guitarra e baixo), além de Henrique Baboom (baixo); Leo Mancini (guitarra - Noturnall) e Hugo Mariutti (guitarra – Viper,
Henceforth). A brasilidade ainda
aparece na ótima arte gráfica, ao encargo do sempre excelente Gustavo Sazes. A produção ficou nas
mãos do próprio JSS, auxiliado por Cominato e pelo guitarrista, produtor e
compositor americano Connor Engstrom.
Com todo esse apoio, teria JSS
conseguido se desvencilhar de seu DNA voltado para o AOR?
Um precário Equilíbrio
ITV inicia com o pé fincado no peso, com a
avassaladora Final Say e sua
rifferama à lá Ozzy (cortesia de Mike Orlando) em uma versão aditivada e
moderna. A igualmente matadora The Fall
(ver lyric vídeo abaixo) é tão influenciada por Disturbed (em especial no refrão) que chega ser difícil acreditar
que o Adrenaline Mob não a tivesse
gravado antes (ok, sarcasmo, sorry).
Wrath mantém a qualidade
do material, até agora absolutamente impressionante, ainda que nela já tenhamos
um exemplo dos problemas que atrapalharam parte do material, as harmonias
vocais à lá AOR típicas dos arranjos do JSS
no refrão. O mesmo se repete de maneira aceitável na música de trabalho, também
ótima, Break (ver vídeo).
Narcissistically Yours
é a primeira bola
fora, desinteressante, ainda que pesada. End
Of Days foi obviamente pensada para ser um grande destaque: sombria, épica
e algo progressiva, com orquestrações que deixam um clima de trilha sonora. Mas
afunda completamente ao incluir um pavoroso coro de crianças (porra, quem
diabos acha coro de crianças em música pesada bacana?????Já devo ter ouvido
essa josta dúzias de vezes!!) e nas harmonias vocais à lá Queen que em absoluto não combinam com o peso e com a temática
densa da música. Over para cacete. Parece que JSS por vezes não sabe soar tão malvado quanto intenciona.
Contracapa com a suposta formação do S.O.T.O. |
Curiosamente
a partir daí a bolachinha nunca mais retorna àquele padrão de qualidade absurdo
de seu início. A faixa título chega perto, When
I’m Older é uma ilha AOR bacaninha em meio ao restante do material. Já Trance flerta com o industrial de
maneira algo preguiçosa e Jealousy é
um hard moderno bem legal que lembra o material solo de Gus G (do qual JSS
participou). Karma’s Kiss lembra em seus riffs algo do material mais recente de Ozzy, mas não empolga (ah e as
harmonias vocais...). Fall To Pieces
é outra que difere bastante do restante do material, um Hard Rock mais
tradicional que fecha o disco de forma agradável, mas nada marcante.
Saldo Final
Cercado
de grandes músicos, Jeff bem que
tentou fazer desse Inside the Vertigo
um discaço de metal moderno. Não diria que falhou por completo, em seu melhores
momentos ITV ameaçou passou perto de
chegar ao patamar pretendido. Mas o material mostrou-se um pouco inconsistente
e mesmo JSS pareceu algo perdido
entre a tentativa de soar moderno e sombrio e não abrir mão de suas marcas
registradas. De qualquer maneira, é um belo ponto de partida e se Jeff resolver soltar outro trabalho
nesse estilo, é bem possível que tenhamos um disco monstruoso.
NOTA: 7,5
Indicado
para:
Fãs
da fusão entre metal moderno e clássico.
Fuja
se:
For
um fã xiita de AOR e Melodic Rock.
Classifique
como: Hard Rock, Heavy Metal
Para
Fãs de: Disturbed, Adrenaline Mob.
Ficha
Técnica
Banda:
S.O.T.O.
Origem:
VAR
Site
Oficial: http://sototheband.com/site/index.html
Disco
(ano): Inside The Vertigo (2015)
Mídia:
CD
Lançamento:
e-a-r music
Faixas
(duração): CD - 12 (54’).
Produção:
Jeff Scott Soto
Arte
de Capa: Gustavo Sazes
Formação:
Muita
gente, ler resenha!!
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